Amor, em primeira pessoa escrita por Anaruaa


Capítulo 15
Outra despedida




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Então, foi assim que eu perdi a Isabel para sempre. E foi assim que eu destruí o meu casamento.

Sai do hotel de Isabel pensando em como poderia consertar as coisas, o que eu podia fazer pra ela me perdoar? Então eu me lembrava de Liliana, minha esposa, alheia a tudo isso, me esperando em casa. Eu não podia voltar pra la. E não tinha para onde ir. Fui para um bar.

Eu entrei no bar e pedi um whisky puro. Virei rapidamente e pedi outro, e outro. Eu estava meio perdido. Perdi a conta de quantos eu tomei.

Já tinha escurecido quando eu saí do bar, não faço ideia que horas eram. Peguei meu celular. Havia várias ligações e mensagens de Liliana. Eu não as li.

Fui para casa, de táxi. Subi o elevador com dificuldade. Custei a abrir a porta com a chave, eu estava bêbado demais.

Liliana me encarou enojada quando entrei. Ela parecia estar me esperando preocupada, mas quando viu meu estado, entrou no quarto e bateu a porta.

Eu apenas joguei os sapatos em algum lugar, tirei o paletó e a gravata e me deitei no sofá, segurando meu gato de madeira e a meia lua de Isabel.

Acordei com o cheiro do café vindo da cozinha de manhã. Eu realmente precisa a de um café. Fui até lá e Liliana segurava sua xícara, sentada a mesa. Ela sequer me olhou, ficou olhando fixo para frente enquanto levava a xícara a boca. Eu peguei um pouco de café e me sentei de frente pra ela, que apenas se levantou, colocou a xícara na pia e saiu da cozinha. Ouvi a porta de abrir e fechar com força e soube que ela já tinha saído. Terminei o café e liguei para o escritório.

—Simone, cancele meus compromissos de hoje. Não estou me sentindo bem.

Fui para o banheiro e tomei um longo banho, deixando a água levar minhas tristezas e meus medos. Decidi ir atrás de Isabel.

Fui até o local onde ela estaria palestrando. Ouvi a voz dela vindo la do auditório. Pedi a moça da recepção para me deixar entrar, explicando que era a minha amiga e que eu não via há anos, disse que pagaria a inscrição do congresso, mas ela me disse que a palestra já estava terminando. Ela me deixou entrar, mas Isa já tinha saído pela outra porta. Corri para alcançá-la, mas ela saiu para a rua e entrou em um táxi.

Fui até o hotel onde ela estava hospedada, mas me disseram na recepção que ela tinha feito o check-out de manhã.

Liguei para Simone e pedi pra ela descobrir os horários de todos os voos para a cidade de Isabel naquele dia. Enquanto esperava ela me ligar, peguei o carro e dirigi até o aeroporto. Simone me ligou após alguns minutos, então eu soube que o próximo voo seria em duas horas. Eu não sabia se era o dela, mas fiquei aliviado porque chegaria a tempo de encontrá-la.

Eu cheguei ao aeroporto e vi Isabel sentada em uma cadeira, mexendo no celular. Ela só me viu quando falei com ela.

—Podemos tomar um café e conversar?

Ela me olhou meio sem emoção e levantou-se.

—Tudo bem, vamos conversar.

Nós nos sentamos na cafeteria e pedimos café. Eu comecei a falar:

—Isabel, eu sei que o que eu fiz foi errado. Eu devia ter te contado sobre o meu casamento…

Eu falei tudo, como me senti quando ela foi embora, de como eu achei que a tinha esquecido e como descobri que ela a única mulher que eu amaria de verdade e que não a queria perder. Ela me olhava enquanto eu falava, calada o tempo todo. Quando terminei, ela falou:

— Quando você deixou de me escrever, eu entendi que você era tão ocupado quanto eu, e as vezes fica difícil manter contato, mas isso não mudou meus sentimentos por você. Mesmo tendo passado dois anos sem que você tenha cumprido a pomessa de ir me visitar, eu ainda te considerava um amigo. Mas eu estava tão errada! Um amigo não esconderia um novo amor, um casamento. A gente tinha um trato de não transar quando estivéssemos em um relacionamento! Um amigo não descumpriria uma promessa só pra não deixar de ter o sexo fácil que sempre conseguiu.

—Não Isa, você sabe que não e assim. Você nunca foi “sexo fácil” para mim!

—Carlos, eu só aceitei conversar com você, porque tinha esperança de que você me dissesse algo que me fizesse sentir melhor, mas acho que isso é impossível.

— Por favor Isa, não era a minha intenção. Não vá embora com raiva de mim.

Eu estiquei o braço e abri a mão, oferecendo-lhe seu colar de meia lua. Ela o pegou e sorriu tristemente.

—Eu adoro esse colar. Vou ficar com ele. — Ela o colocou no pescoço e eu tive esperança de que aquilo significava seu perdão. -—Mas nós dois, acabou. Eu não vou mais te procurar. Faça a gentileza de fazer o mesmo por mim. Adeus.

Ela pegou sua bolsa e saiu em direção ao seu portão de embarque. Eu nunca a tinha visto tão magoada, tão irritada e tão passional. Eu fiquei lá, sem saber se a veria outra vez.


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