English Boy escrita por Kiki, Tyke


Capítulo 19
Capitulo 19


Notas iniciais do capítulo

A gente some, mas sempre volta



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Naquela noite eu não conseguia dormir, virava de um lado pro outro e minha mente não desligava. Eu suspirei, pois tinha algo que me incomodava ao ponto de me dar insônia: Danilo. Desde sua briga com Iara ele estava insuportável com todos, incluindo eu. Fazia semanas que não conversávamos direito e isso me matava. Sua atitude era incomum, uma vez que no instante que nos conhecemos nunca mais desgrudamos. Além disso, Iara não sentava mais perto de nós durantes as aulas ou as refeições, estava sempre com Reginaldo em algum canto. Ela até trocava algumas palavras com nós (principalmente Lina e eu) com a condição que Danilo não estivesse por perto.

Essa situação incomodava a todos que gostavam de Iara e Danilo, mas não podiam tomar partido na briga e tinham que conviver com ambos triste e de mal humor. Sem dúvida a cada dia Danilo estava se tornando mais rabugento e irritante, sempre nos dando respostas curtas e grossas ou evitando conversar sobre qualquer coisa que não fosse quadribol.

Eu revirei mais uma vez na cama, estava calor e a janela aberta deixava entrar uma luz que prejudicava ainda mais meu sono. Não conseguia parar de pensar como naquela noite, antes de deitarmos, eu disse “Boa noite!” para Dan e ele simplesmente me ignorou. Pode parecer bobo, mas ele nunca deixou de me dar ‘boa noite’ mesmo quando estávamos brigados. Eu tinha certeza que não havia feito nada, dessa forma, Danilo só podia estar sendo um babaca. Bufei, considerando que provavelmente ele não ia melhorar se eu decidisse ficar magoado com suas atitudes. Afastei o lençol fino que cobriam meus pés e sai da cama. 

ꟷ Danilo!  o chamei quando ajoelhei ao lado de sua cama. 

Ele estava virado na direção da parede e gemeu em resposta ao meu chamado, mas não se mexeu. Com isso eu o sacudi levemente pelo braço.

ꟷ Que foi?  finalmente ele acordou e disse nervoso.

ꟷ Levanta.  mandei.

ꟷ Pra quê?  Danilo rebateu estressado e virou na minha direção, mas não abriu os olhos.

ꟷ Preciso te mostrar uma coisa.  sussurrei.

Assim que disse isso, ele manteve as pálpebras abertas revelando suas íris azuis, fixas no meu rosto. Eu sabia como fazer Danilo levantar, curiosidade era o seu ponto fraco assim como o meu.

ꟷ O quê? ꟷ ele disse com interesse pela primeira vez.

ꟷ Vem comigo.  sussurrei e levantei tentando manter um suspense. 

Sai do quarto e Danilo veio atrás sem mais resistência. Não havia nada de errado em perambular pelo alojamento durante a noite, mas tentamos não fazer barulho para não atrair curiosos. Descemos alguns lances de escada até o terceiro andar e envolvi minha mão no pulso de Danilo, o puxando para um canto entre a entrada do banheiro feminino e um quarto. Havia um quadro com uma pintura abstrata naquele local. Toquei minha varinha em uma das formas geométricas, imediatamente elas se organizaram em blocos uniformes e ouvi-se um estalo de fechadura. Empurrei o quadro para frente revelando uma passagem secreta.

Havíamos, eu e Danilo, descoberto aquele segredo em nosso terceiro ano, quando nossa vida se resumia a se divertir com tudo à nossa volta. Entramos na passagem que dava para uma escadaria estreita escondida na parede. Subimos e subimos até chegar no topo onde havia um alçapão. Eu abri a tranca, empurrei a pedra e passei pelo buraco. Assim, estávamos no topo do Aloja que tinha uma vista bonita de toda a escola e dava para ver boa parte do campus. Sentei de pernas cruzadas na beirada da prédio e olhei para Danilo que ficou em pé atrás de mim.

ꟷ Então?  ele perguntou impaciente.

ꟷ Lembra quando ficávamos aqui observando as estrelas?

ꟷ Temos aula amanhã cedo, Lucas!  ele reclamou indignado e cansado, então senti que talvez foi uma má ideia trazê-lo àquele lugar. 

ꟷ Eu sei, a gente não costumava se importar com isso, não era?  suspirei triste vendo que meu plano falhou.

ꟷ Não faz essa cara!  ele cruzou os braços mantendo uma postura inflexível e me encarava com feições duras, mal iluminado pela luz lunar.

ꟷ Que cara?  dei de ombros e virei o rosto em direção ao horizonte.

ꟷ De cachorrinho na chuva! ꟷ quando Danilo disse isso agradeci por ele não estar mais vendo o meu rosto, pois fiz uma careta magoada. Fiquei em silêncio até que enfim escutei seus passos na minha direção. ꟷ Af! Que saco, Lucas!...  ele ainda disse agressivo antes de sentar ao meu lado e por fim dizer com um suspiro derrotado:  ꟷ Tá bom! Você quer ficar aqui, vamos ficar aqui.

Danilo agarrou seus próprios joelhos, com uma cara muita feia. Me senti impotente sem saber o que dizer, como se estivesse em um campo minado e qualquer escolha errada faria Danilo explodir de novo.

ꟷ Desculpa, achei que vir aqui e conversar ia te fazer sentir melhor.  expliquei ꟷ Quer voltar?

ꟷ Não, tudo bem.  ele recusou friamente.

Ficamos assim por um longo tempo, eu estava esperando que Danilo falasse algo, mas ele parecia determinado a ficar preso em seus próprios pensamentos. Observei a escola ao meu redor em silêncio. A floresta se perdia no horizonte escuro, as pedras que moldavam o Prédio Principal possuíam um brilho dourado até mesmo no escuro e pela grande estrutura retangular subiam diversas espécies de plantas trepadeiras. Mirei em outra direção e pude ver o campo de quadribol ao longe, o Viveiro de Aves e as estufas. Respirei fundo sentindo o ar úmido e ouvi atentamente o som da natureza noturna. Senti meu corpo estremecer e se encher de um conforto indescritível, eu ainda conseguia lembrar como me senti no dia que coloquei meus pés nesse lugar pela primeira vez. Às vezes era difícil aceitar que esse seria meu último ano.

ꟷ Você vai sentir falta daqui?  perguntei trazendo Danilo de novo para a realidade e ele demorou para responder resmungando:

ꟷ Sim, mas vai ser só mais uma coisa na lista.

ꟷ Que lista?  questionei confuso.

ꟷ De coisas que ficaram para trás. Você nunca quis que alguns momentos da sua vida pudessem voltar?

ꟷ Acho que sim.  respondi ainda confuso com a crise existencial que ele parecia estar tendo naquele momento. ꟷ O que tem nessa sua lista? ꟷ perguntei quando Danilo ficou novamente em silêncio.

ꟷ Você não vai mesmo desistir, não é?  ele deu um longo suspiro e eu me encolhi com a lamentação dele e resolvi ficar quieto de vez. 

Então ficamos assim, eu de pernas cruzadas com os cotovelos apoiados na coxa e minhas mãos por sua vez apoiavam minha cabeça. Danilo eventualmente soltou o abraço que envolvia seus joelhos e os jogou para trás, esticando as pernas. Pensei, naquele momento, que ele iria se levantar, mas ele permaneceu sentado e segundos depois escutei sua voz amigável retornando.

ꟷ Desculpa.  ele pediu, arrisquei olhar para Danilo e suas feições estavam suavizando aos poucos.

ꟷ Na lista tem o...meu pai. ꟷ ele começou a dizer após uma longa pausa. ꟷ Quando eu morava em Londres éramos só nós dois, tínhamos somente um ao outro depois que minha mãe morreu. Na verdade, na minha cabeça sempre foi só nós dois, porque tenho poucas lembranças da minha mãe, eu era muito novo quando a perdemos. Sinto muita falta dele, de como nós éramos, sabe?...mas agora…é diferente. Iara diz que fico correndo atrás dele e que ele não se importa mais comigo. Pode até ser verdade, mas é meu pai! ꟷ ele terminou com as sobrancelha cerradas e o tom de voz ressentido.

ꟷ Eu sei disso. confirmei, colocando minha mão em seu joelho amigavelmente.

Danilo morava a muitos anos com seus avós no litoral, desde que deixou a Europa para ingressar na escola. Ele via seu pai com pouca frequência, devido a distância e também porque nesses últimos anos o Sr.Hooper havia se casado novamente e tido outro filho. Irmãozinho esse que Danilo raramente falava sobre, era tão raro que eu costumava esquecer que ele existia. Eu conhecia muito bem toda a família materna do meu amigo; avós, tios, tias e primos, isso era consequência de anos os visitando durante as férias. Já o pai de Danilo eu nunca tinha vista na minha vida, não conseguia nem mesmo imaginar sua aparência.

ꟷ Sinto falta dela também. Dan falou quase para si mesmo dentro de um suspiro profundo. Não precisa de muito para eu saber que ele estava falando de Iara. ꟷ ...Saudades das nossas conversas, estudar juntos ou simplesmente sentar ao lado dela em uma aula.  ele fechou os olhos com força e disse bem baixo, clamando ajuda: ꟷ Não sei o que fazer.

Eu sabia o quando Danilo gostava de Iara. Assisti esses dois ficarem juntos de camarote! Lembro que no primeiro ano Cat e Iara se tornaram minhas amigas de imediato. Nessa época eu costumava me dar bem melhor com meninas. Garotos podiam ser brutos demais pro meu gosto. No entanto, Danilo se fez uma exceção. Ele era legal, simpático e compreensível. Sendo meu colega de quarto e a primeira criança que conheci durante a viagem até o Castelinho, nos tornamos amigos em questão de meses. Assim, Danilo e Iara começaram a se falar quando estavam comigo. Não vou mentir, as vezes ele babava quando olhava pra garota. Pelo menos, Iara sempre sorria de volta para Danilo, então um belo dia durante o quarto ano eles eram namorados.

Outra coisa que eu sabia é que Danilo era capaz de tudo pela garota e o relacionamento deles sempre foi forte e inabalável, com algumas briguinhas aqui e ali, eles nunca tinham ficado tanto tempo sem se falarem.

ꟷ Pedir desculpas é um bom começo. falei sem me conter intrometer no que ele deveria fazer.

ꟷ Ela também me deve desculpas. Danilo disse indignado.

ꟷ Você insultou a religião dela! endireitei minha postura e virei para ele sinalizando que considerava algo muito sério.

Desde o dia que conversei com a Iara eu não havia tocado no assunto com Danilo. Isso porque, essa parte da briga deles me deixava muito bravo com ele e assim fugi todo esse tempo de arrumar discussão… e bem, lá estávamos nós preste a discutir dependendo apenas da resposta dele. 

Danilo fechou os olhos e encolheu os ombros.

ꟷ Eu não quis…eu sinto muito por isso.

ꟷ Diga a ela. ꟷ falei incisivo e achei bom que ele estava arrependido. Para mim era o bastante e resolvi não estender o assunto.

Danilo chegou mais perto da borda do prédio, pernas balançando, e jogou o corpo para trás, deitando.

ꟷ Iara pensa que não entendo a vida dela. ele voltou a dizer

ꟷ E não é? dei um sorriso irônico, um pouco malvado da minha parte, mas não pude evitar. Imitei a posição dele, deitando, e fitei o céu escuro cheio de constelações.

ꟷ Eu conheço a família dela, Lucas. Tenho um grande respeito pela sua crença. ele começou a falar na defensiva. ꟷ Quando eu disse sobre ela estar paranoica foi porque me importo, ela realmente está se matando por causa dessa prova. Entendo o quanto o Efem é importante para ela, mas isso não é saudável.

ꟷ Uhum.

Sobre isso eu tinha que concordar com ele. Iara vinha ficando horas demais estudando e nunca tinha tempo para relaxar.

ꟷ Também, ela não entende o que sinto pelo meu pai. ele disse amargurado.

ꟷ Talvez ela só acha que você merece o melhor. disse com simplicidade deixando que ele tirasse a interpretação que quisesse.

Danilo se calou e depois de um longo silêncio ele voltou a falar:

ꟷ Às vezes eu só queria que o tempo pudesse rodar ao contrário. Lembra quando nós nos conhecemos?

ꟷ No zé, sentamos lado a lado. um sorriso tomou conta do meu rosto.

Os zés, ou zepelins, eram imensos balões que traziam os alunos de todas as regiões do America Latina para o Castelobruxo.

ꟷ Você estava impressionado com tudo no Mundo Mágico. Seus olhos brilhavam com uma simples fotografia se mexendo.

Sorri com a lembrança de nós dois, quando ainda tínhamos a mesma estatura. Sim, Dan foi tão pequeno quanto eu fui. Quem diria que ele cresceria tanto? Fechei os olhos recordando a cena dos meus pais me deixando no aeroporto, eu subindo no imenso balão com minha bagagem e o mais rápido possível arrumando um acento no fundo, onde fiquei observando as outras crianças e adolescentes, enquanto pensava: "Caramba todos eles são como eu!". 

Eu estava nervoso por deixar o conforto da minha família pela primeira vez e de ir para um Mundo completamente novo. Fora isso, se tem algo que eu nunca fui muito bom é em puxar assunto com pessoas desconhecidas. Para minha sorte o mini Danilo sentou ao meu lado acompanhado por seu primo Murilo, que já estava no quinto ano na época. Ambos foram muito simpáticos comigo e fiquei aliviado ao saber que Danilo também não conhecia nada da nossa futura escola, isso porque ele tinha acabado de se mudar para o Brasil. Lembro que a versão pequena de Danilo escorregava bastante no português apesar de ser fluente, além disso ele não entendia muitas expressões ou gíria que eu falava. Ele era tão deslocado quanto eu e isso nos aproximou logo de cara.

 Hoje, sendo mais velho, relembrando tudo isso e fico realmente surpreso que os funcionários da União conseguiram convencer meus pais a me deixarem ir. Minha mãe sempre foi muito protetora comigo e meus irmãos, mas sejamos sinceros eu fazia magia desde os cinco anos de idade e isso assustava meus pais. Eles não sabiam o que eu era e tinham medo que as tias evangélicas fervorosas da nossa família descobrissem que eu podia fazer objetos flutuarem. Imagino que tudo isso tenha contribuído para meus pais me permitirem ir para tão longe.

Mordi os lábios com as recordações que esses eventos estavam me trazendo: Minha infância, minha antiga vida, a escolinha do primário, meus irmãos… Ah, meus irmãos! Eu brincava de tabuleiro com a Luana, assistia desenhos com a Lê e corria pra todo canto atrás do Leo.

Nossa! Eu e o Leo éramos inseparáveis, eu estava sempre atrás do meu irmão mais velho como uma sombra. Brincávamos o dia inteiro no videogame ou na rua empinando pipa e Leo sempre me protegia dos meninos briguentos do campinho de futebol. Como sempre fui miudinho em comparação aos garotos da minha idade, eu me sentia incrível tendo um irmão maior para me proteger...e isso foi a tanto tempo! Então percebi que era disso que Dan falava. Desse sentimento, de algo incrível que passou e jamais iria voltar. 

ꟷ Eu sinto falta do Leonardo. ꟷ deixei aquelas palavras escaparem. Nunca tinha falado sobre isso para ninguém.

ꟷ Seu irmão?  Dan me mirou confuso.

ꟷ Uhum. Você o conheceu. O que acha dele?  perguntei incerto por onde começar.

ꟷ Não sei, quando fui na sua casa ele não ficou por perto.  Dan falou depois de pensar um pouco.

ꟷ Quando éramos crianças, éramos muito próximos. Eu já fazia magia na época e meus irmãos achavam incrível... mas depois que vim para escola, Leo mudou comigo. Ele foi ficando cada vez mais distante e hoje é como se fossemos completos estranhos. ꟷ expliquei sucintamente.

ꟷ Às vezes as pessoas simplesmente se afastam quando crescem.

ꟷ Eu não sei. Sinto saudades de ter Leo como amigo. Vez ou outra conversamos, mas não é como antes.

ꟷ Você nunca me contou isso. ꟷ Danilo sussurrou para o céu e eu podia imaginar sua expressão de carinho para mim.

ꟷ Pois é...  soltei um suspiro e meu rosto estava quente por revelar algo tão pessoal.

ꟷ Sabe outra coisa que me faz falta?

ꟷ O quê? 

ꟷ Você.  Danilo respondeu e sentou para me olhar.

ꟷ Uai! Eu to bem aqui.  disse, me sentando também e rindo de como aquilo não fazia sentido.

ꟷ Agora!  Danilo revirou os olhos e apesar de estar rindo dava para ver que ele falava sério ꟷ Sua vida só roda ao redor de James.  ele concluiu parecendo estar com vergonha de dizer em voz alta.

ꟷ Isso é ciúmes? ꟷ questionei brincalhão, tentando não deixar um clima ruim surgir.

ꟷ Não…é saudade.  e Danilo entrou nessa, pois ele sorria quando disse: ꟷ Eu só gosto de ficar sozinho com você às vezes depois das aulas, como fazíamos antes.

ꟷ Aww! Você é muito fofo, cara.  e tentei abraçá-lo.

Danilo me afastou fingindo estar muito indignado com isso e começou a se explicar:

ꟷ É que agora você está sempre ocupado, sempre senta com James nas aulas para ajudá-lo e depois das aulas continua com ele…

ꟷ Ciumento.  acusei fazendo fusquinha para provocá-lo.

ꟷ Não é ciúmes, seu idiota!  e ele me empurrou de leve e de brincadeira ꟷ Só estou dizendo que sinto falta de ser seu britânico favorito.

ꟷ Você é meu paulista favorito.  rebati erguendo uma sobrancelha como se o desafiasse refutar isso.

ꟷ Justo. ꟷ Danilo aceitou cerrando os olhos para mim.

ꟷ Desculpa.  achei que deveria pedir, pois a queixa dele era justificável. ꟷ Realmente eu tenho passado muito tempo com James.

ꟷ Eu desculpo se você for ao jogo.  ele falou e eu fiz uma careta para a condição. ꟷ Se não vai por mim, vai pelo James. Ele parece querer muito a sua presença, não para de falar sobre isso comigo. ꟷ achei estranho como Danilo enfatizou a palavra "muito".

ꟷ Ué, pensei que James fosse um problema aqui. ꟷ o provoquei um pouco mais com a história do ciúmes. 

ꟷ Ele não é um problema. ꟷ Danilo revirou os olhos outra vez. ꟷ Você é um problema!  e me deu outro empurrão com seus ombros.

ꟷ Talvez eu vá...pelos dois.  disse relutante, com receio de prometer o que não cumpriria.

ꟷ Duvido!  Danilo me olhou incrédulo.

ꟷ Bom mesmo, assim não cria expectativas.  quando eu disse isso ganhei uma gargalhada alta e uma resposta do tipo: "Você não tem jeito".

O silêncio voltou entre nós, mas dessa vez havia conforto nele. Assim, deitei de novo e Danilo deitou também, e voltamos observar as constelações.

ꟷ Ela está nos vigiando.  Danilo disse com a voz rouca por causa da brisa gelada.

Virei a cabeça na direção do que ele apontava. No meio do campo aberto, entre o Prédio Principal e o Aloja, havia uma figura branca nos encarando: a Pisadeira que parecia uma velha feia e corcunda com pés enormes.

Na primeira vez que se vê ela é assustador, mas eu e Danilo tínhamos experiência o bastante para saber que ela não faria nada, desde que estivéssemos no Alojamento e em cima dele também contava.

 Soprei um beijo para a Pisadeira e voltei a observar o céu.


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