Já pela manhã os corredores da agencia Gandara estavam tão movimentados quanto os formigueiros nas praças. Pessoas que iam e vinha com papéis para serem assinados ou revisados, levantando dos assentos em busca de informações para responder novos e-mails, conversando nos telefones, discutindo em reuniões, fazendo o som dos saltos ecoarem por todas as partes, abrindo e fechando portas e assim criando a música diária do mundo por trás do entretenimento. Ainda que tantos sons se misturassem havia uma melodia animada que se ressaltava vindo das áreas mais distantes e fazendo todos que sentavam atrás das mesas se lembrarem do porquê estavam ali.

Era de uma das salas no final de algum corredor onde atrás da porta cinzenta a razão para todo o brilho e encanto acontecer nos palcos estava se moldando.

A sala era enorme para caber, pelo menos, o dobro de pessoas que tinham ali. De um lado havia refrigeradores com dezenas de garrafas de água, colchões para ginástica e bancos acolchoados, do outro a parede de frente era coberta por enormes espelhos e caixas de som nos cantos. A janela não podia ser aberta daquele andar, mas dali eles tinham o privilégio de ver o centro da cidade inteiro com seus enormes prédios brilhando os raios de sol e propagandas.

Era difícil os 14 garotos conseguirem se juntar para ensaios assim, porém sempre que conseguiam apresentações como B-Project eles aproveitavam do melhor jeito que podiam.

— Yuuta! – A voz manhosa do menor dos rapazes chamou frustrada conseguindo sobressair o som da música que dançavam. — Você está acelerando o passo. – Ele nem aguardou os outros quatro pararem de se movimentar para dar o aviso ao outro que ainda estava de costas.

— Eh?! Quando? – Fitando o reflexo de Ryuuji, perguntou perdido.

— No refrão. Você saiu na frente.

— Ah, desculpa! – Se virando gritou curvando as sobrancelhas como um cão arrependido.

— Está tudo bem. – Sorrindo tão gentil como um príncipe, Kazuna falou enquanto afastava o suor do rosto. — Podemos tentar de novo, não vai ser um problema. Quanto mais praticar melhor.

— Kazu é sempre tão gentil. – Ryuuji comentou sorrindo porque sabia que ele não teria a mesma paciência que o loiro e menos ainda controle para lidar com a situação.

— Como esperado do líder. – Atrás dele Momotaro completou sem mudar a expressão fazendo o rapaz ficar confuso.

— Por que vocês-

— A gente vai começar de novo?! – Interrompendo os três Hikaru questionou parecendo estar mais exausto do que qualquer um.

— É.

— Ah... Ah, eu vou pegar água.

— Hikaru.

— Eu também! Eu também! – Saltitando Yuuta seguiu o rapaz gritando animado.

— Yuuta! É você quem mais precisa treinar! – O menor gritou, mas só conseguiu o fazer rir continuando a correr até o fundo. — Inacreditável...

Mais afastado da agitação entre eles, outros quatro rapazes ainda faziam os alongamentos nos colchões estendidos no piso vinílico. Enquanto Goushi e Miroku estavam sentados se esticando Akane e Nome estavam ajoelhados atrás prontos para dar o auxílio que precisavam.

— Akane, devagar... Devagar! – Com as pernas retas o moreno começou a gritar ao sentir as dores se alastrarem por seu corpo enquanto seu tronco era empurrado para frente mais do que aguentava.

— Desculpa, – parando quase no mesmo instante o ruivo riu deixando ele voltar a posição inicial — eu me empolguei.

— Percebi!

— Nome-san, – ao lado o maior chamou se posicionando melhor no colchão — pode me ajudar, por favor? – O rapaz foi rápido, porém diferente de Akane ele movimento o corpo para frente com calma sem querer ultrapassar seus limites. — Pode continuar.

— Tá bem...

Se esticando por completo Miroku conseguiu tocar as pontas dos pés sem qualquer dificuldade fazendo o Goushi o olhar tão impressionado quanto receoso.

— Viu? – O ruivo chamou a atenção com a voz animada. — É só fazer igual ao Tono.

— Que?!

— É só relaxar. – Sem dar espaço para que fugisse ele apoiou as mãos nas costas já o empurrando.

— Espera!

— Vai ficar tudo bem. – Afirmou rindo como se estivesse ensinando uma criança a andar enquanto Goushi gritava para que parasse. Nome assistiu ao amigo desejando boa sorte com o olhar tentando não chamar a atenção deles.

Próximo as janelas os gêmeos Yuduki e Haruhi estavam sentados nas cadeiras tomando água enquanto Kento observava os carros passando pelas ruas aguardando Tomohisa voltar para poderem retomar o ensaio.

Yuduki parecia cansado depois de ter errado mais passos que o normal e Haruhi estava ali tentando não deixar o irmão se entristecer.

— Olha, – Kento ainda estava de braços cruzados quando começou a falar — se vocês voltarem lá e tentarem mais uma vez eu levo os dois para comer.

— Eh? – O comentário foi o suficiente para fazer ambos voltarem a atenção para ele. — Comer o que?

— Deixo vocês escolherem. – Virando com o sorriso mais charmoso que tinha respondeu vendo seus olhos brilharem animados.

— Promete?

— Prometo.

— Irmão. – O loiro virou animado segurando a mão do mais velho que o olhou ainda em dúvida. — Eu vou te ajudar. A gente dança junto!

Yuduki não tinha a intenção de recusar a ofertar só estava com receio em atrapalhar os demais membros.
Contudo ver o rosto empolgado do mais novo que estava preocupado o fez tomar a decisão quase automaticamente.

— Hm, mais uma vez então.

Contente o loiro se levantou gritando e guiando o moreno até o centro onde o outro grupo ainda dançava. Kento não fez nada além de rir abafado com o jeito empolgado dos mais novos.

— A Thrive se preocupa tanto com os outros. – A voz risonha veio de trás do maior o fazendo se virar para encontrar o rosto convencido de Mikado que parecia ter ouvido a conversa toda.

— O que? Eu só fiz eles voltarem a trabalhar.

— Ah, eu vi, mas você também estava preocupado com o Yuduki, né? – Seu sorriso era tão confiante que fez Kento revirar os olhos desviando a atenção dele de volta para a rua na janela. — Eu sabia.

— O MooNs também é bom em ficar ouvindo a conversa dos outros ou isso é uma especialidade sua, Sekimura? – Provocou vendo o rapaz arrumar os óculos parando ao seu lado para olhar a vista com ele.

— Isso é... Segredo.

A sala estava viva com todos os sentimentos que transbordavam de seus esforços e amor pelo trabalho. Eram em momentos assim que eles compartilhavam a harmonia de ser um só com os sonhos da B-Project.

O foco foi perdido quando o som da porta se abrindo chamando a atenção os fazendo parar para encontrar Tomohisa adentrando o local com um largo sorriso e o celular na mão.

— Pessoal, a Tsubasa vem encontrar com a gente em uma hora.

• • •

Todos os dias eram assim: ensaios, entrevistas, gravações e tudo mais o que podiam fazer para espalhar seus nomes. Muitas vezes estavam juntos, mas na maioria se separavam em seus grupos individuais representando o todo. Hoje, não era diferente.

Após várias viagens tinham chegado a mais um novo destino. O trabalho dessa vez era uma sessão de fotos para uma marca de roupas de inverno onde os grupos escolhidos eram Thrive e MooNs que nesse momento já se arrumavam no camarim.

— He... – Hikaru se aproximou do espelho com um sorriso deixando sua expressão se prolongar para chamar a atenção do jovem ao lado terminando de arrumar o cabelo. — Tatsu ficou bonito. – O comentário o fez parar instantaneamente olhando surpreso para o reflexo. — Eu nunca te vejo usando esse tipo de roupa, mas com certeza combina com você.

Era verdade que o maior tinha costume de usar roupas mais simples e leves, por essa razão o longo sobretudo preto acompanhado do coturno de couro dava uma imagem diferente ao corpo definido dele. Sem falar no cabelo de franja levantada que só viam em ocasiões como esta. Entretanto o rosto surpreso de olhos tímidos ainda era o mesmo.

— Ah! Eu quero ficar igual ao Tatsu! – Gritando continuou sem nem reparar o que seus elogios tinham causado no amigo.

— ...Obrigado. – Quase sussurrando o maior falou fazendo Hikaru olhar vendo o rosto de bochechas avermelhadas desviar do seu. Só então sua ficha caiu o fazendo se sentir tão envergonhado quanto ele dando um riso desajeitado.

Enquanto os dois se acertavam, a Thrive, por outro lado, parecia estar em uma sala de caos separada dali. Apesar de estarem prontos há mais tempo ainda não conseguiam entrar em acordo.

— Você está reclamando da roupa porque não entende nada sobre isso.

Sentado em um dos bancos Aizome comentou arrumando a franja no espelho que Yuuta segurava vendo de canto Goushi se mover de um lado para o outro irritado.

— Como é?

— Você não é adulto o suficiente. – Sem desviar a atenção de seus fios azulados respondeu ouvindo os resmungos como se não tivessem importância.

— E o que isso tem a ver? Só me incomoda essa coisa toda... – Olhando a roupa ele rosnava sozinho sem nem saber exatamente o que o incomodava.

A vestimenta era, na verdade, agradável, porém para alguém acostumado com calças jeans e jaqueta de couro usar gola alta e terno parecia passar do limite do desconforto.

— Eu achei que o Goucchin ficou bem adulto. – Sorrindo, o mais novo deles comentou fazendo o menor se calar sem saber o que dizer.

— Hm, então ele podia agir como a aparência também.

— Ha?!

— Ah, parem de brigar!

— Yuuta, não balança o espelho! Minha franja vai ficar torta!

Apesar da bagunça eles conseguiram ficar prontos a tempo para realizar a sessão. Logo que saíram da sala se depararam com um largo estúdio de pessoas andando com equipamentos, arrumando os fundos e preparando as câmeras.

Para eles nada daquilo era assustador ou inesperado – depois de tantas idas e vindas tinham que se acostumar com a velocidade dos processos –, mas isso também não queria dizer que a ansiedade não existia. Eles só sabiam se comportar melhor.

Sem interromper ou avançar ambos grupos aguardaram serem chamados e depois de toda a formalidade os cliques começaram a tomar o foco acompanhando os passos ordenados pelo diretor.

Eram fotos em grupos, duplas, MooNs com Thrive, solos, tudo o que podiam fazer para aproveitar o tempo que conseguiram ali. Cada clique contava os minutos que eles mal viam passar.

— Vocês – o diretor da sessão se virou para Goushi e Kento chamando os para perto — podem fazer igual Sekimura e Onzai?

Os olhares curiosos se viraram quase automaticamente na direção da dupla. No meio do estúdio Mikado estava sentado em uma cadeira com Momotarou no chão entre suas pernas apoiando a cabeça em sua coxa.

O olhar pacifico de Momo fazia parecer que estava em casa aproveitando o calor da lareira enquanto Mika parecia se perder no calor do rapaz sobre ele. Apesar das diferenças eles se encaixavam perfeitamente em uma aura de segredos.

As sobrancelhas do moreno tremeram irritadas vendo a cena sem conseguir se imaginar daquele jeito com o parceiro, já considerando que ele pensava o mesmo.

— Claro.

— Que?!

— Ótimo. – Sem dar tempo para reclamações o diretor se afastou vendo Kento sorrir. — Vocês entram na próxima.

— Não, espera, Aizome!

— Sim? – Goushi o encarava incrédulo com sua calma após ouvir tal pedido o fazendo suspirar cansado já prevendo o escândalo que estava por vir. — A gente não precisa copiar a pose. Só... Me segue, tá bom?

O maior evitou dar espaço para que ele respondesse porque sabia que se fizesse isso acabariam argumentando demais e causariam um alvoroço como foi da última vez. Por isso, assim que terminou de falar virou as costas e se afastou dali deixando Goushi estalando a língua pensando em como ele era egoísta decidindo tudo sozinho.

Apesar de irritado com a situação, o menor resolveu seguir o plano. Foram encarregado de um trabalho e tinham que ser profissional em situações assim ou acabariam repetindo erros passados. Para ele não havia como conseguirem ficar com a mesma sintonia que os outros dois, mas se aquilo desse errado ele ainda poderia culpar Aizome.

Assim que a cena dos membros do MooNs acabou eles receberam sinal para ficarem em frente a câmera. Lado a lado ouviram o diretor pedir que transmitissem juntos calor na foto.

O moreno não sabia exatamente o que fazer tendo Mikado e Momotarou em mente. Estava se questionando se deveria tocar o outro ou esperar para ver o que ele tinha planejado quando Kento se aproximou passando a mão por sua cintura o colocando em sua frente e deixando ambos de lado para a câmera.

Goushi até deu um passo para trás no impulso pensando em gritar com ele, porém se conteve mostrando somente o olhar confuso para o maior. Kento não o respondeu diretamente, não tinha motivos, ao invés disso deu um passo à frente devolvendo a ele um olhar determinado.

Quase por instinto Goushi elevou uma das mãos agarrando firme a camisa dele como se o forçasse a se aproximar em um desafio interno. Foi quando o rapaz aproveitou para colocar a mão livre no pescoço dele deixando o polegar esticado forçando seu queixo para cima. Eles estavam em uma cena de luta e seus olhares se encaravam como se ameaçassem um ao outro no calor da batalha.

O som dos cliques era acompanhado dos comentários animados do diretor os incentivando a continuar explorando a cena. Ambos não eram gentis como Mikado e Momotarou, na verdade, eram selvagens como animais feridos que desaprenderam a amar.

Goushi desviou o olhar encarando a câmera enquanto Kento aproveitou para fechar o espaço aproximando seus rostos. Por um curto segundo a ideia de provocar o menor cruzou sua mente o fazendo sorrir. Sem perder a oportunidade assoprou a orelha do moreno o fazendo pular como um gato para longe com o rosto avermelhado.

Ele queria gritar, mas sua voz não saiu por ainda estar tentando se controlar como profissional fazendo o maior rir.

— Você é tão exagerado.

— Kane-san realmente está apaixonado pelo Kenty.

— Cala a boca!

— E quem não está? – Dando uma piscadela para os membros no fundo ele respondeu sorrindo enquanto Goushi ainda gritava furioso encerrando aquela sessão.

• • •

Apesar dos desentendimentos a sessão foi completada com pouco atraso e muitos elogios. Já era noite quando foram dispensados deixando somente a opção de voltar para casa disponível naquele final de dia.

— Né, né, a gente podia comemorar hoje.

Eles nem tinham fechado a porta da casa quando Yuuta começou a falar animado. Os outros nem se preocuparam em olhar para ele tentando entender como o garoto tinha tanta energia depois de um dia daqueles.

— Comemorar o que?

— Que deu tudo certo. – Fechando a porta respondeu seguindo pelo corredor. — Normalmente a gente sai pra comer, mas eu seu que vocês estão cansados então vamos fazer aqui mesmo. – Colocando a mochila na bancada da cozinha explicou os vendo ir até a sala.

— Não, eu vou deitar e dormir.

— O mesmo para mim.

— Ah, não sejam chatos! – Gritou se apoiando nos bancos assistindo o moreno se jogar no sofá enquanto Kento se espreguiçava. Ele sabia que falar não adiantaria nada com aqueles dois então, astuto como era, resolveu agir. — Deixa comigo! Eu vou comprar tudo e já volto.

— Yuuta-

— Yuuta, você vai se perder!

— Eu já venho! – Saindo ele gritou os ignorando por completo.

— Ah... – Olharam a porta por alguns instantes ouvindo nada além do silêncio invadir o local assim que o outro desapareceu. — Ele nunca ouve. – Goushi reclamou vendo o maior se afastar dali.

— Nisso vocês são iguais.

— Olha quem fala.

— Heh... Eu vou tomar banho, – ignorando o comentário colocou a bolsa no sofá seguindo para o cômodo ao lado tão despreocupado como sempre — se ele não voltar até eu sair a gente vai atrás dele.

— Tá... – Se esticando relaxou o corpo no móvel macio. — Só sabe dar problema pros outros.

Levou algum tempo para Aizome sair do banho porque estava aproveitando a água quente tirando o peso de seus ombros enquanto refletia sobre os acontecimentos do dia. Era claro que estava cansado, mas também não conseguia se acalmar por completo pensando nas coisas que ainda iriam fazer como Thrive, como B-Project. Entretanto foi obrigado a sair ao se lembrar que Yuuta ainda poderia estar na rua.

Assim que abriu a porta do banheiro foi recebido por gritos de vozes distintas ecoando pelo corredor até ele. Um suspiro lhe escapou aliviado e logo seus pés o fizeram se aproximar com a toalha no pescoço secando cuidadosamente o cabelo.

— Já começaram a festa?

— KenKen, vem cá!

Ele passou calmamente pela sala vendo a TV ligada em um programa de música antes de chegar no balcão e encontrar o pesadelo de suas dietas espalhados por ali. Yuuta tinha comprado todo tipo de aperitivos gordurosos que Aizome normalmente passaria longe. Ele sabia de cor os valores calóricos de cada um deles, mas se conteve em recita-los naquele momento sabendo que seria inútil.

Por outro lado ainda havia algumas bebidas diferenciadas que ele desconhecia por ali. Sua mão foi instintivamente para elas olhando os valores se questionando se deveria ou não provar.

— Isso tem álcool? – Ele estava mais interessado na resposta do que em acusar alguém, porém seu tom de voz chamou a atenção dos dois.

— Eh?! – Rapidamente o jovem pegou a lata olhando os rótulos sem encontrar nada ali. — Não... Eu não peguei nada assim. – A resposta não tinha qualquer firmeza fazendo Kento o encarar. — É sério, KenKen! Olha!

E olharam. De novo e de novo a maioria das latas garantindo que não havia nada ali que fosse causar problemas antes de finalmente decidirem começar a pequena festa.

Apesar dos dois terem sido relutantes no começo, agora estavam sentados no chão da sala aproveitando o momento de descanso entre eles. Goushi estavam comendo tanto quanto Yuuta enquanto Kento preferiu ficar com algumas das bebidas que pareciam ser menos prejudicial a sua saúde só para poder participar com eles.

— Sabe, – sentado na ponta ao lado de Yuuta o maior começou a falar olhando para o moreno — hoje foi um daqueles dias que achei que você ia implicar com tudo e sair correndo.

— Cala boca. Eu fiz meu trabalho, não fiz?

— Fez, claro que fez e eu gosto quando você faz. – O comentário os fez parar de olhar para a TV e encarar o rapaz vendo que algo estava claramente errado com ele. — Eu gosto de trabalhar com você.

— Aizome?

— Ver você daquele jeito... – Ele sorriu olhando para o menor que o encarava confuso. — Eu gosto.

— KenKen, você tá bem?

— Claro. – Suspirou longo terminando em risos deixando claro o rubor em sua face fazendo Yuuta rapidamente se esticar procurando as latas que o rapaz tinha bebido. — Eu estou bem... Sabe, Goushi... Na hora da foto, eu não queria tirar os olhos de você. – Sua voz estava baixa, mas vinha acompanhada de um sorriso incomum que fez o moreno o encarar perturbado pela situação. — Acho que é porque eu gosto de você.

A frase foi dita com desdém fazendo parecer que ele nem sabia do que estava falando, entretanto foi capaz de calar os dois antes que pudessem pensar em dizer algo de volta.

A música no fundo tocava, mas para Goushi era como se aquele momento tivesse se congelado ali. Ele não tinha reação, não tinha nada além de um papel em branco em sua mente. Yuuta abaixado entre eles estava com os olhos arregalados e a boca seca.

— O que... – com medo de falar Goushi tentou forçar algumas palavras nervosas. — Para de brincar com a minha cara.

— Mas eu não estou. Eu realmente... – ele colocou a lata no chão e apoiou a cabeça no sofá sentindo seu corpo ceder ao sono enquanto fechava os olhos cansados. — Gosto de você...

Yuuta foi rápido em pegar o objeto vendo ser uma das latas que eles deixaram passar por já conhecer a marca. Vendo também o álcool escondido por ali. Seus olhos não conseguiam se arregalar mais, porém ainda tentavam enquanto sua mente era consumida pela surpresa e a culpa. Ele levantou o rosto vendo o maior dormindo e logo se virou para o moreno que encarava Kento com os olhos confusos e os lábios entreabertos como se as palavras ainda estivessem sendo ditas.

— He... que coisa...