— Eu te levo pra casa e você descansa... - ela iria retrucar. - Pelo menos por hoje!

Ela respirou fundo e com a ajuda dele, ela levantou e depois de chamar as meninas eles se foram para o carro. Seriam dias intensos e ela sabia bem disso ao aceitar aquela proposta dele... Estevão a deixou na porta de casa e depois de se despedir das meninas foi para casa arrumar suas coisas, Maria viu o pai na sala assim que entrou e sorriu para ele que sairia de viagem naquela mesma noite.

— Que cara é essa? - perguntou depois de beijar as netas.

— Só um dia complicado! - sentou tirando os sapatos.

— Ultimamente tenho te notado tensa, um pouco mais estressada com as coisas da empresa e ainda está no meio de Renato e Estevão!

— Papai, Renato é o meu namorado e Estevão... Estevão, você sabe... - Não completou por conta das meninas.

— Estevão desgraçadamente é e sempre será o homem que você ama! - disse com certeza.

— Não diga bobagens! - negou com a cabeça. - Eu não o amo! - ficou de pé enquanto as meninas corriam pela casa.

— Pode continuar a mentir para você mesma, mas eu sou seu pai e sei do que estou falando!

— Não sabe não! - caminhou para subir e fugir daquele assunto.

— Já arrumou outra babá para ir com você? - achou melhor mudar o assunto.

Ela gelou sabendo o que ele iria pensar mais mesmo assim virou e disse:

— Estevão vai comigo!

Ele deu um riso sem vontade e negou com a cabeça.

— Espero que tenha juízo!

— Eu sempre tive!

— Eu confio em você e no seu julgamento, mas não nos seus sentimentos por esse homem! - ficou de pé. - Mas também vai servir para você entender muitas coisas nesse momento.

— Eu só preciso de alguém para me ajudar!

— E por que não o seu namorado? - questionou.

Maria naquele momento torceu a boca porque nem se quer tinha se lembrado dele quando falou com Estevão e nem sabia como iria contar aquela novidade a ele já que o percebia mais enciumado em relação a Estevão e suas visitas as filhas.

— Ele é o pai delas! - tentou se justificar.

— Então ta bom! - não queria demonstrar o quanto estava preocupado com aquela viagem e no fundo também sentia ciúmes.

— Nada disso precisava acontecer se você não fosse viajar também! - suspirou. - Era pra ser você!

— Eu também queria que fosse eu! - confessou ciumento.

—Mamãe... - o grito de Estrela veio da cozinha e ela se apressou em ir até lá. - O que é isso minha filha? - olhou vários ovos quebrados no chão.

— Caiu... - falou com os olhos arregalados. - Eu só queria pegar o meu suquinho, mamãe!

Ela respirou fundo e foi a ela para não piorar a situação e a pegou no colo enquanto José se prontificou a limpar, ela saiu dali com as duas e foram direto para o banho fazendo uma festa no banheiro e arrancando varias risadas de Maria, mas em alguns momentos a sua mente vagava pelo que tinha acontecido mais cedo. Depois do banho elas comeram um lanche e como Estevão tinha falado, ela descansou ao lado de suas meninas e as horas se foram com ela acordando somente para se despedir do pai e deixando que aquele dia terminasse com ela ignorando as ligações de Renato e suas mensagens.

(...)

NO OUTRO DIA...

A manhã passou quase que correndo para Maria que resolveu os últimos detalhes na empresa enquanto as meninas tinham ficado com Estevão no apartamento, quando o relógio marcou meio dia ela "voou" para casa para poder fazer as malas, mas ao chegar ao prédio deu de cara com Renato a espera dela. Ela o cumprimentou com um beijo no rosto e pediu que ele a acompanhasse para subir já que seu tempo era curto, ele percebeu o quanto ela estava estranha e quebrou o silencio.

— Por que toda essa pressa? - perguntou já dentro do elevador.

— Eu te disse que tinha que viajar! - nem lembrava ao certo se tinha contado a ele.

— Quando vai? - a olhava quase que sem piscar.

— Daqui a duas horas!

— Por que não me disse antes? - apertou as mãos trincando os dentes.

— Eu não te disse antes? - o olhou negar com a cabeça. - Me perdoe, mas esqueci! - falou com pesar. - Foram tantas coisas nos últimos dias que me passou essa informação! - suspirou no final da fala.

— Se tivesse me dito antes, teria me programado para ir com você!

— Não precisa! - se recordou de Estevão. - É algo rápido!

— E as meninas? - perguntou saindo atrás dela do elevador.

— Vão comigo e... - parou na porta para dar aquela noticia sabendo que Estevão estava ali dentro de seu apartamento. - Estevão também vai!

— O que? - a voz saiu alta e automaticamente a mão dele apertou o braço dela que arregalou os olhos com a atitude dele.

— O que é isso? Me solta! - puxou o braço e ele a apertou mais ainda perdendo o controle. - Você está me machucando Renato!

Ele parecia ter saído de seu corpo e ali era uma pessoa totalmente diferente da que ela conheceu e seu corpo todo tremeu com medo do que poderia acontecer dali pra frente e ela pediu mentalmente que Estevão aparecesse e o tirasse de perto dela.

— Você acha que eu sou algum idiota? Eu não vou ser corno! - gritou.

Maria sentiu o corpo todo tremer pelo grito dele e pelo modo como ele a olhava, estava fora de si e era a primeira vez que percebia aquele comportamento agressivo dele. Estevão que estava na sala a espera dela ouviu o grito e de imediato levantou e foi a porta, abriu e ao ver o modo como ele a segurava e a olhava de imediato o empurrou para longe dela e o bateu na parede do outro lado do corredor.

Maria passou a mão onde ele apertava e não conseguiu se mover para separá-los, estava assustada ainda com o comportamento de Renato que apenas os olhos se matarem pelo olhar até que Estevão disse:

— Ficou maluco em encostar nela assim?

Os olhos dele pegaram ainda mais fogo ao cruzar com o de Estevão e sem pensar duas vezes o socou na cara...