You And Me escrita por KiorieJune


Capítulo 1
Capítulo I – Invisível




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Está vendo aquele garoto lanchando sentado debaixo daquela árvore de cerejeira? Vamos! Force a sua visão! Aquele ali com o cabelo bagunçado, olhos grandes, uniforme impecável e com um ar de serenidade! Viu? Ótimo! Seu nome é Kohara Kazamasa, tem 17 anos e está no terceiro ano do colegial.

Vou contar-lhe como conheci Kohara. Ah! Sim! Como sou desleixado, me chamo Sakamoto Takashi, mas pode me chamar de Saga, por favor.

Era uma linda tarde de primavera quando entrei naquele colégio, havia sido transferido de outra escola e enquanto meus responsáveis cuidavam de minha papelada com uma secretária muito da chata, diga-se de passagem, resolvi explorar aquele lugar. Até que aquela escola era admirável, grande e luxuosa. Um típico colégio para crianças de famílias ricas. Tinha um pouco de tudo... biblioteca, quadras de esportes, refeitório, auditório, sala de leitura, sala de música, sala de aula (lógico), dormitórios, diretoria, sala de professores, sala do grêmio, sala de num sei o quê e aquele blá blá todo. Você deve imaginar.

Caminhando por fora do prédio central pude ver uma cena curiosa, um rapaz estava abaixado olhando para dentro de uma das janelas, era magro, o cabelo cortado como se o tivessem medido com uma tigela, vestia um uniforme meio surrado e tinha grandes olhos moldurados por um grande e cafona óculos. O garoto olhava fixamente para algo lá dentro, resolvi me aproximar e ver do que se tratava, abaixei-me ao seu lado e ele pareceu não notar a minha presença, ótimo. Foi então que a vi, uma linda moça de longos cabelos pretos tingidos nas pontas com um vermelho sangue tocava uma suave melodia no piano, eu conhecia essa música... era Last Song do Gackt, uma música realmente encantadora, quando ela terminou e se arrumou para ir embora foi que o garoto reparou em mim.

-“AH!!!” – falou em meio a um susto – “q-q-q-quem é você?? Há quanto tempo está aqui??”

-“olá...” – sorri tentando parecer simpático – “me chamo Sakamoto Takashi, e você?”

-“K-Kohara... Kohara Kazamasa, com licença!” – pede ele abaixando a cabeça e correndo para longe dali. Eu até queria ir atrás dele, mas meu pai havia me chamado para retornarmos a nossa casa.

Dois dias depois, um uniforme parecido com o que Kohara usava só que com um aspecto mais novo, estava cobrindo o meu corpo. Uma calça jeans preta, uma blusa social cinza meio quadriculada em preto e um blazer na mesma estampa da blusa onde o brasão da escola era desenhado no peito direito. Particularmente eu simpatizei com este uniforme, ficou bem em mim.

-“senhor Sakamoto, seu pai o espera no carro” – alertou-me meu mordomo.

-“obrigada Kyo, já estou indo”

Aproximadamente 20 minutos depois eu já estava naquela escola que explorei no dia anterior e já ia me dirigindo para minha sala de aula sendo guiado pelo professor conselheiro, entrei na mesma e ele fez o favor de me apresentar para a turma. Para a minha surpresa e para a de Kohara estávamos na mesma sala e agora o sensei me colocava sentado atrás dele. Sim ele é um rapaz de sorte.

-

Na sexta-feira que conheci o Saga eu realmente fiquei com medo, pensei que ele fosse algum amigo da ‘dupla dinâmica’, se você não os conhece... realmente vive num mundo paralelo ao nosso, nós os chamamos de ‘Tora e Hiroto’, juntos são ‘o espelho de seus pais, sempre grandiosos’, como dizem os professores na intenção de puxação de saco, mas para mim... são só os caras que metem a minha cabeça no vaso quase todo santo dia.

Mas voltando ao Saga, quando eu o vi pela primeira vez, senti como se uma ducha de água fria percorre-se o meu corpo, se alguém da turma deles soubessem o meu segredo eu estava ferrado! Iria ser gozação da escola inteira... e a Layla nunca iria falar comigo. Mas ai depois daquela aula de japonês ele cutucou o meu ombro e começou a falar comigo como se fosse meu amigo há anos.

-“hey! Kohara! Oi!” – disse ele com um sorriso largo assim que eu virei meio receoso para vê-lo – “você saiu apressado ontem, nem tive tempo de me apresentar direito, prazer sou Sakamoto Takashi, tenho 16 anos e sou seu novo colega de turma, acabei de ser transferido e...hm...acho que é só, e você?”

-“por que está falando comigo?” – perguntei sem rodeios.

-“eh” – primeiro ele fez uma cara de quem não entendeu muito bem a minha pergunta, depois pensou um pouco e me respondeu simplesmente – “por que quero ser seu amigo, ora! O que foi? Você não tem muitos amigos né?”.

Foi então que como se brota-se do quinto dos infernos ele... apareceu Tora e sua gangue.

-“claro que não tem! Ele é um perdedor!” – disse com sua cara mais nojenta possível, se é que isso era realmente possível, por que com aquele nariz do tamanho de um bico de tucano ele vive com cara de nojento.

-“e você é...?” – perguntou Saga

-“Amano Shinji, mas todos me chamam de Tora, sabe você não deveria falar com perdedores logo no seu primeiro dia, Sakamoto não é? Ouvi falar muito bem da sua família, seu pai é dono de uma grande franquia de restaurantes, se quiser pode andar com agente”

-“se não é para andar com perdedores... por que vou querer andar com vocês?” – respondeu ríspido, sinceramente nunca ouvi ninguém falar assim com o Tora e ele também nunca deve ter ouvido algo parecido, porque ficou sem fala e saiu muito irritado para se sentar em sua carteira acompanhado sempre por Hiroto e outros dois capangas.

-“i-isso foi incrível!” – disse surpreso.

-“é...parece que descobri o problema de ninguém se aproximar de você, qual é a do narigudo?” – quem o Saga pensava que era para chamar o Tora de narigudo? Ele também tinha um nariz um tanto grande, mas não pude conter o sorriso quando ouvi o ‘apelido’.

-“ele não gosta muito de mim, por que sou bolsista”.

-“só isso?” – confirmei com a cabeça – “que motivo mais besta! Mas diga-me, quem é aquela garota que tocava... hmm!!” – rapidamente tampei a boca dele e senti minhas bochechas esquentarem completamente ao ver que alguém poderia escutar, principalmente a própria dita cuja que conversava com suas duas amigas um pouco distantes.

-“cala boca! Quer que ela escute?” – sussurrei.

-“ah, gomen! Mas quem é ela? A garota que você gosta?” – sussurrou também dando um sorriso um tanto malicioso.

-“ela... ela se chama Tatsuya Layla e... hm” – lentamente fui abaixando a cabeça para que ele não visse o rubor em minha face.

-“hahaha... ora, não precisa ficar assim, deixa eu te contar um segredo, nem sempre eu fui esse príncipe majestoso que sou agora sabia?” – ele disse passando a mãos nos cabelos e dando um sorriso meio galante, que foi um tanto sem noção na minha opinião – “eu tive ajuda, antes eu era igualzinho a você, um nerdzinho, feio, tímido e...”

-“ow! Ow!! Não precisa ofender, Sakamoto!”

-“bah! Me chame de Saga! Olha só, tem um curso em Nagoya onde aprendemos a conquistar mulheres, só que o professor desse curso está indo em todas as províncias dando palestras, este final de semana ele vai estar aqui em Tóquio, porque não assiste? Eu vou com você” – novamente ele sorriu para mim, as vezes eu ficava pensando se ele realmente estava sendo sincero, se aquilo tudo não era armação.

AH! Dane-se! Acabei sendo levado por essa gentileza descomunal do Saga e aceitei assistir a tal palestra com ele. Afinal, não estaria perdendo nada não é?

-

Quando comecei a falar com o Kohara era uma segunda feira, na terça-feira eu fui à luta. É claro que o curso poderia dar uma ajudinha no meu recente amigo, mas eu precisava ver com que tipo de garota estava lidando para poder ajudá-lo ainda mais. Acha que eu estava me metendo muito na vida dele? Dane-se, ele não está sabendo que estou fazendo isso mesmo! Mas voltando ao meu plano de reconhecimento de área...

Andando pelos lugares certos daquela escola descobri que o modo mais fácil de saber sobre essa garota era perguntando as suas duas melhores amigas Kaori e Junko, as duas freqüentavam o clube de culinária depois da aula. Sim, eu entrei para o clube de culinária para bancar o espião. Logo no começo a professora me colocou perto das duas, para a minha sorte.

-“como hoje é o primeiro dia do senhor Sakamoto vamos fazer uma coisa bem simples! Dorayaki! (n/a: Pequenas panquecas doce com creme) a receita está no quadro, boa sorte! Ah! E você, qualquer duvida chame a mim ou alguma colega” – disse a sensei que logo se virou para falar com um grupo de garotas no fundo da sala.

-“ano...você não é o novo aluno da nossa classe?” – perguntou-me uma das minhas duas vigiadas, era bonita até... tinha cabelos curtos sendo cacheados nas pontas chegando a tocar nos ombros pequenos, alias ela era meio baixa para mim, tocava em meu torax mais ou menos – “prazer... meu nome é Kaori, porque não se junta a nós? cozinhar sozinho é meio sem graça” – disse sorrindo e eu aceitei seu convite de bom agrado.

-“o prazer é todo meu” – cumprimentei-as com um de meus melhores sorrisos e uma breve reverencia.

A outra moça Shinji Junko se apresentou logo depois e então começamos a fazer o tal Dorayaki, elas duas eram muito divertidas e falavam bastante, o que tornou a minha abordagem mais fácil. Quando o doce ficou pronto eu já sabia que a senhorita Layla da qual Kohara gostava era mestiça, estava no clube de artes marciais e no de música, é uma aluna aplicada, não desiste tão fácil do que quer, trabalha em uma loja de discos, seus estilos musicais favoritos são J-rock e J-pop e a ultima informação foi a que me deixou mais preocupado.

-“o quê? Como assim ela não gosta de garotos?” – disse me recuperando da bela engasgada que dei com a panqueca assim que a Jun-chan (n/a: olha a intimidade) me falou.

-“é, mas não é isso que você está pensando! Ela segue um raciocínio indutivo”.

-“isso quer dizer...?” – perguntei não entendendo onde ela queria chegar.

-“quer dizer que o rapaz que errar uma vez com ela, passa a ser visto por ela como um fracassado, sem cérebro, inútil, abusado e que só pensa com a cabeça de baixo” – disse Kaori-chan tentando explicar a afirmação da amiga.

-“nossa, não sabia que existia garotas assim” – disse dando mais uma mordida no meu doce.

-“pois é... nós estamos tentando arranjar um namorado para ela, mas ela só quer saber daqueles jrockers famosos e estilosos” – lamentou-se Jun-chan

-“hm...sei, e por que vocês não buscam alguém que se vista assim?”

-“porque além da aparência ela gosta de caras fofos, alegres, inteligentes e que no mínimo toquem algum instrumento, ela é muito complicada ficamos muito preocupadas com ela” – comenta Kaori

Naquele momento a minha ficha caiu completamente. O Kohara era fofo de certa forma, sim eu percebi isso, e inteligente com certeza, conseguiu me explicar um assunto de física em menos de 10 minutos e o mais incrível, me fez entender o que ele dizia! Isso é um milagre, acreditem! Alegre e tocar instrumento eu não sei, ele me parece ser tímido demais, mas eu vou perguntar a ele amanhã!

-

Pelos meus cálculos, eu e Saga nos conhecemos a aproximadamente quatro dias, no quarto dia, era uma quarta-feira e eu sinceramente não sabia se tinha o conhecido há tão pouco tempo mesmo, quem nos olhava juntos dizia que éramos amigos de infância, e eu sentia isso. Claro que... Eu nunca tive um amigo de verdade, a não ser um imaginário, mas ele foi embora quando eu fiz 10 anos. Chega até a ser engraçado, eu nunca tive um amigo e quando tenho o cara é o ser mais pirado do mundo!

-“hey, Kohara... você precisa de um apelido!” – afirmou ele enérgico como sempre depois de comer um pouco do arroz que eu trouxe de casa, ‘comida de plebeu’ como ele chama.

-“hm? Apelido? Por quê?”.

-“porque você vai nascer de novo depois desse curso!”.

-“eh?” – eu devo ter feito uma cara muito engraçada de quem não entendia o que ele falava, porque o Saga não parava de rir um minuto se quer.

-“alias Shou! Você toca algum instrumento?”.

-“heim? Shou?” – perguntei sem entender.

-“é! Porque de agora em diante você será o bravo general que roubará o coração da princesa Layla!”.

-“NÃO ME DÊ UM APELIDO SEM ME CONSULTAR ANTES, BAKA!” – irritei-me levantando o tom da minha voz enquanto a minha mão antes cerrava dava um cascudo bem localizado naquela cabeleira loira.

-“itaaiii!! Seu bruto!” – reclamou alisando a superfície da cabeça onde eu havia batido e em alguns minutos depois quando, acho, a dor já tinha desaparecido, ele retomou a pergunta inicial – “você toca alguma coisa? Guitarra, baixo, bateria... ou sei lá, alguma coisa assim?

-“toco violão, no entanto eu gosto muito de cantar... mas, não me acho muito bom”.

-“certo! No final da aula vamos para a sala de música e você vai me mostrar essa sua voz não muito boa!”.

Sinceramente, eu odeio quando ele toma essas decisões assim do nada. Principalmente porque por mais que eu fique vermelho de vergonha e me negue, ele não muda de opinião. Aff... e o pior é que ele me tira completamente do serio com isso. Odeio esse loiro... mas me divirto com ele.

-

Quando o ultimo sinal soou nos alto-falantes do colégio arrumei o meu material e esperei o meu pupilo terminar de arrumar o seu para podermos ir para a sala de música. O caminho todo ele me pareceu bastante nervoso e inquieto, sem falar que não parava de olhar para os lados e às vezes para trás no corredor vazio, até que então resolvi perguntar o que havia de errado com ele.

-“Saga, a Layla ensaia na sala de música todos os dias, e se ela acabar entrando quando estivermos lá? Não quero que ela me veja cantando” – vi certa angustia no seu olhar quando ele se dirigiu para mim.

-“olhe pelo lado bom, se ela aparecer... você vai poder cantar para ela, isso não te deixa mais motivado?” – disse sorrindo para ele assim que paramos na frente da sala.

-

“Cantar para a pessoa que se ama” pensei quando Saga me disse aquelas palavras, isso realmente era tentador, e me dava uma sensação diferente no peito, gostei.

Acabei sorrindo ao olhar para ele, e o puxei para o recinto onde algumas cadeiras estavam distribuídas e um grande piano de cauda ficava à direita da sala, perto da parede onde a lousa estava grudada.

-“a sala de música é um pouco pequena, não?” – comentou dando uma olhada ao redor da mesma quando ia entrando.

-“sim, me disseram que antes aqui era o deposito, mas depois foi reconstruído para ser uma sala de música” – respondi assim que peguei o violão dentro de um grande e luxuoso armário onde se guardava os instrumentos, logo atrás das cadeiras.

-“que música vai cantar Shou-kun?”.

-“Secret Garden, do Gackt” – anunciei me sentando na frente dele e consequentemente de frente para a porta, se ela aparece-se eu a veria.

Meus olhos, flutuando em vidro, estavam apenas
Assistindo você

Não posso ver nem um fragmento de amabilidade
O repetitivo sinal de trânsito
Continua pagando o serviço de lábio para amar
Remova a propaganda através do meu corpo
Com estas pernas, mais uma vez
Eu olhei para o céu

O mundo espalhado dentro de meus sonhos é o último jardim secreto
Estou desaparecendo de dentro de você, mas apenas não esqueça
Do meu nome

-

Na primeira vez que ouvi o Shou cantar, eu não imaginava que iria me impressionar tanto. A voz dele, sendo acompanhada pelo violão de aço ecoava magnificamente pelas quatro paredes daquela sala, de um jeito tão majestoso quanto o próprio Gackt. Sem falar que toda aquela timidez que eu via naqueles dias desaparecia completamente... ele se tornava outra pessoa.


No contínuo tempo deturpado
A faca que me apunhalou nas costas se tornou asas
Continuei olhando para o céu
Para queimar os condutores de memória
Percorrendo por meu corpo
Olhei apenas para você...

O mundo espalhado dentro de meus braços é o último jardim secreto
Se estou desaparecendo de dentro de você, não esqueça
Das vezes que abracei você

Olhando para a janela à minha frente de forma distraída enquanto a minha mente processava as palavras que ele cantava pude ver o local onde o encontrei pela primeira vez, e para a minha surpresa, outra pessoa estava lá olhando e ouvindo a linda melodia. Uma moça de longos e lisos cabelos pretos com as pontas dos mesmos tingidos de vermelho sangue, o rosto branco e delicado moldurava os lábios rosados, o nariz um pouco afinalado e lindos e chamativos olhos castanhos que olhavam de forma hipnótica para Shou.


Você deveria suavemente fechar seus olhos
Para fechar a luz para fora
Se você quiser sonhar...

“Mas, você já foi notificado...”
Tudo sobre você com seus braços jogados completamente

O mundo espalhado dentro de meus sonhos é o último jardim secreto
Estou desaparecendo de dentro de você, mas não esqueça
Meu nome

Era ela... Layla. Provavelmente ouviu a música que tocava de dentro da sala e resolvera ver quem a estava usando pela janela de fora. Nossos olhos se encontraram por um momento, quando ela viu que estava sendo observada por mim tratou de correr envergonhada para longe dali. Uma pena... iria fazer Shou virar para ela naquele justo momento.


O mundo espalhado dentro de meus braços é o último jardim secreto
Eu olhei apenas para você...
O último jardim secreto
Apenas para você...

[Secret Garden – Gackt]

Continua...


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Notas finais do capítulo

^^ Espero sinceramente que tenham gostado, e sim...por favor deixem reviews... se não, também peço que me deixem algo...alguma critica desde que seja construtiva, claro, será bem-vinda =)

Desde já agradeço por lerem minha fanfic ^_^~



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