Trapalhadas dos Marmanjos sem Noção escrita por duda_bouvier


Capítulo 12
Capítulo 12 1O- David em: Pra que eu fui apostar?




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Depois de passarmos o fim de semana na casa do Bill e do Tom, já era a segunda feira e a maldita escola nos chamava. Ta, isso pra mim não é novidade, tenho que encarar a escola todo dia mesmo. E acordar cedo pra mim também não é problema, porque minha irmã, aquela peste, não me deixa dormir direito. Não vejo a hora de ter um quarto só pra mim, azul, com uma faixa de zebra no meio da parede, com pôster dos The Beatles na parede. Bom, na verdade, eu tenho um quarto só pra mim, com a faixa de zebra na parede e com pôster dos Beatles pregado, porem ele não é azul. Ele é branco. Minha casa inteira é branca. Nem uma corzinha pra animar, não sei o que minha mãe tem na cabeça de fazer isso.  E minha irmã não me deixa dormir, porque ela entra no meu quarto e grita, samba, pula e tudo o mais que você imaginar. Diz ela que me ama e por isso faz isso, mas eu duvido.

Bom, eu tinha feito uma aposta com ela. E perdi. Sabia que eu ia perder, mas eu mesmo assim apostei. E agora, eu tinha que cumprir minha prenda. Ir pra escola maquiado. É, eu ia ter que usar maquiagem. Droga. Nunca mais aposto com a Julie sem saber o que vai ser a prenda.

            - Anda, senta lá que eu vou te maquiar. –disse ela.

            - Jamais. Me dá o lápis creon e o brilho. Nada mais do que isso. Ta achando que eu sou o que? Uma menina?

            - Você não é uma menina, mas é minha Bitch. Agora senta ai que eu vou maquiar você!

Ok, ne? Fiquei lá sentado que nem um idiota, enquanto ela passava um treco preto no meu olho. Tava doendo, mas ai de mim se reclamasse.

Na hora que eu olhei no espelho, ate que ela não me fantasiou muito. Mas dava diferença.

            - Mas Julie, e se os meninos rirem de mim?

            - Mostra dedo pra eles. Só não chora, porque se não vai borrar tudo.

Fui triste pra sala. E preocupado também.

            - Porque essa carinha triste, Dave?- perguntou a mamãe.

            - Ah, porque eu não quero ir pra escola com os olhos escuros assim.

            - Quem mandou você ir apostar com a Julie?

            - Ah...

            - Mas pro seu consolo, ficou bonitinho. Destacou seus olhinhos, que hoje estão mais verdinhos.

Mãe é mãe, ne? Ela me consolou, mas não me convenceu. Fui pra escola, cabisbaixo e com a franja jogada na cara o máximo que podia.

Chegando lá ne, os meninos me viram e continuaram sentados no banquinho lá. Prestavam atenção no que Pierre contava, então corri pra saber do babado.

            - (...) Aí eu pedi pro meu irmão me esperar, o infeliz foi e me deixou pra trás. Ai passou uns 15 minutos, ela chegou lá e ainda me xingou.

            - Oi gente. –disse discretamente.

            - Oi David, senta aí e ouve. – disse Danny.

Sentei do lado deles e esperei Pierre terminar de contar.

            - Ai, eu fui a pé com ela até a casa da minha tia.  E meu pé ainda tava doendo um pouco, mas fui assim mesmo. Ai chegando lá, ela abriu a porta e eles gritaram ‘surpresa’ pra ela. Ai eu achei que tinha ficado tudo bem, ne?

            - E não ficou? – perguntou Tom.

            - não, porque ela achou que foi eu que furei o pneu. Ai ela me chamou lá no quarto e me xingou até a alma. E agora não converso com ela e nem com aquele bastardo do meu irmão.

            - Que filho da...          

            - To perdido! O que aconteceu? –perguntei, interrompendo Harry.

            - Ah, festa surpresa pra minha mãe na casa da minha tia ontem a noite. E porque diabos você não atendeu o telefone, David? Liguei pra você o dia inteiro! – disse Pierre.

            - Ah, eu sai com meus pais e minha irmã. Fomos no kart *-*

            - *-*

            - O que é isso? Lugar de que? – perguntou o animal do Danny.

            - andar de carrinho, como se fosse de Formula 1.

            - ain que Maximo *-* E seu pai cabe no carrinho?

            - Claro né Daniel? Meu pai é um palito!

            - Entao não sei o que é um kart.

Se eu tivesse como o Pierre naquele dia, eu tinha dado uma mãozada na cara do Danny. Mas eu esqueci que eu sou mais calmo que ele e expliquei.

            - Danny, kart é uns carrinhos tipo de formula 1. Você sabe o que é, pelo menos?

            - Sei. O Rubinho compete nisso ai.

            - É. Então. É quase aquilo, só que num carrinho menor, e num lugar menor.

            - Ah sim *-* Que chique, hein?

            - Ah nem é.

            - E quem ganhou a corrida, David?- perguntou Bill.

            - Julie. Eu cheguei em terceiro.

            - e quem chegou em segundo?

            - O carinha que tava ensinando a gente lá. Kkkk

            - kkkkkkkk. Sua irmã é melhor que o carinha? – perguntou Pierre.      

            - É.

            - Oche.

            - Ah sim, mas retomando um assunto muitíssimo importante, Senhor Pierre Charles...

            - O quê que foi? – respondeu ele, nervoso.

            - Você perdeu a aposta!

            - Que aposta?

            - É verdade! –disse Harry.

            - Que fizemos com você semana passada, lembra?

            - Ah, lembro! Ah, mas...

            - Mas nada! Você brigou com sua mãe e continua o mesmo cão raivoso de sempre.

            - Mas eu falei que não era minha mãe o problema.

            - Mas apostamos, agora cumpra. u_u’ – disse Tom.

Pierre praticamente rosnou. Credo.

            - E a aposta com sua irmã, David? – perguntou Harry.

Engoli seco. Droga, pra que Harry foi lembrar disso?

            - O que tem?

            - Você perdeu mesmo?

            - Ahn...

O que eu dizia? Que não, mas eles iam ver o lápis preto no meu olho. Se eu falasse que sim, eles iam ver de qualquer jeito. Me senti encurralado, não queria que eles rissem de mim, mas era isso que eles iam fazer, eles amam zuar.

            - Er...

O sinal tocou. Graças a Deus. Sai correndo na frente deles e fui pro banheiro. Mas, por raios, estava um pouco cheio. Entrei em uma das cabines e fui tentar ver como estavam meus olhos pelo visor do celular. Estava escuro ainda. Oh meu Deus, que raiva. Que vontade de torcer o pescoço da minha irmã até sair caldo. Mas eu também não podia ficar lá dentro o resto da aula.  Não fui muito animado pra perto do espelho, mas o Harry tava lá.   

            - Dor de barriga, Dave?

            - Não.

            - Entao o que você tem, que você veio correndo pra ca?

Respirei fundo e fui falar pra ele.

            - Olha. – disse pra ele e levantei minha franja.

            - Credo, você usou lápis creon! – disse ele, assustado.

            - Cala boca! Fala baixo. – disse tampando a boca dele. – Não foi eu, foi minha irmã e agora eu to lascado, não quero ir pra aula desse jeito, os meninos vão rir de mim.

            - Não vão rir não, David. Fica tranqüilo. Não tá feio, é porque nunca te vimos desse jeito.

            - Não acredito em você, Harry. –disse. Ele me olhou assustado.

            - Poxa David, to falando serio.

            - eles vão rir, eu tenho certeza. Eles não vão deixar isso barato.

            - E precisa chorar por causa disso?

            - Não to chorando.

            - Mas ta com os olhos cheios de lagrimas.

Realmente eu estava quase chorando. De vergonha.

            - Deixa de ser bobinho, Dave. Credo, kkk

Subimos pra sala. Mas os meninos nem ligaram e acharam que eu apenas não quis pentear o cabelo hoje. Eu sempre usava meu cabelo pra cima, e nunca de franja. Mas sinceramente, eu até gostei, vou usar mais vezes. Bom, achei que tava tudo resolvido e pronto. Descemos pro recreio, e um maldito vento soprou, levantando minha franja. Assustei. Os meninos viram. E riram. E não foi pouco. E eu fiquei sem graça. Muito sem graça.

            - Credo David, ta virando mulherzinha? –disse Danny.

            - Depois diz que eu e meu irmão que somos vaidosos. –disse Tom.

Virei às costas e sai p. da vida com eles. Tão p. da vida que acabei chorando de raiva. Ah, e claro, de vergonha também.

            - Deixa eles pra lá, eles são idiotas. –disse Pierre.

            - Mas não gosto que ri de mim. – respondi.

            - Mas eles não vão rir mais, vou lá dar um jeito. – disse ele e saiu.

            - Não liga não, David. Pierre só ta fazendo isso pra não ter que pagar o lanche pra todo mundo.

            - Eu sei... Ele não ia fazer isso de graça. 

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