Oi, cheguei na escola por volta de 07h30min, sendo que o horário era 07h00min. Perdi o ônibus, sabe? Ai cheguei tarde. Lógico que era mentira. Ai, meu parceiro, chegado, brother e etc. já estava lá, junto com os outros. Era eu, David, Danny, Harry, Tom e Bill. E de vez em quando umas meninas também andavam com a gente, a Halley e a Avril. Pois bem, elas não estavam La não. Entrei na sala e a professora já me perguntou qual era a desculpa.

            - Professora, hoje eu perdi o ônibus. –disse.

            - Ah ta. Você mora no bairro, e volta pra casa de escolar. – respondeu a louca.

            - Mas eu não estava em casa, eu estava na casa da minha avó.

            - Mas ela não morreu a duas semanas?

            - Jesus ressuscitou ela. – respondi na maior cara de pau. Desculpa Jesus! :(

            - Ai Pierre, entra logo, que eu não to por sua conta. Mas fica mudo e vai dormir.

            - Não, eu vou assistir a sua aula.

 Entrei e fui pro fundão onde eu me sentava. La estavam os meninos, lógico, desenhando no caderno, fingindo que copiavam a matéria.

            - Porque você demorou hoje? – já veio David, me perguntando com tom de tédio.

            - Demorei... Minha mãe tava me pregando um sermão antes de sair.

            - A! Bem feito. – disse Harry.

            - VTF, Harry! – respondi e pus o caderno em cima da mesa.

            - Muito bem, vou olhar os cadernos de todos vocês! – disse a professora, com tom de ameaça (pra nós).

            - Ah, hoje eu to tranqüilo, eu fiz mesmo. – disse David.

            - Eu também. – disseram Tom e Harry.

            - Eu copiei do Tom. – respondeu, como sempre, o sincero Bill. 

            - Ate eu fiz. – disse Danny.

            - Até você, seu bêbado? – perguntei, assustado. Danny sempre estava bêbado e nunca fazia merda nenhuma na sala. Passava de ano na sorte.

            - Até eu, olha que lindo!

            - Sinceramente, eu acho que você é gay... – dizia eu, ate que a professora me perguntou qual era a minha desculpa por não ter feito o para casa.

            - Dessa vez, o Pierre se deu mal. – cochichou Bill.       

            - Professora, eu não fiz, porque eu tava na casa da minha avó. Era festa lá ontem e eu não ia ficar preso dentro do quarto pra fazer para casa enquanto o resto da família se divertia com coisas mais úteis La fora, ne?

            - E sua avó fez quantos anos?

            - Nenhum, o aniversario não era dela. Era da minha tia.

            - E fizeram um aniversario pra sua tia em plena quarta-feira? Ah Pierre, me faça o favor de quando vier pra escola, pensar em desculpas melhores.

            - Ah você não vai acreditar em mim não? Que coisa feia! Só porque foi um aniversario surpresa? O que eu posso fazer se a minha avó fez uma festa pra ela na quarta? Isso existe sim, poxa! Quer ver as fotos?

            - Não, não... Não tenho nada a ver com a sua vida nem com a vida da sua tia não...

            - Então amanha eu te mostro o caderno com o para casa feito.

            - Você vai fazer uma produção de texto pra mim.

            - Sobre o que?

            - Sobre a festa da sua tia.

Enquanto os meninos riam de mim, eu topei e fui fazer o texto. A aula fluía e eu escrevia muito rápido e com cara de malandro. Os meninos me olhavam assustados, mas eu tinha mais o que fazer. No fim da aula, eu acabei e entreguei pra ela, que pegou rindo da minha Mao.  Na hora do recreio, enquanto eu e a cambada de idiotas zuavam, ela me chamou no cantinho e perguntou:

            - Como que o cachorro chama?

            - Hã?

            - O cachorrinho que sua tia ganhou de aniversario do namorado dela.

Ai eu lembrei que tinha escrito assim:

“(...) E o namorado dela, que até então ninguém sabia que era namorado dela, surpreendeu todo mundo e a minha tia com um filhotinho de Golden, amarronzado e muito fofinho como pedido de namoro oficial. Apesar do filhote ser muito travesso, todo mundo ficou brincando com ele e comia o bolo de chocolate, que tava bom pra caramba.”

            - Ah, fessora... A gente apelidou ele de Chocolate, porque ele era marrom e comeu mais bolo que a gente. Mas eu vou perguntar minha tia e te falo.

            - Ta bom. Vou te dar cinco pontos por esse texto. Bom recreio. ^^

Cheguei me gabando pros meninos e tal. Inventei uma historia super bonitinha por causa do cachorro e tal, sendo que era tudo mentira. Danny até me disse:

            - Porque que você não disse que eu estava na festa e tomei todas? Ia ficar bem mais real.

            - Ai a historia não seria mais super fofa.

No fim da aula, minha tia aparece na porta da escola, dentro do carro com um GOLDEN, AMARRONZADO E MUITO FOFINHO.

- Olha Pie, o que eu ganhei do meu namorado. *-* Vou chamar de Chocolate, o que acha?

Depois disso, meu apelido ficou como o ‘Profeta das desculpas esfarrapadas’.