Never Enough escrita por oicarool


Capítulo 22
Capítulo 22




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O Vale do Café tinha um cheiro diferente. Era um cheiro de terra, de grama, de infância. Das tardes ensolaradas de correria pelo que parecia o infinito, encerradas com banhos de rio e um bolo feito pela avó. Fazia algum tempo desde a última vez que fez aquele caminho, cruzando a pequena ponte do riacho, onde os patos que seu avô tanto amava viviam. E tudo ali tinha sabor de liberdade.

Estavam ali há poucas horas, e agora, após um jantar que mais parecia um banquete e atualizarem os avós sobre as últimas notícias da cidade, Elisabeta e Mariana preparavam-se para dormir. Ou ao menos fingiam que estavam se preparando para dormir. Mariana já estava caminhando de um lado para o outro, apenas aguardando o horário em que as luzes da casa se apagariam.

— Eu não acredito que você foge da casa dos nossos avós toda vez que vem aqui. – Elisabeta repetiu.

— Eu estou ouvindo um tom de julgamento vindo de alguém que confessou que passou muitas noites com Darcy? – Mariana ergueu a sobrancelha. – Brandão pelo menos é meu namorado.

— Era diferente. – Elisabeta revirou os olhos. – Nós nunca fizemos nada.

Mariana ergueu ainda mais a sobrancelha.

— Quase nada. – Elisabeta bufou. – Ainda assim, eu não sei se deveria ir até lá a essa hora. Darcy nem sabe que eu estou aqui.

— E Brandão acha que eu chego amanhã. Ainda assim vai morrer de felicidade quando eu bater na porta. – Mariana sorriu.

— E se eles não estiverem em casa? – Elisabeta mordeu a bochecha.

— É bom que eles estejam, porque senão ao invés de uma namorada feliz, Brandão vai encontrar uma fera. – a irmã respondeu tranquila.

— Talvez seja melhor você ir e eu ficar aqui. Posso encontrar Darcy amanhã.

— Elisabeta, essa insegurança não combina com sua pele. – Mariana revirou os olhos. – Darcy vai adorar ver você, não vai tirar as mãos de você.

Elisabeta suspirou.

— Ou é disso que você tem medo? – Mariana sentou-se em frente à Elisabeta. – Você está com medo de se entregar à ele?

— Não estou com medo. Mas Darcy vai continuar vivendo no Vale do Café, e eu em São Paulo. – Elisabeta encarou as próprias mãos. – Isso só iria complicar tudo.

— Eu estou vendo as palavras saírem da sua boca, mas não consigo acreditar que estão vindo de você. – Mariana sorriu, segurando as mãos de Elisabeta. – Se eu estivesse no seu lugar, você estaria me dizendo para viver um dia de cada vez.

— Provavelmente. – Elisabeta resmungou.

— Olhe para mim e para Brandão. Nós estamos fazendo funcionar, do nosso jeito. E Darcy não vai morar a vida inteira no Vale do Café, Elisa. – Mariana afirmou. – E mesmo se nada der certo entre vocês, pra que se privar de viver esse amor?

— Você tem razão, eu sei que tem razão. – Elisabeta tentou sorrir. – Mas o que sinto por Darcy é diferente de tudo o que já senti. Ele me faz pensar e querer coisas que eu nunca imaginei.

— Como casamento? Pequenos Darcys correndo pela casa? – Mariana soltou uma risada.

— Um cenário muito parecido com esse. – Elisabeta agora sorriu de verdade.

— Então vamos! Não viemos até aqui a toa.

##

Ela estava ansiosa, é claro. Seu coração estava acelerado desde que saiu de casa com Mariana, caminhando na escuridão por um caminho que sua irmã parecia saber de cor. Ficou ainda mais nervosa quando chegaram à porta de Brandão, e quando o cunhado a abriu. Não viu Darcy em lugar nenhum ali e sentiu-se pequena e envergonhada, de repente. Mas então Brandão a tranquilizou dizendo que Darcy estava dormindo, que fora um dia cheio no trabalho. Distraído com Mariana, ele apenas indicou o caminho até o quarto de Darcy.

E agora ela estava ali, com a mão na maçaneta. Deveria bater na porta? Deveria dar meia volta e ir correndo para casa? Lembrou-se das palavras de Darcy no telefone. Ele não mentiria para ela, não diria que queria vê-la se não fosse verdade. Respirou fundo e abriu a porta com delicadeza. E, se fosse possível, seu coração aceleraria ainda mais ao vê-lo.

A janela aberta iluminava o quarto apenas um pouco. Darcy dormia quase de bruços, as costas musculosas sem nenhum tecido para atrapalhar a visão. Ele estava apoiado no travesseiro e em um dos braços, e parecia sereno. Pecaminosamente sereno. E vê-lo foi como dissipar toda a insegurança que sentia. De repente, queria apenas estar nos braços dele.

Elisabeta aproximou-se da cama, deitando-se ao lado de Darcy, que remexeu-se um pouco ao movimento. Sem resistir, passou os dedos levemente pelo braço de Darcy, sentindo um arrepio ao tocar a pele quente. Aproximou-se um pouco mais dele, hipnotizada pelo homem que amava, pelo cheiro de sabonete e os cabelos um pouco úmidos que caiam na testa dele.

Ela beijou de leve o ombro de Darcy, e então acariciou seus cabelos. Beijou a curva do pescoço de Darcy, mordeu de leve sua orelha. Então Darcy se movimentou um pouco, ainda adormecido. A respiração dele ficou um pouco mais ofegante, e Elisabeta não resistiu a repetir os movimentos.

— Elisa... – ele gemeu ronco, ainda sem despertar.

E foi a realização daquilo que fez com que Elisabeta sentisse uma espécie de poder sobrenatural. Saber que era com ela que ele sonhava, que a desejava tanto quanto ela o desejava. Darcy suspirou, um pouco ofegante, e Elisabeta quis fazer parte daquele sonho. Beijou novamente o pescoço de Darcy, e foi nesse momento que ele acordou.

Estava sonhando com Elisabeta, estava no quarto dela, na cama dela. E de repente estava acordado, mas ainda parecia sentir o cheiro de Elisabeta por todos os lados. Então notou suas mãos no corpo dele, e parecia real. Virou-se em direção à pessoa que estava do seu lado, apenas para encontrar o sorriso dela.

— Você precisa parar de aparecer nos meus sonhos. – ele resmungou, sonolento.

— Quer dizer que você sonha comigo? – Elisabeta perguntou, acariciando o rosto dele.

Darcy arregalou os olhos de repente, sentando-se na cama. Olhou para todos os lados do quarto, fazendo Elisabeta rir. Beliscou o braço, e a encarou.

— Não é possível. – ele disse, com um sorriso. – Você não pode estar mesmo aqui.

— Mas eu estou. – Elisabeta acomodou-se no travesseiro que ele usava minutos antes. – Você estava demorando.

Darcy deitou-se por cima dela, a prendendo com seu corpo. Os olhos dele passearam pelo rosto de Elisabeta. Darcy acariciou o rosto dela com delicadeza. Elisabeta acariciou os cabelos dele. Os dois tinham sorrisos bobos no rosto, como se não pudessem acreditar que estavam finalmente juntos.

— Essa deve ser a minha noite de sorte. – Darcy sussurrou.

Antes que Elisabeta pudesse responder, ele a beijou. Não um beijo urgente. Foi um beijo lento, que despertava o desejo dos dois. Suas línguas mantinham o ritmo, e Darcy para o beijo para morder os lábios de Elisabeta, beijar de leve seu pescoço, e voltava a beijá-la. A mão dela desceu pelas costas de Darcy, o arranhando de leve. Darcy segurou uma das pernas dela, melhorando o ângulo dos dois.

O beijo se manteve constante, acariciavam um ao outro como se estivessem diante de um objeto precioso. Mas aos poucos ficaram mais urgentes, e a mão de Darcy brincava com a barra do vestido dela, com as alças. Elisabeta explorava as costas de Darcy, seu abdome. Sabia que ele não vestia nada além de sua roupa de dormir, e ficava evidente a excitação dele. Saber que fazia aquilo com Darcy a fazia ter vontade de ousar.

Ela o empurrou de leve, de repente, e Darcy se afastou, sem entender. Elisabeta sentou-se na beirada da cama, sob o olhar atento de Darcy, e começou a retirar os sapatos. Lentamente retirou o vestido, olhando para ele, hipnotizada com aquele olhar de desejo. Manteve a combinação fina, que era quase indecente para mostrar à um homem. Mas o olhar de Darcy passeando por seu corpo a fazia querer mais.

Elisabeta caminhou em direção a ele novamente, e Darcy ofereceu sua mão para que ela voltasse para a cama. Quando Elisabeta a segurou, ele a puxou com mais firmeza, segurando-a pela cintura com destreza, e fazendo-a retornar à posição anterior. E a beijou novamente sem aviso, arrancando dela qualquer dúvida sobre sua urgência. Estavam tocando um ao outro através de tecidos finos, que quase não deixavam espaço para a imaginação.

E Darcy segurou uma das mãos de Elisabeta enquanto explorava o corpo dela com a outra. Acariciou seus seios, arrancou suspiros, e tocou suas pernas sem pudor. Elisabeta também o tocava, o puxava para ela. Os beijos de Darcy alternavam entre a boca e o pescoço de Elisabeta, e quanto mais rápida a respiração dela, mais provocante ele se tornava.

Ele soltou a mão de Elisabeta e começou a abrir todos os botões da roupa íntima dela. Elisabeta suspirou a medida que Darcy retirava barreiras, mas ele fazia de forma tão leve, enquanto a beijava e mordiscava, que Elisabeta mal percebeu quando ficou completamente nua nos braços dele. Não sabia se deveria ficar envergonhada, mas os toques de Darcy eram tão hipnotizantes que ela apenas sentiu alívio por ele poder tocar sua pele.

Havia uma nova escala de sensações daquela forma. O peito quente de Darcy estava em contato com seus seios. Ele estava no meio de suas pernas e o tecido da calça não era o suficiente para que ela não sentisse o poder da excitação dele. E viu-se provocando-o também, descendo suas mãos cada vez mais, brincando com a borda do tecido. A respiração de Darcy pesou enquanto beijava o pescoço dela.

— Eu não consigo pensar quando você faz isso. – Darcy sussurrou no ouvido dela. – E um de nós precisa pensar aqui.

— Você não precisa pensar. – Elisabeta riu, beijando o ombro dele. – Você não está gostando?  

Em resposta, Darcy esfregou-se contra ela, fazendo Elisabeta gemer baixo. Foi o suficiente para que ele descesse a mão pelo corpo dela, tocando seu ponto mais sensível, e Elisabeta mordeu seu ombro mais forte.

— Você está me provocando demais. – Darcy continuou com a voz grave no ouvido dela. – Veio para a minha cama, tirou a roupa para mim. Como você espera que eu resista à você?

— Eu não quero que você resista. – ela respondeu, sentindo uma tensão crescente em seu ventre.

— Quer sim. – Darcy a mordeu de leve. – Você sabe que estaremos perdidos se fizermos amor.

A sensação de tocá-la fez com que Darcy se distraísse o suficiente para que Elisabeta deslizasse sua calça um pouco para baixo, expondo sua ereção, fazendo com que tocasse a pele dela. Darcy gemeu no ouvido de Elisabeta e intensificou os movimentos.

— Eu já estou perdida, Darcy. – ela ofegou.

Darcy afastou-se levemente apenas para olhar nos olhos dela. Diminuiu um pouco o ritmo de suas carícias, mas instintivamente se movimentou um pouco contra ela.

— Elisa, no dia que eu fizer amor com você eu vou sussurrar no seu ouvido tudo o que eu sinto por você. – ele disse, sério. – Eu não vou fazer sexo com você, Elisabeta. Não como se você fosse qualquer uma, como se não precisasse voltar para São Paulo, como se eu não pudesse ir atrás de você.

Ele a tocava e enlouquecia com palavras. Não eram palavras duras, era o que ela também sentia. Que entregar-se completamente à ele era um ato sem volta, era escolher o amor.

— Quando eu fizer amor com você, nenhum de nós dois vai embora. – Darcy a beijou de leve. – E eu não estou falando “se”, Elisa. Eu estou falando quando. Porque eu vou voltar para São Paulo, entrar na sua casa e te pedir em casamento.

Elisabeta sorriu e o beijou. Ele voltou a intensificar os movimentos, sentindo a respiração dela, ouvindo seus gemidos. O corpo dela tremia e Darcy sabia que não conseguiria evitar seu próprio prazer. Principalmente quando a mão de Elisabeta o envolveu sem controle. Não demorou para o corpo dela explodir em prazer, e o levar com ela.

E apesar do prazer tão intenso, Darcy ainda encontraria o auge da felicidade nas palavras dela.

— E quando você me pedir em casamento, eu vou dizer sim. – ela sorriu, assim que sua respiração voltou um pouco ao normal. – E vou finalmente poder te dizer o que você já sabe que eu quero dizer.

— Eu também quero dizer. – ele acariciou o rosto dela.

— Eu sei. – Elisabeta manteve seu sorriso, e logo adormeceu nos braços dele.


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