Never Enough escrita por oicarool


Capítulo 17
Capítulo 17




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/773592/chapter/17

Na vida algumas escolhas trazem consequências que modificam toda uma vida. E era assim que Elisabeta se sentia sobre o primeiro beijo com Darcy. Beijá-lo pela primeira vez havia aberto um mundo de possibilidades, e agora caminhava em um terreno instável. Não se arrependia em nenhum momento, é claro. Mas a última conversa – que levara a um segundo beijo, também não a deixava tranquila.

Simplesmente não sabia agir quando estava perto de Darcy. E nem ele parecia ter ideia do que fazer. Por mais que sentisse vontade de estar sozinha com ele, não conseguia encontrar o momento correto. E não poderia culpar suas irmãs por nunca saírem do mesmo ambiente, ou Ernesto por encontrá-los no jardim, antes que qualquer coisa pudesse acontecer.

Porém, beijar Darcy havia modificado tudo. E se antes havia um pequeno desejo de estar perto dele, agora tudo parecia amplificado. Vê-lo era o suficiente para deixar sua pele arrepiada, seus sonhos pareciam cada vez mais vívidos – e não podia realmente culpar sua mente por reviver a sensação dos lábios dele nos dela. Estava ansiosa por mais de Darcy Williamson, por mais surpreendente e improvável que parecesse.

Por isso não pensou de forma tão coerente quando Camilo chegou à casa dos Benedito, cerca de uma hora antes, e comentou casualmente que Darcy parecia aborrecido. Não pareceu uma ideia absurda visitar um amigo que parecia não estar bem. Ao menos não antes de Veridiana abrir a porta com um olhar curioso e deixa-la entrar. Ou antes de informar casualmente que Darcy estava em seu quarto.

Havia essa confiança entre os Williamson e os Benedito. Como haviam crescido juntos, todos eles, seus pais falhavam em reconhecer sinais de perigo. Veridiana jamais deixaria uma moça qualquer entrar no quarto de seus filhos sem supervisão. E certamente, sabendo sobre Jane e Camilo, sua irmã agora não teria tal liberdade. Ema e Jane eram vigiadas por muitos pares de olhos quando estavam naquela casa.

Mas Elisabeta não representava perigo para Darcy, e nem ele para ela. Estar no mesmo ambiente que Darcy Williamson não seria capaz de arruinar sua reputação ou suas chances de um bom casamento. Ao menos era o que Ofélia e Veridiana acreditavam com veemência, quando estavam muito longe de saber o que se passava entre eles. Certamente se soubessem sobre a cama dividida nas noites de desespero ou sobre os beijos, Elisabeta jamais teria sua entrada permitida.

Como não seria possível que imaginassem, não houve estranhamento. Era claro para as duas famílias que o acidente de Felisberto havia aproximado Elisabeta e Darcy. Os dois já não discutiam por motivos bobos, e era comum ouvir elogios quando o outro era mencionado em uma conversa. Para os Benedito e os Williamson, esta era uma aproximação a ser comemorada, e não evitada.

Quando Darcy ouviu a batida na porta e pediu que a pessoa entrasse, Elisabeta sentiu que estava nos domínios dele. E embora estivesse genuinamente preocupada, um arrepio passou por seu corpo quando o viu. A única luz do quarto era a de um abajur na cabeceira de Darcy. Ele estava encostado na cama com uma regata branca simples e uma calça escura – provavelmente suas roupas de dormir. Apesar de ainda ser cedo, os cabelos levemente úmidos dele diziam que ele estava pronto para se recolher.

— Oi. – ela disse, sem graça com a força do desejo que sentiu por ele naquele momento.

— Elisa. – Darcy a cumprimentou com a sobrancelha arqueada. – Tudo bem?

— Tudo. – Elisabeta tentou sorrir, e se aproximou, sentando-se na cama de Ernesto. – Camilo disse que você estava aborrecido com alguma coisa.

Darcy não esperava vê-la ali. Não depois do dia infernal que tivera. Não depois de ser informado por seu patrão no bar que ele precisaria fazer uma escolha: ou aceitaria trabalhar mais horas, ou seria demitido. E embora precisasse do emprego, não tinha mais horas para disponibilizar, não sem sacrificar seu emprego na fábrica, que pagava melhor do que o bar.

Por isso não estava apenas aborrecido. Estava furioso, preocupado e triste. Gostava de seu trabalho no bar, ainda que fosse exaustivo. E precisava do dinheiro a mais. Agora precisaria encontrar outro lugar, que certamente seria menos conveniente do que um bar perto da fábrica e relativamente perto de sua casa. Perderia muito mais tempo e talvez não conseguisse um acordo tão bom.

Embora todos os membros de sua família tivessem perguntado a respeito, Darcy não sentiu vontade de debater o assunto. Não até a chegada de Elisabeta. E então viu-se falando sobre todos os inconvenientes de perder seu emprego. Ela o encarava com um olhar atento, percebendo cada mudança de expressão, cada suspiro e analisando cada vez que Darcy passava a mão pelos cabelos e tirava os fios do lugar.

— Mas talvez seja uma oportunidade de você trabalhar com algo que realmente goste. – ela disse, depois que Darcy terminou de contar sua versão dos fatos. – Você disse que gosta de trens.

— Elisabeta, não é preciso gostar do trabalho. Basta trabalhar. – ele deu de ombros.

— Isso não é verdade. – ela sorriu, tentando encorajá-lo. – Eu adoro o meu trabalho no jornal. Me sinto feliz e realizada toda vez que escrevo.

— E odeia o seu trabalho no café. – Darcy bufou. – E ainda assim o faz. Eu não posso me dar ao luxo de sonhar com um trabalho perfeito.

— Por que não? – Elisabeta cruzou os braços. – Ernesto estava ajudando a minha família, não vejo porque não poderia ajudar a sua agora.

— E você está sugerindo que eu deixe a responsabilidade para o meu irmão mais novos? – Darcy revirou os olhos. – Esse seu mundo de conto de fadas é fascinante.

— Não é um mundo de conto de fadas. – Elisabeta também revirou os olhos. – É o mundo real, onde as pessoas buscam realizar seus sonhos.

— Eu não tenho tempo pra isso. – ele resmungou. – E se você veio aqui encher a minha cabeça com besteiras, você por ir embora.

— Encher sua cabeça com besteiras? – Elisabeta levantou-se. – Eu vim saber como você estava, seu ingrato.

— E já viu como eu estou. De péssimo humor. – Darcy cruzou os braços.

— Para uma pessoa que sabe ajudar os outros, você é péssimo em receber qualquer tipo de ajuda. – Elisabeta o acusou.

Mas, quando estava prestes a virar as costas para ele, Darcy alcançou sua mão. Não soube porque fez aquilo, apenas não queria realmente que ela fosse embora. Estava irritado e certamente não queria conversar sobre sonhos impossíveis. Não queria ouvir lições de Elisabeta ou de qualquer outra pessoa. Mas não queria que ela fosse embora.

Elisabeta voltou-se para ele, irritada, olhando para a mão dele na dela. Quando ergueu a sobrancelha em questionamento, Darcy a puxou para baixo, fazendo-a cair em seu colo, desajeitadamente. Darcy sentou-se melhor, e uma de suas mãos foi parar na coxa de Elisabeta, ajustando suas posições. Elisabeta respirou fundo ao sentir o corpo dele em contato com o dela.

— Se você quer me ajudar, eu sei o que pode fazer. – ele a encarou sugestivo. – E, se a gente não falar, a gente não briga.

Sem dar chance para que ela respondesse, Darcy a beijou. Elisabeta levou meio segundo para se entregar ao beijo, e então relaxou nos braços dele. A língua de Darcy tocou a dela e Elisabeta conteve um gemido. Sua mão foi para a nuca de Darcy, acariciando seus cabelos. Ele apertou ainda mais a coxa dela, puxando-a contra ele.

Darcy estava frustrado, e por isso seu beijo foi demandante, possessivo. Elisabeta viu-se entregue à ele, às mãos que a acariciavam de forma mais bruta que o normal, o beijo firme, as mordidas leves que ele dava em seus lábios. Era uma versão menos controlada do homem que ela estava acostumada, e quando ele puxou de leve seus cabelos, Elisabeta suspirou nos lábios de Darcy.

Uma das mãos dela desceu pelo braço de Darcy, acariciando seu bíceps, que se contraia a medida que apertava a perna dela. Darcy abandonou seus lábios e começou a beijar seu pescoço da mesma forma, como se sua existência dependesse daquilo, e Elisabeta teve a sensação de que precisava ser tocada em todos os lugares ao mesmo tempo. Como se lendo seus pensamentos, Darcy recostou-se um pouco mais, a puxando com ele.

Elisabeta voltou a beijá-lo, e com a nova posição, inclinou-se por cima dele, uma perna ficando entre as dele. Darcy grunhiu quando sentiu o corpo dela tocar sua crescente ereção. Ela estava praticamente por cima dele, os dois um pouco sentados, um pouco deitados, e Darcy não resistiu a puxá-la um pouco para cima, fazendo seus corpos friccionarem um contra o outro.

Ela sentia que qualquer controle estava se esvaindo. Estava na cama de Darcy e seu corpo estava mais quente do que em qualquer outro momento. A língua dele brincava com a dela, as mãos de Darcy estavam em sua cintura, mas uma delas descia perigosamente e tudo que Elisabeta queria era ser tocada por ele. Quando Darcy esfregou-se contra ela novamente, ela gemeu.

Mas Darcy parou a mão onde estava, e não teve coragem de provoca-la novamente. Seus beijos continuavam quentes, mas precisava ser prudente. Queria ser prudente. Elisabeta, no entanto, queria tudo. E Darcy não ficou exatamente surpreso quando ela passou uma perna por cada lado dele, praticamente sentando em cima dele. O contato de suas pelves fez com que os dois gemessem mais alto.

Darcy não teve coragem de recuar, e sentou-se um pouco melhor. Suas roupas eram agora uma barreira necessária, mas era impossível que não se movessem instintivamente. Ela o beijou novamente, e Darcy pressionou contra ela, de forma lenta. Elisabeta segurou com força seus cabelos, sem saber como respirar, sem saber como agir.

O barulho de uma panela caindo na cozinha fez os dois se assustarem, e Elisabeta olhou para os lados, subitamente percebendo onde estavam. A respiração dela estava acelerada, assim como a de Darcy. O quarto continuava pouco iluminado, mas a realização de que qualquer um poderia entrar fez com que Elisabeta corasse.

Estava no colo de Darcy Williamson, os dois obviamente fora de controle, em um beijo frenético e em uma situação que seria inexplicável se alguém entrasse. Os cabelos dele estavam bagunçados, e suas mãos ainda estavam na cintura dela. Elisabeta o encarou, com os lábios inchados. A visão dela o fez sorrir, e segundos depois os sorrisos se transformaram em uma risada abafada.

Elisabeta desvencilhou-se dele, levantando-se. Seu vestido estava amassado e ela tentou disfarçar. Uma olhada no pequeno espelho mostrou seus cabelos desalinhados. Darcy continuava sentado na cama, e puxou uma coberta para disfarçar sua óbvia excitação.

— É melhor eu ir embora. – ela disse, em um sorriso. – Espero ter ajudado.

Darcy sorriu para ela, e a viu partir. Não soube como ela passou por sua mãe, e nem se alguém desconfiou de alguma coisa. Mas quando ouviu a porta da frente bater, suspirou, encarando o teto.

— Acho que você só trocou meus problemas de lugar, Elisabeta. – riu sozinho.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Never Enough" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.