Never Enough escrita por oicarool


Capítulo 10
Capítulo 10




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/773592/chapter/10

Eles continuavam no quarto de Elisabeta. Mariana e as outras meninas voltaram para a sala, e Darcy continuou trabalhando nas janelas. Os músculos dele flexionavam a medida que ele trabalhava, e Elisabeta imaginou como seria passar as mãos por ali. Como seria abraça-lo por trás, sentir o cheiro de sua roupa limpa, deixar suas mãos passearem pelo abdome dele, que ela vira aquela vez, no quarto de Darcy.

Será que ele deixaria? Permitiria que ela o explorasse, o tocasse como jamais tocou outro homem? Teria vontade de tocá-la como ela queria, como seus livros proibidos descreviam? Ela achava que ele era experiente, deveria ser. Homens na idade dele sempre eram. Darcy olhou para ela, com um sorriso no rosto.

Ela o queria. Mais do que a qualquer outra coisa. Trocaria seu emprego, suas irmãs, qualquer coisa por alguns momentos com Darcy Williamson. Mas sentia-se uma covarde. Não era ela quem não ligava para as consequências? Não orgulhava-se de fazer o que sempre desejava?

Queria ter a coragem de fazer aquilo, levantar-se, andar até ele, puxá-lo pelo braço. Será que Darcy a beijaria? Ou será que era uma brincadeira para ele? Darcy provavelmente conhecia mulheres mais interessantes, mais experientes. Mulheres que não deveria considerar como uma irmã mais nova irritante. Mas eles não eram irmãos, nunca sequer foram criados para ser como irmãos.

Como se lesse seus pensamentos, Darcy virou-se para ela. Ele era lindo. Grande, forte, os braços cruzados na frente do corpo, aquele sorriso de lado que ela rapidamente descobria ser sua perdição. Darcy estava seguro de si, como se não tivesse nenhuma dúvida a respeito dos desejos dela. Como se soubesse que, se a quisesse de verdade, poderia tê-la.

— Você continua me olhando desse jeito. – ele balançou a cabeça negativamente, como se a repreendesse.

Elisabeta não conseguiu responder, porque ele se aproximou dela. Ela continuava sentada em sua cama, e Darcy aproximou-se, sem cerimônia. Inclinou-se o suficiente apenas para pegar uma de suas mãos, e a puxou sem gentileza. Elisabeta bateu contra o peito firme, as mãos dele rapidamente segurando sua cintura, mantendo-a firme de encontro à ele.

— Não deveria me olhar assim, Elisa. – Darcy disse.

Não deu tempo para que ela respondesse, uma das mãos dele puxou levemente seus cabelos, expondo seu pescoço. E Darcy a beijou ali, a barba fazendo cócegas em sua pele, a língua dele quente, demandante. Elisabeta tentou segurá-lo, mas seu corpo parecia gelatina, o quarto estava quente demais. E antes que pudesse notar, seus olhos estavam abertos.

O quarto estava vazio. Não havia janelas quebradas ou Darcy. Estava sozinha em sua cama, a camisola colada ao corpo suado, a luz da manhã já entrando pelos espaços da cortina. Inferno. Outro sonho. Eles eram cada vez mais comuns, cada vez mais intensos, cada vez mais reais. Ela quase conseguia sentir Darcy com ela.

E gostaria de poder sentir, mas era sempre assim, quando ele a tocava, ela acordava. Como um protesto de sua própria mente, querendo mais matéria prima para aprimorar a obra. Porque não sabia de verdade como era tocar Darcy. Não sabia como seria um beijo dele, a barba em sua pele. Não conseguia imaginar o gosto que ele teria.

Elisabeta decidiu buscar um copo de água. Era domingo, afinal. Poderia dormir de novo, se fosse muito cedo. Ter sonhos menos perturbadores, ou quem sabe, não ser interrompida. Não devia passar das seis horas da manhã. A essa hora, ninguém na casa dos Benedito estava acordado. E por isso, não incomodou-se com vestir o roupão.

Mas Elisabeta, é claro, estava equivocada no tempo. Dormira até mais tarde, sem nem notar. E quando saiu do quarto, com sua camisola que era um pouco mais reveladora do que suas roupas normais, que tinha um decote que seria considerado indecente em um vestido, e um tecido quase transparente que não deixava quase espaço para a imaginação, encontrou Darcy Williamson.

Quase acreditou que voltara a dormir, quando os olhos dele passearam por seu corpo sem qualquer pudor. Elisabeta o viu suspirar, mais do que o ouviu. O que Darcy fazia em sua casa naquela hora? E onde estava o resto de sua família? Elisabeta pensou em voltar para seu quarto, mas Darcy continuava olhando para ela como se fosse sua melhor visão do dia, e parte dela desejou aquele olhar.

— O que você está fazendo aqui? – ela gritou, de repente, cobrindo o corpo com as mãos.

— O seu pai... o seu pai me chamou! – Darcy disse, virando-se de costas.

Não que ele quisesse virar de costas. Apenas não parecia certo observar Elisabeta de forma tão íntima, na sala dos Benedito, com Felisberto no cômodo ao lado. Além disso, não confiava que poderia controlar seus instintos. Não depois da noite anterior, não depois de sonhar com ela tantas e tantas vezes, vestindo menos trajes do que aqueles. E suspeitava que aquela visão daria novas as asas à sua imaginação.

— Como é que você aparece assim? – Elisabeta ralhou, constrangida.

— Elisa, vista uma roupa, por favor. – Darcy suspirou, com os punhos cerrados.

Ele apenas ouviu quando Elisabeta fechou a porta de seu quarto, e respirou aliviado. Ele iria enlouquecer, e a causa seria Elisabeta Benedito. E aquela camisola transparente, que fazia suas visões muito mais vividas, muito mais perturbadoras. Deliciosamente perturbadoras. Felisberto não demorou a retornar, tirando Darcy daquela linha de pensamentos indiscretos.

Elisabeta retornou minutos depois, completamente vestida, apenas para observar Darcy e seu pai sentados no sofá da sala – aquele mesmo sofá, ela lembrou-se. Os dois encaravam o que pareciam plantas da casa dos Benedito, e Elisabeta imaginou qual era o novo projeto de seu pai. Porque Felisberto sempre tinha um projeto, mas ao contrário do que planejava, era sempre executado por Darcy, ou, na ausência deste, por Ernesto.

— O que estão aprontando? – Elisabeta fez questão de sentar-se na poltrona, longe de Darcy.

— Os encanamentos precisam ser reparados. – Felisberto disse, mantendo o foco nas plantas.

Elisabeta não segurou uma pequena risada, fazendo com que Darcy a encarasse, com um sorriso cúmplice. Mas logo a atenção de Darcy também estava nos papeis. Felisberto e Darcy continuaram debatendo sobre fiação e encanamentos, e Elisabeta imaginou o que se tornaria sua casa no dia seguinte. E que precisaria lidar com Darcy fazendo visitas frequentes.

Afinal, seu pai certamente começaria um projeto atrás do outro. E se havia uma coisa a a ser dita sobre Darcy, é que no fundo ele adorava os projetos de Felisberto. Mesmo quando menino, Elisabeta recordava-se de vê-lo seguindo seu pai, quebrando as paredes, reconstruindo as paredes, pintando as paredes. Darcy sempre tivera paciência com as ideias de Felisberto, e Elisabeta o admirava por isso.

Felisberto não demorou a necessitar de outras plantas, e saiu rumo ao escritório para procura-las. Darcy e Elisabeta ficaram em silêncio por poucos minutos, ela encarando as unhas e Darcy fingindo que prestava atenção nos papeis a sua frente. Ele ergueu a cabeça, de repente, e Elisabeta, notando o movimento, o encarou.

Darcy tinha um sorriso no rosto, e Elisabeta murmurou um “o que?”, que ele obviamente não respondeu. Apenas permaneceu encarando Elisabeta, até que ela bufasse e ameaçasse jogar uma almofada em sua direção.

— Eu só estava aqui pensando... – ele divagou.

— Estou surpresa que você pense. – Elisabeta resmungou para si mesma.

— Bonita camisola. – ele coçou o queixo. – Provocante, eu diria.

Elisabeta o encarou, com a sobrancelha erguida.

— E você esperava que eu dormisse com o que? Uma camisa de força?

— Confesso que eu nunca havia pensado sobre o que Elisabeta Benedito veste para dormir. – Darcy sorriu de lado. – Mas agora eu vou poder pensar...

— Você não ousaria. – Elisabeta cruzou os braços.

Darcy fechou os olhos, fingindo estar analisando seus próprios pensamentos. E, como estava de olhos fechados, não viu a almofada que voou em direção ao seu rosto. Apenas riu quando sentiu o tecido atingi-lo.

— Pare de pensar nisso! – Elisabeta bufou. – Agora!

— Me desculpe, Elisa. Eu não consigo. – ele riu ainda mais.

— Darcy Williamson, eu estou avisando você. – Elisabeta levantou-se.

— É mais forte do que eu. – Darcy fingiu, relaxando no sofá.

— Você é um completo idiota. – ela o acusou, andando em sua direção.

Pegou uma das almofadas e ameaçou bater em Darcy. Nesse momento, é claro, Felisberto retornou à sala, trazendo uma série de papeis enrolados. E a cena que viu foi sua filha mais velha com uma almofada nas mãos, uma expressão bastante irritadiça, e Darcy a encarando incrédulo.

— Darcy Williamson, eu não sei o que você disse para causar essa reação. – Felisberto riu. – Mas eu diria que está encrencado, rapaz.

— Parece que eu sempre estou encrencado quando se trata de Elisabeta, Felisberto. – Darcy deu de ombros, e Elisabeta soltou a almofada.

O mais velho voltou sua atenção aos papéis, e Elisabeta e Darcy trocaram um último olhar. Um que deixava claro que aquela conversa não havia acabado, que toda aquela situação não havia chegado ao fim. Que deixava claro sua cumplicidade em meio ao caos em que estavam entrando. Que deixava claro, mais do que qualquer coisa, que os dois pareciam encrencados quando se tratava daquela relação.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Never Enough" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.