Chama negra escrita por J S Dumont


Capítulo 7
Capitulo 7 - Lua de mel


Notas iniciais do capítulo

ola gente, voltei!!! com mais um cap. para vocês, que tal vermos a lua de mel? será que vai rolar confusão? vamos acompanhar, não esqueça de comentar e favoritar a fic, bgs!



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SETE

Depois que eu escutei a palavra lua de mel não consegui pensar em outra coisa que não fosse essas três palavras, definitivamente elas tinham conseguido me perturbar e muito nas próximas horas. A razão disso era obvia, eu não fazia ideia do que poderia acontecer nessa viagem, ás vezes eu sentia um mau pressentimento, um frio esquisito no estomago, principalmente quando pensava no fato de que Dracoe eu não somos um casal normal, o que contribuía e muito para que a viagem no fim das contas não desse certo, ou que no mínimo, fosse bem estranha.

Já Dracoparecia até animado com á viagem, repetiu varias vezes que pensou muito na escolha do local, eu achava que o mais certo seria eu ter participado da escolha, porém, parece que as passagens aéreas foram compradas antes de nos casarmos, ou seja, Draconão me conhecia e principalmente não sabia qual é o meu gosto, e claro, isso não poderia dar boa coisa.

Parecia que eu já estava prevendo, afinal, assim que ele me contou o destino, eu não senti tanta empolgação assim com o local. Tudo bem que Honolulu, Havaí é um lugar belíssimo, entretanto, eu nunca gostei muito de praia, só que eu disfarcei e tentei fingir um pouco de empolgação para não desapontá-lo, já que eu não queria sair como a chata da história.

Honolulu é situada na costa sul da ilha de Oahu, capital do Havaí, eu sei que lá é tudo muito turístico, por ter dezenas de restaurantes chiques, grandes resorts e hotéis de luxos. Principalmente no bairro de Waikiki. Claro que se fosse para eu escolher, eu optaria por Itália, por ter sido sempre muito romântica Veneza sempre fora onde sonhei passar minha lua de mel, sim seria o local ideal, com certeza eu quero fazer um passeio de gôndola em Veneza antes de morrer. 

Mas ainda assim eu fui sem reclamar, dormi quase o tempo inteiro no avião e ao acordar percebi que eu estava com a cabeça encostada no ombro de Draco, o que me deixou bem envergonhada, logo me recompus rapidamente e tentei não dormir mais até chegar ao local.

Nunca havia ido ao Havaí antes, o que eu sabia do Havaí era o que eu havia escutado falar pelos meus conhecidos que já havia o visitado, então eu sabia que tudo que eu fosse viver ali, de qualquer forma seria uma novidade para mim.

Nós nos hospedamos em um hotel em Haikiki, como eu já imaginava ele era bastante chique, aquele de cinco estrelas que tem todas as frescuras do que se possa imaginar, o que me chamara mais atenção fora a grande banheira de hidromassagem que havia no banheiro, e também o que gostei bastante fora da janela do quarto que era grande e nos proporcionava uma belíssima paisagem, pelo hotel ficar a beira da praia, eu podia observar dali o mar, com aquela agua totalmente azul e ouvir o barulho das ondas, que eram muito relaxantes, até mesmo eu podia fechar os olhos e ficar o ouvindo por horas.

Mas naquele momento a única coisa que eu queria era deitar em uma cama e dormir a noite toda, pois eu sabia que teria seis longos dias pela frente. Assim que pude ter a oportunidade de me deitar, eu notei que a cama do quarto era bastante agradável e pude dormir nela feito uma criança, durante a noite eu senti novamente os braços de Draco sendo colocados em volta de mim e novamente fui invadida por um calor agradável. Eu não podia negar que estávamos nos dando melhor, entretanto, ainda não podíamos ser considerados um casal normal.

Por sorte depois daquela noite de núpcias nada boa, Draco não tentara mais avançar o ponto comigo, nem mesmo a noite no hotel o fez tentar algo, o que me deixou mais sossegada, ainda eu estava tentando confiar nele, mas sabia que seria algo que só poderia acontecer através do tempo, preferia esperar, para tentar novamente algo mais intimo com ele.

No dia seguinte nós acordamos bastante cedo, para “curtir o dia na praia”, passei quase todo o meu protetor solar num único dia, vesti o único biquíni que eu tinha que parecia do século passado de tão velho, coloquei os meus enormes óculos escuros e um enorme chapéu na cabeça, assim que eu vi Draco sair do banheiro somente vestido com uma bermuda azul, não pude deixar de observar o seu corpo, eu não podia negar o quanto ele era atraente. Aqueles braços grossos e o peitoral e barriga muito bem definida mexia com qualquer mulher, inclusive comigo. Porém, tentei disfarçar a atração.

Minutos depois lá estávamos nós caminhando pela areia da praia, eu não fazia ideia do que ficaria fazendo o dia inteiro, o mais provável que eu faria é ficar olhando para o mar. Não que eu não o achasse bonito, o barulho das ondas era um tanto gostoso de escutar, porém, confesso que preferia observar pela janela do hotel, do que ficar pisando naquela areia.

— Pela sua expressão parece que eu não acertei muito o local da lua de mel, não é? – ele perguntou ainda caminhando pela praia, ele logo parou na areia, não tão longe da água e prendeu o guarda sol que nós alugamos ali mesmo, para ficarmos na sombra. Eu suspirei, e fiquei o olhando abrir a cadeira, logo coloquei a que eu segurava ao lado da dele, olhei novamente para ele e em seguida olhei a minha volta e me sentei na cadeira, depois comecei a olhar para o mar.

— Bom, a visão é belíssima, mas para falar a verdade eu não sou muito chegada ao sol, quando eu me queimo eu fico vermelha, a areia da praia me deixa com coceira e você tem que ver o que acontece depois com o meu cabelo quando o molho com agua salgada... – respondi, dando uma risada, risada que foi acompanhada pelo Draco. – Realmente acho que a praia não vai com a minha cara... – completei, ainda rindo.

— Você é chegada ao que? A neve? – ele perguntou, e então nos olhamos.

— Não tanto, o que eu amo de verdade é artes, então gosto de ver museus, galerias de artes, acho que iria gostar de ir para Veneza... –desviei o olhar para baixo. – Na verdade, sempre sonhei em passar minha lua de mel lá...

— Acho que eu não deveria ter comprado a passagem adiantada, não é? Deveria ter te perguntado depois que nos casássemos... – Draco respondeu, soltando um suspiro, enquanto olhava para o mar.

— Bom, mas não é por isso que a lua de mel não possa ser legal, não é? – eu disse, na tentativa de animá-lo.

Ele então voltou a me olhar, com as sobrancelhas arqueadas.

— Eu escutei direito? Você está vendo algo relacionado a nos dois de forma positiva? Uau, não é que conseguimos evoluir? – ele comentou num tom brincalhão, me fazendo dar risada e bater de leve no braço dele.

Eu sei... Sempre fui muito negativa referente minha relação com Draco e confesso que eu estava um pouco receosa com a viagem, pois eu sabia o significado de uma lua de mel e era totalmente distante do que somos como um casal, mas, eu queria dar o braço um pouco a torcer, eu estava cansada de tanto brigar e negar, eu já sabia que não chegaria a nada com isso. Conhecê-lo não seria de fato algo ruim, claro, se ele me desse uma oportunidade para isso.

— Bem... – eu iniciei, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. – Já que você afirmou que não tem possibilidade de nos divorciarmos...

— Não mesmo... – ele afirmou novamente, me fazendo suspirar e olhar para baixo.

— Então não vai adiantar nada eu ficar com pessimismo não é? – eu falei, dando de ombros. Afinal, isso só iria me deixar ainda mais amargurada com aquele casamento arranjado.

— Sinceramente eu acho que não foi isso não... – ele comentou, aproximando um pouco mais de mim. – Eu acho que depois daquela noite você começou a pensar melhor sobre o nosso relacionamento... – ele mordeu os lábios, e eu não sei por quê mais acabei mordendo os meus lábios também. – E começou a ver que temos chances de dar certo! Ou vai negar que existe até certa ahm... Química, entre nós dois?

Eu o encarei, enquanto sentia minhas bochechas arderem de tanta vergonha.

— Bom... Eu... É... Eu não sei, eu... – eu comecei a gaguejar, sentindo-me uma completa idiota por isso, olhei novamente para o mar, tentando me recuperar da surpresa daquela pergunta inesperada. – Podemos até ter, mas tenho consciência de que uma relação não dá certo somente com química, tem que existir algo mais, além disso!

— O restante depende de você... Mas, você está começando muito bem, estou gostando de ver que não está só brigando e reclamando... – ele fechou os olhos, enquanto levantava a cabeça, para sentir o sol em seu rosto.

Eu sorri para ele, mas não fazia ideia do que dizer, e então eu acabei ficando em silencio mesmo. Eu até o entendo, devo confessar que fui chata e reclamei demais, mas com razão, afinal, não estava casada com minha própria vontade, e os motivos do casamento não colaboraram muito para eu aceitar a situação de imediato, mas agora, só me restava, tentar viver em paz. Pelo menos os dias que restavam daquela lua de mel.

— E então agora, não podemos vir á praia e não entrar na agua, não é? – ele disse fazendo-me acordar de meus pensamentos, o encarei e vi que ele sorria para mim, um sorriso que eu julguei um tanto esquisito.

— Na verdade podemos sim, é que eu me esqueci de te informar que eu também odeio agua gelada e... AHHHH! – eu gritei quando ele me pegou no colo, derrubando os meus óculos e meu chapéu na areia, em seguida ele começou a correr em direção a agua, tão rápido que nem deu tempo de fugir, eu bati nas costas dele desesperada, mas foi em vão, em poucos segundos eu já estava toda molhada, graças a uma enorme onda que venho em nossa direção. Eu gritei novamente quando Draco me soltou na agua, e quando consegui ficar em pé, comecei a dar vários tapas nele que apenas ria, parecendo se divertir com a minha raiva. – SEU... SEU... CHATO! – eu o xinguei parecendo uma criança de cinco anos sem criatividade nenhuma, mas definitivamente eu estava sem ideia naquele momento para um xingamento descente.

Ele continuou dando risada, mas não me respondeu, apenas me puxou pela cintura, enquanto sentíamos uma nova onda bater na gente, tão grande que ele teve que me segurar para eu não ir embora com ela.

— Eu já te disse o quanto você fica bonita quando está irritada? – ele perguntou, e eu apenas ri sem saber o certo o porquê, ele riu comigo, e eu não pude deixar de admirá-lo, eu não podia negar o quanto a risada dele é belíssima, isso quando não é usada de forma irônica é claro. Em seguida Draco abraçou-me com mais força, e ainda sorria. – Você também fica bastante sexy molhada... – ele me elogiou no pé do meu ouvido, num tom mais baixo, imediatamente me arrepiei com aquele elogio, e com a voz rouca e sedutora que ele tem.

Eu sorri para ele enquanto o observava aproximar-se de mim para me dar um beijo, incrivelmente agora eu não estava mais nervosa por ele ter me levado para agua sem meu consentimento, mas ainda eu estava achando a água gelada e estava meio tremula, devido o frio que estava sentindo.

Ainda assim eu coloquei os meus braços em volta do pescoço dele e acabei correspondendo o seu beijo. Naquele momento, tudo estava mais claro para mim, eu havia realmente dado o braço a torcer e tinha decidido tentar, afinal, se eu realmente for pensar na situação eu não tinha muita opção a não ser essa, agora só me restava torcer para que desse certo e fazer o possível para colaborar. Pois, eu não tinha um segundo plano traçado, não havia saída para mim, que não fosse fazer o possível pelo casamento, já que meu plano do divorcio acabou tendo que ser descartado.

Enquanto o beijava eu sentia sensações muito boas, entretanto ao mesmo tempo eram sensações que também me assustavam, eu sentia uma mistura de sentimentos que me invadiam e me deixava confusa, eu não sabia o porque, mas uma parte de mim tinha receio de estar tão próxima assim de Draco, enquanto a outra gostava de cada sensação nova e queria conhecer outras mais e mais.

Eu não podia negar, Draco era incrivelmente, arrebatadoramente atraente, entretanto, ao mesmo tempo era assustadoramente misterioso, ao ponto de ser ás vezes assustador. Ele era uma incógnita. Isso era um fato, e se todo aquele casamento é um jogo, estava claro que eu estava entrando nele, caindo em suas presas como um pequeno e indefeso animal, sem saber o certo se a minha escolha de tentar era a mais sensata, e ainda mais se era uma escolha com volta, caso ela fosse á errada.

~~~

Draco estava realmente fazendo o possível para me agradar na lua de mel, não estávamos em Veneza, mas nos dois próximos dias, ele me levou para outros locais que não fosse praia como Honolulu zoo, um zoológico incrível, da qual me encantei, que fica no parque Queen Kapi´olani, e também me levou no Bishop Museum, um museu de história natural e cultural do Havaí, esses passeios fizeram com que os nossos próximos dois dias fosse mais interessante, pelo menos para mim. Ainda íamos á praia, mas nos períodos em que o sol não é tão forte, mas mesmo indo com menos frequência, ainda me queimei bastante e meu cabelo ressecou até demais devido á agua salgada.

No terceiro dia de viagem, Draco decidiu jantar no hotel. Assim que chegamos parei em frente à porta de vidro e olhei a minha volta, minha boca se entreabriu enquanto eu olhava com atenção cada canto daquele restaurante, meus olhos foram percorrendo lentamente em cada detalhe, era tudo tão incrivelmente belo que se tornava impossível de não admirar cada milímetro, cada objeto.

Tudo bem que eu já estava acostumada com o luxo, afinal, não era a primeira vez que eu ia num restaurante de um hotel de cinco estrelas, mas mesmo acostumada com a riqueza e com a elegância, eu nunca tinha estado em um restaurante tão magnifico, era o mais elegante, o mais agradável e o mais bonito restaurante que eu já tinha estado em toda a minha vida.

Meus olhos foram passando pelas mesas, todas cobertas por uma elegante toalha branca, das quais todas elas já estavam servidas as taças, talheres, pratos, todos bem arrumados, meus olhos então se movimentou até chegar às cadeiras, como elas eram lindíssimas, todas branca com detalhes tão dourados que pareciam ouro, depois meus olhos pararam na parede elegante, com alguns tons esverdeados, e no fundo, um enorme quadro bem desenhado, de uma praia enorme, que cobria totalmente a parede.

Mas o mais impressionante são os cristais pendurados no teto, ele deixa o ambiente tão luxuoso que fiquei entre um a dois minutos apenas o observando.

— Incrível! – eu sussurrei, enquanto continuava observando os cristais. Só então me dei conta também da belíssima musica clássica que tocava no restaurante deixando o ambiente ainda mais agradável.

— Eu sabia que você ia gostar... – comentou Draco que estava parado ao meu lado, ele colocou o braço em volta de minha cintura e começou a me conduzir para dentro do restaurante.

Um funcionário logo se aproximou e então nos acompanhou até uma das mesas, Draco escolheu uma próxima da janela por causa da ventilação, ao chegarmos ele se prontificou a puxar uma cadeira para mim e depois se sentou numa cadeira que havia ao lado da minha.

— Sabe é impossível não achar bonito esse restaurante... – comentei sorridente, enquanto continuava olhando a minha volta.

— Viu a lua de mel não está sendo tão ruim assim, eu consegui te impressionar, o que me leva a ganhar alguns pontos com você, não é? – ele perguntou.

— Com certeza, hoje foi bem agradável, guardou tudo que disse que gostava e fez o dia ser muito bom... – eu admiti, realmente eu havia gostado bastante daquele dia.

É eu não podia negar até aquele momento tudo estava sendo melhor do que imaginei que poderia ser. Isso tirando o fato de que eu estava vermelha que nem um camarão e meu cabelo estar ressecado por causa da água do mar, ainda tudo estava incrível. Ele estava sendo legal comigo, legal até demais.

— Ah e ainda não tive a oportunidade de dizer que você está bastante bonita... – ele me elogiou, e então eu o olhei, um tanto impressionada com o seu comentário.

— Como? Só se você estiver cego... O protetor solar não fez efeito e eu estou toda queimada, meu cabelo está horrível e eu nem tinha um vestido muito adequado para vir num restaurante desse nível...

Sim eu não estava adequada para o local porque tudo havia sido rápido demais, chegamos ao hotel, fui tomar um banho e depois Draco já me chamou para irmos ao restaurante do hotel, eu já imaginava que o restaurante seria um local de alto padrão, mas eu não sabia que era tanto, esse era bem mais elegante do que os outros que havíamos ido, assim sendo, eu me sentia muito simples com o meu básico vestido preto e minha maquiagem básica.

— E mesmo assim você consegue ficar bonita, tem mulheres que nascem com esse dom e você é uma delas... – ele respondeu, interrompendo-me, encarei-o com a boca entreaberta, mas eu não soube o que dizer, então eu troquei de assunto.

— Tá legal... – eu disse, sentindo minhas bochechas pinicar, eu acho que fiquei vermelha, mais do que já estava devido o sol. - Podemos então aproveitar o jantar para você me contar mais sobre você... – eu sugeri, trocando de assunto, eu estava decidida a tentar conhecer Draco melhor, e nada melhor do que um jantar para fazer um interrogatório.

Ele me olhou, com as sobrancelhas franzidas.

— E por que temos que falar sobre mim? – ele perguntou, parecendo não ter gostado muito da minha ideia.

— Ué, se você quer que sejamos um casal normal, temos que conhecer mais um ao outro, não acha?... –eu respondi, ele suspirou e cruzou os braços em cima da mesa.

— Então eu também preciso conhecer você, por que então não começamos falando de você? – ele sugeriu.

— Ah não, eu que dei a ideia quem tem que começar é você! – eu insisti.

— Vamos fazer o seguinte... – ele disse, tirando uma moeda de seu bolso. – Cara ou coroa, quem perder começa!

Eu suspirei meio contrariada, achando até mesmo um absurdo a ideia dele, afinal, o que custa ele falar um pouco mais sobre sua vida? Mas ao ver que não teria alternativa acabei aceitando, afinal, eu sabia que ou era isso ou talvez ele dissesse não e pronto, pelo menos essa era uma tentativa se eu tivesse sorte poderia cair o lado que eu escolhi, quem sabe.

— Tá legal, eu quero coroa! – eu disse. Ele sorriu, jogou a moeda para cima, que voou e em seguida caiu em sua mão, rapidamente fui olhar para ver o que tinha dado. Droga! Caiu cara.

— Eu nunca perco nesse jogo, você começa... – ele respondeu, sorrindo mais abertamente para mim.

Bufei, cruzei os braços e fiquei o encarando seriamente.

— Bom o que você quer saber? – eu perguntei.

— Hum... –ele fez meio pensativo. – Qual é a sua cor favorita?

Eu o encarei com as sobrancelhas arqueadas.

— O que? Não tinha uma pergunta mais irrelevante para fazer não? – perguntei, num tom irônico.

— A pergunta é bem importante tá, pode ser bem útil, afinal, caso um dia eu queira te dar um presente já ser qual é a sua cor predileta... – ele respondeu, me fazendo rir, incrédula.

— Está bem, caso um dia queira me dar um vestido, eu preferirei um da cor vermelha... – respondi, dando de ombros.

— Você de vermelho, é ficaria bem atraente... – ele comentou pensativo.

— Sério? Você não é o primeiro a dizer isso... – respondi pensativa, começando a pensar que realmente eu deva combinar com a cor vermelha, ele no mesmo instante arqueou as sobrancelhas, enquanto ainda me olhava.

— Ah quem disse isso? Aquele seu amor de infância? Deve ser por isso que é sua cor favorita não é? – Draco perguntou, parecendo bem interessado nessa pergunta, embora ele estivesse bem controlado, comecei a me questionar se seria um leve ataque de ciúmes da parte dele.

— Não, quem disse isso foi minha mãe... – respondi, achando bem engraçada a expressão no rosto dele. – Pensando bem Rony não costumava me elogiar muito...

— Ele tinha mesmo uma cara de panaca, deve ser daqueles homens moles, tímidos, que não tem coragem nem de pegar na mão de uma mulher... – ele respondeu, revirando os olhos.

Eu até queria defender Rony, mas não tinha como, realmente os sentimentos de Rony por mim sempre foi um mistério, eu nunca consegui ter a certeza se ele gostava de mim de verdade ou não, só foram especulações e vinda apenas do nosso ultimo encontro, até agora ele nunca mais tentou entrar em contato comigo de novo, mesmo com as insistências minhas antes de me casar.

Draco de repente desviou o olhar e quando me virei vi que era por causa do garçom que vinha em direção a nossa mesa, para perguntar o que gostaríamos de beber, Draco pediu um vinho da marca Montrachet que sei que é muito caro e depois quando o garçom fora embora, eu o encarei seriamente.

— Eu não gosto muito de vinho... – comentei.

— Mas desse eu garanto que você vai gostar... – Draco respondeu. – Ele é um dos melhores e um dos mais caros vinhos do mundo, ele é elaborado na França, e eu te garanto que ele é de ótima qualidade...

— Ah claro... – respondi, cruzando os braços enquanto o encarava. – Mas ás vezes o simples é bom... –com certeza eu me satisfaria mais com um suco simples.

— Bom, se for parar para pensar, realmente essa frase se encaixa perfeitamente em você, você nem precisa se arrumar muito para ficar bonita, quanto mais simples você está, mais bonita você fica... – ele comentou e novamente senti minhas bochechas pinicar, enquanto o olhava meio surpresa com seu elogio.

Draco então suspirou, ele já tinha aberto a boca para continuar a falar, quando uma nova musica começou a tocar, agora num tom romântico, ao olhar a minha volta eu vi que alguns casais que estavam sentados nas mesas começarem a se levantar e caminharem para o fundo do restaurante, ali não havia mesas, por ser um espaço vazio deveria ser usado para os casais poderem dançar, e fora o que eles fizeram mesmo, começaram a dançar juntos no ritmo da musica.

— E ai, que tal dançarmos um pouco? – ele deu a ideia.

— E a sessão de perguntas? – perguntei.

— Acho que podemos deixar as perguntas para mais tarde...  – ele então se levantou da mesa e ergueu a mão para mim.

— Eu não sou muito boa nisso... – respondi, depressa.

— Isso não importa, é só se movimentar no ritmo da musica... – ele insistiu.

Soltei um longo suspiro e então peguei na mão dele e me levantei, ainda meio receosa.

— Eu posso acabar com o seu pé, sabia? – eu o alertei, enquanto caminhávamos para o fundo do salão.

— Eu vou correr esse risco... – ele respondeu, e então paramos próximos aos outros casais.

E então eu coloquei meus braços em volta dele e ele entrelaçou seus braços em minha cintura e começamos a nos movimentar lentamente, assim como no ritmo na musica. Isso nos obrigava a ficar com os rostos próximos, e eu não podia evitar sentir o nervosismo da aproximação.

— Viu? Não está sendo tão ruim assim... – ele disse, enquanto ainda nos movimentávamos.

— É talvez eu não seja tão péssima dançarina assim... – respondi, num tom irônico, depois dei risada. – Tá legal você ainda não me viu em uma musica agitada, eu iria parecer uma minhoca com câimbra...

Ele então riu.

— Legal, eu acho que deveríamos marcar um dia para irmos a uma danceteria para eu ver essa cena, acho que deve ser bem engraçada...

— O que? – eu disse, franzindo as sobrancelhas. – Não, nem pensar!

Draco então deu uma risada que julguei ser um tanto irônica.

— Eu não sou um dançarino ruim, embora quem me olhe pense que devo ser todo duro, sabia? – ele garantiu. O olhei, com a testa franzida, não acreditando muito mesmo naquilo, Draco é todo formal, embora seja lindo, misterioso e sexy, ele me parece mais aqueles homens que não saem de dentro de um escritório, poderia ser considerado mais uma maquina de ganhar dinheiro do que um ser humano. – Você não acredita, não é?

— Ahm... Não estou dizendo nada! – falei, mas só pela minha expressão e pelo meu tom, já deixava claro que eu não acreditava muito nele.

Ele então aumentou os movimentos, senti meu corpo indo para um lado e para o outro, e de repente ele me girou para longe dele, e em poucos segundos já me girou novamente em sua direção, senti seu braço em minha cintura e agora ele me abaixava alguns centímetros para baixo com um de seus fortes braços. Toda aquela agilidade nos passos de dança me impressionou, ele agora abaixava sua cabeça, para aproximar seu rosto do meu, ele já iria me beijar, e naquele instante eu até mesmo segurei minha respiração, somente a espera de nossos lábios se tocarem.

Ele estava próximo, bastante próximo, quando de repente ele parou, e os seus olhos no mesmo instante ficaram distantes enquanto ele parava o olhar em um determinado ponto. Eu o olhei, meio confusa e depois me recompus, levantando meu corpo e soltando-me dele. Arrumei o vestido e o olhei novamente, notei que ele ficara realmente bastante distraído que sequer notou a minha confusão, virei para trás para seguir o olhar dele e descobrir o que tanto ele olhava, e me surpreendi ao ver que os seus olhos estavam parados em duas mulheres que acabaram de entrar no restaurante. 

Uma delas era uma loira, de olhos azuis, alta e esbelta, usava um vestido azul marinho, muito elegante, seus cabelos são longos e ondulados, ela estava distraída em pé, ao lado de uma mesa, falando com o garçom e parecia nem notar o seu olhar, já a outra era uma mulher branca, de cabelos castanhos claros, olhos verdes, alta e esbelta, seu vestido é bege e bastante bonito, logo notei que ela é muito atraente e o que me deixou intrigada é que os olhos dela estavam fixos em Draco, ela estava sentada numa mesa, não tão longe da nossa, ao lado da mulher loira.

Virei-me novamente e encarei Draco, ainda confusa, percebi que ele ainda olhava fixamente para as duas mulheres.

— Draco? Está tudo bem? – perguntei, com as sobrancelhas franzidas.

Draco ainda demorou entre cinco a seis segundos para voltar a me olhar.

— Que? Ah, claro sim! – ele respondeu e então me puxou pelo braço. – Vamos voltar para a mesa!

~~~

Olhares... Eles trocaram olhares uma, duas, três, quatro vezes, depois da quarta vez eu decidi não contar mais, só que eu sabia, eu vi que houve varias outras trocas de olhares entre eles.

O negocio é aquela mulher morena, eles se conheciam, só podia ser, ela não estava no restaurante quando chegamos, e aqueles olhares não pareciam apenas de duas pessoas que acabaram de ser ver e se interessaram imediatamente uma pela outra, o que podemos chamar de “amor á primeira vista”, ou uma “baita atração sexual”, não, era outra coisa, parecia olhares profundos, de duas pessoas que tinham histórias para contar, histórias que viveram juntas.

Ela teria o perseguido até o Havaí? Ou fora coincidência do destino? 

Enquanto bebia o vinho que nem queria e comia um prato caro que nem lembrava o nome, já que foi ele que escolheu e só sei que se trata de frutos do mar, eu analisava cada detalhe daquela troca de olhares, os semblantes dos dois, os gestos e principalmente as atitudes. Sim, eu olhava, mas ao mesmo tempo ignorava, ou pelo menos fingia ignorar, para ele não perceber o quanto aquela situação estava me incomodando.

Tentei ser indiferente ao fato das duas mulheres terem sentado em uma mesa próxima de nós, e também ser indiferente ao fato de que Draco ficou estranho desde o momento em que as viu, ou melhor, desde o momento em que seus olhos pararam naquela mulher misteriosa.

Também tentei ignorar o fato de que ele havia praticamente parado de falar comigo para ficar encarando aquela mulher, e os olhares estranhos que ela lançava para cima dele e ele dela, mostrando que tinha algo de errado entre esses dois.

Na realidade tentei ignorar tudo a minha volta, mas não podia negar que me senti invisível naquele momento, senti que eu não existia.

Após o jantar voltei para o nosso quarto em silencio, deitei na cama, cruzei os braços e fiquei esperando Draco também se deitar, ele ficou um bom tempo no banheiro, e quando finalmente ele saiu estava vestido apenas com um short, e secava os cabelos com uma toalha, ele me olhou seriamente, mas não disse sequer uma única palavra.

Depois de um ou dois minutos naquele silencio constrangedor, pude escutar apenas um suspiro de Draco e então ele deitou-se ao meu lado, seus olhos pararam no teto, e ele parecia pensar.

— Você a conhece? – perguntei de repente, em um ato impulsivo. Era a primeira vez que eu perguntava daquela mulher misteriosa, eu queria continuar ignorando todo esse episodio do restaurante, mas fora impossível, a curiosidade e o incomodo de ter sido ignorada o resto da noite fora mais forte do que eu.

 - O que? – ele perguntou, parecendo como se não tivesse escutado direito a minha pergunta, mas eu sabia que ele tinha escutado, ele estava apenas fingindo, e provavelmente também havia entendido o que eu queria perguntar, embora parecesse querer fingir que não tinha entendido.

— Quem é aquela mulher morena que estava sentada numa mesa próxima de nós no restaurante? – perguntei.

Sinceramente, naquele instante eu queria reclamar de tudo, da forma descarada que ele olhou para ela e ela para ele, da forma em que ele ficou calado e me ignorou e de como tudo isso fez com que a noite que tinha chances de ser boa se tornasse um pesadelo. Mas claro, se eu fosse reclamar de tudo isso, eu só pareceria que estou tendo uma crise de ciúmes, e a ultima coisa que eu queria era parecer ter ciúmes de Draco. O casamento não deixava de ser uma farsa, e eu não me sentia do direito de sentir isso.

E era por isso mesmo que engoli toda a raiva que senti, para apenas resumir tudo numa simples pergunta, que ele poderia muito bem dizer apenas quem é ela e acabar com todo mistério, tentei agir da forma mais indiferente que consegui, embora eu soubesse no fundo que essa pergunta não me é tão indiferente assim.

O pior é que Draco ficou calado por alguns segundos após a minha pergunta,, parecia estar se lembrando de algum momento de sua vida, momento que imaginei que deveria ser relacionado a ela.

— Ninguém... – ele finalmente respondeu, bem lentamente, com os olhos distantes, ele parecia estar falando mais para ele mesmo do que para mim. – Ela não é ninguém... – ele completou, desviando os olhos para o chão, e então me dei conta de que naquele momento os seus olhos ficaram ainda mais distantes do que antes.

continua...


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