Chama negra escrita por J S Dumont


Capítulo 1
Capítulo 1 - A festa de noivado


Notas iniciais do capítulo

olá gente, eu estou reescrevendo uma fanfic do crepusculo minha chamada: "Paraísos Imperfeitos", ai decidi repostá-la agora numa outra categoria que gosto muito que é a saga Harry Potter, criando um novo perfil, também para aproveitar e fazer um teste de como seria postar uma fic nessa categoria, caso vocês estejam lendo e gostem, peço que deixem seu comentário, será essencial para que eu me anime e volte mais rápido, beijos beijos e até o próximo!



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UM

Quando olho para Draco, meu marido, o primeiro pensamento que se passa por minha cabeça é: o que ele deve estar pensandoQuais seriam os seus sentimentos? Talvez essa pergunta fosse comum em todos os casamentos, porém tenho a certeza de que ela é feita com menos frequência do que no meu.

Draco... É um tanto tentador imaginar-me dentro do seu cérebro complexo, vagando por todo o córtex frontal, remexendo, vasculhando, infiltrando-me nele, tendo acesso assim a toda a sua memória. Como seria excitante através de tal ato eu pudesse descobrir a sua história, ler os seus pensamentos, saber o que ele está sentindo, desvendar os seus mistérios e entender, principalmente entender o que se passa conosco.

Entretanto, completamente impotente, a única coisa que me sobra é olhar para Draco e automaticamente procurar em seus olhos alguma pista, tentar decifrar em algum gesto, principalmente em seu semblante algo que pudesse me indicar algum caminho da qual eu deveria seguir. Só que o que eu sempre encontro são olhos distantes e ás vezes mais vazios do que de costume, vagos, sim essa é a palavra ideal para defini-lo. O que teria acontecido com você Draco? Pergunto-me frequentemente, enquanto observo o seu semblante vazio, frio, parecendo mais uma bela mascara, porém sem emoção alguma. E por mais que pergunto, eu continuo sem resposta, já que essa pergunta sempre era feita em silencio e não a aquele que seria o único que poderia responder-me.

Silencio...

Essa seria uma das palavras que definiria o nosso casamento. Afinal, enquanto as perguntas continuavam soltas no ar, Draco permanece em silencio, sem querer me contar o que de estranho acontece, enquanto eu fico em silencio quando não consigo obter nenhuma das respostas que me atormenta, e principalmente quando não consigo entender as suas palavras enigmáticas.

E em silencio as perguntas continuam atormentando os meus pensamentos: O que irá acontecer conosco? Qual será o fim de nós dois? Ou melhor, qual será o fim de nosso casamento?

 

ANTES:

Maine – Estados Unidos

Como você definiria a palavra casamento? Uma decisão tomada devido um sentimento recíproco conhecido como o amor? Ou uma ilusão que em poucos anos você se sentirá um completo idiota por ter caído nessa?

Ou melhor: O casamento não seria apenas uma obrigação imposta pela sociedade? Mesmo que seja indiretamente... Pois é, essa é uma grande questão, principalmente um tanto confusa para mim.

Entretanto essa palavra “casamento” nunca esteve tão presente em minha vida como está agora. E acredite, em poucos dias essa palavra começou a causar-me um embrulho estranho no estomago, tanto que chego a ficar até enojada, com raiva e principalmente com medo só de pensar nela.

Antes essa palavra não me causava esses tipos de sensações, isso porque assim como a maioria das mulheres eu a via de uma forma positiva, sonhava e me imaginava entrando na igreja vestida de branco, passando por um longo tapete vermelho, em volta de diversos convidados que iriam me admirar e sorrir para mim, enquanto eu sorria de volta para eles. Ainda imaginava-me soltando milhares de lagrimas ao pegar a mão do meu noivo, futuro marido e no final ao escutar: “Os declaro marido e mulher” eu daria aquele beijo apaixonado e os convidados ficariam todos emocionados. Tolice. É o que repito para mim, atualmente todos os dias.

Enquanto eu acordava para mais um dia, eu pensava em como uma pequena frase pode transformar tudo o que eu acreditava em milhares de pedaços. Senti-me como se eu fosse um cristal de vidro lindíssimo e fino caindo no chão, e os pedaços eram tantos que fora impossível de se juntar e ai sobraram apenas o sentimento que sinto agora. Uma pessoa quebrada, ou melhor, sem crenças, sem esperanças e sonhos algum.

Isso começou há poucas semanas quando eu escutei o: “Hermione, você terá que se casar” de meu pai, e foi então que tudo isso aconteceu, tudo o que eu acreditava na palavra casamento se apagou, pelo menos fora o que minha família obrigou-me a fazer.

Igreja, convidados, eu entrando e avistando um desconhecido no altar. Esses pensamentos foram rodeando a minha mente durante as ultimas semanas, elas pareciam reais, mas era um sonho, mais uma vez. Então, tudo se apagou. Meus olhos se abriram, sobressaltei-me e olhei para o relógio, era exatamente sete horas da manhã, respirei fundo e expirei o ar, enquanto me virava na cama, ainda continuei mais alguns minutos enrolada no lençol, tentando criar a coragem para me levantar.

Foi depois de dez minutos que eu gemi, quando a minha consciência começou a querer me convencer de que eu não podia continuar na cama, o café da manhã me esperava, os meus pais me esperavam, então eu fui me levantando lentamente tentando tirar da minha mente os pensamentos que ficavam se repetindo: Aquele teatro todo de eu entrando na igreja, fingindo sorrir para os convidados, fingindo estar feliz e emocionada. Mas na realidade não é nada disso e era isso que tornaria a minha vida um completo fingimento...

E por mais que eu tentasse fugir, ela encontrava-me como se fosse uma maldita sombra. Eu teria que me casar, não, eu não teria. Eu ainda tinha algumas semanas para fugir. E era o que eu tentava incansavelmente todos os dias, me livrar desse casamento idiota.

Irritada, como nos últimos dias. Após me levantar eu fui até o banheiro, lavei o rosto e escovei os dentes, após isso eu me olhei no espelho e notei que minha aparência não estava uma das melhores. Sempre fui muito branca, mas ainda assim eu estava mais pálida do que o normal, meus olhos cor de chocolate estavam um pouco inchados e meus cabelos castanhos claros estavam precisando ser hidratados. Mas eu não estava nenhum pouco a fim de cuidar de nada, na verdade desde que soube do casamento, cuidar de minha aparência havia ficado para segundo plano.

Desanimada, eu vesti a primeira roupa que encontrei no guarda roupa, que fora um vestido amarelo, voltei a me olhar no espelho e notei que devo ter emagrecido uns dois quilos, e olha que já sou esbelta, se eu continuar emagrecendo assim daqui a pouco vou ficar esquelética, para minha sorte sou meio baixa e a magreza acaba disfarçando um pouco.

 Em seguida, fui para a cozinha tomar o café da manhã. E enquanto comíamos, sentados a mesa, fingindo ser uma família. Eu tentei novamente entrar naquele assunto com meu pai, assunto da qual ele parecia tentar evitar a todo custo. Era incrível como ele me fazia sentir como se o meu casamento não significasse nada mais do que alguns milhões na conta bancaria.

— Eu já disse que não quero isso para mim, pai! – reclamei com Charlie, o meu pai, pelo menos é o que dizia a minha identidade. Entretanto, eu às vezes duvidava disso. Afinal que pai obrigaria a filha a se casar apenas para salvar a família da falência? Sim, o meu era capaz disso e tenho a impressão de que ele teria coragem de fazer muito mais.

— Hermione, eu não vou mais discutir isso com você!- ele falou, com o rosto vermelho, depois voltou a olhar para o seu jornal, ignorando-me novamente como sempre fazia. Eu bufei e cruzei os braços completamente irritada, eu já havia discutido sobre esse casamento estúpido inúmeras e inúmeras vezes, eu cansei de dizer a ele que eu não iria ser feliz dividindo a vida com um homem que sequer conhecia direito, só de pensar no fato de que eu iria deitar na mesma cama que ele, morar numa casa com ele e ainda ter que dormir com ele, me dava arrepios. Ainda mais por saber que ele é uma pessoa que eu não via há muito, muito tempo.

Foi então que me lembrei da ultima vez que eu vi o meu futuro marido, eu tinha apenas oito anos de idade – lembro vagamente que nossa família tinha alguma amizade – eu era apenas uma criança quando ele me deu um anel e disse que quando crescesse se casaria comigo – mas eu não acreditava que isso realmente fosse acontecer – depois disso ele foi morar no exterior, voltando apenas agora, treze anos depois.

Eu nunca soube o porquê ele foi embora, na realidade eu nunca soube nada de sua vida, apenas sei que ele é rico porque herdou uma baita de uma fortuna de seus pais já falecidos, e os meus pais tiveram a estúpida ideia de entregar minha mão a ele por uma única razão: eles não estão muito bem financeiramente e vê o meu casamento como uma forma de sair do buraco. Entretanto, pelo menos eu acreditava que minha opinião servisse para alguma coisa, mas eu errei em acreditar nisso, como sempre.

Para mim estava mais do que claro que esse casamento iria para o buraco em menos de um ano, mas os meus pais pareciam nem se importar com isso, minha mãe preparava o casamento demonstrando animação e empolgação como se realmente eu fosse apaixonada por ele, já meu pai sempre muito frio, nunca falou quase nada sobre isso, apenas me repreendia quando eu tentava dizer que não estou de acordo com o casamento. Como estava acontecendo agora e isso é frustrante e ao mesmo tempo desesperador.

— Mas você armou tudo isso sem perguntar o que eu quero para a minha vida, eu não quero viver ao lado de um homem que sequer conheço, não quero ser infeliz como muitas pessoas que casam sem amor, queria pelo menos casar com alguém que eu tivesse um pouco de carinho, não com um completo desconhecido! – eu discursei.

Meu pai novamente levantou os olhos do jornal e me olhou com as sobrancelhas erguidas.

— Um marido melhor que o Malfoy você não conseguirá, não venha meter o sentimentalismo no meio, esse que é o problema das filhas mulheres, sonham demais, não sei porquê tive o azar de você não ter nascido homem! – Charlie discordou algo com a cabeça, colocou o jornal em cima da mesa e levantou-se irritado, saindo da sala de jantar sem voltar a me olhar.

Eu bufei irritada, pois eu sempre soube que nunca fui o suficiente para o meu pai, sempre ele arrumava algo para me criticar, não sou forte o suficiente, nem inteligente o suficiente, sou fraca e ainda com uma personalidade fraca demais, não sei lutar pelo que eu quero. Ou melhor, eu não me importo com o dinheiro como ele. Mas não dava para eu ser o que ele queria, pelo menos eu sabia que não poderia nascer novamente com órgãos sexuais masculinos, que era o grande desejo dele.

E mesmo não querendo, isso me revoltava demais, já era para eu estar acostumada, eu sei. Tenho vinte e um anos e ainda não acostumei em ser rejeitada pelo meu pai, ainda não acostumei com a raiva que ele sentia porque minha mãe não conseguiu ter outros filhos e ai ele teve que se conformar apenas comigo, “a sonhadora e fraca Hermione Granger”. E como filhos não podem ser devolvidos, ele decidiu me vender, assim ganhava pelo menos alguns milhões com a filha indesejada.

— Você tem que parar de irritar o seu pai... – minha mãe me repreendeu, eu a olhei, soltando um suspiro.

Diferente do meu pai, a minha mãe Laurie havia sido uma boa mãe, apesar de sempre ter sido tão submissa e aceitar os desaforos do meu pai, ela tinha a esperança de ainda sermos uma família feliz, eu já era mais pessimista e achava que aquela família não havia mais jeito.

Minha mãe com seu otimismo admirável, até preparava todo o casamento ignorando o fato de que eu não estou querendo aquilo para minha vida, ela achava que se sorrisse para mim toda a minha raiva seria apagada, para ela tudo era fácil de se aceitar e isso era o que me irritava nela. Pois, eu não conseguia pensar da mesma forma.

— Eu... Sempre eu sou a culpada de tudo, meu pai arma um casamento para mim e tenho que ficar calada, se não eu que sou a filha ruim, o que então seria uma filha boa? Aceitar tudo sorrindo? Como se estivéssemos á décadas atrás? Será que o meu pai se esqueceu de que hoje em dia nós mulheres podemos decidir por si mesmas? – eu me desabafei, enquanto sentia as lágrimas de amargura caírem dos meus olhos. Ao mesmo tempo em que eu sentia raiva, por ainda ter lágrimas para chorar.

— Hermione, se você continuar acreditando que seu casamento será um fiasco, isso vai acabar acontecendo, você precisa tentar acreditar que irá gostar de Draco, ele é um homem tão bonito, elegante, inteligente, você poderá se apaixonar por ele! – ela disse naquele tom compreensivo e bondoso de mãe, eu suspirei e neguei com a cabeça. Mas não disse mais nada, afinal, para que serviria a minha opinião?

Apenas levantei-me e segui para o meu quarto, bati a porta com força e joguei-me na cama, com tanta raiva que não conseguia mais chorar. Era horrível saber que eu não tinha como sair daquela situação.

E foram assim os próximos dias, eu sentia que não adiantava mais discutir, pois de nada adiantaria, meu pai estava irredutível.

E tudo foi acontecendo rápido demais. Eu soube do casamento há apenas dois meses, e depois da ultima briga com meu pai em apenas uma semana eu já estava me arrumando para a festa de noivado, festa na qual eu iria reencontrar Draco Malfoy, que até aquele momento estava na França e só retornaria para o país naquele dia por causa do noivado. O que me faz ver o quanto ele está preocupado em me conhecer, a ideia do casamento já existe há dois meses e somente agora iria voltar para casa para me ver. Ai então eu me pergunto quantas vezes nós iremos nos encontrar até o casamento? Uma, duas, três vezes no máximo?

— Sorria! Ao invés de uma festa de noivado parece que você está num funeral!- meu pai reclamou no pé do meu ouvido, sorrindo de forma falsa para os convidados da festa.

Aquela era o primeiro de muitas ocasiões de fingimento, o problema é que eu nunca soube fingir, e eu estava detestando tudo aquilo.

A festa de noivado estava acontecendo no jardim de nossa casa. E eu estava cercada por muitos parentes das quais eu nem conversava, eu estava odiando o vestido comprido e vermelho, colado em meu corpo, assim como também o penteado bem feito, da qual prendia todos os meus cabelos num coque bem alto. Minha mãe insistiu até me convencer a fazer uma maquiagem exagerada em meu rosto, embora ela tenha ficado bem feita, dando uma aparência elegante, eu não estava acostumada com tanta maquiagem, eu sabia que tudo aquilo era para fazer todos acreditarem que eu estava feliz.

Eu sentia que estava bonita, na verdade eu estava diferente. Aquela maquiagem havia combinado bastante com minha pele branca, antigamente eu gostava de passar muita base para tampar algumas pequenas sardas que eu tenho próximo ao meu nariz, mas agora elas não me incomodavam mais. Só que hoje, precisei tampá-las, assim como passei um batom extremamente vermelho em meus lábios carnudos, e uma sombra que combinava bastante com a cor de meu vestido.

Porém, embora eu soubesse que eu estava extremamente bonita, eu ainda estava odiando tudo aquilo, e eu não estava nem um pouco a fim de fingir uma felicidade. Então eu lancei um olhar raivoso em direção do meu pai, que respondeu o olhar apenas me abraçando com força pelo ombro, tão forte que me fez até gemer de dor.

Eu me desvencilhei dele e me afastei, aproximando-se de minha mãe.

— Ai filha, tenta fazer uma carinha melhor... – minha mãe disse, dando um beijo em meu rosto e me abraçando pela cintura, depois olhou a sua volta e sorriu ao parar o olhar em um ponto especifico, no mesmo momento ela parou de andar. – Olha filha, sua tia! – ela exclamou e logo me puxou pelo braço, arrastando-me em direção da minha tia, eu não pude deixar de gemer. Eu detestava aquela mulher, ela sempre demonstrou não ir muito com minha cara, fazendo criticas que para piorar meu pai sempre concordava com ela.

— Eugene! – Laurie cumprimentou enquanto abraçava-a, Eugene é irmã do meu pai, eles se davam muito bem, talvez por ambos terem uma personalidade um tanto... Irritante demais.

Ela sorriu e me olhou, dos pés a cabeça e da cabeça aos pés, parecendo procurar algum defeito em mim para começar a sua sessão de criticas. E bem, se fosse para trocar criticas, eu também teria muita para fazer a ela. O vestido que ela estava usando, verde e colado em seu corpo rechonchudo, estava a fazendo parecer uma sapa, além de que a maquiagem estava tão forte que podiam confundi-la facilmente com um palhaço de circo.

—Olá, querida... - ela disse numa voz tão falsa, que qualquer um perceberia, depois ela notou que Charlie estava se aproximando, seu sorriso se alargou e ela logo foi tratar de abraçá-lo fortemente. Logo revirei os olhos. – Charlie, querido irmão, que saudades! – ela disse e ao soltá-lo eles trocaram sorrisos, eu então bufei. Ninguém merecia presenciar aquela cena ridícula. – E então imagino que esteja feliz com o casamento de sua filha!

— Sim claro! – Charlie assentiu orgulhoso. – Já estava na hora dessa garota casar!

— Ah sim e ainda com o Malfoy, é um ótimo pretendente... Você teve muita sorte mocinha! – ela me olhou com as sobrancelhas erguidas. – Imagino que esteja feliz, não está?

Eu a encarei com a cabeça erguida, depois olhei rapidamente para o meu pai, notando que ele me olhava bastante sério, com certeza já estava com medo de eu soltar alguma besteira. Eu logo sorri para ele e depois voltei a olhar para Eugene.

— Não, pelo contrario, não estou nada feliz com esse casamento e muito menos com a escolha do noivo, por mim eu não me casaria com ele! - respondi, sem pensar muito.

—Ora, que interessante descobrir isto!- uma voz profunda, ligeiramente rouca e com um impacto arrepiante, disse logo atrás de mim. No mesmo momento estremeci, e com o coração disparado eu me virei rapidamente para olhar o dono da voz, fora então que os meus olhos encontraram os dele pela primeira vez e meu estomago revirou enquanto nos encarávamos de forma profunda.

Ele era muito alto e bastante forte, tinha um corpo atlético e um porte arrogante e superior, como se fosse um rei, seus cabelos extremamente loiros platinados estavam molhados e penteados para trás, enquanto ele vestia um elegante blazer que só de olhar dá para notar que custava uma fortuna, ele sorriu para mim só que não era um sorriso normal de cumprimento e sim sarcástico e ao mesmo tempo maldoso, os olhos azuis acinzentados dele pareciam querer me analisar, olhos que eu não conseguia decifrar, eram misteriosos, gelados e ao mesmo tempo eram irresistivelmente atraentes.

Sim, Draco era incrivelmente belo e mais do que bonito, ele exalava superioridade e sensualidade.

Ele parecia querer me analisar com atenção, como se eu fosse um alimento que ele estava prestes a devorar, começou olhando-me dos pés e fora subindo bem devagar até chegar ao meu rosto, aquele olhar profundo me fez sentir-me intimidada, pequena.

E aquele momento desagradável, parecia estar longe de terminar.

— Há quanto tempo... Hermione Granger! - ele disse numa voz arrastada, fazendo-me estremecer por inteiro.

Respirei fundo e então ergui a cabeça, tentando disfarçar o medo que eu estava sentindo por ele.

— Olá Draco Malfoy! – eu disse, na voz mais firme que consegui, ergui minha mão a ele, que logo tratou de pegar, dando um beijo nela de forma educada. Em seguida nossos olhos encontraram-se novamente, encaramos um ao outro de uma forma firme, desafiadora, como se fosse um jogo que estava prestes a dar inicio.

Confesso que aquilo me deixou um pouco nervosa, mas ainda assim os meus olhos não conseguiam se desgrudar daqueles olhos misteriosos e ao mesmo tempo frios, ele também parecia que não estava interessado em desviar os olhos de mim, e aquele meio tempo que ficamos se olhando, fora o suficiente para me deixar um tanto abalada. Eu não sabia o porquê, mas a primeira impressão que tive dele não foi muito boa.

— Enfim chegou o noivo!-Charlie disse com satisfação, se aproximando para cumprimentá-lo.

Draco tirou os olhos de mim apenas por alguns segundos para apertar a mão de meu pai, depois os seus olhos voltaram em minha direção, num olhar mais profundo do que antes, eu engoli em seco e senti vontade de me encolher diante daquele olhar. Eu já sabia que nosso encontro seria um tanto estranho, mas eu não imaginava que seria assim, saber que me casaria praticamente com um desconhecido e que ainda aparentava ser um tanto assustador, era demais para o meu gosto.

—Desculpem-me a demora! - Draco pediu, notei que ele falava de uma forma extremamente educada e elegante. - Eu sei que foi um tanto deselegante de minha parte chegar atrasado numa data tão especial, mas tive um problema a resolver enquanto me dirigia para cá, o que acabou fazendo com que eu tivesse que mudar os meus planos no ultimo momento, mas acredite, eu planejava chegar muito antes dos convidados, para entrar com minha noiva! - ele voltou a me olhar, e para o meu desespero aproximou-se de mim, parando ao meu lado.

—Ora, não se preocupe! O importante é que você está aqui! – meu pai disse de uma forma simpática, me fazendo revirar os olhos. Ele parecia um baba ovo.

E então Draco começou a cumprimentar a todos. Para a minha surpresa ou desespero todos pareceram gostar dele, sorriam para ele de forma simpática, principalmente as minhas primas que faltavam se derreter a cada palavra que ele falava, até a minha tia insuportável pareceu cair em seus encantos. Mas o que me irritava mais era o meu pai, toda hora em cima dele, como se fosse seu súdito, tentava ser simpático, tanto, que parecia até uma atitude desesperada. Embora eu soubesse muito bem a razão disso, meu pai deveria estar mesmo desesperado e via Draco como a solução de todos os seus problemas financeiros.

Eu sentei em uma mesa, a mais afastada possível, decidindo me isolar de todos, afinal, eu não tinha sangue de barata como meu pai, para ficar adulando aquele estranho, ou ficar sorrindo como se fosse uma menininha apaixonada. Suspirei e desviei os olhos para os meus pés, enquanto ainda pensava em tudo que estava acontecendo. Definitivamente, eu já estava pensando seriamente em ter uma conversa com Draco, para ver se conseguiria fazê-lo refletir de que casamento arranjado em pleno o século em que estávamos não é uma ideia muito sensata. Nosso casamento estava destinado ao fracasso.

— Se incomoda se eu sentar? – escutei uma voz masculina e conhecida próximo de mim, engoli em seco e subi o olhar, sentindo meu rosto esquentar ao ver que se tratava de Ronald Weasley, ele estava parado bem ao meu lado, e me olhava com um olhar indecifrável e um sorriso fraco no rosto.

Mordi os lábios e discordei com a cabeça, eu queria falar alguma coisa, mas nenhuma voz saia da minha boca. Era um tanto natural ficar dessa forma quando o via, já que sempre ajo como uma completa idiota quando estou perto de Rony, isso ocorre desde nossa adolescência. Era um fato, eu o achava completamente atraente.

Rony é ruivo, branco e tem alguma sardas, corpo esbelto, alto, cabelos vermelhos e lisos e os olhos, é o que eu mais gostava, eram incrivelmente verdes. Ele era daqueles garotos que conseguia me deixar sem ar. Nós nos conhecíamos desde criança, já que nossas famílias eram amigas, e desde lá para cá eu confesso que nutro um sentimento por ele, sentimento da qual ele nunca pareceu perceber e nunca demonstrou corresponder, mas eu ainda tinha esperanças, isso antes da decisão de meu pai em me vender para Draco Malfoy.

— Você está muito bonita... – Rony me elogiou, então eu sorri para ele. – Embora, esteja com um olhar triste, sinceramente você não me parece uma noiva de verdade, outra estaria sorrindo, fazendo questão de ficar perto do noivo, já você parece que está querendo fugir dele! – ele completou.

— Vamos dizer que esse casamento me pegou de surpresa, eu achei tudo um tanto repentino em minha opinião... – respondi, na verdade eu não estava querendo dizer a ele que eu não concordava com nada.

— Foi seu pai não é? – ele perguntou, eu o olhei, meio surpresa com a pergunta. – Ele está querendo te obrigar a se casar com o Malfoy? – no mesmo momento em que ele fez essa pergunta, eu engoli em seco, não sabia o que responder. – Se você não quiser você sabe que não tem que se sentir obrigada a isso, hoje em dia os pais não decidem os maridos das filhas...

— Eu sei... – respondi, desviando o olhar, eu estava confusa, não sabia se seria certo ou não conversar sobre esse assunto com ele.

— Me diga Hermione... – ele pediu, e eu voltei a olhá-lo. – Me diga se você quer ou não se casar com esse homem?

Eu suspirei e fechei os olhos por alguns segundos, antes de respondê-lo.

— Não é tão fácil assim, eu já falei a minha opinião ao meu pai, disse que não concordo com isso, mas ele parece que quer jogar todos os problemas financeiros dele em cima de mim, como se fosse a minha obrigação casar com um homem rico para salvar a família da ruína!

— E você se sente responsável por isso? – ele perguntou.

Eu suspirei e então pela primeira vez eu pensei nisso. Eu não sabia se no fundo, ou no meu inconsciente, eu sentia-me responsável, eu não sabia se a razão de acabar não batendo o pé e tomando a decisão definitiva de que eu não vou me casar com Draco fosse pelo fato de que apesar de tudo eu ainda queria agradar o meu pai. Na verdade, mesmo não querendo aceitar, a vida toda eu quis agradá-lo, eu quis mostrar para ele que podia ser a filha que ele queria mesmo não tendo nascido homem, mas nunca foi o suficiente, nada que eu fizesse o agradava de verdade. Talvez, o casamento pudesse me unir mais a ele, mas por outro lado eu sentia que não valia á pena sacrificar a minha vida por isso. Eu estava confusa, essa era a realidade.

— Eu estou confusa... – finalmente respondi a Rony. – Eu não sei o que pensar desse casamento, todo o tempo eu fiz o possível e o impossível para convencer o meu pai a desistir dessa ideia absurda, eu me revoltei, eu disse que não queria, apesar de que eu nunca cheguei nele e disse o não de verdade, só que eu nunca parei para pensar o porquê disso, até você me fazer essa pergunta...

Rony me olhou de forma intensa e ficou quieto por alguns segundos antes de perguntar:

— E o que você está pensando agora? Você acha que está aceitando isso por submissão? – ele perguntou.

— Acho que não é submissão, acho que no fundo a única coisa que eu queria do meu pai, é ser aceita e eu sabia que se eu dissesse não, insistisse, eu poderia perder o pouco de amor que ele deve sentir por mim... – meus olhos então começaram a marejar. – Minha esperança era Draco desistir da ideia, sem que eu precisasse enfrentar o meu pai de verdade, mas ele não parece querer desistir, mas ainda tenho essa esperança...

Rony suspirou e colocou a sua mão em cima da minha.

— Eu não queria te ver assim, eu não queria mesmo te ver sofrendo dessa forma... – o senti segurar a minha mão com mais força, naquele momento meu coração disparou e meus olhos fixaram-se naqueles olhos incrivelmente verdes. – Hermione, eu...

— Com licença... – eu escutei a voz de Draco interrompendo a conversa, assustei-me puxando a minha mão debaixo da de Rony rapidamente. Em seguida olhei para Draco, percebendo que ele olhava para nós, com um semblante bastante sério. – Você se incomoda de eu ficar um pouco com a minha noiva? – ele perguntou, olhando diretamente para Rony.

— Não, claro que não, disponha! – ele respondeu, levantando-se rapidamente, depois olhou para mim. – Com licença Hermione, bem, pense no que eu te disse... – ele acrescentou enrolando-se um pouco nas palavras, antes de se virar e afastar-se rapidamente, tão rápido quanto havia aparecido.

Senti meu coração apertar enquanto observava Rony se afastar e Draco sentar-se no lugar dele, ele me olhou de forma muito séria, com um olhar frio e ao mesmo tempo assustador.

— O que foi que ele disse para você? Suponho que seja algo importante, para você ter que pensar... – Draco perguntou, enquanto cruzava os braços e me olhava com mais atenção.

— Não, acredite, não era nada de importante! – respondi, suspirando.

— Quem é ele? – ele perguntou.

— Um amigo de infância... Só isso! – respondi.

— Amigo? – ele deu uma risada, que em minha opinião foi um tanto sarcástica. – Ele não pareceu ser só seu amigo! – e então de repente ele parou de rir, e ficou um tanto sério. Sério até demais. – E se for algo a mais, é bom isso acabar, agora você está comprometida...

Então eu respirei fundo e soltei o ar lentamente, na tentativa de me manter calma, diante da situação.

— Era disso mesmo que eu estava querendo falar, do nosso relacionamento... – eu iniciei, tentando procurar as palavras certas para explicar que essa ideia de casamento não dará certo.

— O que tem o nosso relacionamento? – ele perguntou, ainda tão sério quanto antes.

— Eu acho que não vai dar certo, sabe, é como posso dizer... – eu respirei fundo. – Casamentos arranjados onde não envolve nenhum tipo de sentimento em pleno século que estamos não é muito sensato, me perdoe, mas sequer nos conhecemos direito, todo o tempo em que meu pai decidiu me casar com você, você não apareceu, nem um dia sequer, é um absurdo eu rever o meu noivo no dia do meu noivado...

Draco ficou quieto, ele parecia me analisar, só depois de alguns segundos que para mim pareceram séculos, ele sorriu, senti meu estomago revirar, os olhos dele brilhavam intensamente enquanto me encarava.

— Teremos muito tempo para nos conhecermos melhor, na realidade teremos a vida inteira... – Draco respondeu, num tom indiferente, tanto, que até me irritou.

— As pessoas costumam se apaixonar antes de se casar... – respondi, e notei um tom de raiva em minha voz.

— Por que não podemos ser um casal diferente? Podemos nos apaixonar depois de se casar! – ele sugeriu, arqueando as sobrancelhas.

Eu bufei. Qual é o problema dele? Será que eu sou a única que acha tudo isso um completo absurdo?

— Casamento é algo sério, você não pode brincar dessa forma, nossas vidas estão em jogo, se nós não nos apaixonarmos? Se não existir clima entre a gente? Se...

— Você está sendo muito negativa... – ele me interrompeu. – Por muito tempo os pais decidiam com quem os filhos se casariam e muitas das vezes essas relações davam certo, ou melhor, na maioria dos casos, pelo menos não tinha tanta separação como existe hoje...

— Isso porque naquela época a sociedade não via com bons olhos a separação! Principalmente para as mulheres... – eu retruquei. – Isso não quer dizer que eles eram felizes...

Draco cruzou os braços, colocando-os em cima da mesa e então aproximou um pouco o rosto dele com o meu.

— Dá para parar de ser tão rebelde e aceitar logo a situação?... – ele disse, não sei se foi impressão minha mais eu senti um tom ameaçador em sua voz. – A nossa união é inevitável, tanto a sua família como eu, se beneficiará com esse casamento, ou você acha que eu não sei que sua família não está muito bem economicamente, e esse casamento poderá resolver todos os problemas financeiros que vocês têm? Então pare de gracinhas, que você está reclamando de barriga cheia... – ele disse num tom grosseiro, me fazendo encará-lo com a boca entreaberta. – Eu também tenho os meus motivos para querer me casar com você, e acredite, eu não irei desistir se é o que você está tentando fazer! – ele finalizou e em seguida se levantou da mesa.

Fiquei com os lábios entreabertos, enquanto o encarava, ainda tentando digerir cada palavra que ele me falou. Ele estava deixando muito claro que o nosso casamento era um negócio, mas eu não imaginava que ele também se beneficiaria com esse casamento. O que ele ganharia com isso eu sequer imaginava, mas me assustava saber que ele era tão ambicioso e calculista como o meu pai, afinal, só pessoas assim que iriam querer se casar somente pelo fato de que se beneficiaria de alguma forma, imagino eu que seja economicamente.

— Atenção a todos! – Charlie pediu, aproximando-se de nós, ele parou na frente de Draco, e então me levantei rapidamente da mesa, olhando a minha volta, notei que os convidados se aproximavam, todos bastante sorridentes, pareciam estar esperando alguma coisa. – Chegou o grande momento! – ele acrescentou em voz alta, enquanto olhava para os convidados, notei que meu pai parecia bastante alegre, como eu nunca havia visto antes. – Esse momento é bastante especial para todos nós, afinal, minha única filha irá casar, e para mim é uma grande honra entregar a mão dela para Draco Malfoy, que sempre demonstrou ser um homem descente, integro, acredito que ele a fará muito feliz!

As pessoas começaram a bater palmas e eu senti vontade de vomitar com a falsidade de meu pai, olhei para Draco e notei que ele mexia no bolso de sua calça, retirando de dentro dela uma pequena caixa preta, engoli em seco ao deduzir o que a caixa preta significava.

Ele a abriu deixando a amostra um belo anel de diamantes, eu o olhei e notei que ele sorria para mim. Definitivamente naquele momento eu senti vontade de chorar, mas não de emoção como as noivas, mas sim de tristeza. A razão era obvia. Aquele poderia ser o momento mais feliz da minha vida, afinal, ele é um homem atraente, estava oferecendo-me um belo anel de diamantes, e em uma semana eu poderia me considerar uma mulher casada, com certeza eu iria morar em uma enorme mansão e teria uma lua de mel em um lugar caríssimo, ficaria hospedada em um dos mais caros hotéis e ele poderia dar tudo que eu quisesse ou sonhasse. Sim, era tentador, mas havia um detalhe, que para mim era muito importante, eu não o conhecia direito, eu não o amava. E o pior, é que eu sabia que ele não estava ao meu lado, me oferecendo aquele anel porque sentia algo por mim, parecia apenas uma bela cena de um filme, e nós éramos os atores. Então não, por essa razão, era o contrario, eu não estava nem um pouco feliz.

Ele se aproximou de mim, tirou o anel da caixinha e em seguida pegou minha mão, notei que ele estava olhando-me no fundo dos olhos. Aquilo fez com que meu coração disparasse forte.

Ele começou a colocar o anel bem lentamente em meu dedo, enquanto ainda olhava-me fixamente. Novamente escutei o barulho de bater de palmas, olhei para as pessoas e vi que elas olhavam com olhares derretidos, como se estivessem presenciando um ato de amor verdadeiro naquela cerimônia. De repente, tudo silenciou, pareciam esperar algo, e definitivamente eu não entendi.

—Acho que estão esperando um beijo nosso... - Draco murmurou chegando bem perto de mim, no mesmo momento eu tentei me afastar, mas rapidamente ele segurou-me com firmeza.

Eu queria empurrá-lo, bater nele, mandá-lo ficar longe de mim. Mas antes de eu puder fazer ou dizer qualquer coisa, ele tomou os meus lábios, beijando-me de uma forma dura e possessiva.

Continua...


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