PRÓLOGO

Cheguei à frente da penitenciaria estadual às 9hs daquela manhã. Havia se passado tantos anos. Parada dentro do meu carro, com as mãos apertando a direção, eu ainda decidia se devia sair dele e ir ao encontro do que me esperava.

Será que eu iria me machucar mais uma vez?

Quantas vezes um coração pode ser quebrado?

Eu não tinha respostas para estas indagações, porém nunca fui covarde e não começaria a ser agora.

Saí do carro arrumando minha saia justa nos quadris, alisei minha camisa branca um pouco amassada. Ajeitei o cabelo, respirei fundo e segui.

Ao chegar fui cumprimentada pelos guardas. Sendo advogada não era a primeira vez que me viam por aqui, apesar de eu evitar muito este local para não cair em tentação. Informei que havia uma encomenda para mim.

Fui conduzida até a sala do diretor do presídio. Fiquei confusa, pois pelo que eu sabia era somente receber a encomenda e ir embora. Depois, quem sabe, dependendo do que eu ia encontrar, voltar em alguns dias...

Então o fato de me trazerem até o diretor me fez ficar receosa. Haveria acontecido algo? A imagem que se formou em minha mente fez a bile subir por meu estômago.

Por sorte não me deixaram esperando por muito tempo. O homem de meia idade chegou à sala com o semblante sério, como era de sua personalidade.

— Doutora Andrews? — ele me cumprimentou.

Trazia nas mãos uma caixa branca.

— Senhor Meylor.

— Confesso que a situação é inusitada, mas não vejo nenhum problema - ele colocou a caixa em cima da mesa. — Sua encomenda — disse fazendo gesto com a mão para que eu pegasse a caixa.

Senti como se fosse a caixa de pandora e, o que certamente, em minha vida poderia ser. Teria eu, as respostas pelas quais tanto ansiei por todos estes anos? 

— Creio que a verei em breve, doutora — o diretor do presídio me disse.

Não foi uma pergunta e, sim como uma afirmação. 

— Eu não... Eu não sei, senhor — respondi não tirando os olhos daquela caixa.

Despedi- me do diretor e, logo estava em meu carro com a “caixa” em cima do banco do carona. Minha mão coçou para abri-la, mas devido às circunstâncias achei melhor fazer isso somente quando estivesse segura em meu apartamento.

Dirigi com um olho no trânsito e o outro na caixa. Quando cheguei a meu apartamento coloquei a caixa sobre a mesinha de centro da sala e sentei-me no sofá, contemplando-a. Não sei por quantos minutos fiquei ali até que decidi abrir.

Peguei a tampa da caixa e abri lentamente. Surpreendi-me com o que havia dentro dela. Era um... uma espécie de manuscrito de varias páginas. Um... Livro? Diário? Não saberia dizer ao certo. O nome chamou atenção: Coração Indomável.

Antes de virar a primeira página, as palavras dele, há dez anos, voltaram a minha mente.

“ Não quero que espere por mim. Quero que seja feliz, Nicole. Mas se você quiser saber de tudo e, ainda não tiver seguido em frente, volte. Volte alguns dias antes de terminar minha pena. Terá uma coisa a sua espera, uma coisa que lhe dará as respostas que sempre buscou.”

As palavras dele ainda ressoavam em minha mente e, no meu coração.

 Minha mão tremia quando toquei a primeira página. Eu queria saber tudo que houvera desde o inicio? Criando coragem virei à primeira página:

Coração Indomável

Por

Sebastian Wynn