Carta para você escrita por Carol McGarrett


Capítulo 91
Toda Ação Tem Uma Reação


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo na área... só digo uma coisa
Quem foi que pediu Jenny e Diane no mesmo ambiente?
Soltei a bomba e saí correndo.
Boa leitura.



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O Natal foi um evento estranho. Lógico, tivemos uma festa, mas com Sophie atualmente de castigo e Tony se sentindo o responsável por isso, não teve lá a mesma animação do ano anterior.

A Festa em si, previamente programa, foi na casa da Jenny. Todos foram, Abby estava até vestida de ajudante do Papai Noel já que ela vinha do jantar de Natal Comunitário, onde havia ajudado a distribuir comida e presentes para os carentes. E tanto a Ceia quanto a troca de presentes foi animada, Sophie deu um jeito de comprar um presente para cada um com o dinheiro das apostas, o que eu achei muito fofo, mas a melhor parte foi quando perguntamos como ela havia conseguido comprar cada um deles. A pestinha deu de ombros e soltou:

— Fácil. Pela internet. Todo mundo faz tudo pela internet hoje em dia.

Meu pai quase deu uma síncope e eu vi os sorrisos satisfeitos de Tim e Abby ao notarem que todas aquelas aulas de informática que eles deram e continuam dando para a minha irmã tinham surtido efeito. Só teve uma outra pessoa que não gostou muito de saber disso...

— Tá vendo McNerdDoComputador, você tá estragando a Peste Ruiva. Pode ir parando, ela não vai virar uma geek que nem você!! – Tony falou e foi puxando Sophie para perto dele.

Sophie encarou o "Italiano de Araque Preferido" dela e soltou:

— Líder de Torcida é que eu NUNCA vou virar, Tony. Prefiro ser nerd a ser aquela boba que fica dançando por nada, na frente de todo mundo!

E até eu respirei aliviada, afinal, fui vítima das detestáveis líderes de torcida por todo o ensino médio.

— Tá bom, acredito em você. Mas se eu não te deixo ser geek, você não quer ser líder de torcida, e olha a cara de feliz do seu pai, o que você vai ser? – Tony continuou a conversa.

— Ué... eu vou ser eu, e já tá muito bom!

E essa resposta arrancou risadas de todos. Bem que poderia ser assim mesmo, contudo, vendo como Sophie era, duvido muito que ela vai mudar a personalidade dela para se encaixar em algum nicho na escola, quem quiser conversar com ela que converse, pois eu sei muito bem que ela não vai correr atrás de ninguém, só dos bandidos daqui há alguns anos.

— Isso mesmo, minha criança, continue com esse pensamento e seja sempre você! – Ducky falou quando Sophie deu aquela encarada de Leroy Jethro Gibbs na nossa direção, não entendendo o motivo de estarmos rindo da resposta dela.

Depois dessa cena na Noite de Natal, a semana até a Noite de Ano Novo foi tranquila, tirando as tempestades de neve que caíram sobre a cidade e impediu qualquer ser humano de se locomover.

Numa tarde, depois que as ruas já tinham sido devidamente limpas, mas a neve continuava caindo, fui visitar a minha irmã em Georgetown. Meu pai, tinha ido junto, jurando que ia tirar a filha mais nova de dentro de casa. E eu notei que a Coronel tinha dado uma desaparecida depois de nossa amigável (só que não) conversa.

— É assim que vocês duas vão passar o recesso de final de ano? – Perguntei para mãe e filha que estavam sentadas perto da lareira e cada uma lia, concentradamente, um livro.

— Eu tô de castigo, Kells. – Sophie respondeu. – E ainda bem, porque toda essa neve não tá deixando ninguém sair de casa.

— Eu saí de casa, Sophie. – Falei para a minha irmã.

— Porque você é doida e não tem medo de morrer de frio! – Foi a resposta que recebi.

Há essa altura, Jenny já tinha fechado o livro dela e olhava de Sophie para mim e papai.

— Visita social. Vou passar a virada em uma estação de esqui com o Henry, então só vim me despedir e desejar para vocês duas um ótimo 2007! – Me expliquei.

Eu juro que pude escutar o meu pai revirando os olhos, ou talvez tenha sido o sorriso de Sophie que entregou a expressão de papai. Ela é incapaz de ficar quieta quando papai começa com o ataque dele contra Henry.

— E ele – Apontei para o meu pai e os olhos de Jen pousaram em papai – veio reclamar que a ajudante dele está fazendo um péssimo trabalho. E eu já avisei que não vou pagar ajudante folgada. – Pisquei para minha irmã.

Sophie finalmente fechou o livro, depois se ajoelhou no sofá e olhou para fora pela janela.

— Papai... – Ela começou com uma cara não muito boa. – Vamos deixar isso mais para frente... o seu porão deve estar mais congelado do que a Lapônia!! 

Papai foi em direção ao sofá e se sentou ao lado de Sophie, depois a puxou para o seu colo e disse:

— Larga de ser friorenta, Ruiva. Temos um projeto para terminar!

— Eu não sou friorenta, papai. Eu só não quero virar um boneco de neve dentro do seu porão... olha a quantidade de neve que tá lá fora!! – Ela apontou para a janela.

E essa foi a minha vez de rir com a cara que meu pai fez.

— Sophie... – Ele alertou a já não tão pequena assim.

— Papai.... – Ela choramingou. – Nós vamos ter tempo... eu não vou passar uma semana com o senhor depois do ano novo? Então... quem sabe até lá todas essas tempestades de neve passam e vai estar mais quente no seu porão?

Jenny tentava se manter composta e não se intrometer na conversa, mas estava difícil. Ela poderia estar se segurando, já eu? Eu estava rindo mesmo. E ganhei uma encarada dupla de presente.

— Vocês dois tem a mesma encarada, sabiam disso? – Falei quando me joguei no sofá. Henry também passaria por aqui para desejar um feliz ano-novo para as ruivas e depois sairíamos para nossa viagem.

Papai me encarou, Sophie olhou do pai para a mãe e disse.

— Acho que não...

— Haha! Claro que tem, Sophie! – Retruquei.

— Mas você me disse que eu tinha a encarada da mamãe. Agora eu tenho a do papai. Ou você não sabe o que fala, ou tá mentindo.

Meu pai olhou na minha direção como que me dizendo: “sai dessa agora, Kells”, busquei socorro na mamãe ursa que estava muito quieta escutando as conversas. Ela só deu de ombros. Eu ia ter que me livrar dessa sozinha, pois Sophie ainda me encarava, querendo uma resposta, ou melhor, ela já tinha se declarado vitoriosa da guerra de palavras.

— Vamos dizer que você herdou as duas encaradas. E dependendo do que você quer, ou do que está aprontando, você faz uso de uma ou de outra. – Expliquei.

Sophie simplesmente me respondeu.

— Sabe como se chama isso?

Meu pai olhou para a ruivinha com a sobrancelha levantada, Jenny se ajeitou no sofá pronta para dar aquele sermão na filha, caso ela falasse demais.

— Não faço a menor ideia. – Me dei por vencida.

Genética. Eu tenho os melhores pais do mundo e assim eu herdei o que eles têm de melhor!

Me levantei contrariada.

— Pode ir parando! Você está armando os dois! Olha a cara deles! – Falei apontando para ambos os pais da minha irmã.

Ela fez o que eu falei, e sorrindo olhou para os pais. Meu pai gargalhava com a cara de sapeca de minha irmã e Jenny também não escondia o sorriso.

— Falei ou não falei certo, mamãe? – Ela quis saber, já que só a reação de meu pai disse tudo o que ela queria saber.

A resposta de Jen?

— Da minha parte eu tenho certeza! – Ela disse naquele tom brincalhão que costumava usar nas ligações enquanto ela e papai estavam na Europa.

Papai estava prestes a responder, quando a campainha tocou.

— Eu atendo!! Não se mexam, que quero ver o final dessa guerra. – Disse correndo para a porta. No caminho ouvi papai murmurar:

— Esse Engomadinho sempre estraga o momento!

Henry entrou para cumprimentar as donas da casa e levou um susto ao ver o meu pai ali. Nós não demoramos, queríamos sair da cidade antes que a neve voltasse a cair forte.

— Bem, um ótimo ano-novo para vocês! – Falei ao me despedir de todos. – E Sophie, depois você me conta quem venceu essa guerra! – Pedi já da porta.

— Eu te mando uma mensagem, Kells. – Ela respondeu rindo.

Corri para o carro e deixei minha irmãzinha que acenava do colo de meu pai.

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Kelly mal tinha saído quando trombei em Jethro, ele não tinha se distanciado um milímetro e pela cara que tinha, ainda queria continuar a “conversa” anterior.

— Que foi? – Me dei por desentendida e voltei para a sala.

Da sua parte, Jen?— Ele perguntou com uma voz que tentava soar ameaçadora, mas no fundo era brincalhona. Sophie, que estava em seu colo, sorria abertamente com a continuação da conversa.

Fiquei surpresa que ele ainda quisesse continuar com a brincadeira. Vi que Sophie estava mais do que se divertindo com tudo aquilo. Pelo visto tinha perdido alguma coisa, e esses dois tinha tramado algo. Assim, dei de ombros, e sem conter o sorriso, soltei.

— Com certeza, Jethro. Eu garanto a linhagem do meu lado. – E eu tinha como provar, bastasse que ele perguntasse.

Jethro colocou Sophie no sofá e ela logo ficou de pé, pulando excitada demais para ver o que ia acontecer.

— Repete. – Ele falou.

E como eu conhecia aquele tom de voz, me antecipei ao seu movimento, dei a volta na mesinha de centro, ficando de frente para ele, respondi.

— Não preciso dizer de novo, basta olhar para ela. – Meneei a cabeça na direção da minha filha. – Meu DNA! — Disse feliz.

Jethro olhou para a filha mais nova que tinha um enorme sorriso estampado no rosto, os cabelos vermelhos brilhavam por conta do fogo da lareira e os olhos... bem estes estavam verde-esmeralda iguais aos meus. Sophie, hoje, era quase uma cópia idêntica de mim.

Mas é claro que ele não se daria por vencido, quando foi que ele jogou a toalha? E quando me assustei ele deu um pulo e me pegou pelo braço, me levando de volta para o sofá, e começou a me fazer cosquinhas. Sophie gargalhava feliz com a brincadeira inusitada. E eu tentava pensar entre as risadas que soltava, qual seria o troco que daria.

Me vendo sem ar e ainda lutando para sair de seu aperto, Jethro só perguntou:

— De que lado você está, Sophie?

Virei a cabeça para ver Sophie se equilibrando no encosto do sofá, andando até onde nós estávamos.

— Do lado que vence. – Ela disse solene.

— Pequena traidora! – Soltei, e voltei a tentar lutar contra os braços de Jethro que me abraçavam pela cintura e mantinha os meus próprios presos.

Como estava virada para Jethro pude ver o sorriso aberto com o qual ele recebeu a resposta de Sophie.

Foi quando ela fez o movimento surpresa. Do nada, a Ruivinha pulou nos ombros do pai e disse:

— Agora é a nossa vez, mamãe!!

Eu realmente amo a minha filha!

Aproveitei o momento de guarda baixa de Jethro, me soltei e fiz o mesmo movimento que ele havia feito. O prendendo pelos braços e comecei a cutucá-lo no único lugar que sabia que ele sentia cosquinhas.

— Jen, não faz isso! – Ele tentou me ameaçar.

— Soph.. bem aqui. Mostrei o lugar exato para nossa filha. Bem em cima das costelas.

Ela nem piscou, quando vi, se lançou sobre o pai e começou a cutucá-lo ali.

— Agora, papai, é a nossa vez!! – Ela disse com um brilho travesso nos olhos.

— Achei que estava do meu lado, Ruiva! – Jethro disse, ainda lutando para se livrar do meu aperto.

— Eu disse, papai:  estou do lado que vence. E a mamãe sempre vence!— Ela disse e cometeu o erro de parar e encarar o pai. Jethro se soltou do meu abraço de ferro e foi atrás da filha. Era a hora dela de pagar pela travessura.

Sophie, vendo que era a próxima vítima, saiu correndo, meio que rindo meio que gritando.

— Tenho a sua ajuda? – Ele me perguntou.

— Eu sei onde ela gosta de se esconder. – Respondi e saímos atrás da Ruivinha, que agora estava em silêncio absoluto.

Não demorou e a encontrei, enfiada entre as minhas roupas, dentro do meu closet. Ela conseguiu escapar de mim, mas Jethro estava na porta, e dele, ela não conseguiu se livrar. Quando eu vi, ele a tinha jogada em seu ombro direito e cutucava a filha nas costelas. Sophie tentava se soltar sem sucesso.

— Mamãe!! – Ela clamava por ajuda.

Tudo o que eu fiz foi pegar uma pena de um dos travesseiros e começar a passar na sola do pé dela.

— Isso não é justo!! Eu ajudei a senhora!! – Ela dizia entre risadas. – Eu vou ter um treco.

— Você está sempre tendo um treco, Sophie! – Jethro falou para a filha.

— Dessa vez é de verdade! – Ela tentava respirar. – Minha barriga já está doendo de tanto rir.

Jethro parou com as cosquinhas e a colocou de pé em cima da minha cama, encarando a dramática garota. Ela, esperta como só, começou a planejar a fuga. Ele bloqueou a visão dela. Quando ela fez menção de descer pelo outro lado, eu parei na frente dela.

— A senhorita não tem para onde fugir! – Informei e balancei a pena ameaçadoramente no ar.

Sophie deu uma gargalhada e depois de correr em cima da cama, parou, mais ou menos entre nós dois e lançou os dois braços para o ar, nos abraçando ao mesmo tempo e nos jogando na cama junto com ela. Ainda rindo, ela soltou:

— Mesmo com a minha barriga doendo de tanto rir, com certeza essa foi a melhor brincadeira que nós já fizemos.

— Como gosta de um drama! – Jethro falou. – E isso com certeza, veio da sua mãe. – Ele tinha um sorriso quando me encarou.

— Espero que esteja pronto para o round dois, Jethro. – Disse como resposta ao que ele tinha acabado de dizer.

E começamos tudo de novo.

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Depois do feriado de festas, parecia que tudo iria funcionar muito bem, até que o livro do McGee foi lançado.

Deep Six era o nome dele. E como Sophie bem dissera, todos estavam no livro.

Os únicos que tinham sido descritos com certa precisão eram Abby e o próprio McGee. Para meu desespero, alguns casos do NCIS estavam descritos ali, bem como algumas relações pessoais.

Eu rezava para que ninguém fizesse as devidas correspondências.

Acontece que o livro foi um fenômeno de vendas. Para todo lado que se olhava tinha uma pessoa com um exemplar em suas mãos. Parecia o novo “O Código da Vinci”.

Eu tentava ignorar as capas brancas com letras vermelhas e as risadas que alguns davam em determinadas passagens.

Até que dez dias antes que eu embarcasse para Paris, no meio da tarde, tropecei em Jethro no elevador.

— Até você? – Perguntei apontando para o livro na mão dele.

— Kelly me mandou ler isso.

— Imagino. Ela deve estar furiosa.

— Você não faz ideia, Jen! – Deu uma risada.

— Chamá-la de Kaley foi demais. Kaley Tibbs. – Tentei segurar a gargalhada.

— Ela jura que assim que tiver um tempo vai entrar aqui dentro do prédio e fazer o McGee engolir o livro. – Gibbs falava quando o elevador chegou ao terceiro andar.

As portas se abriram e ele me deu passagem, e assim que pisei no andar...

— Você só pode estar caçando jeito de ser assassinado! – Ziva bradava.

— É McEscritor, eu vou acabar com a sua raça! Como você ousou escrever esse final?

— Quem falou que eu tenho um caso com o Tony?! – Ziva gritou.

McGee estava encurralado entre os dois agentes e a mesa dele, Ziva tinha um clipe de papel desmontado na mão, Tony optou pela faca mesmo.

— Sua equipe! – Falei para Jethro e dei um jeito de subir para minha sala. Assim que passei pelas mesas da equipe, Palmer apareceu.

— Eu confiava em você, McGee! – Ele soltou contrariado.

— É tudo licença poética!! – Tim gritou em sua defesa.

— A fria assassina do Mossad? – Ziva fez uma voz de desgosto. – Isso não soa como licença poética para mim!

— Um agente excelente, mas que não pode ver um rabo de saia? – Foi a vez de Tony. – Nem para mim!

— Você descreveu o meu quarto!!! – Abby chegou gritando, com um exemplar nas mãos.

— Pim Jalmer, o assistente da autópsia, que faz sexo com cadáveres. – Jimmy estava inconsolável. – Eu nunca fiz sexo com cadáveres. – Emendou.

Jethro olhou para cada um deles e estava prestes a assobiar para chamar a atenção de todos, quando escutamos:

— Eu não sou a baixinha, invocada, marrenta ruiva, filha do agente Tibbs e da espiã russa Penny, que chutou o agente Tommy, só porque ele não quis me dar uma barra de chocolate!!!

Todos pararam o que estavam fazendo e olharam para o meu lado, pois, parada ali, Sophie balançava uma cópia do Deep Six.

— E minha mãe não é russa! E muito menos espiã!! – Ela terminou encarando McGee.

— Sophie....  – McGee tentou começar.

— Onde foi que a senhorita achou esse livro?! – Perguntei assustada. – Tem coisa que ela ainda não tem idade para ler! Ou melhor, não deveria ler NUNCA!!!!

— Mamãe, foi a Emily quem me mostrou. Falou que a Dona Diane e o Senhor Fornell estavam rindo tanto enquanto liam o livro que ela achou que era cheio de piadas. Mas aí, quando nós fomos ler na hora do recreio, não era engraçado. E eu percebi que todo mundo do NCIS estava descrito aqui. Todo mundo errado, menos o Tim!! – Ela terminou lançando uma encarada para o McGee que fez até Ziva dar um passo atrás.

— Você disse Fornell? – Tony perguntou rindo.

— E Diane? – Ziva acompanhou.

— Essa Diane não seria a sua ex-esposa, Agente Gibbs? – Palmer perguntou.

— Fica quieto, Jimmy! – Abby sibilou.

Sophie tombou a cabeça e encarou o pai. Ela ia abrir a boca para fazer a pergunta que todo mundo sabia que ela faria, quando ouvimos o elevador chegar ao andar e dele sair: Diane Fornell.

— Era só que faltava! – Jethro resmungou.

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Era o espetáculo do século. A ex-esposa número um perto de uma ex-namorada do Chefe. E junte a tudo isso o fato de que a filha de Diane é uma das melhores amigas da filha do Gibbs. Só que até onde eu sei, Diane nunca conseguiu confirmar isso. Até hoje.

Céus! Eu vou ter que agradecer ao McPrêmioNobelDeLiteratura por esse momento!!

Diane entrou como se fosse a dona e proprietária do prédio, encarando Gibbs e Shepard, depois lançou um olhar de desgosto na direção de Sophie, que assim como a mãe, não deu um passo para trás e sustentou o olhar.

Do nosso lado, McGee se encolheu em sua mesa. Abby e Jimmy deram um passo para trás, Ziva se escorou na mesa e de braços cruzados, observava tudo atentamente. Eu escorei na divisória para poder me deleitar com a cena.

Já o Chefe, depois de murmurar qualquer coisa, deu um passo para frente, na tentativa de proteger a Peste Ruiva. Jenny assumiu ainda mais o ar de Diretora Rainha de Gelo. E Sophie, bem. Ela ainda queria fazer uma pergunta.

Ela queria fazer A pergunta. Pena que não teve como, já que Diane entrou soltando uma pérola.

— Bem, Leroy, agora eu vejo que eu estava certa. Essa Diabrete é mesmo a sua filha! Deve ser por isso que eu não me surpreendo por ela ter roubado o livro de Emilly. – Ela soltou venenosamente.

Sim, Diane chamou a Peste Ruiva de Diabrete. Na frente do Chefe. Na frente da Ziva. Na frente da própria Peste Ruiva. Na minha frente. Na frente da mãe da menina.

— Com licença. – Jenny começou com um tom tão frio que todos pressentiram que a tempestade estava só começando. – Com que direito você chama minha filha de Diabrete?! – Sibilou a mamãe ursa e com um movimento, passou a cria para suas costas, dando ela um passo para frente para ficar bem perto de Diane.

Mas Diane não se intimidou, e com um sorriso sarcástico, simplesmente disse:

— Se a mãe é conhecida como a “Filha do Capeta Que se Senta no Trono do NCIS”, nada mais justo do que a filha ser a Diabrete, não é mesmo?

As duas ruivas se encararam. Jenny estava ficando perigosamente vermelha, a mulher era um vulcão prestes a explodir. Se alguém – que não fosse eu, é claro – não fizesse algo, Diane seria arremessada pela janela, e aquelas janelas ali não abriam.

Foi quando o Chefe murmurou:

— Olha o que o Fornell fez.

Diane desviou o olhar para o Chefe. Jenny ainda encarava furiosamente a ex-esposa do ex-namorado, e eu achei que ela pularia no pescoço da rival ali mesmo.

— Parabéns, Leroy, você não é tão burro quanto eu pensava, até que fez a associação rapidamente! – A Ruiva visitante disse jocosamente, batendo palmas. E depois continuou. - É mesmo, o apelido “Filha do Capeta” nasceu dentro do FBI. Culpa do Caso Bright. Tobias me falou que se a Shepard aqui não tivesse.... – Ela não terminou a frase.

— Se a Diretora Shepard não o que, Sra. Fornell? – Jenny falou mais alto, encarando Diane com tanta intensidade que eu achei que ela ia matá-la com o olhar.

Diane deu de ombros e resumiu o assunto.

— Apelidos como o seu, Diretora, correm rápido. – Explicou se voltando para Jenny, com um sorriso debochado.

Foi quando Sophie entrou em ação.

Todo mundo já tinha até se esquecido que ela estava presente na sala. Até que a Peste Ruiva saiu de trás da mãe para dar um sermão e tanto em Diane:

— Nunca mais deboche da minha mãe assim, Dona Diane!! Nunca mais! – Ela disse, mais furiosa que qualquer um ali. – E eu não roubei o livro da Emilly. Ela me emprestou. Eu precisava conversar uma coisa com o McGee, ia devolver amanhã! Se alguém pegou algo sem falar aqui foi a Emilly! – Continuou e deu um passo para perto daquela que poderia ter sido a sua madrasta. – E respeite a Diretora do NCIS!— Falou séria e entregou o livro para ela. – Agora pode ir embora! – Apontou para o elevador.

O Chefe não sabia se ficava chocado ou se ria do que Sophie havia feito. Eu, Ziva, Abby e Palmer tentávamos manter a compostura. McGee estava quase escondido debaixo da mesa. Já Diane, ela ficou de pé, encarando Sophie com todo o ódio que tinha.

— Olha aqui, Diabrete! – Apontou o livro na direção da Peste Ruiva. – Você me respeite!

— Por quê? Você desrespeitou a minha mãe! Chamou meu pai de burro! Eu só respeito as pessoas que respeitam a minha família!! – Sophie retrucou completamente vermelha de fúria.

— Sophie Shepard-Gibbs, já chega! – Jenny puxou a filha pelo braço, para tirá-la de perto de Diane. – Já para a minha sala, agora! – O tom da Diretora não admitia discussões e Sophie obedeceu a mãe na hora.

Eu não vi Sophie subindo, mas ouvi os seus murmúrios em um idioma que eu não entendi. Mas parecia que Ziva tinha entendido muito bem.

— E agora, Sra. Fornell? Precisa de algo mais, ou você se deu o trabalho de vir até o Estaleiro Naval somente para pegar um livro, que nem deveria estar na mão da sua filha de seis anos para começar? – Jenny se virou para Diane e eu podia dizer que dessa vez Diane deu um passo para trás.

Diane não tinha saída. Ela tinha que ter vindo por mais de um motivo, além de buscar um livro. E a minha dúvida foi respondida quando Fornell acompanhado da filha, chegaram no andar.

— Eu não acredito que você fez isso, Diane! Você usou a desculpa de buscar um livro que você já terminou de ler, só para confirmar uma suspeita sua?!

Ziva deu uma risada, eu também não segurei a minha. O Chefe lançou A olhada na direção da ex-esposa. Jenny estava ainda mais furiosa.

— Fica quieto, Tobias. – Ela cuspiu.

Foi quando Jenny deu uma gargalhada e soltou:

— Poderia ter só perguntado para a Sophie, Senhora. Fornell. – Ela destacou o “senhora”. – Afinal, minha filha nunca mentiria sobre quem é o pai dela, e você não precisava ter feito toda essa cena só para ter certeza.

Foi a vez de Diane ficar furiosa. Ela ia soltar algo, quando se lembrou que a própria filha estava presente, já que esta veio na direção de Jenny para cumprimentá-la.

— Olá, Dona Jenny!! Me desculpe por toda essa confusão do livro... mas a Sophie falou que reconheceu uma pessoa e queria perguntar para o Tim se ela estava certa... eu não achei que a minha mãe ia ficar tão furiosa por eu ter emprestado o livro dela. – A coitadinha se explicou cheia de culpa.

Jenny poderia ter chamado a pequena Emilly de qualquer coisa, já que Diane tinha chamado a filha dela de Diabrete, mas não foi isso que ela fez.

— Está tudo bem, Emilly. O livro já está com a sua mãe. Só se lembre que aquele livro ali não é para a sua idade, tudo bem?

Emilly balançou a cabeça concordando com o que ouvia.

— Eu sei... eu também não gostei do li, achei que era de comédia, mas só falou de gente morta... credo! Eu gosto é de Contos de Fadas!! – A pequena garantiu.

— A garota tem mais cabeça no lugar do que a mãe... – Ziva comentou.

Diane olhou para a israelense. Ziva nem se deu o trabalho de fingir que não se importava, porque ela realmente não estava nem aí para o que a ex do Chefe pensava sobre ela.

— Olha se não é a Barbie Assassina... – Começou.

— Sua filha está aqui dentro, Diane. Menos, por favor. – Jenny pediu, apontado para Emilly que observava Ziva brincar com o clipe de papel desmontado.

Diane pegou Emilly pelo braço e levou a filha embora, não sem antes lançar um olhar mortal para a Diretora do NCIS, Fornell ficou e assim que as portas se fecharam, soltou a seguinte pérola:

— E então, o que eu perdi de verdade? – Quis saber com um sorriso.

— A vergonha na cara. – Jenny respondeu e foi para a sala dela.

Fornell ficou encarando a porta fechada do escritório da Diretora por um tempo, até que perguntou:

— O que aconteceu aqui?

Filha do Capeta, Fornell? – O Chefe perguntou.

— Mas todo o FBI concorda... não, pera... a Diane... não falou isso na cara dela, falou?

— E chamou a minha filha de Diabrete. Diane tem sorte de estar viva.

— Qual é, Gibbs. Todo mundo sabe que a sua filha tem um temperamento daqueles... até o McGee colocou isso no livro dele!

E a conversa voltou ao início. McPseudoEscritor e seu livro da discórdia!

—--------------------

McGee estava se sentindo miserável. E olha que eu tenho certeza de que miserável ele não tinha nada! Deep Six era um sucesso de vendas e ele estava faturando com todos aqueles exemplares.

Ele estava miserável no outro sentido da palavra. Mais precisamente no sentido de que ele estava se culpando pelos problemas que cercavam a agência. Tudo por conta do Deep Six. E tudo o que eu queria era poder abraçá-lo.

— Eu não deveria ter feito isso! – Ele se autoflagelava enquanto estávamos no bar. – Tony, olha o tamanho do problema que causei hoje!!

— McFerrado, você realmente quase morreu hoje, mas eu devo te agradecer, aquilo foi memorável, pena que nenhuma das ruivas partiu para o ataque. – Claro que Tony estava esperando por isso.

— Chega de falar desse livro, por favor!! – Ziva pediu colocando o copo na testa. – Isso tudo já me encheu a paciência.

— Eu concordo com a Ziva. Já era. O livro já foi publicado. Não tem como voltar atrás. – Apontei para uma determinada mesa onde três pessoas tinham o livro nas mãos.

McGee gemeu pesaroso.

— Eu deveria ter deixado a Sophie fora disso!

— Você não quis dizer Amelie? A filha caçula do agente Gibbs, concebida depois de uma tórrida noite de romance proibido com a espiã russa, Penny? – Tony leu o parágrafo.

McGee enterrou o rosto nas mãos.

— Mas pensem pelo lado positivo. Um dia ela vai rir disso! – Palmer começou.

— É, no funeral do McGee. Porque se com seis anos ela já chegou daquele jeito, quando ela entender o conteúdo da concepção dela no livro, ela vai sair correndo atrás do McGee para trucidá-lo. – Ziva disse.

— Eu vou esquecer que ela existe no próximo livro! – Tim disse.

— TEM MAIS UM?!! – Perguntamos.

— Mais dois... o volume dois está na fase de impressão.

— McGee, por que você fez isso?! Um só não bastava?

— Minha editora pediu uma continuação... achou interessante desenvolver as relações iniciadas no vol.1, Abbs.

— E que relações são essas? – Perguntei com medo.

— Todas elas.

— Acho que a Sophie não vai ter tempo de matar o McGee não!! – Ziva sibilou e encarou McGee.

— A Amy não pode terminar com o McGregor! Não mesmo! – Falei.

— Vamos trocar de assunto, por favor!

— Não, McEncrencado. Agora é a hora em que você vai ouvir as nossas previsões para o futuro dos nossos eus literários. – Tony disse, puxando um banco para perto de Tim e começou a falar o que ele queria que acontecesse no final da saga.

— Mas eu não posso fazer isso! – McGee soltou depois que ouviu as nossas teorias.

— Mas é o que você vai fazer. É a única forma de consertar tudo. – Eu disse.

— A Abby tem razão. E tem um porém... – Ziva começou.

— Que é? – Tony perguntou tomando um gole do whiskey dele.

— Alguém sabe como Kelly reagiu ao ser descrita como Kaley, a filha avoada do Agente Tibbs?

E essa foi a gota d’água, McGee abaixou a cabeça no balcão do bar e começou a chorar.

É, no fritar dos ovos, ele realmente era o McFerrado! Tadinho do Tim, ele devia saber que para toda reação tem uma reação.


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Notas finais do capítulo

Bem... McGee não deveria ter escrito esse livro. Olha o tamanho da encrenca... só mesmo Tony para gostar disso!

Obrigada a quem leu.

Até o próximo.



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