Carta para você escrita por Carol McGarrett


Capítulo 71
Kelly x Sophie


Notas iniciais do capítulo

Voltei com mais um capítulo...
E só digo uma coisa... alguém tire Sophie de perto do DiNozzo!! Ou ela será a próxima a começar a ganhar tapas na cabeça...
Boa leitura!!



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Ficou decidido que DiNozzo e David iriam se disfarçar como o casal de assassinos, McGee faria as vezes de funcionário do hotel. Logo os três partiram e antes que eles pudessem chegar até o local, decidi que não faria mal levar Kelly e Sophie para casa, tudo para tirar da cabeça de Kelly a ideia de que ela e Henry poderiam levar a Ruiva para passear.

— Não precisa, pai, de verdade. Henry vem nos buscar e depois vamos levar Sophie para comer pizza... – Ela me disse.

— Você ouviu o que Jen disse? – Perguntei.

Kelly deu de ombros e olhou para a irmã mais nova, como que perguntando o que era.

— Mamãe nos mandou para casa assim que desse dezoito horas.

— Ela falou algo de passeio, Sophie?

— Não papai, só falou que era para ir para casa. – A pequena deu ênfase no que falava ao balançar a cabeça.

Encarei Kelly.

— Tudo bem, venceram.

Guiei as duas até o elevador.

— Vocês são muito desmancha prazeres.  – Kelly murmurou assim que entramos.

— Mas a mamãe mandou... – Sophie olhou para ela com cara de cachorro que caiu da mudança.

— E não me olhe assim, está me fazendo me sentir a Bruxa Má!

— Qual delas, Kells? Tem um monte!

— Soph, não complica o meu lado.

— Tudo bem, Kells. – Sophie resolveu deixar a irmã em paz, mas acabou me pegando para ser seu próximo alvo.

— Papai...

— Diga. – A peguei pela mão, já que estávamos no estacionamento.

— Para qual casa o senhor está me levando? O senhor vai ficar com a gente? Esse caso acaba antes do baile? Eu ainda vou poder te ajudar a se vestir, né?

— Você engoliu um papagaio?

Sophie parou na minha frente e me encarou.

— Por quê?

Kelly soltou uma gargalhada.

— Esse aí não gosta que façam muitas perguntas, Moranguinho. Acho que ele se sente em uma sala de interrogatório.

— É verdade, papai?

— Jennifer Shepard, 2.0. Não faça isso com ele. – Kelly pegou Sophie pelo braço e a arrastou para a porta de trás.

— Peraí, Kells. Eu nem sei para onde a gente tá indo! – Sophie reclamou.

Seria uma longa viagem.

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Sophie falou tanto na cabeça do meu pai que ele acabou por levá-la para a casa de Jen. Pelo menos, ele me disse, aqui ela tinha com que se distrair e se esquecer de fazer perguntas. Mas essa paz não durou muito. Depois de um jantar tranquilo, a pobre Noemi quase teve um treco quando papai disse que jantaria conosco, Sophie veio toda manhosa para perto de nós e se sentou no chão, ao lado do pé de papai, fingindo ler um livro.

Cinco minutos depois...

— Papai, o senhor vai ficar?

— Não.

— Por quê?

— Tenho que ajudar a sua mãe.

— Ela sabe se virar. O senhor pode ficar.

Papai encarou a falante ruiva. E só isso bastou.

— Tudo bem... o senhor tem que ir. – Ela se conformou e voltou a ler o livro, abraçada com o Mike Wazowski.

— Cadê o Muxoxo? - Foi a vez de papai começar o interrogatório.

— É Mushu, papai. E está lavando. Mamãe falou que ele ainda está muito sujo da festa de halloween. Mas já tem mais de quinze dias que ela o deixou na lavanderia. Acho que aconteceu alguma coisa com ele. – Ela respondeu infeliz e abraçou a bolinha verde de um olho só.

Papai olhou para mim, como que querendo saber o que tinha acontecido com o bichinho de pelúcia. Dei de ombros, eu realmente não sabia o que tinha acontecido.

— A senhorita não deveria estar fazendo o dever de casa? – Ele continuou.

— Eu já fiz. Tô adiantada. E esse livro é um dever de casa. Vai ter prova dele.

Papai pareceu satisfeito com a responsabilidade da pequena e nos deixou em paz. Ficamos assim mais uma meia hora, até que o celular dele tocou.

— O senhor tem que ir, né? – A ruiva perguntou se levantando.

— Sim. Não dê trabalho para a Noemi. Mas pode perturbar a Kelly. – Ele falou depois de beijar o topo da cabeça dela.

— Ei! Isso não é justo! – Reclamei.

Papai só riu e se despediu de mim do mesmo jeito. Sophie o acompanhou até a porta, pulando do lado dele. Antes que ele fechasse a porta, escutei-o dizer:

— E se puder, arremesse aquele maldito celular, que ela não solta de jeito nenhum, na lareira, Sophie.

Escutei a risada de Sophie, claramente os dois deveriam estar pensando em aprontar algo comigo. E eu não gostei disso.

A porta foi fechada e Sophie voltou para a sala, com um sorriso no rosto. Um sorriso que indicava que eu era o alvo da vez.

— Nem comece com as perguntas. Guarde-as para encher a paciência do Tony.

Ela nem se intimidou com o que falei e, sorrindo mais abertamente, chegou perto de mim e pulou no sofá.

— Pode parar com esse sorriso. E ficar quieta! – A alertei.

— Mas eu não fiz nada! – Ela levantou os dois braços para cima.

— Mas vai fazer. Acha que eu nunca vi esse sorriso aí? Já vi sim. E não gosto dele. Você vai aprontar. – Garanti.

Sophie se sentou no sofá, virada para mim e continuou a me encarar.

Decidi fingir que ela não estava ali. Era mais fácil falar do que fazer, pois logo ela já não estava mais na minha frente, e eu nem a tinha visto se mexer. Pisquei e ela estava no encosto do sofá, encarando a tela do celular que estava na minha mão.

— Por que você tanto olha para isso? – Ela quis saber.

— Nada que te interesse.

— Mas eu estou aqui e você não conversa comigo. Conversa comigo, Kelly!

— Estou ocupada.

— Com o que?

— Meu casamento.

Só escutei o barulho de algo caindo no chão. Me virei e vi que era a própria Sophie que tinha se desequilibrado do sofá e caído sentada.

— Você não falou que isso iria demorar? – Ela tinha os olhos arregalados.

— Decidimos antecipar. – Falei por fim.

— Kells. O papai já sabe?

— Ainda não. E não será você quem vai contar, tudo bem?

— Tudo bem. Vou te deixar acabar de ajeitar isso aí. Deve dar um trabalhão se casar. – Ela murmurou a parte final, pegou o livro e o bichinho de pelúcia e foi para o quarto.

— Já vai dormir?

— Não, só te deixar em paz. – Ela me respondeu já do alto da escada.

Era até errado fazer isso, tadinha da Sophie, mas era o único tempo que eu tinha para olhar isso.

Eu nem acreditava que tinha marcado a data. Estava longe ainda, faltava mais de um ano, mas era agora ou nunca para organizar tudo isso. Ou seria a minha sogra quem tomaria a frente e Deus me livre de ter a mãe de Henry tentando enfeitar o lugar. Ia ser o casamento pesadelo se a minha adorada sogra começasse a dar pitacos. Assim, todo tempo livre que tinha eu olhava uma coisinha.

Porém, o detalhe mais importante estava sendo protelado. Eu tinha que contar para papai e para todos. E estava morrendo de medo disso. Primeiro porque eu realmente tinha falado que iria esperar, e segundo, bem, acho que eu ainda não estava preparada para deixar papai de vez e começar uma vida de casada.

Mas eu ainda tinha tempo para dar a notícia, disso eu tinha certeza.

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 Estava esperando McGee acabar de ajeitar a câmera no quarto onde Ziva e Tony passariam a noite, quando Jethro apareceu segurando dois copos de café, porém, antes de querer uma atualização, foi logo falando.

— Onde foi parar o dragão da Soph?

Esse era um ponto complicado.

— Sério, Jethro? Você quer saber do Mushu?

— Ela está triste porque o dragão foi para lavar e não voltou ainda. – Ele disse se sentando ao meu lado.

Respirei fundo.

— Não conte a ela, mas o bicho já era.

Ele só levantou a sobrancelha, pedindo que eu explicasse melhor.

— Depois da festa de halloween eu deixei o bichinho na lavanderia, me pediram uma semana para lavá-lo e higienizá-lo, acontece que a máquina onde ele estava deu defeito, e no processo de secagem o pobre foi torrado. A pelúcia dele já era, foi carbonizada.

— E você ainda não contou para a nossa filha?

— Jethro, ela ama aquele dragão. Eu não posso simplesmente falar para ela que o dragão está todo chamuscado porque a máquina de lavar deu problema e aqueceu demais, com ele lá dentro. Sophie é esperta, mas também é apegada as coisinhas dela, ela vai chorar horrores. – Passei a mão no meu rosto tentando esquecer esse problema em específico.

— E como você vai contar? – Ele quis saber. – Eu posso te ajudar.

— Eu já comprei outro. Custei a encontrar na internet. Acontece que a entrega está atrasada, enquanto isso eu tenho que enrolar a Sophie se eu não quiser morrer afogada em lágrimas. – Expliquei.

Jethro iria respondeu qualquer coisa, quando a tela do MTAC ficou iluminada.

E eu preferi que não ficasse.

— Por Deus! – Murmurei para a visão e esfreguei meus olhos. Tinha que fazer alguma coisa quanto aquilo. – DiNozzo, estamos te vendo! – Falei, assim que coloquei o headset na cabeça.

— Ah, oi! Que bom. Está funcionando, McNerd. – Ele respondeu, sem se tocar.

— A Diretora quis dizer que ela pode ver tudo, Tony. – Jethro interveio.

Foi aí que Tony se tocou e resolveu fechar o roupão.

— Ainda quer voltar para a conversa do dragão chamuscado, Jethro? – Perguntei tampando o microfone.

Ele riu.

— Vamos lá Jen. Eu te disse, poderia ter sido nós dois, mas seu cargo não deixa.

E começava a maior vigília da minha carreira.

A certa altura da noite, enquanto Tony e Ziva roncavam alto se passando por um casal, eu me perguntei se tinha alguém observando Jethro e a mim na nossa missão na Europa.

— O que foi Jen? No que está pensando? – Gibbs me perguntou. Ele, assim como eu, tinha tirado o headset e estava só folheando os arquivos, tentando ignorar as imagens da tela.

— Nada de importante. Só uma coisa que me passou pela cabeça.

O silêncio dele era a minha deixa para continuar.

E por um segundo eu achei besteira falar aquilo em voz alta. É claro que não tinha. Ou nós teríamos escutado alguma coisa.

— Não é nada. – Falei encerrando o assunto.

— Não tinha. – Ele falou de uma vez.

— Como é? – Olhei para ele. Uma visão muito melhor do que estava na tela na minha frente.

— Ninguém ficou nos observando. Acho que nem Decker faz ideia. Para ele éramos apenas bons atores.

Balancei a cabeça confirmando as suas palavras. Mas algo me dizia que, no fundo, no fundo, ou Decker ou Ducky tinham visto algo. E eu esperava que não fosse nada demais... Então me lembrei... Decker tinha visto a Sophie... como ele não comentou nada com Jethro, eu não sabia, porém, ele sabia da verdade.

— A propósito, Jethro. Feliz Aniversário. – Falei para ele, a madrugada já ia alta e o dia dele já tinha começado.

— Sem presente surpresa dessa vez? – Ele me questionou.

— Espere o dia amanhecer e uma certa garotinha ruiva aparecer por aqui. – Respondi mais baixo. Minha intenção era de dar um beijo nele, mas tinha testemunhas demais ali dentro. Ele pareceu entender o que eu queria fazer e chegou mais perto de mim.

— Mais tarde, mesmo se não tiver o baile, Jen. – Falou no meu ouvido.

Quando o dia estava na metade e não tínhamos nenhuma pista sobre quem era o mandante dos assassinos eu comecei a pensar no que eu deveria fazer. O caso era oficialmente nosso, e SecNav tinha me dado carta branca para agir. Eu tinha, não só a minha melhor equipe como também uma equipe de elite do FBI para fazer o ataque final, caso descobríssemos que o alvo dos assassinos era um civil.

Acontece que eu não estava cem por cento certa do que deveria fazer. Era uma daquelas decisões que um passo em falso e tudo já era, e esse tudo era tudo mesmo. A equipe, o baile, a reputação do NCIS e o meu cargo.

Estava pensando e pesando as opções quando Jethro apareceu, e diferente da noite anterior que ele tinha em mãos café, agora era um prato.

— Me lembre de impedir que Abby, Kelly e Sophie se juntem novamente. – Falou com tristeza assim que me entregou o prato, dei uma olhada, é claro que seria um pedaço de bolo.

— Admita, Jethro, você gostou de toda essa atenção!

— Cantaram até parabéns, Jen! E tinha velas no bolo! Todas as velas que tinham que estar lá, estavam.

— Mas é o seu aniversário, essa é a música oficial. – Contradisse. – E você acha que Abby iria fazer algo pela metade? – Falei com relação às velas.

Ele se jogou na cadeira e encarou a tela.

— Você deveria sair daqui um pouco, Jen. Esfriar a cabeça. Você nunca foi muito boa em trabalhar sobre pressão depois de uma noite sem dormir. – Ele sorriu de lado para mim e eu entendi o recado.

— Estranho, eu me lembro que era você quem ficava todo irritado... e, além do mais, não adianta fazer pressão agora, o aniversário é seu e eu não vou sair daqui só para que você possa fugir de Sophie, Kelly e Abby e seja lá mais o que elas aprontaram.

Ele fechou a cara e olhou para a tela.

— Últimas novidades? – Jethro trocou de assunto.

— O FBI estava nos observando. Seu amigo Fornell deve estar chegando para a festa a qualquer momento. – Dei um sorriso.

Isso piorou o humor dele ainda mais e ele se levantou.

— Jethro... – O chamei antes que ele saísse de meu alcance.

Ele se virou na minha direção e esperou que eu continuasse.

— Meu lado agente está me dizendo que eu deveria cancelar o baile e entrar com tudo naquele hotel para pegar quem fez isso. Porém, meu lado de diretora está me dizendo para ir com cautela. Esperar, pois tem muito mais em jogo do que só pegar um mandante de assassinato. Se você estivesse no meu lugar, o que você faria? – Disparei.

— Você sabe o que eu faria, Jen. Sabe muito bem.

Suspirei cansada. Sim, eu sabia.

— É por isso que você é a diretora, Jen, e não eu. – Ele falou já indo para a porta.

Eu estava cansada, com sono, com fome, e não tinha a menor ideia do que fazer.

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Mesmo depois de toda a preparação, de todo o cuidado, quase que os disfarces de Tony e Ziva são descobertos. No final, não havia nenhum alvo entre os presentes do baile em si, os assassinos eram os próprios alvos, foram atraídos para o hotel para serem mortos. Ao que parece, não se sai de empregos assim, não há aposentadoria, mesmo se a vida de um bebê estivesse em jogo.

E Ziva, mas principalmente Tony descobriram isso da pior forma. Depois de uma sessão de tortura, onde DiNozzo conseguiu se sair até que bem, tudo foi resolvido. Os dois voltaram para a sede, machucados, na verdade, porém inteiros e o Baile Anual do Fuzileiros aconteceria, para a minha infelicidade.

Depois de tomar conta de Tony, que fez mais cena e drama do que nunca por conta de um nariz quebrado, e perguntar por mais de mil vezes se ele estava bem, Sophie decidiu que era hora de me arrumar.

Sim, ela não havia esquecido.

— Achei que depois de tudo o que você aprontou hoje, você tinha esquecido disso.

— Papai! – Ela parou na minha frente com as mãos na cintura. – É claro que não! A festinha, o laboratório da Abby enfeitado com balões, os presentes e o bolo foram só para começar. Agora temos que deixar muito bonito para o baile. – Ela me arrastou para o elevador. – Tudo o que o senhor precisa já está no vestiário! Te vejo daqui a pouco! – Ela começou a pular e a puxar o meu braço ao mesmo tempo.

— O que foi?

— Eu sou baixinha! – Ela reclamou e eu entendi o que ela estava tentando fazer. Assim, me abaixei para ficar da altura dela.

— FELIZ ANIVERSÁRIO PAPAI! – Ela me deu o centésimo abraço e beijo do dia.

— Isso já é um pedido de desculpa pelo que me aguarda lá embaixo?

Ela só deu uma risada e me empurrou para dentro do elevador, acenando adeus enquanto as portas se fechavam.

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— Onde está Sophie? – Jen me perguntou assim que eu entrei no escritório dela.

— Calma, Jen. A baixinha já vai subir, só está acabando de mandar o papai para se arrumar.

Jenny deu uma risada nervosa.

— O que foi? Está nervosa por conta do baile ou por que é a primeira vez que vocês vão sair sozinhos desde Paris?

Ela desconversou. E disse qualquer coisa sobre ser as duas coisas.

— Isso é novidade, Jennifer Shepard nervosa! Vai ser divertido ver vocês dois se encarando lá no pé da escada e na frente de todo mundo!

Jen me lançou aquela olhada mortal, mas fingi que não tinha visto, afinal, nada iria estragar o meu humor hoje. Não mesmo, depois de seis anos, depois de todo os desencontros, esses dois estavam finalmente juntos.

Estava mandando a teimosa ruiva #1 para começar a se arrumar, quando alguém bateu na porta. Jen só levantou a sobrancelha, como quem me dissesse, “está vendo, ainda estou trabalhando!”.

— Entre. – Ela deu permissão para quem estava do outro lado.

Cantarolando Hey Jude dos Beatles, Sophie entrou toda feliz, o sorriso dela no dia de hoje não tinha nenhum rival, a ruiva #2 estava realmente alegre com tudo o que estava acontecendo, mesmo que Tony quase tenha perdido o nariz...  

— Você só tem cinco anos, desde quando escuta rock, garota? – Perguntei assim que ela se ajeitou no colo da mãe.

Sophie deu de ombros e olhou para Jen.

— Desde quando escutamos essa música juntas, mamãe?

— Você é a culpada pelo lado roqueira da sua filha? Papai vai adorar isso! – Brinquei.

Sophie que parecia não estar entendendo nada, soltou:

— Por que não posso gostar dessa música?

— Dessa você pode, mas a gente conversa quando for mais velha... – Jenny deixou no ar a conversa, o que acabou fazendo Sophie ficar ainda mais confusa.

— Mamãe... já está tarde... o papai já está se arrumando, pode ir guardando todas essas coisas e fechando esses relatórios, a gente tem que te deixar ainda mais bonita! – Sophie resolveu deixar a conversa que ela não entendia de lado e partiu para um assunto mais importante.

— E você o deixou se arrumando sozinho? – Jenny a colocou no chão e nos olhou torto.

— O Tio Ducky está vigiando ele para que ele não fuja e o Tony falou que qualquer coisa eles o trancam no vestiário para que ele não desista do baile. A tia Ziva até disse que, se precisar, ela mesma faz a segurança e garante que ele vai estar lá embaixo na hora que a senhora descer as escadas. – A ruivinha disse toda convicta e eu fiquei pensando no caos que seria a Ziva sendo a segurança do meu pai... uma briga de faca seria pouco, contudo não comentei nada.

Depois de ser empurrada pela filha para o banheiro, Jen entregou os pontos e viu que já estava realmente tarde. A porta foi fechada e Sophie não perdeu a oportunidade de se sentar na cadeira da Diretora.

— Por que você tem que ficar sentada aí, sendo que tem esse sofá? – Perguntei me deitando ali sabendo que o banho e os primeiros toques de maquiagem demoravam.

— Estou treinando! – Minha irmã me respondeu.

— Para virar servidora pública?

— Kells!! Para virar Diretora. Eu também vou ser Diretora do NCIS. – Ela declarou toda cheia de certeza.

— Ser Diretora é muito mais do que se sentar em uma cadeira, Sophie. Muito mais.

— Eu sei. É por isso que eu sempre pergunto para a mamãe o que ela fez ou tem que fazer. A única coisa que eu não gostei é essa de ter que ir em bailes.... eu não gosto da ideia de ter que sair para dançar na frente de um monte de gente que eu nem conheço...

— Mas você faz balé! Tem que dançar na frente de um monte de gente que não conhece nas apresentações! – Informei.

Sophie virou a cadeira na minha direção, completamente surpreendida.

— Eu não tinha pensado nisso... – falou triste. – Eu danço na frente de um monte de pessoas. Eu não quero mais fazer isso!

Ah, pronto. Agora minha irmã tinha entrado na fase do pânico de palco.

— Por que não? Você já até fez uma peça! Pode ir parando com isso ou a sua mãe vai me afogar no porto lá embaixo. Você vai dançar sim, seja lá quando isso vai acontecer.

— Em dezembro. Vamos dançar O Quebra Nozes. Já estamos ensaiando.

— E quem você vai ser? Papel principal, aposto. – Disse me levantando e indo para perto dela.

— Não. Sou figurante. Entrei na escola de balé nesse ano, né? Pelo menos aqui.

— Seu histórico de apresentações não te ajudou em nada?

Ela balançou a cabeça de um lado para o outro, fazendo o cabelo voar para todas as direções.

— Um dia vai ser sua vez. Te prometo! – Dei um beijo na cabeça dela. E foi quando me lembrei. – Sophie, sobre o que eu te disse ontem...

— Eu não vou contar para ninguém, Kelly. Palavra de escoteira!

— Você não é escoteira, Sophie!

— Palavra de... – ela mordeu o lábio pensando e coçou a cabeça. – Palavra da sua irmã mesmo! – Falou toda fofa.

Eu gargalhei da promessa doida dela, mas no fundo, era verdade, Sophie não era escoteira, mas era minha irmã!

Nesse meio tempo, Jen saiu, meio pronta, meio com cara de que queria ir para casa e se afundar no sofá da sala e morrer por lá.

— Estou aqui. Agora é com vocês. – Ela anunciou e em um piscar de olhos Sophie já estava correndo para onde a mãe estava e pulando na frente dela, apenas disse:

— Onde está a sua caixa de joias? Temos que começar por elas, já que o vestido e o sapato já estão aqui. E eu sei quais a senhora vai usar!

— É, mesmo? – Jen perguntou.

Sophie pegou a caixa e em menos de um minuto colocou em cima da mesa um conjunto de brinco, cordão e pulseira.

Vi Jen abrir um sorriso.

— Não foi esse conjunto que o papai te deu no Dia dos Namorados? – Minha irmãzinha perguntou.

— Exatamente esse. – Jen respondeu com um sorriso. 

Eu fiquei com a parte da maquiagem, lógico que Sophie deu os seus pitacos e o cabelo foi uma briga, cada uma tinha uma ideia, preso, solto, meio preso... céus, essa foi a pior parte e se Sophie fosse uns dez anos mais velha nós duas tínhamos saído no tapa, tudo porque não entramos em acordo em hora nenhuma, por fim, Jen, cansada da nossa briga, resolveu que ela mesma arrumaria o cabelo e cinquenta minutos – e muitas brigas - depois, Jenny estava pronta!

— Alguma de vocês foi checar se o Jethro ainda está dentro desse prédio? – Ela perguntou assim que Sophie acabou de fechar o cordão dela.

— Não precisa, mamãe. A tia Ziva e a Abby não vão deixar o papai sair daqui sem a senhora de jeito nenhum.

Jen olhou para mim.

— Se ela falou, tá falado, ela já tem toda aquela equipe nas mãos dela desde o primeiro dia dela aqui! – Disse em tom de derrota, Sophie tinha conseguido controlar todos e colocá-los para fazer o que ela queria em uma batida de coração, só bastou aparecer aqui. E eu até hoje tinha problemas em convencer o DiNozzo de algo...

— Mamãe a senhora ficou tão bonita! – Sophie disse depois de ajudar a mãe a calçar os sapatos – esses ainda mais altos do que ela normalmente usa.

— Esse tamanho de salto é para não ser chaveiro perto do papai? – Brinquei.

Jen só me olhou de lado.

— Tudo bem, não está mais aqui quem falou. – Dei dois passos para trás, sabe-se lá se ela não está seguindo a regra #09 e carregando uma faca escondida em algum lugar. – Não tem uma faca escondida nesse vestido não, né? – Perguntei só por precaução.

E o sorriso de lado me dizia que tinha.

— Você está brincando! A sua arma vai do seu lado! – Falei.

— E você acha que o seu pai vai deixar de seguir as próprias regras, Kelly?

Fiz uma careta, Sophie nos olhava com um ponto de interrogação estampado na testa.

— Vai lá ver se o papai já está pronto. – Falei para ela que saiu correndo pela porta. – Ela está ficando muito tempo perto da Abby. – Avisei assim que escutamos os pulinhos dela nas escadas.

— Não era você quem vivia falando na minha cabeça que eu deveria apresentá-la para a equipe? – Jen me perguntou.

— Tenho o direito de me arrepender?

Ela não me respondeu, pois ouvimos um grito vindo do andar de baixo.

— GIBBS! GIBBS! GIBBS! GIBBS! VOCÊ ESTÁ TÃO BONITO! Não que você não seja bonito, mas hoje você está ainda mais!! – Abby gritava! – Eu queria te abraçar, mas tô com medo de te amassar! JIBBLET! OLHE O SEU PAI!!!

— Acho que essa é a sua deixa! – Avisei.

E eu vi Jenny ficar nervosa. Muito nervosa. E eu quis dar um tapa na cabeça dela e mandar ela se situar, porém, pensei duas vezes, nem pensar que iria desmanchar aquele cabelo que deu um trabalhão para ficar pronto!

— Acho que a Sophie vai querer vir até aqui para te buscar ou pelo menos vai querer dar a ordem para você descer. Quanto a mim, deixa eu ir lá embaixo e perturbar o aniversariante do dia só mais uma vez! – Falei já quase na antessala. Até Cynthia que é super discreta e não quer se envolver na confusão da chefe com o agente sênior resolveu ficar até mais tarde para ver o resultado. – O show vai começar, Cynthia! E os melhores lugares estão lá embaixo! – Avisei e ela resolveu descer as escadas para ver melhor.

Quando cheguei no alto das escadas, todos olharam para mim.

— Pessoa errada! – Disse. – E Sophie, você me deve uma barra de chocolate. Eu ganhei a aposta.

Sophie que estava sentada na mesa do meu pai e olhava dele para mim só me deu um sorriso.

— Eu não ligo de ter perdido essa! Olha como o papai ficou bonito!

Por motivos de “não vamos estragar a surpresa”, ninguém estava autorizado a dizer como o meu pai estava vestido. Queríamos ver a reação de Jen ao vê-lo.

— Será que já podemos ver o desfecho disso? Meu nariz está doendo. – Tony chiou.

Eu me preparei para estapeá-lo, mas Ducky me impediu.

— Quer piorar a dor de cabeça dele, Doutora Gibbs?

— Aqui dentro eu não sou médica, sou filha do chefe e tenho o direito de piorar o estado de saúde de qualquer um aqui! – Falei e para o meu desgosto, Sophie saiu em defesa de todos os que trabalhavam ali.

— Mas não pode mesmo! Você não vai bater em ninguém aqui! Nem no Tim, na Abby, no Jim ou no Tony! Muito menos no Tony!— Ela estreitou os olhos na minha direção ao falar isso.

— E em mim? – Ziva perguntou.

— Tia Ziva, se ela te bater, você a manda voando para Israel. Ninguém em sã consciência bate em você! A menos que queria morrer... – Ela completou, enquanto todos ali me encaravam vitoriosos. Eles tinham a filha do chefe e da diretora do lado deles.

— Kelly Jelly, você perdeu essa. E perdeu feio! – Tony falou assim que conseguiu respirar pelo nariz quebrado.

— Um dia ela não estará por perto, DiNozzo. – Ameacei.

— Mas eu vou ficar sabendo, Kelly. Eu vou! – Sophie cantarolou descendo da mesa de papai e parando entre mim e Tony.

— Pai, faça alguma coisa! – Pedi.

Mas meu pai estava hipnotizado demais olhando para a escada.

Só nos restou tentar acompanhar a cena.


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Notas finais do capítulo

#RIPMushu... morreu queimado na lavadora...
Sophie será uma ótima interrogadora no futuro... vai vencer os suspeitos pelo cansaço pelo tanto que fala... e quem sabe um dia não será a segunda ruiva a assumir o trono... digo a cadeira da Diretora...
Agora, Kelly querida... nenhum segredo fica escondido por muito tempo... muito menos um envolvendo você e o Henry...
Sim, deixei um tremendo gancho para o próximo capítulo... todo mundo vai sonhar com os dois se olhando até a semana que vem...
E sim, Kelly venceu. Gibbs está uniformizado (e como eu queria ter visto isso na série...)
Obrigada a você que está acompanhando e fico ainda mais feliz com os comentários!
Até a semana que vem..
xoxo



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