Carta para você escrita por Carol McGarrett


Capítulo 23
Conflitos e Sentimentos


Notas iniciais do capítulo

Mais uma vez eu me descontrolei totalmente com o tamanho do capítulo. Me desculpem.
Mas, mesmo depois de editar eu vi que não podia cortar nada... então vai assim mesmo.
Bem... para quem é shipper de carteirinha de Jibbs como eu, tenham uma ótima leitura, esse é, de longe, o meu capítulo preferido - até agora!



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Eu tamborilava os dedos na mesa em claro sinal de nervosismo. Tinha encaminhado o relatório da presença de Samar há quase quatro horas, e levando-se em conta a diferença de fuso-horário, eu tinha certeza que ele foi recebido dentro do horário de funcionamento da agência, e mesmo que não fosse o horário de expediente, o Diretor sempre fica até mais tarde, não fica?

— Você quer fazer o favor de parar de tentar quebrar a mesa com as pontas dos dedos? Eu estou tentando dormir. – Jethro reclamou deitado no meu colo.

— Não posso! Não sei o motivo de toda essa demora. Precisamos de uma confirmação de alvo. É apenas um “sim” ou “não, sigam com a missão original, agentes”. Nada de elaborado, e Morrow está nos cozinhando em banho maria!

— Burocracia. – Foi a única palavra que recebi depois da minha explosão.

— Sério!? – O encarei incrédula.

— Ele deve estar puxando o saco de alguém ou para conseguir a missão ou para ficar livre dela. – Ele deu de ombros e continuava de olhos fechados.

— O que você acha?

— Sobre? – Ele levantou as sobrancelhas sem abrir os olhos.

— Se vão nos dar um novo alvo ou não.

Jethro se levantou, coçou a cabeça e, pela primeira vez, ele parecia confuso.

— Não sei. Esse cara apareceu no radar da NCIS agora. Não sei como vão resolver isso.

— Eu espero que passem para qualquer um, menos para nós. Se prendermos ou matarmos esse cara, nossa missão original já era, pois Zukhov vai se entocar em algum buraco na Sibéria.

— Jen, por que você não para e dá uma descansada? – Gibbs mudou completamente o rumo da conversa.

— Porque não posso. Eu não consigo, simplesmente, dormir como se uma espada com uma péssima notícia não estivesse sobre nossas cabeças, pronta para nos mandar para alguma missão verdadeiramente suicida.

— Dez dólares de que Morrow não responde hoje.

— Como é? – Que mudança de assunto louca era essa?

— Ele não vai responder isso. Não hoje. E duvido que amanhã...

— Você acha que a briga pela jurisdição da prisão desse cara vai ser acirrada assim? Eles estão dispostos a arriscar a vida de mais agentes? Não acredito nisso.

— Por dinheiro eles fazem qualquer coisa. – A resposta de Jethro parecia ser pura conformidade.

 - Eu não aceito isso!

— Então vai ter que me pagar os dez dólares. Agora, Jen, vai dormir. Você ainda não está totalmente recuperada.

 Insisti mais um pouco, se o Escritório de D.C. não iria nos responder nada por enquanto, eu, pelo menos, tinha o dever de continuar trabalhando.

Só não sei mais quanto tempo eu aguento na frente dessas telas.

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— Jen... acorda. – Chamei minha parceira e ela nem se mexeu da posição original.

— Jenny. A coisa tá apitando. – E ela só teve a capacidade de mover a cabeça um pouco.

— SHEPARD! – Jen mais uma vez não me respondeu. Será que algum dos remédios que ela estava tomando tinha o poder de desmaia-la desse jeito?

Já tinha uns bons quinze minutos que o computador dela vinha emitindo um bipe chato e insistente, como um barulho de despertador. Achei que ela acordaria em um segundo, logo depois do primeiro som, porém, ela não se mexeu. E o computador continuava a apitar. Se ela demorasse mais um pouco eu ia mandar essa coisa pela janela.

Me agachei do lado dela, que estava sentada no chão, com a cabeça apoiada na mesa, e tentei acorda-la, mas, milagrosamente, não precisei nem tocá-la. O cheiro do café fez às vezes de despertador!

— CAFÉ!! Eu preciso... – e ela pegou a minha caneca em suas mãos e tomou um gole generoso. – Que saudade que eu estava disso! Ah! Bom dia, Jethro.

— Dia, Jen. Você sabe que não pode tomar isso, não é? – Fiz um sinal com a minha cabeça indicando a caneca na mão dela.     

— Agora já era.... – Ela deu de ombros. – Céus! Há quanto tempo o alerta está tocando?

— Quase meia hora.

— MEIA HORA? Por acaso eu morri aqui? – Ela começou a digitar alguns comandos no notebook.

— Para dizer a verdade, sim. Estava quase procurando se você ainda tinha pulsação. – Tentei pegar a caneca de volta.

— Nem pensar. Eu preciso de mais café. Agora eu vou começar a pensar direito. – Ela arregalou os olhos.

— E o que tinha no alerta? – Mudei de assunto. Se o Ducky sonhasse que ela tinha voltado com força total a tomar café, ela - e eu -  estaríamos mortos.

— Uhnn, deixe-me ver direito. – Ela mirou a tela. – Quatro de nossos amiguinhos libaneses. Pelo jeito o carregamento está aqui!

— Uma preocupação a menos. E Morrow, deu notícias quanto a Samar?

— Não. Nem se dignou a responder. Te devo dez dólares. – Ela fez uma careta para as informações da tela.

— Não se pode ganhar sempre, não é, Jen?

— Nem comece, Jethro. Aliás, pode começar sim. É você quem vai se molhar nessa chuva mesmo. – Jen indicou a janela, onde se via a tempestade que caia sobre Londres.

Eu ia respondê-la à altura, mas a alguém bateu na porta.

— Salva pelo gongo. – Eu avisei de cara feia.

E ela, em resposta, apenas me mostrou a língua.

— Criança. – murmurei ao abrir a porta e dar de cara com... - Bom dia, DUCKY! – Falei mais alto do que o necessário.

Da sala de estar, onde Jenny estava, pude escutar a tosse de surpresa dela. Ela sabia o que Ducky falaria agora.

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 Estava toda feliz tomando o meu adorado café, pouco me importando com as ameaças de Jethro até que ele soltou a seguinte frase:

— Bom dia, DUCKY!

Fala sério! Eu estava bem no meio de mais um gole quando acabei por engasgar.

Merda, o que Ducky estava fazendo aqui, justo hoje e justo agora?

Tentei me livrar da minha prova de culpa... Afinal, fora Gibbs quem trouxera a caneca para a sala, não foi? Porém meu plano foi para água abaixo antes de eu começar a executá-lo. Tinha esquecido que estava de muletas e minhas duas pernas estavam um tanto dormentes por conta da posição em que dormi, na verdade, dormimos, já que minha perna boa, foi o travesseiro de Jethro. E, para piorar a minha situação, Jethro foi mais do que veloz em deixar Ducky entrar no apartamento.

Aquele bastardo de lindos olhos azuis me paga.

— Bom dia, Jethro. – Ouvi a voz de Ducky mais perto do que gostaria. – Como tem passado?

— Muito bem, Ducky. Veio checar a Jen? Ela está na sala. – Eu podia ouvir, no tom de voz dele, que ele estava adorando o que estava para acontecer.

Trinta segundos depois, os dois aparecem na sala. Coloquei a caneca o mais longe de mim e montei a expressão mais neutra e inocente que conseguia fingir.

— Bom dia, Ducky! Como você está? – Eu sorria inocentemente para o médico na minha frente.

Mas ele não comprou o meu comportamento angelical. Vi seus olhos percorrendo o ambiente. Da minha posição no chão até... à xícara de café.

Eu acompanhava seus movimentos calada, mas era impossível manter uma expressão completamente neutra, já que Jethro resolveu que seria muito bom ver o showzinho que se desenrolava no apartamento de camarote e, se posicionando na bancada da cozinha, ele tinha plena visão de onde eu estava e poderia escutar tudo, e, como é típico dele, não parou de me olhar com cara de deboche. Leroy Jethro Gibbs estava se divertindo às minhas custas antes mesmo das oito da manhã.

— Bom dia, Jennifer! – Ducky tinha a minha atenção novamente. – Eu vim checar a sua recuperação, mas pelo que parece, você não está tomando todos os cuidados necessários.

— Eu posso jurar que estou seguindo à risca todas as recomendações que me passou, Ducky.

Jethro tossiu na cozinha.

— É mesmo, minha cara? E essa xícara de café? – O escocês me olhou acusadoramente.

— De Jethro. – Isso não era mentira. E eu encarei Gibbs por sobre os ombros do bom doutor.

— Ele tem feito a sua vida mais difícil, minha querida? – Ducky tinha acreditado nessa parte.

— Você não faz ideia, Ducky!

Escutamos um muxoxo vindo da cozinha. Gibbs definitivamente esperava que eu fosse feita de vilã hoje.

— Bem... – Ducky continuou. – Jethro pode até não estar te ajudando, mas você também não tem cooperado...

— Como assim, Ducky! Eu fiz tudo o que mandou! – Protestei. Eu odiava levar um sermão. E esse em específico estava me dando a impressão de que eu ficaria mais um tempo de molho.

— Podemos consertar o que você acabou de dizer e acrescentar a palavra “quase”.

Do outro lado o apartamento Jethro abriu um sorriso de gato que tinha acabado de comer um canário.

— O que você quer dizer com isso? – Mantive minha expressão calma.

— Você dormiu aqui, não foi? – Ele indicou o lugar onde eu estava e a clara distância que o par de muletas estavam de mim.

— Sim. Devo ter pegado no sono enquanto esperava uma resposta de D.C..

Ducky coçou a cabeça, visivelmente contrariado.

— Bem... eu te falei para que ficasse o mais confortável e quieta possível, não foi?

— Sim. – Eu me sentia uma criança sendo pega comendo biscoitos antes do jantar.

— E te pedi para deixar a perna mais elevada. E, claramente, não é o que está acontecendo aqui. – Ducky, mesmo sem examinar a minha perna de perto, conseguiu me dar um diagnóstico parcial.

— Como eu já disse, foi só essa noite. Eu tenho sido cuidadosa. – Sibilei.

Ducky não me deu ouvidos. Pegou as muletas e, me entregando, disse:

— Levante-se com cuidado, eu vou dar uma olhada nessa perna e neste curativo, bem como nesse inchaço.

Fiz o que ele me mandou fazer, e realmente a perna doía mais do que nos outros dias.

— Agora pode se sentar. – Ducky ordenou e eu obedeci. – Consegue dobrar sem sentir dor?

Dobrei a perna e, por mais que não tivesse dito nada, Ducky expressou meus pensamentos.

— Ainda dói, não é? Bem, parece que a cicatrização vai bem. Mas a dor não é um bom sinal. Você ainda vai ficar mais uns quinze dias fora do serviço de campo.

— Mas Ducky! Eu já estou parada há três semanas!! Nem Jethro ficou tanto tempo assim depois de Positano!

— Não compare pacientes e ferimentos, Jennifer. Mais quinze dias. E, dessa vez, sem café e sem dormir sentada no chão. Ou eu acabo por dizer à Washington que você não condições de terminar essa missão. – Dr. Mallard disse em um tom que não admitia qualquer questionamento.

— Tudo bem... – Eu assenti quietamente.

— Como eu disse, a cicatrização está boa, mas não quero te arriscar em campo ainda, você está fraca, com dor e, tenho certeza, não aguentaria um confronto corpo a corpo. Estes quinze dias são para a sua segurança e de Jethro, acredite em mim, minha querida.

Eu não tinha com o que discordar.

— Mais alguma recomendação, Ducky? – Perguntei já temendo a resposta.

— Sim. Jethro, quando for tomar o seu café, saia de perto de Jennifer. Ela não precisa ser tentada com o que ela não pode tomar. Seja um cavalheiro.

Gibbs arregalou os olhos e eu abri um sorriso enorme em direção a ele. Eu tinha tomado um sermão, mas, também tinha sobrado para ele.

— Vou tentar lembrar disso. – Ele disse em um tom de voz sombrio.

— Você vai lembrar, Jethro, se quiser que Jennifer volte a ser sua parceira no campo. – Ducky disse se encaminhando para a porta, depois de já ter vestido seu sobretudo e colocado seu chapéu. – Tenham um bom dia,  - ele continuou – volto dentro de quinze dias.

Jethro o levou até a porta, e quando a fechou, depois de se despedir, me olhou feio.

— Hei! Não me culpe, ordens médicas.

— Você, Shepard, é pior que criança mimada. – Ele me deu um tapa atrás da cabeça.

— Não faça isso de novo! – Eu xinguei.

— Ou você? – Ele me desafiou.

— Te acerto com estas muletas, seu esperto!

— Você não vai usá-las para sempre. – Ele sorriu vitorioso.

— Então terei que plantar algum dos meus sapatos no meio da sua testa. – Disse sombriamente e voltei minha atenção para o computador. Um e-mail tinha chegado.

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— É o e-mail que estava esperando?

Jen tinha o olhar fixado na tela do notebook, e fazia uma careta enquanto lia o conteúdo da mensagem.

— Sim. – Ela disse depois de algum tempo. – Parece que não temos que nos preocupar com Samar, por algum estranho motivo esse não é nosso alvo.

— E quem ficou com ele?

— É aqui que fica estranho. Parece que vão passar o problema para outros agentes, com autorização do Mossad.

— Autorização?!

— Também achei estranho. Mas não vou discutir nada sobre isso... não somos nós quem mandamos, só cumprimos ordens. – Jen coçava a testa preocupada.

— Tem mais?

— Com certeza! O carregamento é nossa responsabilidade. Não precisamos interceptar as armas. Só descobrir para onde elas serão levadas.

— Somente vigilância? Com um carregamento tão grande? – Eu estava achando isso muito estranho.

— É o que diz aqui. Nosso foco é o Zukhov e ponto. É com ele que temos que nos preocupar. – Jen parecia não concordar com o que estava lendo.

— E vamos deixar as armas serem distribuídas por aí? – Eu não acreditava nas últimas ordens.

— Não. Depois que elas forem armazenadas, iremos informar ao escritório local, eles quem irão fazer a apreensão. Mas nós três estamos fora da ação. – Ela tinha um sorriso debochado na cara.

— Parece que algo te deixou feliz. – Eu comentei indo me sentar atrás dela.

— A parte final do e-mail é até cômica. – Ela disse sarcasticamente.

— E fala sobre?

— Sobre a incapacidade dos agentes em questão de não conseguirem sair limpos de uma missão depois que ela já foi terminada. Isso te lembra algo? – Ela se virou em minha direção com uma sobrancelha arqueada.

— Pelo jeito Morrow não ficou nada feliz com a extração de última hora. – eu disse sem preocupação.

— Isso me traz somente uma pergunta. – Agora Jen tinha se levantado e sentado do meu lado. – O que foi que você falou com o Diretor?

— Especifique.

— Sobre o tiro, quando você pediu a nossa extração. O que foi e como foi que você comunicou o “incidente” com ele?

— Posso te dizer que tirar o Diretor da cama no meio da madrugada não mostra o lado mais bem-humorado dele. – Foi o que eu respondi.

— Meu Deus, Jethro! Ele poderia ter acabado com a missão ali! Você é maluco?

— Jen, já era. Já acabou. Por que se preocupar com isso agora?

— Por conta de e-mails como este! Isso aqui pode acabar com a nossa carreira, Jethro! – Jen estava começando a ficar nervosa.

— Antes a sua carreira do que a sua vida, não é Jen? – A olhei sério.

— Você tem razão. Além do mais, vir para Londres não estava no nosso plano inicial mesmo. – Jen se recostou no sofá e ficou olhando o teto. E eu peguei o notebook no colo dela para ler o e-mail.

Morrow definitivamente não iria esquecer o plano de evacuação às pressas nem tão cedo. Fechei o computador e imitei o gesto de Jen. Teríamos algumas semanas de vigilância e pouca ação pela frente.

Estava quase cochilando, quando Jen quebrou o silêncio.

— Obrigada. – Ela começou ainda fitando o teto. - Lá se vão três semanas e eu ainda não te agradeci pelo que você fez. Você salvou a minha vida, Jethro. Eu estou te devendo.

Virei minha cabeça na direção dela. De onde essa onda de remorso tinha saído?

— Não me olhe assim. Eu me lembro de algumas partes. E você sabe disso. Me lembro de você do meu lado. Aliás, a sua voz é a memória mais forte que eu tenho daqueles dias, além da dor. Eu sei que você fez o que podia e não podia para me salvar. E eu sou grata por isso. Não é essa a orientação que recebemos quando começamos a missão. Geralmente, quem sai inteiro deixa o outro em um hospital e parte para continuar a missão. – Ela virou seu rosto na minha direção e seus olhos verdes brilhavam.

— Você não fez isso em Positano. E também não saiu do meu lado enquanto eu estava naquele quarto. – Constatei.

Ela ficou vermelha. Não com raiva, mais como se estivesse com vergonha.

— Ducky te contou? – Ela perguntou a meia voz.

— Não.

Ela levantou uma sobrancelha, me questionando como eu sabia daquilo.

— Do mesmo jeito que você sabe que eu fiquei do seu lado. Você estava lá quando eu acordei, Jen.

Ela deu um sorriso tímido na minha direção. E depois levou a sua mão até meu rosto e a deixou lá.

— Eu não poderia te deixar morrer, Jethro. Não poderia. – Ela sussurrou estas palavras e escondeu o rosto em meu ombro.

Eu a abracei apertado e enterrei meu rosto em seus cabelos, agora vermelhos e mais longos.

— Nem eu, Jen. Nem eu. – murmurei contra o topo de sua cabeça.

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— Eu não acredito que isso está acontecendo! Olhe o que eles estão fazendo! – Eu reclamei.

— E você nem está aqui fora no frio para reclamar tanto. – Will me respondeu mal-humorado.

Lá se vão mais sete dias de vigilância e, vamos dizer que toda essa falta de ação era um verdadeiro teste de paciência.

Nos últimos três dias, eu havia identificado pelas câmeras mais quatro libaneses. Só que, como Will e Jethro puderam constatar, trabalhando disfarçados de estivadores, o carregamento estava sendo entregue aos poucos, para não chamar a atenção da fiscalização e, muito menos da polícia. E isso estava deixando todo mundo nervoso.

O Diretor queria que déssemos a localização do depósito o mais rápido possível para que os agentes de Londres pudessem fazer a apreensão das armas.

Jethro não aguentava mais ser parceiro de campo de Will. Mais dia, menos dia ele iria atirar na cabeça de Decker se ele continuasse a reclamar de tudo.

E eu não aguentava mais ficar enjaulada no quarto andar de um prédio. Tudo bem, eu já estava andando sem ajuda das muletas, não muito rápido, mas o suficiente para poder me movimentar normalmente, tudo isso com o aval de Ducky, mas mesmo assim ele não tinha me liberado para o serviço de campo. O que me deixou realmente chateada, e Jethro dez vezes mais bravo.

E agora isso. Essa brincadeira de “onde está o Wally?” que esses babacas estavam fazendo.

— Eu tenho um plano. – Falei para os meninos.

— Você não tem plano nenhum, Shepard. Nada que você me disser agora vai ser capaz de te tirar de dentro desse apartamento. – Jethro me respondeu.

— Você nem me escutou! Não comece com as ideias de que só você pode pensar aqui. – Eu xinguei.

Will, muito sabiamente, ficava bem quieto quando eu e Jethro começávamos a brigar.

— Você só quer sair daí, Jenny.

— Eu quero ajudar. Ficar vendo vigilância não coopera em nada, só deixa vocês dois mais frustrados, mas se seu pudesse seguir o carro que transporta as armas, isso seria um passo a mais na investigação. Já sabemos que são quatro vans diferentes que fazem o transporte. Se conseguirmos seguir uma por dia, teremos as localizações dos depósitos.

— Depósitos? Acha que é mais de um? – Will perguntou descrente.

— Mas é claro, eles não iriam arriscar colocar todas as armas em um só lugar. Devem estar espalhados por toda cidade. – Eu disse confiante.

Jethro permanecia calado.

— E, dirigir não irá fazer nenhum mal.

— Claro que não, isso até eles te descobrirem.

Eu juro que vou ter uma conversinha em particular com Jethro sobre esse excesso de superproteção.

— Se eles descobrirem. Se. Nada disso é certo. Do mesmo jeito que alguns deles podem descobrir vocês, a qualquer momento. – Disse em tom diplomático.

— Alguma outra novidade? – Jethro me cortou.

— Acabaram de colocar a última caixa na van. Estão entrando e manobrando para sair do porto.

— Nosso dia de trabalho acabou, então. – Will disse feliz. –Me desculpe o casal brigão, mas eu vou para algum pub dessa cidade ver se me dou bem. Até amanhã.

Foi nítido o momento em que Will tirou a escuta e o microfone e os desligou.

Estava às sós com Gibbs.

— Por quê? – Eu comecei.

— Não agora Jen. Não agora.

— Como não... você sabe que a minha ideia é boa. – E eu escutei nitidamente ele desligar o intercomunicador.

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Sim, a ideia dela é excelente. Isso vai nos facilitar em muito. Mas eu simplesmente não poderia deixa-la dirigindo por Londres sozinha. Não depois do que aconteceu.

E como explicar isso para ela, era o problema.

Quando eu desliguei o intercomunicador eu sabia o tamanho do problema que eu estava arranjando. Mas Jen não consegue entender o motivo por trás de tudo isso.

Quando cheguei no apartamento lá estava ela, parada bem no meio da sala, mãos na cintura, e olhar furioso fixo em mim.

— Nunca mais desligue um intercomunicador, um telefone ou qualquer outro meio de comunicação na minha cara assim, Gibbs! Nunca mais! – Ela sibilou as palavras.

Eu a encarei. Tentando buscar as palavras para explicá-la o motivo pelo qual eu, simplesmente, não podia deixar ela seguir as vans sozinha.

— Vai ou não dizer alguma coisa? – Ela continuava a me encarar.

— Sozinha você não vai. – Eu disse passando por ela. A raiva que ela estava era tamanha que era possível senti-la quando passei por ela.

— Como é? – Estranhamente para ela, Jenny nunca levantou a voz.

— Você ouviu, Jen.

— Não venha com Jen. Você sabe muito bem que a minha ideia é boa e irá acelerar o final dessa atribuição.

Fiquei quieto, nunca era boa indicação quando ela não sorria ou, pior ainda, reclamava do apelido que tinha dado a ela.

— Então, deixe-me ver, você e Will estão no porto. Eu estou nas câmeras de vigilância, presa aqui dentro. E quem mais pode seguir as vans, se não... – Ela parou dando ênfase na última parte.

— Você nem se recuperou direito. Ducky não te deu alta médica integral. Você não vai. E se algo der errado? – Me virei em direção a ela.

— Se algo der errado? Me fala em que parte dessa missão maluca, algo não deu errado, Jethro? Me diga. Em todos os lugares onde fomos, algo saiu do controle, porque não temos o controle de nada! – Ela cuspiu as palavras. – Nunca teremos. E não como não podemos saber o futuro, tudo isso será uma eterna loteria!

— E é exatamente por isso que você não vai sozinha.

— Vou com o Ducky então. Resolvido. – Ela disse finalista.

— Não.

— Por Deus, Gibbs. Pare com isso. Eu não sou feita de cristal. 

Respirei fundo. Por que ela tinha que ser tão teimosa?

— Quanto do carregamento você acha que já foi entregue em Londres? – Perguntei por fim. Ela vincou a testa, e me olhou como quem dissesse que a conversa não estava terminada, mas respondeu de pronto.

— Já são uns bons dez dias, quatro vans lotadas por dia. São quarenta idas. Não posso estimar o tamanho do navio, mas creio que metade ou mais um pouco do carregamento já deve ter sido entregue.

— E você acha que estão levando para depósitos diferentes por questão de segurança.

— Sim. É o mais óbvio a se fazer. Se estão sendo tão cuidadosos na entrega. 

— Então amanhã vamos seguir as vans, vamos precisar de, no mínimo dois carros diferentes para não sermos vistos, assim, podemos distraí-los nos dias em que ficaremos de tocaia. Desse jeito, aceleraremos o processo.

— Vocês têm dois carros. Will tem o dele e você o seu. Problema resolvido. – Ela disse indo para frente do computador, muito mais brava do que antes.

— Will volta para a inteligência e você vai comigo.

Ela me olhou cética.

— Agora só vou poder ir a campo se tiver você de babá? – Me disse irônica.

— Não, é você minha parceira, não Will. E agora que não é necessário ficar de vigília, e como não há uma ameaça de ter que sair correndo de uma hora para outra, você pode voltar à campo. Will vai ficar feliz de voltar para dentro de quatro paredes.

Ela não disse nada em resposta, deu as costas para mim e focou nos dados à sua frente.

— É você quem vai ficar calada agora? – Me sentei de frente para ela e fechei a tampa do notebook.

— Você é um homem muito estranho, Leroy Jethro Gibbs. Muito estranho. – Ela me olhava com cautela.

— Eu?! Mas não era isso que você queria? Sair desse apartamento? É você a pessoa estranha aqui, Shepard.

Ela continuava a me encarar. E, depois de algum tempo, apenas disse:

— Eu sei me cuidar muito bem. Sei como me proteger, se não soubesse, não tinham me autorizado a vir para essa missão. Sim, somos parceiros, mas parceiros também se separam quando se tem um bom motivo para tal. E esse é um bom motivo Jethro. Eu não vejo como o Will vai dar conta de monitorar tudo o que acontece no porto e nos avisar enquanto nós estaremos perseguindo uma parte do carregamento. Você está forçando um lado e aliviando o outro. É isso que eu estou tentando te dizer. – Ela terminou e foi para a cozinha, seu andar ainda lento por conta do ferimento.

— E você acha que, com essa perna desse jeito, você conseguiria fugir de alguém? Você acabaria morta de vez! – Gritei em sua direção.

Foi o que bastou para ela estourar de vez:

— Um erro, Gibbs. Um. Maldito. Erro. Meu, e você vai jogar na minha cara até quando? Vai me chamar de novata? Despreparada? Vamos, diga! Diga! Fale que eu fui besta de confiar em você! Grite que eu deveria cuidar de mim mesma! Não é isso que você quer dizer desde o dia da nossa primeira reunião? Por que não me diga que não é, eu vi em seus olhos a descrença que você tem por mim! São meus saltos? É a minha aparência? Ou é porque sou mulher? Você não confia em mim, não acredita que eu possa ser uma agente. Pois eu digo a você, EU POSSO! EU SOU! E sou tão competente quanto você!  - Ela bateu a xícara de chá na bancada da cozinha, quebrando-a em vários pedaços. – Esse tiro, isso aqui é temporário, antes que essa missão acabe, antes de sairmos de Londres, eu vou estar recuperada. Não sou tão fraca quanto aparento. Eu já passei por coisa pior e fiquei de pé. – Jen hiperventilava de fúria.

Eu a tinha acertado em um ponto fraco. E, o pior de tudo, ela não falara mentira, eu, no início, realmente pensei que ela não fosse capaz de vir para essa missão. Mas ela me mostrou o contrário já na primeira parte. Eu confiava nela. Será que ela não notou isso?

— Eu confio em você!

— Sério?! Pois não parece! – Ela tinha enrolado um pano em volta da mão, ao que parece a sua explosão tinha resultado em um corte. – ou você tem uma maneira muito estranha de demonstrar confiança. – Ela disse amarga.

— Pelo amor de Deus, Jen!

— Não, Jethro, tudo é do seu jeito, quando e como você quer! Você é o agente mais experiente aqui, tudo bem, eu sei disso, mas isso não quer dizer que é você quem manda...

— Jen, por favor! – Eu a interrompi.

— Eu não sou sua subordinada. Esse não é o seu time! – Ela bradou.

Eu estava a poucos passos dela agora. Podia ver o pano sujo de sangue na mão dela, e a sua fúria me atingia em ondas. Peguei seu rosto entre minhas mãos. Fiz ela me encarar. Seus olhos verdes me encararam de volta, puro ódio era o que eu via ali. Pela primeira vez eu tive medo da reação dela, eu vi o quão poderosa, forte e decidida ela era só pela maneira que ela me olhava.

— Me larga! – Ela exigiu.

— Não.

Ela tentou se soltar, eu a peguei com um pouco mais de força. Naquele momento, eu pude perceber, se ela precisasse, se ela quisesse, ela poderia sair dessa missão quando bem entendesse. Ou pior, quando isso terminasse, ela seguiria para qualquer outro lugar e eu nunca mais a veria.

Gibbs. – Sua voz um tom mais alto, me avisando o que ela poderia vir a fazer. E eu fiz a única coisa que eu poderia para silenciá-la.

— Por enquanto você fica do meu lado, Shepard.

Ela, surpresa, arregalou os olhos em minha direção, e nunca esteve mais linda. Eu não resisti e diminui a distância entre nós com um beijo.

Há quanto tempo eu não a beijava? Um mês? Um mês e meio?

De início ela não respondeu. Lutou para se soltar. Mas eu sabia, no fundo, no fundo, ela também sentia falta disso. Fomos obrigados a ficar “separados” enquanto ela se recuperava. Por meras ordens médicas. Mas foi tempo demais. Aquela manhã, no hotel em Belgrado pareceu ser muitas vidas atrás.

Quando ela se rendeu. Seu beijo era tão urgente quanto foi o nosso primeiro em Marselha. Em um piscar de olhos ela me colocou mais perto de seu corpo e lutava por dominar a nossa guerra particular.

Quando precisamos de ar, ela me olhou e disse.

— Ducky não me liberou oficialmente.

— Problema é dele. – Eu respondi enquanto atacava o seu pescoço.

Ela murmurou algo que eu não ouvi, ou não consegui escutar, pois a minha pulsação estava alta em meus ouvidos.

Eu a peguei no colo e a levei para o quarto. Nós dois tínhamos muito o que discutir, mas isso tinha que ser feito dentro de quatro paredes.

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Quem ele pensa que é para fazer isso comigo? Primeiro ele me trata como se eu fosse uma boneca de porcelana, que ao menor toque poderia quebrar. Depois, de uma maneira estranha, parece querer a minha morte e, por fim...

Eu estava no meio de uma discussão. Eu tinha todos os argumentos preparados para jogar na cara dele. Eu iria vencer essa, não tinha como eu não ter certeza do meu ponto de vista.

Então ele veio, e segurou o meu rosto. Me fez encará-lo. Sinceramente, eu realmente tinha um ponto fraco, e os olhos azuis dele eram o meu ponto fraco. Mas hoje, hoje não tinha olhar, não tinha encarada, não tinha nada que me fizesse voltar atrás. Tentei me soltar do seu aperto. Provar o meu ponto. Ele simplesmente disse “não”.

Não?! Eu vou mostrar a ele. Contudo ele continuava a me olhar, não no sentido básico. Ele me lia, como se eu fosse um livro aberto. Não sei o que ele entendeu ao me ler, mas não era o que eu estava dizendo. Alertei para ele me soltar, eu não o queria perto de mim, não hoje. 

Mas foi quando ele veio com a frase que me desarmou. “Por enquanto você fica do meu lado, Shepard”. Eu previ o que ele iria fazer. Eu vi nos olhos dele a vontade se formando. Ele iria me beijar. Eu tinha que impedi-lo. Porém, ele foi mais rápido do que eu. Em uma fração de segundos, seus lábios estavam no meus. Uma pequena parte mim, ainda resistia, nós estávamos no meio de uma briga. Uma briga importante, tendo em vista que eu queria decidir o que a nossa parceria fazia durante as missões. Eu queria ter voz tanto quanto ele. Éramos iguais, não subordinada e superior.

E tinha aquela outra parte, a maior parte de mim, que sentia falta dele. Do toque dele, do beijo dele. E essa era, no momento, a parte que acabou por ganhar a minha guerra interna.

Eu o beijei há um bom tempo atrás. Dentro de um quarto de hotel na Sérvia. Onde eu estava com medo de morrer, e, ao mesmo tempo, tinha medo de contar para ele o que eu sentia.

Depois veio o tiro, veio ele sendo superprotetor, e veio a nossa “separação” forçada. E nessa separação um conseguiu levar o outro à loucura com nossas tiradas. E a tensão entre nós só aumentava à medida que ficávamos separados.

Mas nós conseguíamos ficar longe um do outro? Não.

Poderíamos não dormir na mesma cama – evitamos a tentação – mas também não quer dizer que não ficamos perto. Mas esse perto não era suficiente.

Foi pensando nisso que cedi. Eu precisava dele. E era com urgência.

Do beijo nada casto dele, eu queria mais. Então o colei em mim e aprofundei ainda mais. Lutamos para saber quem mandava ali, mas era em vão. Não era sobre liderança, não agora, era sobre “necessidade” e um precisava do outro, um queria o outro como há muito tempo não queríamos. Como há muito não tínhamos.

Precisamos de ar, e eu disse que Ducky não tinha me liberado. Ele disse que o problema era do médico. Uma resposta que só ele poderia dar. E, então, voltou a me beijar. Bocas, corpos, mãos. Nossa dança sensual começava.

Ele desceu para o meu pescoço. Eu suspirei. Era tão bom. Enquanto ele me beijava na linha da clavícula eu não resisti e, sem pensar, soltei que o amava, creio que ele não deve ter escutado, pois ele não parou de me dar a devida atenção. Não liguei, não era nem lugar nem hora para dizer certas coisas.

Eu tentei trazê-lo de volta para mim e, ao mesmo tempo, arrastá-lo para o quarto, a cozinha estava um tanto perigosa para qualquer atividade. Ele entendeu a minha ideia e, sem eu esperar, me levantou do chão. Imediatamente prendi minhas pernas ao redor de sua cintura e, sem nos desgrudarmos fomos para o quarto, finalmente, depois de mais de um mês dentro daquele apartamento, usaríamos a cama pela primeira vez.

E, posso dizer, não me decepcionei...

Ah, Jethro, resolver as nossas diferenças desse jeito não vai funcionar, mas fico feliz em te dizer, que, pelo menos por enquanto, eu posso aceitar o seu pedido mudo de desculpas e proteção, principalmente quando você diz meu nome desse jeito e com essa voz rouca.

Bem antes do nosso clímax, ele fez questão de me olhar, seus olhos azuis com as pupilas dilatadas de desejo me fitavam, por ali passaram cada uma das sensações que percorriam o corpo dele, que percorriam nossos corpos. Mas uma foi diferente. É claro que eu amava ver como aquelas orbes azuis ficavam quando ele – às vezes nós dois juntos – atingíamos o clímax, para mim era a segunda melhor parte, mas hoje, depois de decorar como ele ficava, como o sorriso dele era depois que ele sussurrava o meu nome, eu vi algo novo. Um sentimento novo que eu não pude decifrar. E aquele olhar me deu um frio na barriga, me fez querer ficar para sempre do lado dele. Me hipnotizou de tal forma que eu não consegui desviar minha atenção, ele teve, naquele momento, minha total entrega. Este era o poder daquele sentimento.

Mas que sentimento era esse que me fez me entregar dessa forma?

Ficamos ali, corpo a corpo, testas coladas, respirações descompassadas, um fitando o outro, enquanto esperávamos nossos corações voltarem a bater em um ritmo aceitável.

E cada vez que eu olhava no fundo dos olhos dele, eu tremia. Jethro o que você esconde aí dentro?

Quando ele teve fôlego suficiente para falar, pegou meu rosto em suas mãos e me disse, com um carinho que eu acabei por não conseguir respirar:

— Como eu senti falta de você, Jen.

E ele beijou minha testa e me abraçou forte, me prendendo entre os seus braços.

Com o tempo, senti a respiração dele ficar lenta e tive certeza que ele adormecera. Já eu, por mais segura que eu me sentisse em seus braços, eu não conseguiria dormir. Algo tinha mudado nele.

Mas o que era? E por que a forma como ele me olhou e me teve para ele nessa noite me assustava tanto?

Eu já sabia que o amava. Disso eu tenho certeza desde Positano. Mas, o que além do amor eu sou capaz de dar ele?

Nesse momento ele remexeu, achando uma posição mais confortável para nós, e acabou por sussurrar algo, meu nome.

E, ali, depois de escutá-lo falar o meu nome e abrir um mínimo sorriso, eu tive certeza, tinha que tomar uma decisão.

Será que o “nós” seria algo viável depois que toda essa loucura acabasse?

Havia futuro para esse romance?

Porém, eu não sabia dizer. E, aquecida pelo sentimento mais bobo de felicidade só por ele ter sussurrado o meu nome enquanto ele dormia, me aconcheguei a ele e caí no sono. Dessa vez sem sonhos, só com a certeza de que quando acordasse, ele estaria ali.

And it's only half past the point of no return
The tip of the iceberg
The sun before the burn
The thunder before the lightning
Breath before the phrase
Have you ever felt this way?”

(P!nk, Glitter in the air)


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Notas finais do capítulo

A cada capítulo que escrevo eu cavo ainda mais funda a sepultura dessa separação... juro que não sei porque faço isso.
Sobre a letra de música, em alguns capítulos daqui pra frente, vão aparecer, acho que tem certos trechos que traduzem muito bem o que os personagens vão passar. Aliás, eu só consigo escrever ouvindo música, e muitas vezes um capítulo toma um rumo completamente diferente por conta da letra e melodia que está na minha playlist. Anyway, recomendo essa música da P!ink, porque é simplesmente linda!
Fico por aqui, e adianto, no próximo capítulo tem mais surpresas.
Muito obrigada por lerem, capítulo revisado, mas devido ao tamanho, deve ter ficado algum erro para trás, qq coisa me informem.
Muito obrigada por lerem e acompanharem a fic!
xoxo



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