Rony Weasley e a Câmara Secreta escrita por biapurceno


Capítulo 12
A Poção Polissuco


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura! ❤❤



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Os dias passaram e o feriado do natal chegou tão rápido quanto um hipogrifo correndo atrás da caça.

Uma semana antes, Harry escapou mais uma vez de ser expulso da escola. Justino Finch-fletchley fora atacado e como sempre, seu amigo estava na cena do crime. Por sorte, o professor Dumbledore continuava achando que um garoto de doze anos não tinha conhecimento de magia o suficiente para petrificar alguém e o garoto foi mais uma vez absolvido, embora estivesse sendo evitado por grande parte da escola. Naquela noite, Justino não foi o único a ser atacado; junto com ele foi encontrado Nick-Quase-Sem-Cabeça, paralisado pairando no ar, na horizontal; deixara de ser branco-pérola e transparente e se tornara preto e fumegante; e era exatamente isso que estava deixando a todos mais intrigados ainda: O que era tão ruim ao ponto de fazer mal até a alguém que já estava morto?

Devido a tudo isso, praticamente a escola inteira decidiu passar o feriado de natal longe de Hogwarts. Rony já tinha assinado a lista para ficar na escola, e na verdade mesmo que não houvesse o plano da poção Polissuco não faria diferença, já que seus pais decidiram passar o Natal com seu irmão Carlinhos na Romênia, onde ele cuidava de dragões. Gina não gostou muito de ter que ficar, e passou a se isolar ainda mais do que antes em seu dormitório.

Quem também não estava nada bem era Mione. Depois que Justino fora atacado, ela passou a estudar mais do que fazia normalmente, não saía mais sozinha e quando não podia ser acompanhada por ele ou Harry, andava sempre olhando por cima do ombro, se certificando que ninguém estaria a perseguindo.

O dia de Natal amanheceu muito frio e com muita neve. Rony estava completamente aconchegado debaixo de uma coberta quentinha sem a menor intenção de levantar quando um clarão branco invadiu o quarto, ao mesmo tempo que sua cortina e de Harry fora puxada com violência. Rony sentou-se num pulo na cama e deu de cara com Mione, já vestida com suas roupas natalinas e com presentes nas mãos

— Acordem — disse em voz alta.

— Mione, você não podia estar aqui... — Rony bradou puxando a coberta mais para cima de si, tentando esconder seu pijama.

— Feliz Natal para você também — ela falou lhe atirando um presente. — Estou de pé há quase uma hora, acrescentando hemerobios à poção. Está pronta.

Rony e Harry se animaram na mesma hora.

— Tem certeza?

— Positivo — disse Hermione, empurrando Perebas, para poder se sentar na beirada da cama de Rony. — E o momento perfeito para usarmos é hoje a noite.

— Draco, Crabbe e Goyle também estão em Hogwarts, vi os nomes deles na lista. — Harry pontuou — Concordo com você, faremos hoje a noite!

Já que tinham acertado sobre o plano, Rony se concentrou em abrir seus presentes. De sua mãe, como sempre, ganhara o suéter tricotado à mão cor de barro que ele não gostava, mas que todo ano ela fazia, e bolos caseiros de vários sabores e cores (os quais ele nem esperou para começar a comer). Ganhara de Fred e Jorge cartas novas de Snap explosivo, de Harry um pôster atual do Chuddley Cannons, Hermione lhe dera uma caneta de luxo de pena de águia. Gina apenas fizera um cartão escrito “feliz natal”.

O dia de natal foi muito agradável. O trio juntou-se à Fred e Jorge e aproveitaram a tranquilidade da falta de alunos na escola para estrearem suas cartas novas de Snap Explosivo. Depois do almoço fizeram guerra de bola de neve do lado de fora, no pátio, e ainda jogaram xadrez no final da tarde, ou melhor, Rony apenas assistiu às partidas; os meninos o proibiram de participar pois queriam ter chance de ganhar. Não tinha coisa pior do que assistir tanta jogada em potencial ser desperdiçada por eles, era desesperador.

A noite finalmente se reuniram para ir ao Salão Principal, onde ia acontecer a festa de Natal. Apesar do nervosismo de pensar que dali a pouco estariam tomando a poção polissuco e desvendando os mistérios que rondavam à câmara secreta, não poderia deixar de admirar o quanto os natais em Hogwarts eram divertidos.

O Salão Principal estava magnífico. Não só tinha uma dúzia de árvores de Natal cobertas de cristais de gelo e largas guirlandas de visco e azevinho que cruzavam o teto, como também caía uma neve encantada, morna e seca. Dumbledore puxou o coro de algumas de suas músicas de Natal preferidas e Hagrid cantava cada vez mais alto a cada taça de gemada de vinho quente que consumia. Percy, que não reparou que Fred havia enfeitiçado o seu distintivo de monitor — agora com os dizeres "Cabeça de Alfinete" —, não parava de perguntar aos garotos por que ficavam dando risadinhas.

Rony estava se divertindo tanto que nem ligou para Draco, que fazia comentários maldosos sobre seu suéter e de seus irmãos. Em breve lhe daria o troco e ele teria que engolir cada palavra que proferia. Estava prestes a pegar o terceiro prato de pudim de doce-de-leite quando Hermione os pegou pelo braço e os arrastou para fora do salão afim de finalizar os planos.

— Ainda precisamos de uns pedacinhos das pessoas em que queremos nos transformar— Ela falou simplesmente, como quem dita uma lista de compras — E é claro que será melhor se pudermos conseguir alguma coisa de Crabbe e Goyle; eles são os melhores amigos de Malfoy, que contará aos dois qualquer coisa. E também temos que garantir que os verdadeiros Goyle e Crabbe não apareçam de repente enquanto interrogamos Draco.

Os meninos coçaram a cabeça. Não tinham pensado como conseguiriam um pedaço de dois brutamontes de bom grado.

— Já tenho tudo resolvido —, continuou ela calmamente, não dando atenção às caras espantadas de Rony e Harry. E mostrou dois pedaços de bolo de chocolate. — Recheei estes dois com uma simples Poção do Sono. Vocês só precisam se certificar de que Crabbe e Goyle encontrem os bolos. Sabem como são esganados, com certeza vão querer comê-los.  Depois que caírem no sono, arranquem uns fios de cabelo deles e escondam os dois num armário de vassouras.

Rony e Harry se entreolharam assustados.

— Mione, acho que isso não...

— Poderia dar tudo errado...

Mas Hermione tinha um brilho alucinado nos olhos, muito semelhante ao que a Profª. McGonagall às vezes exibia quando mostrava algo novo aos alunos.

— A poção será inútil sem os fios de cabelo de Crabbe e Goyle — disse com severidade. — Vocês querem investigar Malfoy, não é?

— Ah, está bem, está bem — disse Harry. — Mas, e você? Vai arrancar o cabelo de quem?

— Já tenho o meu! — disse Hermione, animada, tirando um frasquinho do bolso e mostrando aos dois um único fio de cabelo dentro. — Lembram que a Emilia Bulstrode lutou comigo no Clube do Duelo? Ela deixou o fio de cabelo nas minhas vestes quando estava tentando me estrangular! E como foi passar o Natal em casa... Então só preciso dizer ao pessoal da Sonserina que resolvi voltar.

Hermione saiu apressada para o banheiro feminino a fim de verificar a poção. Rony e Harry se olharam de boca aberta:

— Você já ouviu falar de um plano em que tantas coisas pudessem dar errado?

Mas por incrível que pareça, o que parecia impossível correu de acordo com os planos, talvez melhor. Os meninos espreitaram Crabbe e Goyle durante a noite inteira, esperando o momento certo para atacar: que eles estivessem longe de Draco. Não demorou muito para o loiro deixar a mesa de sua casa, e seus capangas ficaram sozinhos comendo. Depois do que pareceu uma década entre um prato de pão de ló e outro, os sonserinos levantaram-se, e aí foi a hora de agir. Rony e Harry correram para a escada mais próxima, e apoiaram os bolinhos no corrimão. Em seguida, correram para trás de uma armadura próxima da parede, onde aguardaram a dupla, que já tinha virado a esquina.

Os dois quase passaram direto, mas Goyle apontou seu dedo gordo para onde os bolinhos estavam, mordendo a isca. Sem nem verificar se tinha algo errado ou não, os sonserinos enfiaram os bolinhos inteiros na boca, mastigando-os de forma animalesca, como uma criatura selvagem com a presa recém abatida. Mas isso não durou muito, foi necessário apenas poucas mastigadas e os dois despencaram pesadamente no chão, em sono profundo.

— Como se podem ser tão idiotas? — Rony comentou

Rony e Harry tiveram um trabalhão para esconder Crabbe e Goyle dentro do armário de vassouras. Além de serem pesados, o armário era pequeno, e os meninos tiveram que amontoar os dois quase um em cima do outro, numa posição um tanto sugestiva. Tá, talvez não tivesse necessidade de coloca-los naquela posição, mas Rony tinha certeza que teriam uma surpresa desagradável ao acordar e ver que estavam abraçadinhos um em cima do outro e Harry não pôde concordar mais; pena que não estariam perto para vê-los acordar.

Com tudo pronto, os fios de cabelo roubados, os sonserinos escondidos e em segurança, Rony e Harry correram de volta para o banheiro feminino interditado para encontrar Mione.

O banheiro estava tomado de fumaça que saía do boxe onde Hermione cuidava da poção. Com dificuldade eles chegaram na porta e bateram. Mione logo abriu e os dois entraram, ajoelhando ao lado dela. A poção borbulhava no caldeirão e não era nem um pouco convidativa. Era viscosa como lama, escura e de cheiro forte. Ao lado do caldeirão, haviam três cálices já preparados.

— Vocês conseguiram? — perguntou Hermione sem fôlego. Os dois mostraram os fios de cabelos arrancados.

— Ótimo. E eu tirei escondido estas vestes da lavanderia — disse ela, mostrando um pequeno saco. — Vocês precisarão de números maiores porque vão ser Crabbe e Goyle.

Mione sempre pensava em tudo mesmo. Rony não lembrou de tirar a roupa dos sonserinos quando os escondeu. Seria genial os dois ter que se explicar por aparecerem de cuecas pelos corredores.

— Tenho certeza de que fiz tudo direito — Disse Hermione, conferindo a lista de ingredientes no livro. — Parece que o livro diz que deve... Depois que bebermos a poção, teremos exatamente uma hora antes de voltarmos a ser nós mesmos.

— E agora? — perguntou Rony.

— Separamos a poção nos três cálices e acrescentamos os cabelos.

Hermione serviu grandes conchas da poção em cada cálice. Quando serviu o seu próprio, pôs o fio de cabelo de Emília Bulstrode dentro da poção. O conteúdo fumegou na mesma hora, e começou a assobiar como uma chaleira. Em seguida, espumou sem parar, até que estabilizou, atingindo um tom de amarelo enjoativo.

— Eca, essência de Emilia Bulstrode — disse Rony sentindo o estômago embrulhar. — Aposto que tem um gosto horrível.

— Ponha os fios na sua, então. — Falou Hermione, que tentava tomar coragem para beber a dela.

Rony esperou Harry Jogar os fios de cabelo da sua primeiro para então jogar depois. Os dois cálices assobiaram e espumaram como fez o de Mione anteriormente, porém quando a espumação acabou, os conteúdos ficaram diferentes dos dela: o de Goyle mudou para um bege desbotado, e o de Crabbe, o que Rony iria tomar, para um castanho encardido e escuro.

— Calma aí! — exclamou Harry quando Rony e Hermione estenderam a mão para os cálices. — É melhor não bebermos tudo aqui. Quando nos transformarmos em Crabbe e Goyle não vamos caber no boxe. E Emilia Bulstrode não nada pequena.

— Bem pensado — disse Rony já se levantando e pegando seu cálice. — Ficaremos em boxes separados.

Rony se dirigiu ao boxe do canto e Harry entrou no meio.

— Prontos? — Rony ouviu a voz de Harry.

— Prontos — responderam Rony e Mione.

— Um... Dois... três...

Rony bebeu a poção de uma vez. Tinha um gosto amargo de couve cozida esquecida no fundo da panela misturada com meias velhas e leite azedo. Seu estômago começou a revirar-se e teve que se segurar para não colocar a poção toda para fora na mesma hora. Segundos depois, sentiu seu corpo formigar da cabeça aos pés, variando entre um calor escaldante e um frio insuportável. A sensação era tão ruim que Rony não conseguiu se segurar e caiu de joelhos, sentindo seu corpo inteiro borbulhar e inchar, a pele se esticar e o sapato, que ainda estava no pé, apertar até doer. Suas mãos, que antes eram ossudas e com dedos compridos, tornaram-se grossas como mãos de trasgo. Seus cabelos, Rony pôs a mão, agora eram grossos e caíam sobre a testa. Sua calça estava aberta, exibindo uma barriga saliente.

Desajeitado, bufando e batendo os braços e a cabeça no boxe, Rony vestiu-se com a roupa que Hermione lhe dera. Não foi nada fácil já que não estava acostumado com tanto peso extra. Era muito estranho estar no corpo de outra pessoa. Para piorar, não sabia se pela quantidade de suco que tomou no jantar ou pelo nervoso do que fariam a seguir, estava com vontade de fazer xixi, mas não faria; não encostaria em parte alguma de Crabbe, mesmo que sua bexiga explodisse.

— Vocês dois estão bem? — Rony ouviu a voz de Goyle do lado de fora gritar e por um segundo se assustou, até lembrar que era Harry.

— Estou — Respondeu Rony, e de sua boca saiu a voz arrastada de Crabbe.

Rony finalmente reuniu coragem e saiu do boxe. Na sua frente estava Goyle – Harry – parado na frente do espelho, sem acreditar no que se tornara.

Rony correu desajeitado para a frente do espelho também. Não era mais Rony Weasley, era Crabbe, sem nenhum sinal sequer que um dia fora aquele garoto ruivo, magrelo e sardento que entrara naquele banheiro minutos antes.

— Isso é incrível — Rony falou tocando o nariz. Até a pele era mais grossa — Incrível.

— É melhor irmos andando — disse Harry, lutando para afrouxar o relógio que usava, que agora não cabia mais no pulso enorme de Goyle. — Ainda temos que descobrir onde fica a sala comunal da Sonserina. Só espero que a gente encontre alguém para seguir...

Rony teve que segurar a vontade de rir.

— Você não sabe como é esquisito ver o Goyle pensando. — Bateu então na porta de Hermione. — Vamos, precisamos ir...

Uma voz aguda, muito mais aguda que a de Emília, respondeu:

— Eu... Eu acho que afinal não vou. Vão indo sem mim.

— Mione, nós sabemos que a Emilia Bulstrode é feia, ninguém vai saber que é você...

— Não... Verdade... Acho que não vou. Vocês andem depressa, estão perdendo tempo...

Harry olhou para Ron, confuso.

— Assim você está mais parecido com o Goyle. É assim que ele fica toda vez que um professor faz uma pergunta. — comentou.

— Mione, você está bem? — perguntou Harry através da porta.

— Muito bem... Muito bem... Vão andando...

O que deu nela afinal? Foi ela mesma que encabeçou todo o plano, se arriscou na aula do professor Snape para que pudessem colher informações para agora desistir? De qualquer modo, não podiam perder mais tempo, e Rony fez sinal para Harry sair. Quando voltassem veriam o que havia de errado com a amiga.

— Na volta nos encontramos aqui, está bem?

— Certo, certo, vão logo!

Os dois garotos abriram a porta do banheiro com cautela, verificaram se a barra estava limpa e saíram.

— Não balance os braços desse jeito — Harry cutucou Rony.

— Hein?

— Crabbe mantém os braços meio duros...

— Eu nunca reparei como ele anda — Rony se defendeu — Que tal assim?

— É, assim está melhor...

Deram algumas voltas pela redondeza esperando alguém da Sonserina passar, mas em vão. A maior parte dos alunos estavam em casa no Natal, e os corredores estavam totalmente vazios.

— Alguma ideia? — perguntou Harry.

— Os alunos da Sonserina sempre vêm daquela direção para tomar café da manhã — disse Rony indicando com a cabeça a entrada para as masmorras. Mal as palavras saíram de sua boca e uma menina de cabelos longos e crespos saiu pela entrada, e Rony já se adiantou. — Desculpe — disse cercando-a — Esquecemos qual é o caminho para o nosso salão comunal.

— Como? — perguntou a garota empertigada. — Nosso salão comunal? Eu sou da Corvinal.

E se afastou olhando desconfiada para os dois.

Desanimados, Rony e Harry desceram para o andar de baixo, onde estava ainda mais vazio e silencioso. O silêncio era tanto que conseguiam ouvir seus próprios passos ecoando nos corredores conforme entravam e saíam deles. O problema nisso tudo era que o tempo estava passando, e uma vez que tinham apenas uma hora, não conseguiriam informações e todo o esforço para fazer a poção teria sido em vão. Já estavam querendo se desesperar quando finalmente notaram uma movimentação um pouco à frente.

— Veja! — gritou Rony excitado. — Aí vem um deles agora!

A movimentação vinha de uma das salas escuras. Rony e Harry se apressaram para alcançá-la quando, para sua decepção, não apareceu uma aluno da Sonserina, mas sim um Percy muito despenteado e levemente ofegante.

— Que é que você está fazendo aqui em baixo? — perguntou Rony surpreso.

Percy empertigou-se, não gostando da intromissão.

— Isto — disse entre os dentes — não é da sua conta. É o Crabbe, não é?

— Que? Ah, sim. — Respondeu Rony, lembrando de imitar Crabbe.

— Muito bem, já para os seus dormitórios — disse Percy com severidade. — Não é seguro ficar andando por corredores escuros hoje em dia.

— Mas como é que você está andando? — lembrou Rony.

— Eu — disse Percy empertigando-se ainda mais — sou monitor nada vai me atacar.

— Aí estão vocês, até que enfim!

O alívio de ouvir aquela voz arrastada foi tão grande que Rony não conteve o suspiro. Draco Malfoy vinha em direção ao grupo e, pela primeira vez na vida, Rony teve prazer em vê-lo.

— Estiveram se empanturrando de comida no Salão Principal esse tempo todo? Andei procurando vocês; quero que vejam uma coisa realmente engraçada.

Malfoy lançou um olhar mortífero a Percy.

— E o que é que você está fazendo aqui em baixo, Weasley? — perguntou com desdém.

Percy parecia indignado.

— Vocês precisam mostrar um pouco mais de respeito por um monitor da escola! — disse. — Não gosto de sua atitude!

Malfoy riu debochado e fez sinal para Rony e Harry o seguirem. Rony teve que morder a língua para não dar um fora no sonserino mas se conteve. Assim que viraram o corredor o loiro disse:

— Esse Peter Weasley...

— Percy — Rony corrigiu-o automaticamente.

— O que seja. Tenho visto ele rondando por aqui um bocado ultimamente. E aposto como sei o que está aprontando. Acha que vai pegar o herdeiro da Sonserina sozinho.

Draco deu uma risada curta e debochada. Harry e Rony se entreolharam animados.

O garoto parou junto a um trecho da parede de pedra, liso e úmido.

— Como é mesmo a senha? — perguntou a Harry.

— Ah... — hesitou, olhando suplicante para Rony.

— Ah, já sei... Puro-sangue! — disse Draco, sem parar para ouvir, e uma porta de pedra escondida na parede deslizou. Draco entrou e Harry e Rony o seguiram.

A sala comunal da Sonserina era um aposento comprido e subterrâneo com paredes de pedra rústica, de cujo teto pendiam correntes com luzes redondas e esverdeadas.

Um fogo ardia na lareira encimada por um console de madeira esculpida e ao seu redor viam-se as silhuetas de vários alunos da Sonserina em cadeiras de espaldar alto.

— Esperem aqui — disse Draco a Rony e Harry, indicando duas cadeiras vazias mais afastadas da lareira. — Vou buscar, meu pai acabou de me mandar...

Rony e Harry sentaram-se onde Draco mandou, tentando fazer parecer que pertenciam àquele lugar. Rony não acreditava que iria achar graça do que Draco queria lhes mostrar, e depois de uns minutos, quando voltou e entregou um recorte de jornal nas mãos deles, teve certeza que não era engraçado, nem um pouco engraçado. Seu estômago chegou a dar um nó quando leu o que estava escrito:

INQUÉRITO NO MINISTÉRIO DA MAGIA

 Arthur Weasley, Chefe da Seção de Mau Uso dos Artefatos dos Trouxas foi multado hoje em cinquenta galeões, por enfeitiçar um carro dos trouxas.

O Sr. Lúcio Malfoy, membro da diretoria da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, onde o carro enfeitiçado bateu no início deste ano, pediu hoje a demissão do Sr. Weasley.

"Weasley desmoralizou o Ministério" — declarou o Sr. Malfoy ao nosso repórter. "Ficou claro que ele não está qualificado para legislar, e o seu projeto de lei para proteger os trouxas deveria ser  imediatamente esquecido.”

O Sr. Weasley não foi encontrado para comentar essas declarações, embora sua mulher tenha dito aos repórteres para se afastarem da casa e ameaçado mandar o vampiro da família atacá-los.

 

Cinquenta galeões?! Sua família não tinha um terço disso guardado em poupança, provavelmente para pagar essa dívida seu pai teria que abrir mão de parte do salário durante meses, e ainda tinha chances de perder o emprego; e tudo isso por culpa sua. Se pudesse voltar no tempo não faria o que fez, não usaria o carro da família, não poria em risco o ganha pão de todos eles.

Mas não era o momento de se lamentar, precisavam descobrir algo sobre a câmara secreta para salvar os nascidos trouxas, principalmente Mione. Rony fouçou-se a dar uma risada sem vontade e passou o recorte a Harry, que leu rapidamente, e forçou uma risada tão sem graça quanto a de Rony.

— E aí? — perguntou Draco impaciente quando Harry devolveu o recorte. — Vocês não acham engraçado?

— Ah, ah, ah, ah — riu Harry desanimado.

— Arthur Weasley gosta tanto de trouxas que devia partir a varinha e ir se juntar a eles — disse Draco desdenhoso. — Pela maneira como se comportam, nem dá para dizer que os Weasley são puros-sangues.

Rony não conseguiu se controlar e bufou, fechando a cara, com raiva. Se iam falar de sua família, ia ser difícil manter as aparências por ali. Se estivesse em seu próprio corpo suas orelhas teriam se tornado vermelhas.

— Qual é o problema, Crabbe? — perguntou Draco com rispidez.

— Dor de estômago — Rony falou entre os dentes.

— Então vá para a ala hospitalar e dê um chute naqueles sangues-ruins por mim — disse Draco sufocando o riso. — Sabe, estou admirado que o Profeta Diário ainda não tenha noticiado todos esses ataques – continuou, pensativo. — Suponho que Dumbledore esteja tentando abafar o caso. Ele vai ser despedido se isso não parar logo.  Meu pai diz que Dumbledore foi a pior coisa que já aconteceu a Hogwarts.  Ele adora trouxas. Um diretor decente nunca deixaria escória como o Creevey entrar.

Draco começou a tirar fotografias com uma máquina imaginária e fez uma imitação cruel, mas exata de Colin:

— Potter, posso bater uma foto sua, Potter! Pode me dar o seu autógrafo? Posso lamber os seus sapatos, por favor, Potter?

Rony viu a raiva daqueles comentários transpassar pelo semblante de Harry.

— Que é que há com vocês dois?

Rony e harry começaram a rir e Draco pareceu satisfeito. Sorte a deles Crabbe e Goyle serem tão lentos.

— São Potter, o amigo dos sangues ruins — disse Draco lentamente. — Ele é outro que não tem espírito de bruxo, ou não andaria por aí com aquela Granger sangue-ruim metida a besta. E tem gente que acha que ele é o herdeiro de Sonserina!

Harry e Rony esperaram com a respiração suspensa: Draco estava a segundos de contar que era ele, mas então...

— Eu bem gostaria de saber quem é — disse pensativo. — Até poderia ajudar.

Rony boquiabriu-se. Então não era Draco o herdeiro afinal.

— Você deve ter uma ideia de quem está por trás disso tudo... — Harry perguntou.

— Você sabe que não tenho, Goyle. Quantas vezes preciso lhe dizer isso? — retrucou Draco, ríspido. — E meu pai não quer me contar nada sobre a última vez que a Câmara foi aberta, tampouco. E claro, foi há cinquenta anos, antes do tempo dele, mas ele sabe tudo que aconteceu e diz que o caso foi abafado e que vai levantar suspeitas se eu souber de muita coisa. Mas uma coisa eu sei, a última vez que a Câmara Secreta foi aberta, um sangue-ruim morreu. Então aposto que é uma questão de tempo até um deles ser morto... Espero que seja a Granger — disse com prazer.

Rony crispou os punhos na mesma hora. Se Draco tornasse a falar de Hermione o punho de Crabbe iria acertar o nariz o sonserino sem piedade. Harry percebeu o estado de nervos que Rony ficou, lhe lançou um olhar de alerta e interveio, mudando o foco.

— Você sabe se a pessoa que abriu a Câmara na última vez foi apanhada?

— Ah, é claro... Seja lá o que for foi expulso — disse Draco. — Com certeza ainda está em Azkaban.

— Azkaban? — Harry Perguntou

Rony suspirou. Harry foi criado por trouxas, não conhecia Azkaban.

— Azkaban, a prisão de bruxos, Goyle — disse Draco, olhando para ele incrédulo. — Sinceramente, se você fosse mais devagar, andaria para trás.

Mexeu-se inquieto na cadeira e continuou:

— Meu pai diz para eu ficar na minha e deixar o herdeiro de Sonserina fazer o trabalho. Diz que a escola precisa se livrar de toda a sujeira dos sangues-ruins, mas para eu não me meter. É claro que ele está com as mãos cheias nesse momento. Sabem que o Ministério da Magia revistou a nossa propriedade na semana passada? Felizmente não encontraram muita coisa. Papai tem um material para Artes das Trevas muito valioso. Mas felizmente, temos a nossa câmara secreta embaixo da sala de visitas...

— Ho! — Rony não conseguiu esconder a surpresa. Essa informação poderia ser valiosa para seu pai limpar a barra no ministério e ainda ferrar com Lúcio Malfoy.

Draco olhou. O mesmo fez Harry, mais uma vez tentando fazer com que não levantasse suspeitas.

Então Rony sentiu seu rosto corar na mesma hora. Os cabelos de Harry–Goyle começaram a ficar despenteados e os olhos esverdeados. O nariz estava crescendo e a pele clareando. Rony olhou para suas próprias mãos e viu algumas sardas já aparecendo. E a julgar pela expressão de Harry, com Crabbe estava acontecendo a mesma coisa. O tempo deles acabara.

Os dois se levantaram depressa.

— O remédio para o meu estômago — rosnou Rony e, sem esperar que Draco perguntasse mais alguma coisa, correu em disparada pelo salão da Sonserina, atirando-se para fora. Suas roupas começaram a ficar largas na metade do caminho e Rony teve que correr segurando as calças até chegarem ao banheiro da Murta Que Geme.

— Bom, não foi uma perda total de tempo — ofegou o ruivo, fechando a porta do banheiro ao passarem. — Sei que não descobrimos quem é o atacante, mas vou escrever ao papai amanhã e dizer para ele revistar embaixo da sala de visitas de Malfoy.

Rony atravessou o banheiro e ao passar pelo espelho viu que voltara a ser como era antes – o que era um alívio. Enquanto pudesse evitar, jamais seria Crabbe novamente.

— Mione, saia daí, — Gritou batendo na porta onde deixaram Hermione — temos um monte de coisas para lhe contar...

— Vão embora! — disse ela esganiçada.

Rony e Harry se entreolharam.

— Qual é o problema? — perguntou Rony. — Você já deve ter voltado ao normal agora, nós...

Mas a Murta Que Geme atravessou de repente a porta do boxe parecendo mais feliz do que jamais havia visto.

— Aaaaaah, esperem até ver. Que horrível...

Eles ouviram o trinco se abrir e Hermione saiu, soluçando, as vestes cobrindo a cabeça.

— Que foi que houve? — perguntou Rony inseguro, se aproximando da amiga. — Você continua com o nariz da Emilia ou coisa assim?

Hermione deixou as vestes caírem e Rony recuou contra a pia.

O rosto da garota estava coberto de pelos negros. Os olhos tinham virado amarelos e orelhas compridas e pontudas espetavam para fora dos cabelos.

— Era um pelo de gato! Emilia Bulstrode deve ter um gato! E a poção não deve ser usada para transformar animais!

— Uau! — exclamou Rony, realmente impressionado. Se alguém da Sonserina descobrisse, seria o fim para ela.

— Vão caçoar de você horrores — exclamou Murta, feliz.

— Tudo bem, Mione — disse Harry depressa. — Levamos você para a ala hospitalar.  Madame Pomfrey nunca faz muitas perguntas...

Levou muito tempo para os meninos convencerem Hermione a sair do banheiro, e ela só aceitou após Rony, que era muito mais alto, emprestar sua capa, para que a cobrisse inteira. Já estavam na porta quando ouviram Murta gritar lá de dentro:

— Espere até todo mundo descobrir que você tem rabo!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Deixem comentários para alegrar meu coração! ❤



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