Rony Weasley e a Câmara Secreta escrita por biapurceno


Capítulo 13
O Diário Secreto


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! ^^



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Definitivamente a poção polissuco não foi feita para um bruxo se transformar em animal. Mione estava na ala hospitalar há semanas e ainda tinha resquícios da transformação. No início ela não queria nem mesmo a companhia de Rony e Harry de tanta vergonha, e quando iam lá ela tratava de dispensá-los; Rony teve que convencê-la que gostava de gatos para que finalmente ela permitisse que os meninos a visitassem todas as tardes. Na verdade gatos não eram seus animais favoritos, mas até que Hermione-gata não era de todo ruim.

Passar tanto tempo na ala hospitalar também trouxe outros problemas. Como Hermione não apareceu nos dias seguintes, a escola se alvoroçou supondo que ela também havia sido atacada. Rony e Harry inventavam desculpas para ela estar na ala hospitalar, mas que não convenciam a ninguém, ainda mais que achavam que Harry tinha algo a ver com os ataques. As pessoas estavam tão obstinadas à descobrir o que houve que Madame Pomfrey teve que recolocar as cortinas no Leito de Hermione para livrá-la das pessoas que tentavam furtivamente ver o que estava acontecendo.

Rony ia com Harry visitá-la toda tarde. Quando as férias do Natal acabaram e as aulas voltaram ao normal, eles passaram a levar suas anotações para que ela se inteirasse das matérias, e ela ainda fazia seus deveres de casa todos os dias.

— Se tivessem crescido bigodes de gato em mim, eu teria tirado umas férias dos deveres — comentou Rony, quando despejava os livros na mesa de cabeceira de Mione.

— Pare de ser bobo, Rony, tenho que me manter em dia — disse ela decidida. Agora que não tinha mais pelos no rosto e os olhos já perdiam o ar felino, ela andava com o humor bem melhor. — Suponho que não encontraram nenhuma pista nova? — acrescentou aos sussurros, de modo que Madame Pomfrey não a escutasse.

— Nada — respondeu Harry, desanimado.

— Eu tinha tanta certeza de que era Draco — Rony suspirou

— Que é isso? — perguntou Harry, apontando para alguma coisa dourada que aparecia por baixo do travesseiro de Mione.

— É só um cartão desejando que eu fique boa logo — disse Mione depressa, tentando escondê-lo, mas Rony foi mais rápido. Puxou o cartão, abriu-o e leu em voz alta:

A senhorita Granger desejo uma rápida convalescença, seu professor preocupado Gilderoy Lockhart Ordem de Merlin, Terceira Classe, Membro Honorário da Liga de Defesa contra as Forças das Trevas, cinco vezes vencedor do Prêmio do Sorriso Mais Simpático do Mundo do Semanário dos Bruxos.

Rony bufou aborrecido, virando-se para ela.

— Você dorme com isso debaixo do travesseiro?

Mas ela não respondeu porque Madame Pomfrey apareceu para lhe dar a medicação noturna e expulsou os dois da ala hospitalar.

— O Lockhart não é o cara mais exibido que você já conheceu? —Perguntou inconformado a Harry enquanto voltavam para a Sala Comunal. — Não sei o que deu na Mione para gostar de um cara desses.

— Ele é bonitão. — Harry comentou — Pelo menos é o que as meninas dizem.

— As garotas deviam rever seus critérios. Ainda mais Mione, tão inteligente...

Os meninos apertaram o passo de volta à torre da Grifinória. Acabaram passando tempo demais com Mione e se não começassem logo a fazer os deveres de Snape – Que passou conteúdo de um ano inteiro para fazerem em algumas horas – teriam que ficar a noite em claro terminando, ainda mais sem Mione para lhes dar dicas de como facilitar. Aliás, devia ter feito algumas perguntas à ela quando teve chance. Já estavam chegando quando um burburinho chamou a atenção dos dois.

 — É o Filch! — Harry murmurou quando subiam as escadas sorrateiros, apurando os ouvidos.

— Você acha que mais alguém foi atacado? — Rony perguntou aos sussurros.

Os dois ficaram quietos, as cabeças inclinadas na direção da voz de Filch, que parecia um tanto histérica.

— ... Sempre mais trabalho para mim! Enxugando o chão a noite inteira, como se já não tivesse o suficiente para fazer! Não, isto é a última gota, vou procurar o Dumbledore...

Com cuidado, Rony e Harry espiaram para ver do que ele reclamava. O corredor estava completamente inundado, havia água por todos os lados e o zelador tentava, em vão, afastá-la com um rodo velho. E não era só isso, além da inundação, eles ouviram o choro incessante de Murta Que Geme ecoar pelo corredor, o que provavelmente era a causa da inundação.  Filch largou o rodo no chão e saiu andando aborrecido para outro lado. Os meninos ficaram escondidos até o som dos passos sumirem. Eles se esticaram e viram que o zelador voltara a vigiar o local onde Madame Norrra fora atacada.

— Agora o que será que tem a Murta Que Geme? — Rony perguntou.

— Vamos até lá ver — Harry chamou

Rony suspendeu as calças acima dos tornozelos e seguiu Harry até o banheiro interditado.

Murta Que Geme chorava, se é que isso era possível, cada vez mais alto e com mais vontade do que nunca. Parecia ter se escondido no seu boxe habitual. Estava escuro no banheiro porque as velas haviam se apagado com a grande inundação que deixara as paredes e o piso encharcados. Harry se aproximou da porta do boxe com dificuldade, Rony preferiu se manter mais afastado – se ela inundou o banheiro, poderia molhá-los propositalmente.

— Que foi Murta? — perguntou Harry.

— Quem é? — soluçou Murta, infeliz. — Vêm jogar mais alguma coisa em mim?

Harry virou-se para Rony, confuso.

— Por que eu iria jogar alguma coisa em você? — tornou a perguntar à Murta.

— É a mim que você pergunta! — gritou a fantasma, surgindo em meio a mais uma onda líquida, que se espalhou pelo chão já molhado. — Estou aqui cuidando da minha vida e alguém acha que é engraçado jogar um livro em mim...

— Mas não deve machucar se alguém joga um livro em você — argumentou Harry. — Quero dizer, ele atravessa você, não é mesmo?

Mas certamente Harry disse a coisa errada. Murta se estufou e gritou com voz aguda:

— Vamos todos jogar livros na Murta, porque ela não é capaz de sentir! Dez pontos se você fizer o livro atravessar a barriga dela! Muito bem, ha, ha, ha! Que ótimo jogo, eu não acho!

— Mas afinal quem jogou o livro em você?

— Eu não sei... Eu estava sentada na curva do corredor, pensando na morte, e o livro atravessou a minha cabeça — disse Murta olhando feio para os garotos. — Está lá, foi levado pela água...

Rony e Harry se abaixaram para ver debaixo da pia, para onde Murta apontava. Havia um livro pequeno e fino caído ali. Tinha uma capa preta e gasta e estava molhado como tudo o mais naquele banheiro. Olhando de longe poderia jurar que conhecia o livro de algum lugar, ou não; todos os livros da biblioteca eram gastos e velhos.

Harry passou por Rony abaixado, tentando alcançar o livro, mas o ruivo o puxou de volta pela capa.

— Que foi? — Harry perguntou confuso.

— Você está maluco? —Rony bradou — Pode ser perigoso.

— Perigoso? — perguntou Harry rindo. — É um livro, de que jeito poderia ser perigoso?

Rony suspirou impaciente. A ignorância de Harry sobre o mundo bruxo dificultava muita coisa.

— Você ficaria surpreso com a quantidade de objetos simples que podem ser realmente perigosos. — explicou Rony — Os livros que o Ministério da Magia tem confiscado, papai me contou, tinha um que queimava os olhos das pessoas. E todo mundo que leu Sonetos de um Bruxo passou a falar em rima para o resto da vida. E uma velha bruxa em Bath tinha um livro que a pessoa não conseguia parar de ler. Passava a andar com a cara no livro, tentando fazer tudo com uma mão só. E...

— Está bem, já entendi, mas não vamos descobrir se não dermos uma olhada — ele falou empurrando-o para o lado, se esgueirando por baixo da pia na direção do livro.

Harry era um dos caras mais teimosos que já teve o desprazer de conhecer. Quando tocou no livro, Rony chegou a prender a respiração. Por sorte era mesmo um livrinho inofensivo e velho, ou melhor, um pequeno e velho diário. Por isso reconheceu-o, era muito parecido com o diário que Gina passara o verão inteiro escrevendo, mas esse parecia mais velho e gasto. Harry abriu com cuidado e na primeira capa, no cantinho havia o nome “T.S.Riddle”, em tinta borrada.

— Calma aí — Rony falou animado. — Conheço esse nome... T. S. Riddle recebeu um prêmio por serviços especiais prestados à escola há cinquenta anos.

— Como é que você sabe? — perguntou Harry admirado.

— Porque Filch me fez polir o escudo desse homem umas cinquenta vezes durante a minha detenção — Rony lembrou com raiva — Daquela vez que arrotei lesmas para todo o lado. Se você tivesse tirado lesmas de um nome durante uma hora, você também se lembraria.

Harry virou a página cuidadosamente para não rasgar, e virou de novo, e de novo e de novo, mas o diário estava completamente em branco.

— Estranho... — Rony falou pensativo — Não entendo por que alguém quis se livrar dele.

— O dono deve ter nascido trouxa, para ter comprado um diário na Rua Vauxhall... — Harry comentou, mostrando as costas do caderno, onde tinha um endereço de Londres.

— Bom, não vai servir para você — Então Rony sorriu malicioso, cutucando Harry. — Cinquenta pontos se você conseguir fazer ele atravessar o nariz da Murta.

Harry pareceu considerar, mas no fim, guardou o diário no bolso.

Cerca de duas semanas depois Hermione finalmente deixou a ala hospitalar sem nenhum sinal que um dia tivera pelos, bigodes e um rabo. Assim que voltou, Harry logo tratou de contar sobre o diário de T.S. Riddle a Hermione. Rony achou que algum aluno ter bancado o engraçadinho com a Murta era super normal, mas Harry, ao contrário, passava longos minutos folhando e tentando descobrir alguma coisa.

— Aaah, talvez tenha poderes secretos — disse Hermione, entusiasmada, apanhando o diário e examinando-o com atenção.

— Se tiver, deve estar escondendo esses poderes muito bem — Rony comentou. — Vai ver é tímido. Não sei por que você não joga esse diário fora, Harry.

— Eu queria saber por que alguém tentou jogá-lo fora. E também gostaria de saber por que foi que Riddle recebeu um prêmio por serviços especiais prestados a Hogwarts.

— Pode ter sido por qualquer coisa — Rony argumentou. — Talvez tenha ganho trinta corujas ou salvou um professor dos tentáculos de uma lula gigante. Talvez tenha assassinado a Murta; isso teria sido um favor para todo mundo...

Mas embora tenha sido uma piada, Harry e Hermione começaram a se olhar com olhares espantados.

— Que foi? — perguntou

— Bom, a Câmara Secreta foi aberta há cinquenta anos, não foi? Foi o que Draco disse. — Hermione falou ansiosa.

— E... — disse Rony lentamente.

— E este diário tem cinquenta anos — disse Hermione, tamborilando os dedos nele, agitada.

— E daí?

— Ah, Rony, vê se acorda — retrucou a garota. — Sabemos que quem abriu a Câmara da última vez foi expulso há cinquenta anos. Sabemos que T. S. Riddle recebeu um prêmio por serviços especiais prestados à escola há cinquenta anos. Muito bem, e se Riddle recebeu o prêmio por ter pego o herdeiro de Slytherin?

— O diário dele provavelmente nos contaria tudo, onde fica a Câmara, como abri-la, que tipo de criatura mora lá, e a pessoa que está por trás desses ataques desta vez não gostaria de ver o diário rolando por aí, não é? —

— É uma teoria brilhante, Mione — ironizou Rony —, só tem um furinho pequenininho. Não tem nada escrito no diário.

Mas Hermione não deu atenção à sua ironia e tirou a varinha de dentro da mochila.

— Talvez a tinta seja invisível! — sussurrou.

A garota deu três toques no diário e disse: Aparedum!

Nada aconteceu. Insistente, Mione meteu outra vez a mão na mochila e tirou uma coisa que parecia uma borracha vermelho-berrante.

— É um revelador que comprei no Beco Diagonal — explicou.

Ela esfregou a borracha com força em primeiro de janeiro.

Nada aconteceu.

— Estou dizendo que não tem nada aí para se achar — Rony falou impaciente. — Riddle simplesmente ganhou um diário de Natal e não se deu o trabalho de usá-lo.

Porém, por melhores que fossem seus argumentos, de nada adiantava. Quando Harry Potter colocava algo na cabeça, Harry Potter se tornava o garoto mais chato e obcecado que existia. O restante daquela noite ele não soltou o diário um momento sequer. Se recusou a jogar xadrez de bruxo e snap explosivo com ele e nem mesmo participava das conversas. Por fim, Rony e Hermione foram dormir, na esperança de que no dia seguinte já não se lembrariam disso.

Ledo engano. Logo cedo Harry acordou animado com a ideia brilhante de visitar a sala de troféus para examinar o prêmio que Riddle ganhara há cinquenta anos. Tudo que Rony menos queria na vida era voltar àquela sala escura e fria, não após tantas horas gastas polindo e semanas de dores no braço. Porém nada adiantava, Harry queria investigar. Nem mesmo explicar que não havia nada demais naquele prêmio, fez com que o amigo desistisse, e ninguém melhor do que Rony saberia, nem mesmo o próprio Riddle devia conhecer tanto seu prêmio quanto ele. E, como Rony tinha dito anteriormente, não havia nada demais no prêmio. Para não dizer que perderam tempo indo até lá, encontraram o nome de Riddle numa velha medalha de Mérito em Magia e em uma lista de antigos monitores-chefes.

— Ele até parece o Percy — Rony gemeu, enojado. — Monitor, monitor-chefe... Provavelmente o primeiro aluno em todas as classes...

— Você fala isso como se fosse uma coisa ruim — disse Hermione num tom ligeiramente magoado.

— Não é uma coisa ruim, mas ter Percy em casa faz com que essas coisas pareçam ruins. Ele é chato.

— Quero ver achar chato se um dia você for nomeado monitor. — Disse Mione.

Rony deu uma alta gargalhada.

— Até parece que iriam escolher alguém como eu.

O inverno finalmente começava a querer perder a força e agora um sol tímido aparecia vez ou outra dando um ar mais leve ao clima. No castelo, o clima também estava mais tranquilo. Não houveram mais ataques aos nascidos trouxas desde Justino e Nick Quase Sem Cabeça e as mandrágoras estavam ficando imprevisíveis e cheias de segredinhos, o que significava que iam deixando depressa a infância.

— Quando desaparecer a acne delas, estarão prontas para serem reenvasadas — Rony ouviu-a dizer gentilmente ao Filch uma certa tarde. — E depois disso, iremos cortá-las e cozinhá-las. Num instante você terá a sua Madame Nor-r-ra de volta.

A calmaria fazia Rony pensar que talvez o herdeiro da Sonserina estivesse finalmente recuando, não dava para arriscar mais ataques com todos os professores em estado de alerta. Ainda havia quem não acreditasse, Ernesto Mcmillan por exemplo continuava gritando aos quatro ventos que Harry era o culpado de tudo e que só estava aguardando todos esquecerem do assunto para que pudesse atacar novamente.

Já Gilderoy Lockhart parecia pensar que, sozinho, fizera os ataques pararem. Rony ouviu-o dizer isso à Profª. McGonagall quando os alunos da Grifinória faziam fila para ir à aula de Transformações.

— Acho que não vai haver mais problemas, Minerva — disse ele dando um tapinha no nariz e uma piscadela com ar de quem sabe das coisas. — Acho que a Câmara foi fechada para sempre desta vez. O culpado deve ter sentido que era apenas uma questão de tempo até nós o pegarmos. Achou mais sensato parar agora, antes que eu o liquidasse.  Sabe, o que a escola precisa agora é de uma injeção de ânimo. Esquecer as lembranças do período passado! Não vou dizer mais nada por ora, mas acho que sei exatamente o que...

E dando outra pancadinha no nariz se afastou decidido.

O dia catorze de fevereiro trouxe a resposta para o que o professor Lockhart queria dizer com injeção de ânimo. Rony desceu antes de Harry para o café da manhã no salão principal. Ao chegar, poderia jurar que estava no lugar errado.

As paredes estavam cobertas com grandes flores rosa-berrante. E pior ainda, de um teto azul-celeste caía confete em feitio de coração. Hermione estava sentada à mesa, lendo o profeta diário.

— O que aconteceu por aqui? — Rony perguntou, sentando-se ao lado da amiga.

— Está espantado com o salão? — Ela perguntou aos risinhos — Dê uma olhada na mesa dos professores.

Rony mal pôde conter a risada. Lockhart estava usando vestes rosa-berrante, combinando com o salão, e conversava animadamente com uma entediada professora McGonagall, que de segundo em segundo dava profundos suspiros de impaciência. Já Snape parecia que ia explodir o salão, ou a si mesmo, a qualquer momento.

— Dia dos namorados. — Hermione explicou.

Além de Lockhart, as meninas estavam adorando aquele clima romântico. Elas corriam em grupos, apontando para os enfeites, aos risinhos, escreviam cartinhas e apontavam os meninos que passavam. Até Hermione, que no geral não dava importância para aquele tipo de coisa, soltava suspiros por trás do jornal. Para Rony, toda aquela cor rosa lhe causava enjoo.

Harry apareceu depois de um tempo, fazendo a mesma cara de Rony ao ver no que o salão tinha se tornado. O professor Lockhart levantava, gesticulando pedindo silêncio, parecendo um enfeite da decoração muito mal acabado.

— Feliz Dia dos Namorados! — exclamou empolgado — E será que posso agradecer às quarenta e seis pessoas que me mandaram cartões até o momento? Claro, tomei a liberdade de fazer esta surpresinha para vocês, e ela não acaba aqui!

Lockhart bateu palmas e, pela porta que abria para o saguão de entrada, entraram onze anões muito feios e de cara amarrada vestindo uma túnica rosa choque, usando asas douradas e trazendo harpas nas mãos.

Os garotos no salão desataram a rir. Nem mesmo os professores conseguiram se segurar, até mesmo Snape esboçou um sorriso.

— Os meus cupidos, entregadores de cartões! — Lockhart falou sem notar a euforia dos alunos — Eles vão circular pela escola durante o dia de hoje entregando os cartões dos namorados. E a brincadeira não termina aí! Tenho certeza de que os meus colegas vão querer entrar no espírito festivo da data! Por que não pedir ao Profº. Snape  para lhes ensinar a preparar uma Poção de Amor! E por falar nisso, o Profº. Flitwick conhece mais Feitiços de Fascinação do que qualquer outro mago que eu conheça, o santinho!

O professor Flitwick escondeu o rosto nas mãos. O professor Snape, diferente, passou os olhos por cada aluno naquele salão, como se os desafiasse a pedir qualquer coisa parecida.

Rony levantou-se, seguido de Harry, para ir para a próxima aula. Lockhart era louco, só podia. Festa de dia dos namorados? Cupidos? Onde ele estava achando que estavam, num acampamento de garotinhas? Aliás, as quarenta e seis doidas que mandaram as cartinhas...

Como se tivesse tido um estalo em sua mente, Rony virou-se para Mione, incrédulo:

— Por favor, Mione, me diga que você não foi uma das quarenta e seis que enviaram cartinhas ao professor...

Mas ela de repente ficou muito interessada em procurar na mochila o seu horário e não respondeu.

O dia inteiro, os anões não pararam de invadir as salas de aula e entregar cartões, para irritação dos professores. A professora minerva, que ensinava a transfigurar uma vassoura velha em um relógio enorme, jurou que o próximo anão que entrasse iria transformá-lo no suporte para o relógio.

O problema é que os anões não só interrompiam a aula. Eles liam a carta em voz alta, para todos que estivessem num raio de cinquenta metros pudessem ouvir, as vezes eram até mesmo cantadas. Era quase um berrador, mas de juras de amor.

No fim da tarde, quando os alunos da Grifinória iam subindo para a aula de Feitiços, um dos anões alcançou Harry.

— Oi, você! "Arry” Potter! — gritou o anão mal encarado, abrindo espaço com violência entre os alunos.

Harry virou-se para Rony com ar desesperado.

— Vou tentar fugir, me alcancem na aula.

Mas o anão foi mais rápido, e antes que pudesse correr, empurrou Rony para o lado, puxando Harry com violência, trazendo-o de volta para o meio dos alunos.

— Tenho um cartão musical para entregar a "Arry" Potter em pessoa — disse, e empunhou a harpa de um jeito assustador.

As pessoas começavam a se aglomerar, aos risos. No desespero, Harry tentou correr, mas foi agarrado de volta pela mochila, e na violência, esta se rompeu, espalhando livros, penas e pergaminhos por todos os lados, e a tinta ainda caiu por cima, borrando tudo. Rony e Hermione se abaixaram tentando ajuda-lo antes que juntasse mais gente ainda. Quanto mais tempo levavam, mais gente chegava.

— Que é que está acontecendo aqui?

— Que confusão é essa?

Harry ficou mais branco do que já era. Draco Malfoy e Percy acabavam de chegar e iam ouvir o cartão que enviaram ao amigo. No desespero, ele largou tudo que já tinha juntado e tentou correr, mas o anão o puxou de volta, pondo-se a cantar:

“Teus olhos são verdes como sapinhos cozidos, teus cabelos, negros como um quadro de aula. Queria que tu fosses meu, garoto divino, Herói que venceu o malvado Lord das Trevas.”

 

Todos naquele corredor desataram a rir. Rony foi um péssimo amigo, tinha que admitir, pois foi o primeiro a cair na gargalhada; mas não durou muito, pois Hermione, que pelo jeito não havia achado a menor graça, lhe deu um cutucão, apontando Harry. Seu amigo estava tão vermelho que por pouco não soltou fumaça pelas orelhas.

— Vão andando, vão andando, a sineta tocou há cinco minutos, já para a aula — disse Percy, num claro esforço para conter a risada, espantando os alunos mais novos. — E você, Malfoy...

Draco se abaixou e pegou algo do chão. Quando levantou, Rony viu que era o diário de Riddle.

— Devolva isso aqui — disse Harry em um tom ameaçador, estendendo a mão.

— Que será que Potter andou escrevendo nisso? — disse Draco, achando que o diário era de Harry.

Gina olhou para o diário aterrorizada, por certo achando que Harry escrevia seus segredos e de quem gostava naquele livrinho.

— Devolva, Malfoy — Percy se meteu.

— Depois que eu olhar — disse Draco para provocar.

— Como monitor... — começou Percy, mas Harry, com raiva, puxou a varinha e gritou:

"Expelliarmus!" — e do mesmo jeito que Snape desarmara Lockhart, Draco viu o diário sair voando de sua mão. Rony, num bom reflexo, pegou o diário ainda no ar.

— Harry! — Gritou Percy. — Nada de mágica nos corredores. Vou ter que reportar isso!

Mas Harry voltou para o lado de Rony, sorrindo vitorioso, pegando de volta seu precioso diário inútil. Draco, furioso, gritou na hora que Gina passava por ele:

— Acho que Potter não gostou muito do seu cartão!

As pessoas que ainda estavam lá riram, apontando. A menina, completamente constrangida, cobriu o rosto com as mãos e correu para dentro da sala. Rony sentiu seu rosto queimar. Gina não tinha nada a ver com aquela história, expô-la ao ridículo não afetava Harry, somente a ela. Mas Rony não ia deixar barato. Sacando a varinha, avançou na direção de Draco, mas foi puxado de volta para trás.

— Da última vez você passou um dia inteiro arrotando lesmas. Deixa para lá. — Harry levou-o para a sala de aula.

O assunto no restante do dia fora o cartão que Harry recebeu de Gina. Sua irmã sequer apareceu no salão comunal mais tarde, devia estar enfiada no dormitório, com vergonha de todos. Outro que se recusou a ficar no salão comunal foi Harry. Fred e Jorge cantavam sem parar “seus olhos são verdinhos como dois sapinhos cozidos” e seu amigo, pelo jeito, gostaria mesmo é de esquecer essa canção.

Havia muito dever de casa de feitiços, e Rony e Hermione decidiram ficar um pouco mais no salão comunal para termina-los.

— Coitadinha da Gina. Deve estar muito mal com o que houve. — Hermione comentou, enquanto anotava os detalhes do feitiço de encolher.

— Mas que ideia era aquela de mandar um cartão cantado para Harry? Quem em sua sã consciência iria querer receber um? — ele riu.

—Ah Rony, ela é só uma menina, deslumbrada pela fama de Harry, como culpa-la?

Ela fez um floreio com a varinha, e a pena que estava no braço da poltrona encolheu. Rony tentou fazer o mesmo, mas da sua varinha saiu um jato vermelho, que fez com que sua pena carbonizasse no mesmo instante, junto com o braço do sofá.

— Essa sua varinha está um perigo. — Hermione comentou, consertando o estrago. — Você precisa mesmo de uma nova. Essa ainda vai te levar para o hospital.

Rony soltou um muxoxo. Aquela varinha, embora tentasse disfarçar e levar na brincadeira, estava o deixando realmente irritado. Nenhum, absolutamente nenhum feitiço saía como planejava, ou nem sequer saía. Por causa dela já havia passado dias vomitando lesmas, já havia levado bronca de professores e se continuasse daquele jeito acabaria levando bomba nas matérias por não conseguir realizar nada do que pediam.

Depois disso, Rony decidiu que era hora de dormir. Não adiantava nada praticar feitiços com uma varinha errante. Juntou suas coisas na mochila e finalmente foi para o dormitório, já sonhando com a cama. Ao entrar, encontrou um Harry suado, caído em cima da cama, os óculos tortos e a respiração ofegante.

— O que houve? — Perguntou preocupado.

— Foi Hagrid — ele falou febril — Hagrid abriu a câmara secreta há cinquenta anos!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham curtido, deixem comentários para alegrar meu coração.



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