Rony Weasley e a Câmara Secreta escrita por biapurceno


Capítulo 1
O Silêncio de Harry Potter


Notas iniciais do capítulo

Oieee!!

Ahh que felicidade voltar a postar... Nesse tempo que fiquei off aproveitei para terminar esse livro que já estava no finalzinho e cá estou!! ^^ Como em Pedra Filosofal, essa fic será atualizada toda semana, mas dessa vez às sextas feiras.

E vamos ao primeiro capítulo, espero que gostem!



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Rony olhou esperançoso pela janela, aguçando a visão, esperando ver de longe a coruja branca trazer a resposta das dezenas de cartas que enviara naquele verão. Mas, bem longe, vinha uma coruja acinzentada voando com dificuldade, trazendo consigo uma resposta de outra carta. No fundo sabia que a tal coruja branca não iria trazer sua resposta. Ao entrar pela janela a velha coruja da família, Errol, caiu desmaiada. Rony bufou e deitou o pássaro na mesa, desamarrando o envelope de sua pata, deparando-se com uma inconfundível letra bonita e caprichada.

“Querido Rony,

Também não obtive resposta alguma. Enviei algumas cartas por correio trouxa, mas também foi em vão. Talvez o tio dele o tenha proibido de enviar cartas. Convenhamos que ele não é nada agradável e faria qualquer coisa para prejudicar o Harry. Mandei um presente de aniversário a ele, mas creio que ele também não recebeu.

Ah! Não posso ir a sua casa por hora, tenho estado um tanto ocupada, Mas agradeço sinceramente o convite.

Afetuosamente

Mione”

Rony suspirou desanimado, se jogando de costas em sua cama, a carta escorregando de sua mão. Ronald Weasley, um garoto alto, magro e ruivo, caçula de cinco irmãos (mais velho apenas que a única menina, Gina) e, como toda sua família, era um bruxo. Estudava na melhor escola de magia e bruxaria do mundo, Hogwarts, que era dividida em quatro casas: Lufa-Lufa, Corvinal, Sonserina e Grifinória, sua casa, onde no ano anterior cursou o primeiro ano junto a seus amigos Hermione Granger e Harry Potter. O trio ficou conhecido por lutar contra vários obstáculos para salvar a Pedra Filosofal das garras do Lorde das Trevas, Voldemort, um bruxo perverso que no passado fizera várias vítimas, e que fora derrotado por Harry quando ainda era um bebê, feito que fez com que seu melhor amigo se tornasse a pessoa mais famosa do mundo bruxo.

Por falar em Harry, algo estava errado. Tanto Rony quanto Hermione enviaram a ele diversas corujas durante todo o verão, mas não obtiveram resposta alguma. Talvez Hermione tivesse razão, o tio de Harry, que era trouxa – ou seja, não possuía magia dentro de si – não gostava dele e não aceitava o fato do garoto ser bruxo; talvez estivesse impedindo-o de responder as cartas. Ou poderia ter acontecido algo pior ainda, Você-Sabe-Quem não estava morto, e mesmo que estivesse em uma semi-vida ainda havia diversos seguidores que estariam dispostos a ceder seus corpos para ele, como no ano passado fez o professor Quirrel. Se ele tiver ido pessoalmente procurar Harry, tanto ele quanto seus tios nada poderiam fazer. Não, não iria pensar nessa possibilidade. Afinal, ele era Harry Potter, se Você-Sabe-Quem o tivesse apanhado, o mundo bruxo saberia.

Um clique da porta do quarto chamou sua atenção. Gina entrou com seu habitual ar maroto, segurando uma boneca de cabelos ruivos e compridos, como os dela.

— Mamãe quer que você desça logo para desguinomizar o jardim.

— Já vou descer, agora estou ocupado. Fecha a porta quando sair.

Mas Gina não fez menção de sair, pelo contrário, sentou-se na cama de Rony, balançando os pés no ar, displicente. Ele suspirou com impaciência.

— O que você quer?

Ela deu um risinho agudo.

— Você já conseguiu falar com Harry Potter?

Bufou, irritado. Gina passara o verão inteiro falando em Harry, como seus olhos verdes eram bonitos, de seus cabelos pretinhos e arrepiados, perguntando do que ele gostava de comer, se tinha alguma mania ou se gostava de alguma menina em Hogwarts. De tanto falar nele já começava a achar seu melhor amigo chato.

— De novo com essa história? Não consegui falar com ele, ele não respondeu minhas cartas e eu não sei se ele vai vir passar o restante das férias conosco. Agora quer sair do meu quarto?

— Ele pode vir mesmo para cá? — Gina corou dos pés a cabeça — Não estou preparada para recebê-lo.

Rony revirou os olhos.

— E lá vamos nós de novo... Então caso ele venha você se tranca no seu quarto e só sai de lá quando formos para Hogwarts. Está bem assim?

Em outro momento, Gina daria uma resposta malcriada a ele e então seguiriam discutindo por mais um tempo até Rony agarrá-la pelo braço e coloca-la porta à fora, porém ao invés disso, colocou o cabelo atrás da orelha e abaixou a cabeça. Ela só fazia isso quando estava nervosa ou com medo.

— O que é?

Ela suspirou.

— Eu sei que mamãe e os outros não querem falar sobre isso, mas para falar a verdade eu não quero ter surpresa, eu quero saber como passar pela seleção das casas, como faço para ser da Grifinória, que perigos vou enfrentar para entrar na escola. Cada um me conta uma história diferente e eu já estou ficando louca!

Rony sorriu. Lembrava-se no ano anterior de seus irmãos e seus pais escondendo a verdade de como era a seleção das casas em Hogwarts. Inventaram de tudo, desde testes de magia e provas de obstáculos até luta com trasgos e dragões. Rony estava uma pilha de nervos achando que sequer entraria na escola por não ter talento o suficiente para nada.

— A seleção é feita por um chapéu.

Gina abriu e fechou a boca algumas vezes, por fim, rosnou, irritada.

— Se não quer falar, não fala. Um chapéu, onde já se viu...

— Não estou brincando. — Rony riu — Você só precisa usar um chapéu preto e velho na frente de toda a escola, o Chapéu Seletor. É um chapéu falante que lê seus pensamentos e analisa suas qualidades, com base nisso disso ele escolhe a casa que você vai ficar.

— Mas Jorge disse que eu teria que lutar contra um cão de três cabeças.

— E você ainda acredita no Jorge. Não conhece seu próprio irmão? — Rony falou jogando um travesseiro em Gina, fazendo ela rir.

— Mas... Assim eu não mostro do que sou capaz, quero dizer, como vão saber se sou corajosa o bastante para ser da Grifinória?

— Acredite, o chapéu sabe. Tive a impressão que ele sabe o que você quer, e ele leva isso em conta.

Gina mordeu o lábio.

— Olha, — Rony sentou-se ao lado da irmã — Tenho certeza que vai dar tudo certo. Caso você fique nervosa, olhe para mim na mesa.

— Obrigada, Rony. — ela falou descendo da cama — O que é isso? — A carta de Hermione tinha caído no chão sem que percebesse, e Gina acabou pisando em cima da carta caída no chão, apanhando-a.

— Devolve! — Rony falou depressa, mas Gina correu para o outro lado do quarto, aproveitando para ler. Ele alcançou a irmã, que era bem mais baixa, e arrancou a carta de sua mão.

— Isso é falta de educação! — bradou.

— Você precisa fazer alguma coisa! — Gina exclamou —  e se o tio dele o estiver torturando? Sabem-se lá as coisas que os trouxas são capazes de fazer, eles têm métodos cruéis, como o revolvível. Papai já falou sobre isso uma vez e pode machucar de verdade. Por favor, Rony, faz alguma coisa.

— Não se meta nisso. — Rony falou, agarrando a irmã pelo braço e levando-a para a porta. — Eu já estou resolvendo.

— Está bem, está bem. — Ela levantou a mão em sinal de rendição — Me fala só mais uma coisa: Essa tal de Miona, ela gosta do Harry?

— Claro que não! — Rony falou enfático demais, sentindo as orelhas esquentarem — Quero dizer, nunca perguntei a ela. Aliás, não me interessa. E também, o nome dela é Mione, não Miona. Quer saber, dá o fora!

E fechou a porta.

— Mamãe está te chamando, lembra? — Gina gritou do lado de fora.

Mas Rony não respondeu, pegou um pedaço de pergaminho e pôs-se a escrever:

“Harry,

Estou ficando realmente preocupado. O que está acontecendo? Se não receber resposta até amanhã vou mandar meus pais buscá-lo.

Rony.”

Dobrou o pergaminho e preparou-se para enviar Errol. A coruja tinha acabado de acordar do desmaio e o olhou com ar de súplica, balançando as asas nervosamente.

— Está bem. — falou impaciente — Vou ver se Percy me empresta a coruja dele, seu preguiçoso!

O quarto de Percy ficava no quinto andar. Rony desceu os dois lances de escada que separavam seu quarto do quarto de seu irmão. A porta do quarto de Percy era branca, no alto estava escrito: Quarto do Percy, bata na porta. Porém o nome Percy estava descascado, pois Jorge tentou substituí-lo por bobão. Rony pôde ouvir o som de uma música vindo de dentro do quarto, o que era muito esquisito; Percy não gostava de ouvir músicas. Rony bateu na porta uma vez, duas vezes, com mais força, chamando alto, porém Percy não dera sinal de vida. Então não teria escolha, teria de entrar sem avisar. Girou a maçaneta silenciosamente. O quarto de Percy era muito diferente do quarto de Rony. Era maior e mais claro, e estava sempre bem arrumado. O de Rony, era pequeno e com o teto baixo, já que era no último andar e só era organizado quando sua mãe o obrigava. Rony adentrou o quarto. Um rádio ao lado da cama tocava uma música romântica tão alta que até sua coruja, Hermes, afundava a cabeça entre as asas para abafar o som. Percy estava sentado na cama, recostado em algumas almofadas de olhos fechados. Pensaria até que estava dormindo, mas ele ostentava um sorriso sonhador nos lábios. Rony reparou também que o irmão segurava um pedaço de pergaminho junto ao peito. Era a cena mais estranha que já vira na vida.

— Percy? — chamou alto.

Percy levantou-se em um salto, jogando o rádio no chão e escondendo o pergaminho debaixo do travesseiro. O rosto dele estava vermelho como um tomate e os olhos estavam saltados para fora. Rony recuou alguns passos.

— Por que não bateu? — Percy perguntou entre os dentes.

— Eu bati — Rony se defendeu — Mais de uma vez, mas você não me ouviu. O que deu em você, agora gosta de músicas de garotas?

— Não é da sua conta — Percy falou enfurecido — Vai embora daqui!

— Eu já vou, queria pedir o Hermes emprestado para enviar uma carta ao Harry...

— Não posso emprestar, vou precisar dele. Usa o Errol.

— Errol não aguenta mais uma viagem, ele acabou de voltar da casa de Hermione. Preciso muito enviar essa carta. — insistiu — O que está acontecendo com você? Nunca foi egoísta. Já é a décima vez que peço Hermes emprestado e você nega.

— Não posso, sinto muito. Tenho enviado muitas cartas esse verão... — Percy ruborizou. Então agarrou Rony pelo colarinho da camisa e levou-o para fora — Agora saia daqui.

E bateu a porta com força.

Rony saiu desanimado. Percy estava muito esquisito nessas férias. Vivia trancado no quarto, mandando cartas e mal falava com os irmãos. Nem mesmo as insinuações maldosas que os gêmeos faziam sobre ele ficar trancado no quarto o dia todo fazia com que ele desse alguma atenção especial à família.

De qualquer forma, precisava de alguma notícia de Harry, saber se ele estava bem. Guardou a carta no bolso do jeans que usava e desceu. Talvez pudesse falar com algum de seus amigos via Flu e pedir uma coruja emprestada.

Na cozinha estava somente Molly e Gina. Sua mãe estava absorta lendo o livro Guia de Pragas Volume 1: Como Acabar Com Pragas de Cozinha por Gilderoy Lockhart. Ela adorava os livros desse bruxo, passava horas lendo e admirando as histórias, aventuras e dicas que ele escrevia. Também, quando ninguém estava perto, admirava a grande foto do bruxo sorridente na contra-capa. Enquanto isso, Gina comia distraidamente uma tigela de doce de abóbora. Rony passou silencioso pelas duas a caminho da sala.

— Onde você pensa que vai, mocinho? — Molly chamou sem desgrudar os olhos do livro — Você tem tarefas a cumprir. Daqui a pouco é hora do jantar e você não foi ajudar seus irmãos a desgnomizar o jardim.

— Eles dão conta da desgnomização, eu tenho que fazer uma coisa.

— Ronald Billius Weasley! — Molly exclamou. Se chamava seu nome completo, não estava de brincadeira — Eu não gosto de mandar duas vezes!

— Mamãe é sério — Rony insistiu — Harry não me respondeu ainda...

— Quando seu pai chegar vamos conversar mais sobre o silêncio de Harry, por enquanto quero você lá fora com seus irmãos.

Rony saiu rosnando. Ela não estava entendendo o perigo que seu amigo poderia estar correndo. Não iria insistir, sabia que com seu pai teria mais chances de conseguir ser ouvido.

Rony não entendeu nada quando chegou no quintal e lá não tinha nada além dos mesmos gnomos que tinha há uma semana. Pelo visto Fred e Jorge não haviam feito absolutamente nada; pelo tempo que levou para sair do quarto e para ir ajuda-los, mais da metade dos gnomos já teriam ido embora. Havia um barulho incomum vindo do fundo, atrás da casa, onde provavelmente os gêmeos estavam aprontando alguma coisa. Rony correu na direção do som, porém ao chegar à metade do caminho o som veio correndo até ele. O velho carro que seu pai havia conseguido há um tempo, um Ford Anglia azul, vinha correndo em ziguezague com Fred na direção e Jorge no banco do carona. Rony se jogou para o lado para se proteger e os irmãos pararam o carro pouco mais a frente.

— Querem me matar? — Rony perguntou ofegante, limpando a roupa.

— Matar não... — Fred falou

— Talvez quebrar um braço... — Jorge completou

— Ou uma perna... — Fred continuou.

— Não tem graça! — Rony bradou — O que vocês fazem no carro do papai? Vocês sabem que ele só nos deixa brincar com o carro quando ele está em casa e a mamãe está cochilando.

— Ele não vai saber. — Jorge falou animado — Estamos praticando, venha, vamos deixar você dirigir.

Rony ficou tão eufórico que esqueceu-se dos gnomos e dos irmãos terem tentado atropelá-lo, correndo para o carro, acomodando-se no banco do motorista. Arthur não deixava que dirigisse pois era muito novo, mas à Fred e Jorge ele já tinha ensinado algumas coisas e sempre que podiam os dois davam umas voltas no quintal. Nunca havia sentado no banco do motorista e só agora prestou atenção na quantidade de ponteiros e botões que havia no painel. Havia um botão um pouco maior que os outros e vermelho, Rony levou a mão até ele, mas Jorge impediu que apertasse.

— Esse não. Nem esse nem o de cor preta. — Ele apontou para o botão pequeno ao lado do volante — Estão enfeitiçados pelo papai. O vermelho faz o carro voar e o preto faz com que fique invisível.

— Papai deveria prender a ele mesmo por fazer essas coisas... — Rony comentou, impressionado.

— Não só isso, ele enfeitiçou também para ficar mais fácil dirigir. O carro tem um pouco de reflexo e não precisa passar a marcha, é automático. — Fred falou excitado.

—Passar o quê?

— Mas ainda precisa de uns ajustes. — Jorge continuou a explicação — Vez ou outra ele engasga e não sai do lugar.

— E vocês já voaram nele alguma vez? — Rony perguntou curioso — É claro que já. — Concluiu ao ver o sorriso dos irmãos.

— Mas ele não voa muito bem, não se for muito distante. — Fred observou — Às vezes o botão de invisibilidade sai sozinho, fazendo com que o carro fique visível. Mas fora isso, é ótimo!

— Bem, chega de papo e presta atenção, não é difícil. — Fred começou — Primeiro de tudo você gira essa chave. — Fred girou e o carro fez um som como se estivesse tossindo — Viu, está ligado. Caso não tenha a chave, é só dar um toque com a varinha que ele liga, mas como não podemos usar magia... Enfim, continuando...

Não demorou muito para Rony entender como o carro funcionava e logo estava dando voltas pela parte de trás do quintal com Fred e Jorge. A desgnomização ficou totalmente esquecida, dirigir era muito mais divertido. Os três revezavam na direção e apostavam para ver quem esmagava mais frutas no quintal, aposta que Rony perdia de lavada uma vez que não tinha tanto controle sobre o carro quanto seus irmãos. Só não voaram porque seria arriscado demais com sua mãe acordada.

Quando se deram conta a hora já estava muito avançada e não haviam expulsado sequer um único gnomo. Os garotos guardaram o carro no lugar e correram às pressas para a frente da casa. Os gnomos, criaturas pequeninas, feias e com a pele dura como batata, com perninhas e bracinhos curtos, corriam pelo quintal alegremente.

— Vamos entrar logo, assim mamãe não vai sair para nos procurar e não vai reparar que não fizemos a desgnomização. Amanhã quando ela vir os gnomos vai achar que eles voltaram, assim nos oferecemos para fazer “de novo”. — Fred deu a ideia.

— Boa! — Jorge exclamou — É um fato, você ficou com a inteligência e eu com a beleza.

— É claro que não, meu caro. — Fred retrucou — Eu sou muito mais bonito que você, e mais inteligente também.

Rony piscou confuso.

— Alguém já disse a vocês que são gêmeos idênticos?

— Idênticos? — Jorge fez cara de incredulidade

— Você e o Carlinhos são mais parecidos do que eu sou com Jorge. — Fred fingiu-se de ofendido. — Como pode dizer isso, somos seus irmos há doze anos!

— Carlinhos é mais de cinco anos mais velho que eu, mais baixo que eu e não tem olhos azuis. — Rony riu — Vocês são loucos!

— E desobedientes também.

Rony, Fred e Jorge viraram-se assustados. Molly estava parada, com as mãos na cintura, batendo o pé no chão. Automaticamente os três deram um passo para trás.

— Olá mamãe — Fred falou nervoso — Como a senhora está bonita...

— Não me venha com essa, Fred Weasley — Molly bradou — Mandei que vocês três fizessem uma tarefa simples, que não tomaria nem duas horas do dia, mas ao invés disso resolveram brincar com aquela coisa que seu pai trouxe para casa. É Jorge, eu ouvi o som, aquilo não é nem um pouco silencioso. Não posso contar com vocês três para nada, sempre acham uma forma de me desobedecer. Amanhã bem cedo vou acordar vocês para fazer a desgnomização e eu não quero ouvir reclamação. Agora entrem para o jantar e deem graças a Deus por eu não deixar vocês sem comida.

Os três entraram de cabeça baixa, Molly Weasley conseguia fazer com que os filhos ficassem arrependidos com muita facilidade através de seus sermões. Dependendo do que tivessem feito o sermão durava horas, as vezes dias. Como da vez que explodiram a casa de quinquilharias de seu pai; ela falou do ocorrido por duas semanas. Rony procurava ficar afastado de problemas que pudessem alterar o humor de sua mãe, mas quase sempre arrumava um jeito de se meter em encrencas com ela.

O jantar ao contrário do que pensava seguiu tranquilo, embora vez ou outra Molly murmurava algo como “desobedientes” e “rebeldes”. Quando todos já estavam satisfeitos, seu pai, Arthur, chegou em casa, esbaforido.

— Noite! — ele falou enquanto Molly pegava seu casaco — Hoje foi um dia corrido no ministério. Vim jantar, mas terei de voltar para lá.

— Voltar? — Molly perguntou aflita — Já é a segunda noite que você precisa se ausentar de casa.

— É necessário, querida, — Arthur a consolou com um beijo na bochecha — Eles vão me pagar horas extras, o início das aulas já estão para começar e Gina vai entrar para Hogwarts, temos que comprar vestes femininas para ela.

Molly não argumentou. A situação financeira da sua família não podia se dar ao luxo de dispensar horas extras.

 Aproveitando o silêncio momentâneo Rony levantou a questão que tanto o incomodava.

— Papai, precisamos conversar. — disse sentando-se ao lado do pai — O Harry não respondeu nem a mim nem a Hermione o verão inteiro, não deu nenhum sinal de vida. Estamos preocupados, ano passado você-sabe-quem tentou matá-lo, e se aconteceu alguma coisa?

Arthur olhou para Molly apreensivo.

— Eu e sua mãe já conversamos sobre isso. — disse ele — Se Harry não fizer nenhum contato com você essa semana, buscaremos ele na sexta-feira.

— Mas papai, não podemos esperar até o fim de semana, hoje ainda é segunda. Sabe-se lá quantas coisas podem acontecer em quatro dias. E se ele estiver sendo torturado pelos tios trouxas?

— Já está decidido, Rony. — Arthur falou conclusivo — Essa sexta-feira iremos buscar Harry na casa em que mora. Até porque ele recebeu uma notificação por usar magia fora de Hogwarts e...

— Como é?! — Rony, os gêmeos, Gina e Molly gritaram juntos — Se ele teve que usar magia fora da escola é porque aconteceu alguma coisa séria. — disse Rony, desesperado — Harry não é burro, ele sabe que não pode usar a varinha em casa. Temos que buscá-lo agora!

— Acalme-se, Rony — disse Molly — Arthur, isso pode ser sério.

— O ministério enviou-lhe uma notificação e foi assegurado que ele a recebeu, então ele está em casa. — explicou — Não há necessidade de nos precipitarmos.

— Certo! — Rony levantou-se com raiva — Se acontecer alguma coisa com o Harry a culpa vai ser de vocês dois!

Rony subiu para seu quarto às pressas. Não conseguia acreditar no descaso que estavam tendo com o assunto. Não estava convencido com o argumento de seu pai de que tudo estava bem, Harry jamais usaria magia fora da escola sem ter um bom motivo para isso. Não usar magia fora de Hogwarts era o primeiro aviso de férias e o mais importante. Cada bruxo menor de idade possuía um rastreador natural, onde o ministério poderia saber que naquele local há um bruxo menor fazendo magia. Não é um sistema perfeito, pois se houver um bruxo maior de idade e um menor no mesmo lugar o ministério não consegue diferenciar qual dos bruxos fez magia. Rony ficou tentado a fazer magia em casa durante o verão, uma vez que o ministério não teria como provar que foi ele, mas no geral os adultos levavam muito à sério essa história de não fazer magia fora de casa, e não permitiam seus filhos fazer. Já no caso de Harry não havia como fugir, não havia nenhum bruxo maior de idade morando com ele e se houve magia vinda de lá só pode ter sido dele. O que pode ter acontecido para que ele chegasse a esse extremo? Seja lá o que houve, não poderia esperar até sexta-feira.

Rony finalmente decidiu o que fazer, pegou um pedaço de pergaminho e uma pena e pôs-se a escrever.

“Mione,

Meu pai nos avisou que Harry usou magia em casa e foi notificado pelo ministério por isso. Ele sabe da proibição e não faria uma burrice dessas sem ter um bom motivo. Meus pais querem buscá-lo na sexta-feira mas acho que não podemos esperar tanto tempo, pode ser tarde demais. Por isso estou indo escondido hoje à noite. Te mando notícia assim que puder.

Rony.

PS: Venha passar o fim das férias conosco, você não pode estar tão ocupada assim.”

Rony olhou em volta, precisava enviar a carta rapidamente, mas como fazê-lo? Errol, percebendo o que Rony queria, levantou-se prontamente de seu sono no parapeito da janela, abrindo as asas.

—Tem certeza, aguenta mais uma viagem até a casa da Hermione?

A coruja esticou a pata em resposta. Amarrou o pedaço de pergaminho na pata de Errol e então ele levantou vôo. Agora era só esperar todos irem dormir para que pudesse sair para fazer o resgate.

Rony colocou seu pijama por cima de seu jeans para disfarçar e passou as duas horas seguintes maquinando como faria para chegar à casa de Harry. Sabia que ele morava na Rua dos Alfeneiros, número 4, Little Whinging, Londres, mas não fazia a menor ideia de como chegar lá. Pensou no Noitebus Andante, um ônibus bruxo, roxo berrante, de três andares, que apanha bruxos e bruxas perdidos os leva aos seus destinos. Embora nunca tenha andado nele, sabia que para chamá-lo o bruxo só precisa estender a varinha com a mão e o ônibus o levaria aonde quiser. O grande problema é que o noitebus não pára, a todo momento ele faz curvas fechadas, faz latas de lixo pularem para o lado e passa entre carros mesmo que o espaço seja de apenas alguns centímetros. Ao final da viagem todos acabam com um terrível enjoo e alguns hematomas. Porém era a melhor opção.

Um barulho do lado de fora fez com que Rony pulasse para cima de sua cama, jogando o cobertor laranja por cima de si. Molly entrou de fininho no quarto e sorriu ao vê-lo ainda acordado.

— Pensei que já tinha dormido. — Ela falou sentando-se ao lado do filho.

— Estou sem sono. — Rony falou emburrado.

— Eu sei que você está preocupado com Harry, mas entenda, meu filho, não podemos simplesmente sair invadindo a casa dos tios do menino e arrancá-lo de lá, isso seria contra a lei. Temos que investigar o que houve de verdade para então tomarmos alguma atitude. Se ele não disser nada até sexta-feira aí então seu pai conseguirá um mandado no ministério para busca-lo.

— Você não compreende, mamãe. Harry pode estar sendo torturado nesse momento.

— Nós saberíamos se alguma coisa desse nível tivesse acontecendo, notícias ruins correm depressa. — Rony virou-se na cama, ficando de costas para Molly. Não conseguia se conformar com o descaso que seus pais faziam com o que poderia estar acontecendo com seu amigo. Ela se debruçou sobre o corpo de Rony, ficando com o rosto próximo do seu — Não fique chateado conosco, Rony. Vai ficar tudo bem com Harry, você vai ver.

Rony limitou-se a bufar. Molly, percebendo que o filho continuaria irredutível, lhe deu um beijo no rosto, desejou boa noite e saiu do quarto.

Resolveu ficar deitado mais um pouco no caso de sua mãe resolver voltar. Quando o sono começou a pesar e já estava quase cochilando, percebeu que era a hora de agir. Tirou seu pijama de cima de seu Jeans, colocou Perebas, seu rato de estimação, dentro de sua caixa, pôs a varinha no bolso de trás da calça e saiu do quarto.

O ruim de ter o quarto no último andar era ter que passar pela porta de todos os quartos sem ser visto. Por sorte todos pareciam estar dormindo há tempos, pois o silêncio reinava na casa. De relance ele viu Molly roncando em seu quarto ao lado de Gina, que aproveitando que Arthur passaria a noite no ministério, foi dormir com a mãe. Chegou ao primeiro andar o mais silenciosamente que conseguiu, e abriu a porta da frente bem devagar, uma vez que ela rangia um pouco; saiu e fechou a porta em um clique baixo, suspirando por finalmente estar do lado de fora, e virou-se para trás.

Foi por pouco que não acordou a casa inteira com o grito que deu. Fred e Jorge, ambos com os braços cruzados, estavam parados a sua frente, com cara de poucos amigos.

— Querem me matar?! — Perguntou com a mão no peito, respirando pesado — O que vocês fazem acordados a essa hora?

— Não é você que faz perguntas, mocinho. — Fred falou sério — Onde você pensa que vai?

— Vou resgatar o Harry. Vou pegar o Noitebus e trazê-lo para cá. — falou passando pelos irmãos, mas Jorge o segurou.

— Rony, você não pode nem atravessar a rua sozinho. — falou puxando-o de volta.

— Qual o problema de vocês? — falou empurrando Jorge — Vocês dois são os primeiros a quebrar regras, por que eu não posso? É por uma boa causa!

— Nem mesmo nós que somos rebeldes, indisciplinados e irresponsáveis podemos deixar você sair sozinho para resgatar alguém que você nem sabe onde mora. — Fred falou sensato.

Rony estava com uma vontade enorme de gritar até acabar o ar de seus pulmões de tanta raiva. De todas as pessoas, Fred e Jorge seriam os últimos que ele pensaria que iria impedi-lo de sair. Aliás, vê-los falando sério e tentando dar lição de disciplina era realmente estranho. Continuou encarando os irmãos por alguns instantes, tentando encontrar alguma solução. Eles eram dois, mais fortes e mais espertos que Rony. Correr não era opção, brigar pior ainda, iria perder. Era o fim, não tinha saída.

— Seus hipócritas. — xingou —  Saiba que se aconteceu algo com meu amigo, vocês também serão culpados.

Ele abriu a porta da frente com violência, frustrado, pisando grosso.

— É só isso?

Rony parou diante da exclamação de Fred. Os dois ostentavam uma expressão marota no rosto.

— Vocês são dois, eu sou um. Não vale a pena insistir, vou perder de qualquer forma.

— Dissemos que você não poderia ir sozinho. — Jorge falou puxando Rony de volta — Mas não dissemos nada sobre levarmos você lá.

— Nada de Noitebus, é muito chato. — Fred falou segurando o outro braço de Rony. — Temos uma ideia melhor.

Foi tudo muito rápido. Fred e Jorge arrastaram Rony para o fundo do quintal, abrindo a casinha de madeira onde o carro azul de seu pai estava guardado, empurrando-o para o banco de trás.

— Esperem! — Rony gritou — Vocês estão loucos? Vão roubar o carro do papai para travessar o país? E todo aquele papo sério comigo alguns minutos atrás?

— Mas nós te dissemos, somos rebeldes. — disse Fred, acomodando-se no banco do motorista.

— Indisciplinados. — Completou Jorge, sentando-se no banco do carona.

— E irresponsáveis — Fred concluiu, ligando o carro.

 — E estamos loucos para sair da cidade voando com o carro!


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Espero que sim! Deixem comentários para alegrar meu coração!



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