Não Tão Estranha Assim escrita por Débora SSilva


Capítulo 7
Capítulo 6 - Olhos e seus problemas




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/773368/chapter/7

Capítulo 6
Olhos e seus problemas
Blair Montello

Já faz dois dias desde a invasão do cara Lindão e, não, eu ainda não consegui fazer minha mente para de chamá-lo assim, Lindão, Lindão, Lindão! Nos dias que se seguiram ao café da manhã estranho e a visita do Lin...do Max, ainda reencontrei meus amigos novamente. Almocei com Amélia e passeei com Lily e ontem Carter veio jantar comigo antes do trabalho. Ainda preparei várias sobremesas e lanches para ele comer durante a madrugada.

O Carter começou cedo a trabalhar na Marshall's Pizzas, e nas férias faz horas extras, já que a pizzaria funciona 24horas. Ele teve um inicio precoce na vida adulta graças aos problemas familiares que se seguiram e, para tornar a vida de Lily sempre mais confortável, Carter abriu mão de muita coisa. Felizmente ele arranjou emprego com o Charles Marshall, um dos homens mais bondosos que ele poderia ter conhecido.

Após acordar, tomar um banho e dar comida para Sun Hee, tomo um café com ovos e bacon. Vou xeretando os armários e comprovando o que preciso fazer nesse dia de sol, algo que não faço desde a viagem dos meus pais: ir ao mercado. Vejam bem, não sou nenhuma fã de filas e carregar peso, por isso minha mãe fez uma compra do tipo “apocalipse zumbi”, estocando tudo do bom, melhor e pior dentro de casa para mim. Mas, com muitas bocas sobressalentes vindo se alimentar na minha casa, a coisa ficou difícil e a comida acabou mais cedo do que deveria.

— É, Sun Hee, sua saidinha pra rua vai ser mais cedo do que eu desejava — a cachorrinha dá um pulo e abana o rabo para mim quando me vê pegando na coleira e já sabe que vai dar uma visita a chamada rua. — Eu só vou me trocar e nós já vamos.

Corro até meu quarto e visto uma calça jeans, um blusão com um dos personagens de Cavaleiros dos Zodíacos estampado e, ao descer, calço meu tênis preto. Assim que me arrumo já focalizo em Sun Hee que está com a cólera presa entre os dentes, me oferecendo. Caio na gargalhada e coloco a colhera em minha cachorrinha, antes de sair pego minha bolsa que já esta com minha carteira e a encho com alguns saquinhos caso Sun Hee decida defecar no meio do caminho.

Assim que saímos de casa decido que o melhor a fazer é andar um pouco mais para o centro da cidade, indo até um grande mercado onde permitem a entrada de animais. Sun Hee é sempre muito comportada, então não a problema algum em levá-la a um mercado. Como previsto, pelo caminho Sun Hee decide deixar seus “bombons” pelo caminho, aos quais cato com um saco e jogo na lata de lixo mais próxima.

Demora um pouco para que nós alcancemos o hipermercado. Assim que chegamos, passo pelo estacionamento e quando entramos vou diretamente para os carrinhos. Alguns senhores, que são funcionários do estabelecimento, me cumprimentam e falam com Sun Hee que corresponde com um latido alegre e com uma lambida nas mãos de quem a acaricia. Outros me olham com uma careta, me fazendo crer que são pais de alunos de minha escola e que, provavelmente, já ouviram os absurdos que Jake espalha e que, eu mesma, evito.

Confiro minha lista mental e vou diretamente para os setores necessários, mas paro no meio do caminho, lembrando que não posso comprar muita coisa já que estou sozinha e a pé. Vou então para o setor de massas, decidindo que farei uma macarronada para o almoço e janta, e faço mais uma nota mental de pedir para Carter vir comigo as compras, assim posso comprar tudo de necessário para ele levar em seu carro.

— Droga — murmuro. — Preciso mesmo comprar novos post it, minha memória é péssima, vou terminar esquecendo que preciso pedir a Carter para vir comigo ao mercado.

Sun Hee late para mim e eu me agacho em sua direção.

— Você vai me lembrar, Sun Hee, vai? — faço biquinho e começo a rir enquanto acaricio sua cabeça.

 — Com licença — escuto uma voz rouca e me viro no mesmo instante.    

— E, é o Lindão! — penso, não!, falo. Droga! Eu disse mesmo o apelido dele em voz alto? Meu Deus, que horror! Me levanto e percebo que Sun Hee não está rosnando para o cara a minha frente, na verdade abana o rabo e joga sua língua para fora.

— O quê? — ele pisca os olhos rapidamente e crispa a testa. — Você me chamou de Lindão?

Meu Deus, ele ouviu! Alguém me enterra pelo amor, me enterrem! Só me tirem daqui, socorro!

 — Eu disse leitoso, sua pele é muito branca, nossa — dou uma risada nervosa e o cutuco no braço. Ele me olha estranho, mas termina por dar um sorriso de lado.

Ainda estranho Sun Hee estar indo na direção do Lindão a minha frente e puxo sua coleira, mas então presto atenção ao cara que ainda me olha estranho e até estende a mão para acariciar minha cachorrinha. Seu cabelo é um pouco maior e os olhos são castanhos escuros, definitivamente esse não é o Lindão. Mas aparência ser quase idêntica a dele é bizarro com B maiúsculo.

— Nossa, você parece tanto com um cara que eu conheci recentemente — termino admitindo quando ele se abaixa e vai acariciar Sun Hee, que recebe de bom grado o carinho.

— É mesmo? — ele olha para mim com uma das sobrancelhas levantadas.

— Sim, só que você tem olhos castanhos que, diga-se de passagem, são lindos — faço a observação espontaneamente. Ele ergue a cabeça e volta a encará-lo, a verdade é que os olhos dele não carregam apenas uma cor, mas um divertimento que o menor olhar me dá uma imensa vontade de sorrir.

— Você tá falando sério?! — ele questiona com um sorriso se espalhando pelo rosto.

— Olha, eu tô falando com um desconhecido no mercado — dou de ombros e vejo Sun Hee voltando para o meu lado e se sentando aos meus pés. — Não tem muito do porque de mentir, certo?!

— Certo — ele concorda cruzando os braços. — Ganhei o dia!

— Por quê? — pergunto com um risinho fraco saindo dos meus lábios.

— Bom, dentro de uma família que só tem gente de olhos azuis, é um pouco mais fácil ser notado, mas quando você chega no mundo, normalmente só reparam no cara de olhos azuis. — ele admite dando de ombros, mas isso não parece ser realmente um problema para o garoto, mais está parecendo ser divertido ter os olhos castanhos percebidos por mim.

— Uma família de olhos azuis — repito e arregalo os olhos me voltando para encará-lo novamente, porque já juntei dois mais dois com meus neurônios trabalhando a toda velocidade.

— É, na verdade — ele descruza os braços e dá um sorriso repuxado, parecendo estar se divertindo. — Esse cara que parece comigo e tem olhos azuis, muito provavelmente é meu irmãos e, bom, eu tenho certeza que você me chamou de...

— Ei, Dan! — ouvimos um chamado com uma voz masculina e, droga!, dessa vez eu tenho a certeza que é o Lindão mesmo! Fecho os olhos e resmungo internamente, apenas volta a abrir os olhos quando escuto Sun Hee rosnar. — Já descobri onde ficam as carnes, minha mãe já pegou e tudo mais.

Ele vem andando em nossa direção e então parece me notar e me lança aquele olhar novamente, e não o desvia por nem um segundo, dando apenas um sorriso com seus lábios finos.

— Olá, Blair — ele fala e é tudo que eu preciso para repuxar os lábios em um sorriso e sentir aquelas sensações todas no coração e, cara, que arrepio é esse na nuca?

— Como eu estava dizendo — o outro garoto continua — você deve ter me chamado de l...

— Leitoso, eu te chamei de leitoso porque achava que você era o Max! — interrompo com um sorriso de lado forçado em sua direção.

O garoto parece reparar meu nervosismo e dá um sorrisinho, mas se cala parecendo que vai guardar meu segredo. Mas agora quem me encara estranho é o Lind...o Max, ele me encara estranho porque, pelo jeito, o chamei de leitoso. Pelo menos leitoso é mais fácil de explicar que Lindão. Mas agora também estou numa enrascada com, o que parece ser, o irmão do Max guardando um segredinho bem péssimo de como chamo o cara que tem olhos azuis, argh!

— É que você é bem branco e eu associei sua pele com leitoso, sabe, branco — sorrio nervosa e solto um assovio. — Nossa, o dia tá quente, né?! — me abanei com a mão livre já que a outra eu continuava a segurar a coleira de Sun Hee.

— É, estavam falando que, até agora, é o dia mais quente do ano — o garoto concorda comigo e lanço um olhar de agradecimento a ele. — Mas como você conheceu meu irmão? É que ainda somos novos na cidade.

— Foi a casa dela que invadi — Max que confessa e eu aponto para ele concordando com um menear de cabeça.

E, nossa, ele ainda está me encarando, gente, que ser com probleminhas de encaradas. Mas também reparo que ele segura um sachê com molho e eu nunca torci tanto para algo estourar, se aquilo estourasse seria minha deixa para sair correndo e arrastar Sun Hee dali, esquece almoço, eu posso pedir pizza. Porque eu me conheço e sei que se permanecer aqui vou me meter em mais complicações e eu não quero isso pra minha vida, já basta estar de segredinho e encarando o cara Lindão. Argh, eu preciso parar com o apelido!

— Meninos, vocês estão aí! — ouço dessa vez uma voz feminina e os dois garotos se viram para trás. Meu Deus, nunca vi um corredor tão movimentado, gente!

— Ah, mãe — o garoto que esta, por ora, guardando meu segredo, fala para a mulher que se aproxima de nós com dificuldade ao empurrar um carrinho completamente lotado de comida. E quando eu digo lotado, estou falando de coisa séria! Há uma montanha dentro daquele carrinho e estou tentando decidir se trata-se do Vesúvio ou do Everest. — Encontramos uma conhecida do Max, a — ele se vira-se novamente para mim, parecendo querer confirmar — Blair, certo?!

— Isso mesmo! — concordo, dando um sorriso envergonhado para a mulher que me olha com carinho.

Ela deixa de lado o carrinho, parecendo reparar que ninguém vai conseguir roubá-lo dentro do mercado de forma tão rápida com tanta coisa o deixando pesado, e vem até mim.

— Olá, Blair, é um prazer conhecê-la — ela, de olhos também azuis, porém de sorriso fácil como o garoto que acabei de conhecer, estende a mão e eu a aperto. — E você, gracinha, quem é? — ela faz carinho no focinho de Sun Hee que late com a língua de fora para ela.

— Ela só odeia a mim ou é impressão minha? — Max é quem resmunga e, quando desvio o olhar para ele, advinha? Ele me encara novamente e o coração dá uma martelada no peito, aff, droga de olhares.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Cara, eu tô me divertindo demais reescrevendo essa história. Ela é bem adolescente, o que me causa altas risadas e espero que em vocês também. É isso que quero, que vocês possam se divertir e suspirar durante a leitura desse romance, deixem seus comentários ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Não Tão Estranha Assim" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.