With all the love escrita por SouumPanda


Capítulo 2
Hey, who's Craig?




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Enquanto via o apartamento nos seus últimos retoques os moveis planejados, ele era um duplex por mais que me falaram de Matteo e as escadas  sei que sou prudente o suficiente para cuidar dele para isso, a sala ampla com um longo sofá bege em forma de “ L “ aveludado e a TV de 50 polegadas e home teather, logo atrás a ampla mesa de estar com seis cadeiras de madeira rustica, que podia ver praticamente toda Dallas, por sua grande janela, meu coração saltava de alegria em ter conseguido isso por mérito de trabalho duro e reconhecimento, mas também aos meus padrinhos que me ajudaram com a faculdade. Logo a frente podia se ver a ilha da cozinha e o balcão, com uma pedra branca na qual não lembrava o nome. O acabamento futurístico e ao mesmo tempo simples, pedi coisa pratica já que moraria ali com Matteo que era estritamente hiperativo. A geladeira cinza de duas portas, era maior que o lugar que colocava minhas roupas no guarda roupa que dividia com Florence e o que ela sempre disse odiar.  Era tão iluminado o apartamento, toda sua paz e tranquilidade de aquilo ser meu, e Matteo teria algo meu no futuro.  O local era grande, confesso que luxuoso, cada detalhe que olhava me fazia sorrir feito boba satisfeita. Matteo em meu colo, louco para ir para o chão, mas subimos para o andar superior, apenas faltava uns detalhes em meu quarto e na biblioteca. Fui ao quarto do Matteo que estava pronto, me apaixonei pelo ambiente meia luz de cor areia, do mosqueiro preso no teto indo até o chão cobrindo todo o berço que era branco tradicional, uma comada na qual deixava as peças que mais usaria, coberta por porta-retratos vazios e ursinhos, no fundo em um canto reservado, podia ver a cama de casal simples porém com lençóis brancos, e um baú onde já estava os brinquedos que ele ainda não tinha visto. Olhei para a poltrona de amamentar com pufe que poderia apoiar os pés e logo lembrei que não amamentava e que aquilo não tinha que estar ali, mas a sua volta continha mais ursinhos e no chão um amplo tapete que ia até a cama, era inteiramente macio e meus pés sumiram ao tocar o tapete, então coloquei Matteo no chão e ele já se colocou a explorar. Fiz um pequeno closet para ele, e estava já pronto para uso. Faltava detalhes a ser preenchido, biblioteca, meu quarto e outros dois quartos que ali continha, o apartamento possuía, um banheiro no andar principal, um no corredor e um em cada quarto. Estava quase tudo perfeito, me sentei com Matteo no tapete e me coloquei a brincar com Matteo e dar a atenção que ele merecia.

Quando dei por mim tinha se passado pelo menos uma hora, respirei fundo e pegando Matteo que relutava a ir embora tive que sair. Passei ao mercado comprar coisas que faltava, com Matteo sentado no carrinho ia comprando as coisas com certa dificuldade, quando precisei pegar um tempero que estava alto e um ouvi uma voz conhecida o que me fez sorrir.

— Cami, sempre querendo fazer tudo sozinha. – Dei risada me virando, pegando o tempero e cumprimentando com beijo no rosto era Craig, um colega de trabalho, no qual tinha dado apenas um beijo quando saímos e depois disso não tocamos mais no assunto. Craig, tinha a pele negra, cabelos raspados e maxilar marcado, era alto, atlético e forte, ombros largos, sorriso tão branco quanto de Aidam. Ele era ginecologista e obstetra que fez o parto de Matteo um dos mais conceituados, lembro de nós bêbados no karaokê com a turma do hospital quando acabamos se beijando e nunca mais retornei suas ligações.

— Craig, quanto tempo. – Falei um tanto sem graça e sorri com os olhos quando nossos olhares se cruzaram. – Nossos plantões não se cruzam né?

— Sim, dificilmente estamos se cruzando, mas no próximo mês irei para o diurno. Então se encontraremos. – Ele olhou Matteo que abriu um sorriso a ele que também fez o mesmo. – Como ele pode estar tão grande Cami, está lindo. Porém não lembra muito de você.  – O comentário humorístico me fez revirar os olhos. – O hospital já está comentando a volta de Aidam Wright. Poderíamos ir jantar não esta tarde e seus alimentos orgânicos não irão estragar. – Eu sorri, não consegui negar. Apenas concordei com a cabeça, passamos a pequena compra e logo estava seguindo o Audi TT preto que ele tinha, Matteo estava agitado e quando paramos logo quis ir para o playground e deixei ele lá voltando para a mesa.

— Ele está agitado, o bom que dormirá cedo. – Comentei me sentando e ele apenas me observava e sorria discretamente mostrando os dentes.

— Como está se sentindo com a volta de Aidam, eu não o conheço, porém como me disse aquela vez bêbada ele é o pai de Matteo e as recepcionista estava eufórica porque ele irá trabalhar no hospital. -  . Enquanto ele falava a água que já tinham trazido eu virei, Aidam não tinha me dito que iria trabalhar comigo, não o deixei falar também. Meu coração pulsava e acho que meu rosto corou e Craig franzi-o a testa. – Achei que soubesse.

— Não conversamos sobre nada de nós, apenas Matteo. Não temos um relacionamento que você pensa.  – Olhei em volta para desviar o olhar e ver o playground vendo Matteo.

— Não pensei nada, apenas achei porque não me ligou que tinham se acertado. – Fixei nossos olhares e ele sorrio com os olhos escuros ao meu.

— Me desculpe, não sabia o que falar. Foi um beijo né? Não sabia o que iria pensar de mim e se fosse querer falar comigo. – Falei constrangida e ele gargalhou e se encurvou para frente falando baixo.

— Vi sua vagina no seu parto, um beijo não foi apenas um beijo. E também não foi por ver sua vagina que eu me interessei. – Ele pausou e sorrio maliciosamente. – Não que depois não queria ver ela de outra forma Cami, você é linda e extremamente inteligente, não tem como não se interessar. É uma das mais brilhantes Neurocirurgiãs que já conheci. – A comida chegou, pedi um bife grelhado com folhas e ele o mesmo. – Poderíamos fazer isso por mais vezes, queria te conhecer melhor Camille.

— E eu acho que poderia estar pensando mal. Mas obrigada pelos elogios Craig. – Comia mas um tanto sem fome, enquanto via Matteo gargalhar brincando com as outras crianças com supervisora. – Eu não ando tendo tempo para namoros, quero me dedicar ao Matteo e a carreira. – Sorri enquanto terminava de comer.

— Tem que pensar no seu bem-estar, do que adianta ter uma vida perfeita. Ser brilhante e não poder usufruir do que conquista? – Ele fez uma pausa limpando a boca e colocando a mão sobre a minha. – Vamos com calma, não vou te apressar, quero ser seu amigo, quero que queira estar comigo e cuida de você e amarei Matteo como amei desde que peguei pela primeira vez. – Me encolhi o ouvindo falar e sorri e ele fez o mesmo, apertando minha mão. – Quando estiver pronta, estarei do seu lado e serei o melhor companheiro e namorado, quem sabe futuramente um bom marido. Porque você é o tipo de mulher que queremos ter essas coisas. – Fizemos um silencio absoluto, meu cérebro estava tentando processar o que ele tinha dito e logo foi quebrada por Matteo que vinha com a supervisora, terminei a comida e peguei ele no colo.

— Prometo que ligarei da próxima vez, podemos ir marcando algumas coisas Craig, mas preciso ir, Matteo tem que tomar banho e a comida dele gosto de fazer e está na hora. – Sorri e logo ele pulou da cadeira deixando pago a refeição, fui saindo quando vi a luz do jeep acessa e sabia que a bateria já era.

— Te dou uma carona, pegamos as compras e levo vocês chegando lá ligue para o seguro. – Ele falou calmamente e eu apenas concordei, pegamos as sacolas e transferimos, Matteo foi no meu colo, com muito risco, enquanto dirigíamos em direção a fazenda que logo apontou e as luzes da casa principal podia ser vista. Logo ele parou alguns metros da casa, desci com Matteo e o deixei em casa, voltando para pegar as poucas sacolas. Abracei Craig e beijei ternamente seu rosto, ele sorriu e entrou no carro enquanto fui carregando as sacolas, quando escutei aplausos atrás de mim.

— Que lindo Camille, saindo com homem e levando meu filho junto. – Era Aidam falando exaltado. – Não posso aceitar outro homem perto de Matteo.

— Aidam.  – Me virei para encara-lo. – Você chegou ontem, não pode opinar na minha vida, apenas para de achar que só porque é pai do Matteo sabe o que é melhor para ele. Você não foi um pai presente, não vai ser o melhor pai de um dia para o outro, tem que me provar isso dia após dia.  – Respirei fundo e vi os olhos verdes me consumir e se arregalar. – Preciso cuidar de Matteo, passar bem. – O deixei parado em frente à casa e entrei batendo a porta e pude sentir minha cabeça latejar.

Fiz tudo que tinha para fazer, Matteo estava quase dormindo quando me joguei no sofá e logo levantei assustada com batidas frenéticas na porta, revirei os olhos, podia ver a sombra de Aidam pela janela. Agora ele quer explicação sobre minha vida? Me fez rir como uma boba o meu pensamento, fui até a porta relutante e me deparei com ele, com seu olhar crítico porem ao me ver um sorriso torto e muito sexy brotou nos seus lábios e logo formou uma fina linha sem expressão.

— Podemos conversar? – Ele disse com uma voz rouca e duas linhas de expressão se fez em sua testa.

— Claro, vamos. – Fechei a porta saindo da casa para a pequena varanda, porém comecei a seguir ele em direção a uma grande arvore que tinha a uns 100 metros dali todo o caminho fomos em profundo silencio. Quando chegamos a arvore, sentamos entre seus troncos e senti a leve brisa balançar meus cabelos, ele me olhava e eu apenas de olho fechados sentindo o vento me dar uma certa leveza interior. Quando respirei fundo e o encarei falando de forma calma e terna. – Pode falar Aidam.  – Porem ele continuou olhando e abriu um sorriso mostrando todos seus dentes. – O que foi? – Falei constrangida.

— Fica ainda mais linda quando os seus cabelos balançam com o vento. – Ele fez uma pausa. A lua e as luzes afastada era a única iluminação que tínhamos, mas dava para ver perfeitamente bem um ao outro. Ele continuava a sorrir. – Cami, não paro de pensar sobre nós no riacho. – Sua voz sumiu. – Me desculpe pela forma que agi quando chegou com aquele cara.

— Aquele cara é Craig. – Retruquei enquanto abraçava minhas pernas e continuava a olhar para ele. – Ele é uma boa pessoa Aidam, ele é médico e trabalhamos juntos, somos bons amigos ele me deu carona porque meu carro não pegava. – Respirei fundo e ele fez o mesmo.

— Está saindo com ele? – Ouvia o que ele dizia e pisquei algumas vezes, pressionei os lábios e mordi o interior da bochecha e apenas afirmei com a cabeça. Não era uma total mentira, pretendia sair mais vezes com Craig. A expressão dele de dor em seus olhos me cortou por dentro, seus olhos pararam de brilhar e seu olhar foi desviado dos meu. Podia ver seu lábio tremer e fiquei em choque o vendo daquele jeito. – Não quero ele perto de Matteo, não quero outro homem na vida dele.

— Me desculpe Aidam, mas sei que em Craig posso confiar em ficar perto do meu filho, Craig como pessoa é a melhor pessoa que há como exemplo para Matteo, mas nenhum homem será o pai dele. Você sempre será pai dele, ele tem seu sangue, só espero que seja o melhor pai que consiga ser para ele. Porque ele vai precisar muito de você, que seja o melhor amigo dele. E isso não será papel de Craig. – Suspirei com o olhar fixo nele, porem ele olhava para frente e distante quando tornou a me olhar.

— Não me ama mais Cami? – Ele perguntou com dor em sua voz, engoli seco ao escutar sua pergunta, meu coração pulsava fortemente e fui pega desprevenida, sua mão então tocou meu rosto que queimou e sabia que as bochechas estavam vermelhas. - Não diz que não, porque quando te toco, ou me aproximo posso sentir sua pele quente e corar. Posso ouvir sua respiração exaltada. – Ele pausou e sorrio de forma terna, porem com olhar triste. – Nos conhecemos a tanto tempo Cami e sei quando está interessada em alguém. Como o Luke no colégio.

— Que você socou ele porque me beijou? – Sorri ainda sentindo seu toque acariciando meu rosto.

— Porque sabia que não queria estar com ele, queria ficar comigo. E cada terminação nervosa do meu corpo diz que você ainda quer isso. – Meu corpo tremeu com o que ele disse e apenas sorri sem graça.

— Olha Aidam, temos histórias para contar, um laço pelo Matteo. Mas não posso viver de lembranças e histórias que aconteceu com nós, e muito menos você. – Falei ternamente, me aproximando dele e o beijando na testa demoradamente. – Isso só vai fazer nós sofrermos ainda mais. Se liberte de nós Aidam e me deixe fazer o mesmo. – Me levantei e logo em um salto ele fez o mesmo.  Comecei a caminhar de volta para casa, em total silencio, sabia que quando tomamos decisões apresentamos consequências irreparáveis foi isso que tinha acontecido entre nós. Dois anos não foi o suficiente para esquecer as sensações que Aidam me causava, mas foi o suficiente para sentir dores tão profundas além de física sem ele estar presente, pois era naquele momento que eu precisava dele. Acho que a volta dele, foi um dos motivos que eu precisava para me libertar de tudo que já fomos, por mais duro que seja. Pois desde que nos conhecemos sempre tivemos empatia um pelo outro, se colocando um no lugar do outro e se doando um pelo outro, um amor inocente de criança, a malicia da adolescência e suas descobertas e todo tesão e paixão de uma vida adulta, pela mesma pessoa. Já estávamos em frente à casa principal, quando nos olhamos e pelos meus primórdios pensamentos me peguei sorrindo e ele estava com duas linhas de marca de expressão na testa e logo se colocou sorrir ao me ver sorrindo.

— Camille, você foi meu primeiro amor. – Ele sussurrou e eu sorri afirmando.

 - Mas não posso ser seu único amor, como também tenho que me permitir conhecer outras pessoas. Vamos se libertar dessa reação em cadeia que vivemos Aidam. Dois anos foi o suficiente para tudo que sentíamos. – Falei ternamente e sorri tentando me confortar em pensar que estávamos bem. Ele se aproximou e apertou meu maxilar com sua mão forte, me fazendo formar um bico com os lábios.

 - Sabe essa sensação de frio na barriga e sua pele corada quando chego perto? Nunca vai mudar, porque você é assim Camille, orgulhosa, teimosa, mas que mesmo quando tenta evitar demonstrar algo, é perceptível tudo que sente. – Tudo que ele ia me falando, ia me causando certo desconforto e eu podia sentir o formigamento pelo meu corpo.

— Boa noite Aidam. -  Falei com certa dificuldade por ele estar pressionando minhas bochechas quando me soltou e me virei indo para casa e quando abri a porta ele estava parado no mesmo lugar. Sabia que logo tudo isso passaria, consegui ter uma vida boa sem ele nesses dois anos, nada mudaria de fato qualquer decisão que tinha tomado comigo. Tomei um breve banho e logo fui para a cama, o seguro traria o carro cedo e eu precisava ir trabalhar também, todos dormiam, porém mais do que uma noite mal dormida pela insônia, tive uma noite mal dormida por estar criando causos e paranoias em minha mente.

Acordei e olhei para o lado Matteo estava de pé no berço me olhando, sorri ao vê-lo e logo olhei para o relógio, estava atrasada. Levantei e podia ouvir vozes do lado de fora da casa, meu pai e Aidam conversavam, revirei os olhos, com a minha agitação Florence acordou, com muito mal humor e olhei em suplica.

— Por favor, leve Matteo para Amália, estou muito atrasada. – Falei dando um beijo em Matteo e indo para o banheiro no banho mais rápido que consegui tomar. Me arrumei e logo peguei a caneca com café e fui tomando até meu pai. – A seguradora trouxe meu carro? – Ele sorrio e afirmou com a cabeça e respirei aliviada.  Fui até ele dando um beijo em seu rosto e indo para o carro, joguei minhas coisas no banco do passageiro, coloquei a caneca no porta copos e logo me coloquei a dirigir em direção a Dallas.

Cheguei no hospital e todos me olhavam, será que a maquiagem malfeita estava realmente malfeita? Esse era meu pensamento, cheguei no andar da neurologia podia ouvir múrmuros quando a secretária veio em minha direção com um sorriso e eu fiz uma careta.  Ela era baixa, um tanto acima do peso, era nova no hospital e um doce de pessoa, vivia fantasiando a vida, tinha cabelos encaracolados preso em um coque, e uma maquiagem exagerada no blush, pele morena clara e olhos verdes como o de Florence.

— Dra. Davis tem um médico te esperando na sua sala. – Ela disse exaltada. – E o Dr. Craig Lewis está junto dele te esperando. – Ficamos em silencio. Tem dois médicos na minha sala? Será que tinham pacientes deles que precisavam ser atendidos? Caminhei até a porta, quando abri vi Craig em pé, encostado em uma prateleira conversando com alguém, quando a porta se abriu por inteiro lá estava o meu perseguidor número um, Aidam. Por alguns instantes fiquei sem reação, mas entrei no consultório com um sorriso e sentei de frente para eles. Arqueei uma as sobrancelhas para Aidam e sorri para Craig.

— Podem ir falando. – Olhei para os dois e comecei a organizar a mesa. – Problemas com pacientes? O que posso fazer por vocês? – Apoiei o queixo nas mãos enquanto olhava os dois.

— Camille, uma paciente estava em trabalho de parto e teve um aneurisma cerebral pela força que fez para ter a criança. A criança nasceu por meio de cesária, após perceber, a mãe se encontra intubada e preciso da sua avaliação e se possível em último caso a cirurgia. – Craig começou a falar e eu apenas concordei com a cabeça.

— Farei uma ficha e quero que encaminhe a mãe para a angiografia na tomografia para localizar e ver o tamanho para ver o agravamento do aneurisma, em todo caso vamos fazer a clipagem desse aneurisma o mais rápido preciso. – Terminei de digitar o procedimento e levantei o olhar para Aidam. – E você? – Continuei a digitar e quando terminei o olhei.

— O Dr. Lewis me chamou porque também precisada de um cardiologista. – Retrucou Aidam e eu sorri e afirmei.

— Deixa primeiro vir o resultado da angiografia e depois nos reunimos e vejamos o que é melhor para a paciente. – Comentei e os dois concordaram. – Se for só isso, tenho que ir fazer visitas para meus pacientes já operados se me dão licença. – Levantei da cadeira e fui passando por eles, a secretária esperava na porta com meus prontuários quando entreguei a ela toda especificação à paciente de Craig. Fui andando pelo corredor quando escutei a voz de Craig me chamando e me virei para esperar ele.

— Cami, desculpa. Mas Aidam é o melhor cardiologista que temos agora no hospital e você uma brilhante neurocirurgiã. – Ele parou de falar e eu sorri ternamente.

— Tudo bem Craig, só não deixe ele te intimidar. Conheço ele. Você a acompanhou no pré-natal por isso teve que fazer o parto? – Perguntei e ele concordou e eu sorri novamente, olhamos para trás e Aidam nos olhávamos e continuamos a andar quando parei na porta de um dos leitos e ele respirou fundo. – Farei minhas visitas de rotina, assim que tiver o resultado dos exames não hesite em me procurar. – Assim que terminei de falar entrei no leito e fechei a porta. 

Quando terminei as visitas, sentei na cadeira de frente com a mesa da secretária que atendia pelo nome de Elizabeth e seus olhos brilhavam, fiz uma careta seguida por um riso baixo por ver seu rosto curioso e não me contive.

— O que foi Eliza? – Perguntei e ela já eufórica se curvou para perguntar.

— Dra. Camille, todos estão curiosos no hospital. O novo cardiologista é o pai do príncipe Matteo? – Ela perguntou e eu arregalei os olhos e não apresentei nenhuma expressão. – É que convenhamos, ele lembra tanto o Matteo e como ele ficou olhando você e o Dr. Lewis foi aterrorizante. – Seu comentário me fez rir baixo e eu concordei com a cabeça e vi os olhos brilhantes de Eliza.  – Meu Deus Dra. Me fala como consegue ter todos esses homens aos seus pés. Porque o Dr. Lewis e o Dr. Wright são ... meu Deus que homens são aqueles.

—São apenas dois homens Eliza e se quiser pode ficar com os dois. – Comentei baixo rindo. – Já tenho o Matteo em minha vida. – Nós duas rimos, quando sua expressão mudou e olhei atrás de mim era Aidam.  – O que posso ajudar agora? Algum paciente seu também precisa de mim? – Comentei e ele negou.

— Vamos conversar na sua sala Cami? – Ele disse ríspido e concordei, fiz careta para Elizabeth que já estava com a mão apoiando seu queixo e babando em Aidam. Entramos na sala e logo ele fechou a porta. Logo me virei para ele.

— O que quer Aidam? – Falei ríspida e ele fechou sua cara.

— Pedi eletrocardiograma da mãe, estou monitorando seus batimentos. – Ele deu uma pausa e respirou fundo. – O coração da mãe está fraco Camille, a pressão sanguínea dela está baixa. Não sei se aguentaria uma clipagem. – Ele falava e meu coração entristeceu, era terrível não poder ajudar uma mãe, que no qual esperou tanto para ter o filho nos braços e está lutando entre a vida e a morte.

— A mãe tinha algum problema de saúde antes? Usava algo? – Fiz as perguntas na qual ele não soube responder, então tornei a respirar fundo e encostei na mesa e ele parou na minha frente.  – Preciso ver a angiografia dela e do prontuário dela, pedirei a Craig o prontuário e o acompanhamento pré-natal. Vamos salvar ela, um aneurisma pode ser revertido. Talvez ela apenas esteja cansada do esforço que fez, vamos esperar ela reagir um pouco e depois fazemos a cirurgia. – Comentei e ele sorrio concordando. Se aproximando mais um pouco de mim e passando a mão por mim e pegando o porta retrato que continha uma foto minha com Matteo e suspirou.

— Levarei comigo. – Ele disse com um riso no qual mostrava todos seus dentes e senti meu corpo pulsar por dentro. Ele estava tão sexy naquele jaleco branco, sorri sem graça e não falei nada.

— Licença Dra. Camille, o exame ficou pronto. – Elizabeth abriu a porta e eu sorri confirmando e me recompus assim como Aidam. Logo ela entrou e minutos depois Craig entrou sala a dentro, aquilo estava me constrangendo, sentei e comecei a avaliar o exame, podia ver um grande vaso sanguíneo, era um aneurisma fusiforme e respirei fundo.

— Quero ver se ela vai ter uma melhora, com toda certeza a pressão sanguínea dela subiu muito no esforço do parto e pode ter dado esse aneurisma, a hipotensão agora deve ser ela relaxando com os medicamentos, mas preciso dela com o coração um pouco mais forte, para aguentar a cirurgia, aí podemos começar a fazer, se não podemos perde-la. – Falei e os dois apenas concordavam e respirei fundo. – Bom é isso doutores, temos que esperar a força de vontade dessa mãe de viver para ver o filho. – Falei e sorri e logo me levantei. – Se me dão licença. – Saí da sala acompanhada por Elizabeth que estava suspirando lá dentro e dei risada pela sua reação.

— Não é nenhum pecado querer os dois doutora. – Ela comentou baixo e eu dei uma risada um tanto alta

— Vou almoçar Eliza, comporta-se. – Falei em tom bem-humorado descendo para o refeitório do hospital.

Consegui almoçar tranquilamente, quando estava terminando Craig se juntou a mim junto com outros residentes, pude ver Aidam chegando, mas passei por ele sem ao menos o olhar. Respirei fundo, sabia que em algum momento iria me arrepender, porém tinha que ser mais forte tinha que seguir a vida. Acho que esperei por esses dois anos para conseguir seguir sem ele.

Após algumas horas sem paciente estava no consultório, lembrando de Aidam pegando o porta-retratos e saindo, aquilo me fazia rir, será que ele colocou na sala que agora era dele? Logo a porta abriu e Elizabeth entrou, me recompus e respirei fundo a olhando.

— Está tudo bem Dra? – Ela me olhava com um olhar no qual tentava me descrever, ela estava estudando psicologia e aquilo as vezes me incomodava e sorri enquanto afirmava com a cabeça.

— Sim querida, me diz. Alguma evolução no caso da paciente do Dr. Lewis? – Ela apenas negou e mordi o lábio preocupada com o bebê sem nunca ter sentido o toque da mãe, me coloquei em pé. – Irei para a maternidade, quero conhecer esse bebê. – Falei e abri um sorriso e logo sai andando enquanto ela me acompanhava. – Qualquer coisa pode ligar na obstetrícia que estarei lá. – Peguei o elevador e desci dois andares e me deparei com o corredor com pais em uma janela de vidro. Andei até o final do corredor e vi a porta escrito nome de Craig e entrei, ele abriu um sorriso ao me ver. – Queria conhecer o filho da sua paciente.

— Vem eu te mostro. – Ele disse passando por mim, voltamos para a grande janela e logo entramos na sala, onde o barulho de resmungo dos bebês eram mais evidentes. Menos um, que estava com os olhos curiosos e arregalados olhando o teto e aquilo me fez sorrir chegando mais perto, quando ele apenas me confirmou que realmente era aquele o bebê. Seu cabelo era preto assim como os olhos, a pele lisa e quando me viu abriu um sorriso no qual mostrou um furo na sua bochecha, respirei fundo e engoli seco, Craig se aproximou e sorriu. – É triste, saber que a mãe está lutando pela vida e a dele começando.

— E o pai Craig? – Disse enquanto via ele olhar meus dedos e tentar pegar.

— Bom, eles namoravam, porém, assinou um termo que se a mãe não responder o tratamento. O deixará para adoção. – O olhei e meu coração se partiu e ele percebeu minha expressão de dor ao saber que aquele anjinho ficará ali e depois para adoção. As vezes ser médicos nos torna duro, mas não quando se trata de crianças. Por isso optei por neurologia, não tinha sangue frio para conseguir lidar com esse tipo de dor, ainda mais depois que fui mãe. – Vamos Cami você está em choque, mas acredite isso aqui é mais comum que pensa. – Saí de lá acompanhada por ele, mordi o lábio e forjei um sorriso.

— Me desculpa fico abalada, não consigo imaginar pais que não queiram seus filhos, não me vejo sem Matteo, nunca mais. – Sorri e respirei fundo, olhando para o relógio que tinha no pulso. – Melhor eu ir, farei uma última visita nos leitos e irei para casa. Hoje o dia foi emocionalmente estressante. – Falei e logo Craig segurou levemente meu braço e eu sorri.

— Marcamos um jantar no final de semana? – Ele disse em tom carinhoso e com um sorriso encantador que me fez morder o lábio sem pudor.

— Me liga. – Disse sorrindo e respirei fundo e logo fui andando saindo daquele setor. Estava voltando para casa o dia tinha realmente sido exaustivo para todos, podia ver Matteo no colo de Amália na grande varanda que cercava a casa principal, desci e logo fui ao encontro deles, tudo que eu queria era ter meu filho o mais próximo possível, pois nunca iria entender pais que não consegue lidar com a chegada de algo maravilhoso na sua vida. A continuação da sua geração, o coração que bate fora do corpo. Quando as pequenas mãos de Matteo tocava meu rosto aquilo era a melhor coisa do mundo, o toque dele com suas mãos pouco coordenadas, indo para o chão e seus passos atropelados até um pequeno desiquilíbrio cair sentado. Assim que Matteo caiu sentado, Aidam que tinha chegado e nem percebi o levantou, nos olhamos e a minha garganta seca me fez engolir seco. – Vamos para casa.

— Deixe ele um pouco comigo Cami, depois eu o levo. – Ele disse e eu pisquei algumas vezes e concordei com a cabeça esboçando um sorriso e deixei meu pequeno sozinho pela primeira vez com o pai dele, apesar de uma grande alegria invadir meu peito com esse feito, algo me incomodava cada vez mais.


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