With all the love escrita por SouumPanda


Capítulo 17
And here we go again




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Podia sentir uma dor forte na parte inferior do abdômen, uma feches de luzes sob minha cabeça e muita conversa e algumas risadas até, abri o olho com dificuldade, eles estavam pesados demais e uma moça com sorriso simpático veio em minha direção, segurou minha mão e balbuciou algo. “ Já acabou a cirurgia você e seu bebê estão bem, descansa.” E assim meus olhos pesados se fecharam, mesmo a dor sendo forte e ao mesmo tempo suportável, quando fui recuperando a verdadeira consciência vi novamente luzes, mas era um lugar diferente, quieto, podia sentir minha mão entrelaçada a outra, suando, com os olhos semi abertos virei a cabeça que ainda girava sob efeito da anestesia e vi Aidam com um sorriso encantador segurando minha mão, sorri com dificuldade, nunca senti uma dor daquela, parece que meu abdômen estava aberto, exposto e que tudo iria despencar a qualquer momento, virei a cabeça para o outro lado, meu pai estava na janela olhando para fora e logo veio até mim e beijou o topo da minha cabeça e eu tentei novamente sorrir.  Minha garganta estava seca e raspava, meus lábios todo repuxados, por quanto tempo eu dormi? Não queria me mexer, porque respirar já estava fazendo tudo doer, se eu me mexer não sei o que aconteceria. Aidam segurava minha mão e com sacrifício ficou em pé e selou o lábio macio dele aos meus ressecados e repuxados e sorrio beijando minha testa.

— Está tudo bem, agora é minha vez de cuidar de você. – Ele disse baixinho e tornou a sentar ao lado da cama, logo Craig entrou no quarto com um sorriso acolhedor e parou nos pés da cama me olhando e eu mal conseguia ver ele.

— Você foi muito corajosa Camille, e tudo correu bem. – Ele olhou o prontuário e tornou a me olhar – Você vai ficar uns dois dias aqui, para vermos como anda o processo de cicatrização, vai tomar remédios para não ter risco de infecção, e depois vai para casa.  Agora se me dá licença. – Ele colocou uma luva e ergueu o avental do hospital que ainda usava, e ali expos o corte enorme que tinha da cirurgia, Aidam arregalou os olhos ao ver, Craig suavemente viu os pontos e tornou a abaixar o avental e me cobrir. – Esta tudo aparentemente indo bem, se mantenha deitada, se precisar ir no banheiro está de sonda por enquanto e quando tirarem, caso precisar sempre na cadeira, sem esforço Camille, é repouso absoluto para seu bebê nascer a termo tudo bem?

— Ela vai ficar de repouso absoluto, obrigada por cuidar deles Craig. – Aidam disse em tom acolhedor e eles se deram a mão. E eu vi tudo girar e adormeci novamente, pelo menos esquecia um pouco da dor que me rasgava de fora a fora.

Durante toda internação Aidam não saiu do meu lado, mesmo com todas suas limitações, porém já estava andando apenas mancando e sem apoio da bengala, como se eu estivesse dormindo por meses, o que poderia ser de grande ajuda. Eu nunca iria conseguir ficar apenas deitada em repouso absoluto, Craig passou um ansiolítico próprio para gravida para me ajudar e uma penca de remédios e logo o apartamento estava tão cheio de empregadas que nem reconhecia metade, cada hora entrava uma no quarto. Eu apenas deitada, conseguindo por toda minha leitura em dia. Matteo estava tendo dificuldade em entender que eu não poderia pega-lo e isso cortava meu coração, não poder pegar meu bebê quando ele pede, mas sempre que podia ele vinha e ficava deitado aconchegado a mim na cama. Minha madrinha vinha todos os dias, e meu padrinho aos finais de semana com ela, com a casa tão cheia, os dias se arrastavam, mas o sentimento de inutilidade foram tomando conforme os dias foram passando e não tinha mais o que ler, nem e-mails a revisar. Eu acompanhava os prontuários pelo notebook, vendo e auxiliando Katarina no que precisava e com chamada de vídeos fazíamos reuniões para eu não me sentir totalmente inútil. Agora conseguia entender o sentido do relógio andar para trás, e isso nunca tinha feito tanto sentido até agora, séries foram vistas em dois dias. Filmes, acho que todos eu conseguia ver incansavelmente e dormir, eu dormia muito, estava me sentindo um urso em plena hibernação. Aidam estava acabando as fisioterapias, estava andando melhor, as vezes sentia a perna, mas ainda assim estava tão animado que veio me mostrar que conseguia dançar e aquilo me afligia dele se machucar e regredir o tratamento.

— Deixa disso Camille, olha como estou melhor. – Ele dançava na frente da cama me fazendo rir e graças a todos eu não estava surtando. Eles de certo modo tentavam me incluir em tudo. – Quando você levantar dessa cama, irei dançar com você. Iremos dançar no nosso casamento. – Ele falava empolgado e eu afirmava com a cabeça.

— Com um recém-nascido preso no meu peito. – Comentei rindo e ele fez uma careta.

— Esperamos mais um pouco, esperamos tanto. – Ele disse se jogando ao meu lado na cama e eu virando para ele, ele sorria ternamente e passou a mão sobre minha barriga e ficamos alguns instantes nos olhando em silencio apenas sorrindo um para o outro. – Obrigado por me fazer feliz a ponto de não saber expressar todo sentimento aqui dentro.

— Eu que tenho que agradecer toda paciência em me ajudar nesses meses. – Pressionei meus lábios e sorri, logo Aidam selou nossos lábios ternamente e sorrio de volta. – Eu te amo Aidam, cada dia tenho certeza das coisas, mas você sempre foi a certeza da minha vida, estar com você, ter o que temos, nossa família linda e disfuncional é a coisa mais importante para mim.

— Paciência Camille? – Ele sorrio do jeito que me matava, mostrando os dentes com o sorriso torto e terno. – Você cuidou de mim desde que me conheço por gente, desde que éramos adolescente, me protegeu, não me deixou ir por outro caminho. E quando fui, você me resgatou. E desde então, tudo que faço é te amar, sempre te amar. E vendo tudo que a gente passou, casar com você é o mínimo a se fazer. Você sempre irá merecer mais e quero sempre ser esse mais na sua vida. – Ele falava baixo, podendo sentir seu hálito fresco próximo, com cheiro de menta com café e aquilo me fez sorrir e corar pelas palavras, meu coração estava disparado por pura adrenalina nas minhas veias e se pudesse, sim, eu estaria naquele momento sentada em Aidam, fazendo o que fazemos de melhor juntos, mas apenas nos beijamos intensamente, o que foi nos deixando com a respiração densa e o beijo ficando caloroso e ele sorrio de forma perversa e trincou os dentes para falar. – A Camille, se eu pudesse, não sabe as coisas que imagino fazendo com você. – Nós dois rimos alto e logo a porta abriu batendo e Matteo entrou correndo subindo em cima da cama e de Aidam. – Eai amigão.

— Oi filho, já comeu com a Norma? – Perguntei e logo a babá entrou atrás dele, Matteo andava agitado por tudo que estava acontecendo, com a chegada da Zoe e de outro bebê de repente. Tivemos que aumentar o salário da Norma e com razão, ele estava hiperativo e teimoso, mas ela ainda assim, conseguia fazer ele se alimentar, brincar, gastar energia. Enquanto com qualquer outra pessoa ele tinha ataques e mais ataques de birras, logo ele faria 3 anos e não estávamos vendo outra opção de não mandarmos ele para uma escola.

— Sim mamãe, ai ela disse, que eu podelia vir aqui te ver um pouquinho, mas que você tem que descansar mamãe. Para que meu irmãozinho nasça bem fortinho. – Ele segurava meu rosto para falar e eu ria ternamente para ele concordando com a cabeça. – Mamãe, esse seu bebê é um menino não é? Porque eu tenho a Zoe de irmã e ter menina é muito chato mamãe, ela não brinca de nada só fica deitada e de barriga pla baixo mamãe e chora, mamãe a Zoe chora muito. Quero um irmãozinho mamãe pra brincar de carrinho. – Ele falava tão empolgado mas eu não tinha tido a curiosidade de saber o sexo do bebê, eu poderia perguntar para Craig que sabia, mas precisava conversar com Aidam.

— Vamos Matteo agora deixa sua mamãe descansar. – Norma o chamou e após eu beijar ele e abraçar bem apertado, Aidam o ajudou a descer e ele foi correndo pelo corredor.

— Você quer saber o sexo do bebê? – Me virei para Aidam que agora se levantava, indo até as janelas e puxando as cortinas para deixar o quarto mais escuro.

— Apenas se você quiser amor, sei que Matteo te pedir um irmãozinho pode te deixar preocupada. – Ele disse se virando e sentando próximo a mim. – Mas, teremos que explicar que isso não está sob nosso controle, que não escolhemos se vem menino ou menina. E vou conversar com ele, que Zoe é pequena e logo ela vai poder brincar de carrinho, de astronauta do que eles quiserem. – Aidam falou ternamente, se curvando para beijar minha testa e depois selar nossos lábios. – Agora descansa que depois subo com nosso almoço. – Ele disse ternamente, se levantando e saindo do quarto, peguei o celular na cabeceira e mandei mensagem para o Craig pedindo o sexo do bebê antes mesmo dele conseguir me responder, adormeci, mas com o pensamento fervendo sobre como Matteo ficaria decepcionado se viesse outra menina.

Quando acordei com Aidam trazendo o almoço, engoli seco ao ver a notificação de Craig e juntos, Aidam e eu, lemos o que seria o bebê. Minha garganta secou e Aidam me abraçou porque no momento que viu, saberia como eu reagiria. Era uma menina, logico que eu amaria nossa menininha, mas Matteo teria que lidar com o fato de ter mais uma irmã, e com a agitação que ele andava, ele não era bom recebendo notícias. Então comecei a chorar, um choro sem motivo especifico, um choro de desamparo e tristeza por Matteo, por não conseguir lidar com meu próprio filho, que nesse momento precisava da mãe e eu estava inerte, Aidam tentava me tranquilizar, mas em vão. Não era para tanto, eu sabia, mas não conseguia evitar, respirei fundo algumas vezes e a cada garfada eu tornava a chorar, pensando em como contaria para o Matteo que seu pedido não foi atendido e que ele teria outra irmãzinha. Aidam teve a ideia de comprar um presente fabuloso e dizer que foi a irmã que irá nascer que deu, para que assim ele se adapte mais com a ideia que a vinda da irmã irá lhe render presentes, coisa que devíamos ter feito com Zoe quando chegou, mas não conseguimos pensar naquela situação. Então pedimos, um brinquedo, um grande carro motorizado, onde ele poderia andar e assim que chegasse iriamos contar que era uma menina e meu coração não aguentava, parecia que ia explodir com a preocupação do comportamento dele.

Passados alguns dias, chegou o tão esperado presente, eu tinha todo um discurso em mente que se dissipou, toda família estava em volta da cama, onde estava eu e o Matteo, Aidam e Zoe ao lado no carrinho, minha madrinha com uma câmera filmando, meu pai olhando esperançoso, todos sabendo que era uma menina menos ele. Quando ele viu o pacote, seus olhos brilharam pelo tamanho.

— Filho, quem te mandou esse presente foi o bebê que está na barriga da mamãe. – Aidam disse calmamente. – O bebê quer que você o ame e proteja por ser seu irmão mais velho, que sejam melhores amigos e para que você se divirta te mandou esse presentão. – Matteo empolgado pulava no colo do pai apenas querendo abrir o grande presente, e eu apenas engolia seco.

— É meu irmãozinho papai? É para a gente brincar juntos? – Ele dizia empolgado e eu acariciei seu rosto chamando sua atenção.

— Filho, é sua irmãzinha, e sim. É para que vocês possam brincar juntos. – Ao falar o semblante do Matteo mudou, fechando a cara e franzindo a testa.

— Mas eu pedi um irmãozinho. – Ele gritava. – Não uma irmãzinha, quero um menino como eu. – Ele estava descontrolado e desceu da cama e saiu correndo e meu coração se partiu em vários pedacinhos. Queria ir até ele, queria abraçar meu filho e dizer que isso não importava, ela iria brincar com ele. Todos ficamos inerte, mas Aidam foi até Matteo que estava no quarto dele, podia escutar seu choro alto e quando Aidam chegou tudo cessou. Todos saíram sem graça do quarto, deixando eu e a pequena Zoe que dormia no carrinho e respirei fundo tentando absorver toda situação.

Tudo erra terrível na dependência de alguém, Aidam se recuperando, e eu dependendo dele para tudo, eu queria poder estar com Matteo e criando laços com a pequena Zoe, mas tenho que me manter quieta, relaxada e com emocional equilibrado para não surtar e levantar dessa cama a qualquer instante. Matteo estava deprimido por ter mais uma menina na família e ninguém conseguia parar os constantes ataques de birras dele, e ele não queria mais vir me ver, o que me deixava muito deprimida, todos me consolava dizendo que logo passaria e que é uma fase de Matteo, uma adolescência da criança, mas tudo me deixava ainda mais com a sensação de incapacidade. Eu estava cada vez mais imensa e mais mórbida só sabia de dormir e comer, um pouco deprimida por toda situação Aidam sempre tentando fazer eu me sentir inclusa nas coisas, mas a dois meses e meio tudo que vi foi a parede do quarto, entre o banheiro e banho de sol na cadeira de rodas na sacada, estava de saco cheio de tudo mais um mês e a bebê nascia, pensei que pudesse ter uma gravidez tranquila já que a do Matteo também foi um caos, mas estava tão enganada, tem mulheres que nasceram para ser mãe, mas não engravidar e eu, era uma delas. Após esse bebê não terei mais filho nenhum e Aidam teria que concordar com isso, já que não conseguimos nos programar em nenhuma das gravidez.

Aidam estava sendo cuidadoso, prestativo e o mais perfeito pai, ele ajudava Matteo, brincando, distraindo, cuidava de Zoe, dando banho e mamadeiras sempre que precisava e ainda cuidava com todo amor de mim, não me abandonando  e nem me deixando por fora de nada, deitávamos na cama e ele se perdia em me contar tudo que acontecia fora do quarto, como era corrido mas totalmente gratificante cuidar de tudo, mas via em seu olhar cansado como ele estava exausto. E sim, sempre o desejo de levantar e sair correndo para poder ajudar e participar dominava ainda mais meu coração.

— Mais um mês e você após se recuperar da cirurgia que é a cesária poderá estar com nós onde quiser da casa e da cidade. – Ele falava cansado, deitando na cama e bocejando e eu o olhava, Aidam estava com os olhos quase fechados.

— Eu não aguento mais, estou cansada de descansar, de dormir. Nunca fiz isso na vida. – Falei bufando e ele sorrio cansado.

— Então não viveu a vida, literalmente Camille, voc ... – E então ele roncou, dormindo no meio da frase e isso me fez rir, apenas ajeitei o travesseiro e tentei pegar no sono, mas parecia que a bebê abraçava minha bexiga naquele momento, e tudo ia se apertando dentro de mim. A vontade incontrolável de ir no banheiro me fez cutucar Aidam, que parecia uma pedra, chamei, cutuquei, tentei empurrar ele da cama, mas nada. “ Acho que ir até o banheiro andando não será problema nenhum, estou a mais de dois meses inerte. “ Pensamento rápido, alto e ligeiro, com um pouco de dificuldade pela barriga, joguei as pernas fora da cama e levantei, respirei algumas vezes pela falta de ar e esperei uns minutos e levantei, dando passos curtos e devagar fui ao banheiro fiz o que precisava fazer, e nesse momento parecia que os anjos me abraçavam com o alivio que dava em aliviar a bexiga. Fui voltando para o quarto e senti o liquido quente escorrer pela perna. “ Camille, está com a bexiga solta. ” Dei risada do meu pensamento e logo vi que a quantidade era grande demais para quem acabara de ir no banheiro, relevei a mão no liquido e cheirei, engoli seco e gritei Aidam que acordou no susto e me viu em pé ali, de frente para ele e sem reação ele se manteve.

— Minha bolsa, rompeu. – Eu disse com a voz tremula e assustada.


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