Meninas sem nomes - Interativa escrita por Lady Queen


Capítulo 5
Capítulo IV


Notas iniciais do capítulo

Olá :)
Eu sei que demorei mais do que o comum, mas infelizmente vai começar a ser assim, numa frequência de 15 dias. Eu sei que acostumei vocês mal lançando um capítulo por semana, mas eu não vou conseguir manter esse ritmo, então, pelo bem de todos nós, se acostumem ;)

Aproveitem a leitura :)



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Estavam todas sentadas nas cadeiras perfeitamente enfileiradas, apenas esperando o horário chegar.

Era a primeira vez delas no Jornal de Ember. O jornal da Imprensa Régia no horário nobre, aos domingos, além de ter uma parte do tempo reservado as notícias, ele também se dedicava ao entretenimento.

E é para isso que estavam ali. Simples e puro entretenimento. Tinham que responder a todo tipo de pergunta com um sorriso no rosto. Ao contrário do resto do tempo, lá elas eram obrigadas a dar toda informação que pediam. Tudo, menos seu sobrenome.

Era extremamente proibido elas revelarem sua família. Isso era feito para o príncipe poder ser “o mais imparcial possível” ou alguma coisa assim.

Não que isso fizesse, teoricamente, alguma diferença. Seus nomes de família haviam sido retirados quando foram escolhidas durante o Semear. Afinal, Deus havia dito que todas ali deveriam ser Galkanji, em menor ou maior grau, e seria uma heresia os filhos desobedecerem ao Pai. Além disso elas, mais que qualquer moça, deveriam renunciar sua família para casar-se e assim se tornarem verdadeiras mulheres e o fato de não terem um nome familiar ajudava na hora delas serem oficializadas esposas.

Mas para Roxane, isso era até melhor. Não tinha sangue azul, apesar de poder ser dito que nasceu em um berço de ouro.

Apesar da aparência, pele clara, um lindo e sedoso loiro e olhos verdes, Roxy era uma sulista, nascida e criada perto das belas praias de Santelmo. Algo muito proveitoso para seu pai, Christovan, um homem rico e dono de uma das maiores construtoras de navios do reino, porém sempre frustrado por não ter um sobrenome, mas sua filha conseguiria isso por ele. Teria sinal divino para isso maior que ela ter sido uma das escolhidas por Deus para estar na Seleção do príncipe?

Podia até não ter nascido com sangue azul, mas faria de tudo para seus filhos nascerem com o mais nobre deles.

Se ajeitou em sua cadeira, branca e moderna, assim como uma boa parte daquele estúdio, cheio de fios e monitores, contrastando com a visão clássica que estava tendo nos últimos dias.

Endireitou a postura, os passos de Thomas em direção a bancada indicavam que estavam prestes a começar.

Thomas. Sua pele era oliva, os cabelos lisos, negros e sedosos, seus olhos eram tão escuros quanto. Roxane teria visto alguém como ele um milhão de vezes mesmo se ele não apresentasse o Jornal.

— Entramos ao vivo em um minuto! — gritou alguém atrás das câmeras.

Ajeitou seu vestido e respirou fundo.

— Três, dois, um! — disse a mesma voz.

“Vamos lá” Roxy pensou.

— Boa noite. Outra revolta estoura, dessa vez em Porto Leste. Cinco mortes de civis já confirmadas, duas sendo crianças. Uma escola continua refém. O rei diz já estar mandando homens para controlar a situação. — Por um dos monitores, Roxane acompanhava o que estava sendo exibido: uma filmagem amadora de alguns prédios e com som de tiros distantes, “Meu Deus!” uma mulher dizia ao fundo. — O preço do canto cai. A duquesa Sophie Maran anuncia que está grávida. E mais, as Selecionadas dão sua primeira entrevista. Agora, no Jornal de Ember.

Duquesa Sophie Maran de Man. Mais conhecida por como era seu nome até um pouco menos de um ano, Princesa Sophie Galkanji, uma das filhas do rei Antônio com sua esposa.

Roxane a havia visto no baile do príncipe. Estava de azul e sua máscara era uma corsa, fazendo par com seu marido, Felipe Maran, que usava um veado prateado, símbolo de sua casa e de seu ducado. Devido ao tema da festa, sua aparência não estava totalmente visível, mas sabia que diferente do irmão que era uma mistura de ambos os lados, a ex-princesa era praticamente uma cópia de seu pai, não herdara quase nada da pele oliva de sua mãe, seus cabelos pretos se assemelhavam mais ao tom azulado do rei do que o castanho da rainha e claro, seus olhos eram de uma nascida Galkanji. Com certeza daria belos filhos ao seu esposo, um rapaz de vinte anos, com um cabelo loiro escuro, uma pele de quem não tomava um banho de sol há alguns anos e olhos escuros melancólicos, porém o duque era estranhamente bonito.

Também não havia conseguido absorver sua personalidade na curta conversa que havia tido com a duquesa, mas seu semblante era sempre simpático, porém firme, totalmente diferente da inocência que sua irmã passava, contudo não chegava perto do olhar severo de seu pai.

Sinceramente, Roxy não estava surpresa pela velocidade em que a jovem engravidara. As mulheres Galkanji, nascidas ou não, eram conhecidas por sua fertilidade, parindo pela primeira vez, geralmente um herdeiro, logo depois do casamento. A Rainha Celine havia dado à luz a Sebastian com poucos dias a mais do aniversário de 9 meses do seu casamento! Era assim desde A Promessa e Roxane não esperava ser a primeira a quebrar a ordem.

Foi dado o sinal para o último intervalo antes do bloco delas. Ficara tão concentrada apenas em seus pensamentos que nem vira o tempo passar.

Algumas pessoas da produção estavam aproveitando o tempo para colocar as cadeiras para a realeza sentar. Estava só o príncipe e sua mãe, há alguns anos as princesas já não os acompanhavam aos domingos e nessa noite nem mesmo rei estava presente.

As cores principais de ambos os trajes, apesar de em proporções diferentes, eram vermelho e dourado, duas das cores dos Galkanji. Ela e as outras meninas usavam azul, a terceira cor da casa. Essa havia sido a orientação dada, apesar dos tons poderem variar, todas deveriam estar de azul. O vestido dela era feito de tule bem claro, quase branco, com algumas faixas de um tom puxado para o lilás. “Quero que seja como se os olhos do príncipe fossem claros” disse para suas criadas e elas haviam atendido perfeitamente.

— Entramos ao vivo em um minuto.

O coração de Roxane começou a bater mais forte, mas ela não conseguia deixar de sorrir.

Thomas sentou em sua cadeira, olhou para uma das câmeras e quando foi indicado que estavam no ar, começou a falar:

— Vamos agora para as entrevistas com as nossas senhoritas. Para aqueles que não se lembram, por ordem de sorteio, as Selecionadas virão aqui e terão direito a responder uma pergunta enviada por vocês! A começar por... — Ele enfia sua mão em um recipiente de vidro com alguns papéis e retira um — Natasha!

Natasha. Sua maior aliada até agora e sua pior inimiga. Ela era bela e sensual, seu cabelo com a exata cor dos corvos caia perfeitamente em seu rosto, o espartilho modelava irritantemente bem sua cintura e o modo que seus fartos seios ficavam no decote tendia ao vulgar, apesar de ser (terrivelmente) natural.

Mas isso não era o pior. O pior eram seus olhos. Tão violetas quanto a flor. Apenas três famílias tinham esses olhos: Os Vermons, os Velarions e os Valerius. Duvidava que fosse uma Vermon, não era ela que tinha os cabelos prateados, era a frágil Kia, e em nada elas se assemelhavam para serem irmãs. Agora, qualquer família que ela pertencesse representava um perigo. O ducado de Montis, território dos Velarion, era o que tinha mais recursos para energia sustentável, enquanto os Valerius, apesar de serem apenas viscondes, seu território possuía uma rica jazida de safiras, tornando-os ricos e influentes.

A jovem sentou na cadeira onde responderia à pergunta, defronte a seu entrevistador.

— Boa noite, senhorita.

— Boa noite, Thomas.

— A pergunta de hoje vem de Cintia, do ducado de Endler...

— Ah, minha terra natal. — disse docemente (uma doçura que Roxane sabia que era forçada), com um sorriso no rosto.

Endler... É, ela era uma Valerius.

— Uma bela coincidência, não é mesmo?  A sua conterrânea pergunta o seguinte: “O que acha que te destaca em relação as suas concorrentes?”

— Bem, eu acho...

E assim foi. Ariella. Eliza. Maisie. Lilith. Nada de interessante. Nada de novo. Até a pergunta que haviam lhe feito era entediante. “O que fará caso não vencer a Seleção?” casaria com outro nobre, obvio. Uma boa parte das meninas já estava com o casamento programado caso perdesse. Roxane estava condenada a se casar com Cindel Minas, um homem degradante, mas com dinheiro e um bom título e apenas isso importava para Christovan. Não sabia se havia sido a intenção de seu pai ou não, mas esse fato a fazia se dedicar ainda mais para ganhar o príncipe.

A única a ter uma pergunta relevante, apesar de um pouco previsível, foi Ye-na, a menina das Ilhas. Que acabou por uma doce coincidência sendo a última, deixando assim, o melhor para o final.

“O que tem a dizer para os rebeldes das Ilhas Ocidentais?”

A tenção foi instaurada no ar assim que Thomas terminou de ler. Roxane pode ver a menina engolir seco e o príncipe aproximar seu corpo ainda sentado em sua cadeira, curioso. Completamente justa a reação de ambos, era um ótimo jeito de avaliar sua capacidade diplomática e também sua lealdade. Roxy não ficaria surpresa caso a menina fosse a primeira ser mandada para casa dependendo do seu desempenho.

A ocidental respirou fundo brevemente, antes de começar a falar:

— Eu gostaria de pedir a todos para resolver isso de uma forma pacífica. Já ficou provado na Guerra dos Quinze Anos que as Ilhas Ocidentais não têm poder militar para combater o nosso reino, não conquistarão nada além de mortes, de ambos os lados, mas principalmente de seus companheiros. Peço-lhes também para não envolverem os civis, principalmente as crianças, elas não merecem entrar nessa luta.

Ótima resposta. Ela seria uma competidora perigosa.

— Obrigado, senhorita. — Thomas virou-se para uma câmera. — Mais notícias você vê no Jornal da Alvorada. Boa noite.

Quando foi dado o sinal de que não estavam mais no ar, Madelyn se aproximou da jovem e de Natasha, que passara o programa todo ao seu lado.

— Vamos, meninas?

— Claro. — Roxy respondeu e ambas levantaram.

— Então, além da ocidentalzinha, quem vocês acham que vai ser perigosa? — Natasha perguntou enquanto caminhavam em direção ao carro.

— Além de mim? — disse Madelyn com um tom divertido — Eu acho que a Vermon, a família pode não ter a fortuna que tinha algumas gerações atrás, mas ainda tem um nome forte e é um bom equilíbrio com a última Seleção, já que a rainha Celine era uma plebeia sulista antes de se casar.

— Eu acho que eles vão procurar escolher alguém do Vale. Eles foram os mais prejudicados na Guerra dos Quinze Anos e ainda se lembram da Revolta de Val Pedro.

O príncipe, que ia a frente das suas noivas e ao lado de sua mãe, parou de repente. Um homem estava parado entre ele e os carros.

— O que quer aqui, Sor.? — disse a rainha, seca.

— Vossa Majestade. Senhoritas. — disse entre reverencias. Virou-se para Sebastian. — Há quanto tempo, irmãozinho.

O homem tinha olhos Galkanji.


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Notas finais do capítulo

Novamente, as três perguntinhas: O que acharam da Roxy? Gostaram do capítulo? Acharam algum errinho? Comentem! Os comentários de vocês são muito importantes para mim :)

Esse capítulo ficou grandinho até, espero que compense o anterior, hehe.

É isso, vejo vocês no próximo.

Bjs e tchau ♥



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