Mieschief...Managed? escrita por Mikha


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Preparados para conhecer esse grupo tão especial?
Boa leitura!



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— Srta. Cassidy, qual o problema?

Emily desviou os olhos da prateleira repleta de potes com doces a qual permanecera os últimos vinte minutos olhando e se virou encontrando com o ninguém menos que o Sr. Ambrosius Flume em pessoa, dono da Dedos de Mel, observando-a com uma expressão preocupada.

Ela suspirou e fez uma carinha triste enquanto erguia as mãos e mostrava os poucos sicles e nuques que possuía e que, para a sua infelicidade, não eram o suficiente para comprar todos os doces que ela queria.

— Sr. Flume... eu não consigo decidir entre as delícias gasosas e os sapos de chocolate... — choramingou.

Ambrosius Flume riu e depositando a mão sobre o ombro da garota, disse as palavras que fariam daquele um dia inesquecível e um dos melhores de sua vida:

— Não precisa escolher, Srta. Cassidy! Você é a minha melhor cliente, então a partir de agora nada mais de pagar pelos doces! É por conta da casa! Ande, escolha qualquer um e o quanto quiser!

Emily o encarou, sua boca abrindo em espanto a medida que um largo sorriso crescia em seu rosto. Ela se jogou no homem que riu e o abraçou apertado enquanto agradecia mil vezes. 

— Obrigada Sr. Flume! Muito, muito obrigada!!

Ele a abraçou de volta, deixando-a em seguida para retornar aos seus afazeres. Ela mal podia acreditar que de agora em diante poderia comer quantos doces quisesse! E de graça! Sorrindo que nem uma boba, Emily se voltou novamente para a prateleira na qual os doces pareciam agora brilhar e chamar por ela.

Emily...

 

Devagar, ela estendeu a mão para o pote no qual estavam as delícias gasosas enquanto decidia qual seria o próximo doce que ela escolheria. Sua alegria era tamanha que ela pensava que seu coração logo sairia de seu peito.

 

Emily...

 

Os doces continuavam a chamá-la, suas vozes soando cada vez mais alto.

 

Emily..!

 

Prestes a pegar o pote, ela parou por alguns instantes ao achar engraçado como as vozes lembravam a de sua irmã. Até parecia que era Vie quem a estava chamando...

 

— EMILY!

 

Em um susto, Emily acordou, sentando-se em sua cama e abrindo os olhos de uma vez enquanto seu coração disparava. Confusa e assustada, ela se virou, olhando ao redor enquanto tentava identificar onde estava acontecendo o incêndio.

— Finalmente! Por Morgana eu já estava prestes a derrubá-la da cama. — ela escutou a voz de sua irmã reclamar. Virando-se para o lado, encontrou com uma garota com os fios do mesmo tom de dourado e olhos âmbar que os seus, sua irmã Genevieve. Ela estava de pé, os braços cruzados, e a encarava com um olhar impaciente.

— O...quê? — murmurou ainda um pouco zonza por ter sido acordada de modo brusco. Ela não estava na Dedos de Mel..?

Genevieve suspirou e se aproximou da irmã, sentando-se à beira da cama.

— Se demorarmos um pouco mais iremos nos atrasar, Em. — ela falou em um tom mais gentil.

— Nos...atrasar? — Emily a encarou confusa, mas então as engrenagens de seu cérebro começaram a funcionar e ela se lembrou, levantando-se em um pulo — Por Merlin, o encontro com as garotas e os garotos!! Que horas são?!

Aos tropeços, ela correu para o banheiro e começou a escovar os dentes. Genevieve riu e então a seguiu, antes parando no armário e escolhendo algumas roupas para a irmã vestir. 

— Temos quinze minutos para chegar lá. Teríamos meia hora se você não tivesse demorado tanto para acordar. — falou entregando para Emily uma blusa, uma calça preta, um cachecol azul e um sobretudo marrom. Fazia um pouco de frio naquela manhã.

— Desculpe, sis. — ela falou terminando de lavar o rosto e o secando — Mas é que eu estava em um sono tão bom... Sabe, tive um sonho perfeito!

— Eu também tive um sonho bom essa noite! — falou Genevieve se lembrando com um sorriso — Flitwick estava entregando os resultados dos N.O.M.s e me parabenizou porque eu havia tirado E em tudo!

Emily riu. Aquele sonho era a cara de sua irmã e ela não tinha dúvidas de que se Genevieve continuasse com seu desempenho dos últimos anos ele se tornaria realidade.

— O meu foi melhor. Eu sonhei que o Sr. Flume me deixara comer quantos doces eu quisesse de graça... Eu estava prestes a pegar as delícias gasosas quando você me acordou. Foi tão real... — falou fazendo uma cara triste por ter sido apenas um sonho.

— Só podia ser um sonho, sis. — falou Genevieve rindo — O dia em que o Sr. Flume te der acesso irrestrito aos seus doces, é certeza que ele vai falir.

Emily fez careta o que fez sua irmã rir mais ainda. Ela não tinha culpa se eles vendiam coisas tão gostosas.

— Agora, ande logo senão Cily irá nos matar por termos nos atrasado! — Genevieve a apressou enquanto consultava o relógio de bolso que ganhara de Cecily no Natal do terceiro ano. “Um presente para que você nunca perca as horas.” Fora o que a amiga lhe dissera ao entregá-lo. A peça era prateada e delicada, trabalhada com desenhos de fadas e plantas e com um visor de vidro de modo que era-se possível ver as engrenagens trabalhando mesmo quando fechada. Genevieve amara e desde então o carrregava para tudo quanto era lado.

— Acho que você se esqueceu que a neurótica por pontualidade é você, Vie. — retrucou Emily calçando suas botas.

Ela bufou e foi a vez de Emily rir. Seguindo sua irmã, ela deixou o quarto e desceu as escadas correndo. Ao passarem pelo corredor, ouviram a voz de sua mãe vindo da sala de jantar:

— Meninas, certeza que não querem tomar café antes de irem?

— Sim, mãe! Se demorarmos mais um pouco, Vie vai ter um treco!

Genevieve revirou os olhos e empurrou a irmã, que ria de sua expressão, porta afora.

— Não ligue para a Emily, mãe, sabe como ela fala muita besteira!

— Ei! — reclamou Em. 

A risada da Sra. Cassidy pôde ser ouvida.

— Voltamos mais tarde!

— Cuidem-se queridas! — a mãe respondeu — E mandem um beijo para as meninas e para os meninos!

— Juízo! — falou o pai delas.

— Sim senhor! — responderam as gêmeas.

 

 

 

 

 

 

O Beco Diagonal era mesmo um lugar incrível!

Cecily absorvia cada detalhe, desde as inúmeras pessoas com seus trajes coloridos fazendo compras aos panfletos pregados nas vitrines da farmácia e das lojas de caldeirões anunciando promoções. Ela passaria nelas depois de encontrar com o restante do pessoal, visto que tinha que repor alguns ingredientes e seu caldeirão já mostrava indícios de que queria ser aposentado. 

Ajeitando o cachecol branco que usava ao redor do pescoço, ela sorriu passando o olhar para o outro lado da rua, seus olhos brilhando imediatamente ao identificar a Artigos de Qualidade para Quadribol em meio às outras lojas. 

Sem pensar duas vezes, ela segurou no pulso do garoto que caminhava ao seu lado e saiu correndo em direção à loja.

— Ei...Cecily, o que está fazendo?! — Remus Lupin exclamou ao ser subitamente puxado.

Ao chegarem à loja, ela imediatamente o soltou e grudou as mãos e o nariz na vitrine, maravilhada com os dois exemplares da mais nova vassoura lançada no mercado: Nimbus 1500. Desde que ouvira que a Artigos de Qualidade para Quadribol recebera aquelas vassouras, Cecily quis correr até o Beco Diagonal para vê-las de perto. Naquele dia, ela finalmente pudera fazer isso.

Remus observou a garota a sua frente — o cabelo comprido preto solto nos ombros e os olhos castanho escuros brilhando —  e sorriu com a cena. Ela estava encantada pelas vassouras do mesmo modo que três crianças que estavam ali. Era engraçado como Cecily podia ser algumas vezes séria e madura, mas outras se comportar como uma criança ao ver algo simples como uma vassoura. 

Aproximando-se, ele parou até que estivesse ao lado dela e voltou sua atenção para os objetos na vitrine. Ele não entendia muito de quadribol, apenas o básico, mas não podia negar que aquelas vassouras— comparadas às que eles usavam nas aulas de vôo — pareciam muito melhores. 

Notando a presença dele, Cecily desgrudou do vidro e sorriu culpada.

— Desculpe por te arrastar até aqui, Remus. Creio que me empolguei demais.

Ele negou.

— Está tudo bem, sei o quanto queria vê-las. James e Sirius têm falados sobre elas praticamente o verão inteiro... — ele fez uma careta ao se lembrar que a nova vassoura era o tema principal das últimas conversas que eles haviam tido.

Ela riu, seus olhos brilhando, enquanto passava a falar sobre as vassouras.

— Não me surpreendo, afinal, são as Nimbus 15000, a última novidade no mercado e as melhores até agora! Possuem um design mais aerodinâmico e, portanto, proporcionam melhor equilíbrio e estabilidade nas curvas e mergulhos...

— ... Além de terem um sistema de frenagem bem melhor que suas antecedentes e atingir 175km/h. — uma voz conhecida completou atrás de si.

Ambos se viraram encontrando James Potter e Sirius Black que sorriram. Cecily imediatamente abraçou James enquanto Sirius cumprimentava Remus. Ao se soltarem, Potter foi cumprimentar Remus. Cecily e Sirius apenas se encararam, seus sorrisos desmanchando.

— Rosen. — o garoto falou sem emoção.

— Black. — ela retrucou do mesmo modo.

James e Remus suspiraram, não muito surpresos.

A relação entre os dois sempre fora baseada em intrigas, afinal, desde que se conheceram — ou quase isso — a inimizade foi grande e apenas cresceu nos anos que se seguiram. Tudo por conta de um erro que Sirius cometera. Cecily, até naqueles dias, ainda era capaz de se lembrar das palavras que Sirius Black dissera e que mudaram a relação entre os dois, criando um certo abismo na amizade do grupo:

 

“Todos vocês são iguais.”

 

Ela ainda se lembrava daquela manhã de seu primeiro ano como se fosse ontem, quando, no Grande Salão, Black acusara ela e Sebastian de serem adoradores das artes das trevas e estarem mancomunados com Mulciber, Avery e o restante do bando. Justo ela cujos pais haviam sido mortos por bruxos daquele tipo. Ela que possuía tudo para odiar as artes das trevas... Ser chamada assim era tão ruim quanto chamar um nascido trouxa de sangue ruim.

 

“— Mas enfim, confesse logo Cily. Você e Sebastian Griffin estão juntos? — perguntou Rose.

Cecily parou de rir, arregalando os olhos e se engasgando com a torta que comia. Porém não apenas ela pareceu se surpreender com a pergunta, alguns de seus amigos também, pois Remus deixou cair o pedaço de bolo do garfo que levava à boca, Emily derrubou sua xícara de chá na mesa e Sirius encarou Cecily como se ela tivesse ficado louca. Apenas James, Rose — que perguntara — e Peter — que quase nunca se surpreendia com algo — pareciam normais quanto aquilo.

Engasgada, Cecily teve uma crise de tosse. Enquanto isso, Emily ainda a encarava surpresa, Sirius como se ela tivesse perdido a razão e James, Rose e Peter riam da situação dos amigos. Remus foi o único a correr em auxílio à garoto, entregando-lhe uma xícara de chá para que ela bebesse.

Genevieve, que entrava no salão naquele momento, rapidamente notou que algo acontecia com seus amigos e se dirigiu à mesa a passos rápidos, um vinco de preocupação surgindo em sua testa.

— Por Merlin, vocês estão bem?! — ela perguntou ao chegar, rapidamente ocupando o lugar ao lado de Cecily ao notar seu estado e a ajudando a desengasgar.

— Cily, acalme-se, beba isso e tente respirar devagar. Isso, continue assim.

Cecily fez o que ela disse e após alguns segundos conseguiu se acalmar. Agradecendo à Vie e a Remus com um sorriso, ela continuou a beber longos goles da xícara de chá que Remus lhe dera. Genevieve então tirou rapidamente a varinha das vestes e a apontou para a mesa dizendo "Limpar". Em segundos o chá que Emily derrubara desapareceu.

— Obrigada, sis. — agradeceu Emily já recuperada do susto.

— O que aconteceu? Por que essas caras e por que vocês três estão rindo enquanto sua amiga está engasgada? — perguntou Vie em seguida, sem conseguir conter o tom de censura em sua voz.

— Relaxe, Vie e desculpe, Cily. — falou Rose ainda com a sombra de um riso no rosto — Eu apenas perguntei para Cecily se ela e Griffin estavam juntos e...

 — Você e Griffin estão juntos?! — exclamou Vie surpresa, esquecendo-se que a um segundo atrás estava repreendendo seus amigos.

Cecily conteve a vontade de bater em Rose. E em Vie. E James que até agora ria sem parar.

— Não! — falou, ou pelo menos tentou visto que sua voz ainda estava um pouco rouca — Não estamos juntos. De onde você tirou essa idéia absurda, Rose?!

— Não é absurda! Qualquer um pensaria isso depois de ver como vocês estavam agora há pouco.

Cecily escondeu seu rosto nas mãos, suspirando. Ela não conseguia acreditar que Rose vira aquilo como um indício de que ela e Griffin estavam juntos. Por Merlin, eles eram apenas amigos! Aquilo não havia sido nada.

— Espera... O que vocês estavam fazendo agora a pouco? — perguntou Vie com um olhar surpreso e desconfiado — Não me diga que...

Contudo, antes que ela pudesse terminar, James — parecendo ter se recuperado da crise de riso — se levantou e passou por Sirius até que estivesse entre Emily e Rose.

— Milly, pode chegar um pouco para o lado? — ele pediu.

Emily se afastou para o lado e James ocupou o lugar entre ela e Rose.

— Eles estavam bem assim. Com licença, Rose. — falou e então colocou um braço ao redor dos ombros de Rose que compreendendo o que ele queria fazer, apoiou a cabeça no ombro do amigo e o abraçou fazendo uma expressão de quem estava apaixonada.

Foi a vez de Emily e Peter terem uma crise de riso. Genevieve apenas fitou os dois amigos com um pequeno sorriso, divertindo-se demais com a novidade para se capaz de repreendê-los. Os únicos que não acharam graça naquilo foram Cecily, Sirius e Remus.

— Nós não estávamos assim! — defendeu-se Cecily antes que Vie pudesse tirar conclusões erradas — Por Morgana, eu não o estava abraçando, muito menos estava com essa cara de idiota!

Rose soltou James que voltara a rir e fitou Cecily com uma careta.

— Cara de idiota? Cecily esta era a sua cara de apaixonada quando Griffin a estava abraçando.

— Ele não estava me abraçando, ele apenas estava com um braço ao redor dos meus ombros! E eu não estava assim por ele, eu estava admirando a escola!

Foi a vez de Rose a encarar como se ela tivesse ficado louca. Genevieve riu e Cecily suspirou.

— Admirando a...escola? — balbuciou Rose confusa.

— Sim. Se você não notou ainda, Hogwarts é extremamente bela. — falou Cecily. Genevieve a apoiou.

— Então...você não estava suspirando pelo Griffin. 

— Por Merlin, não!

— Certeza? — perguntou então Emily.

Cecily assentiu tomando mais um gole de chá.

— Bem, confesso que fiquei um pouco surpresa e feliz. Pena que não é verdade. — falou. Cecily teve vontade de se esconder. Por que elas continuavam a insistir naquele assunto?

— Sim, uma pena, pois Griffin é um gato. — falou Rose parecendo procurar com o olhar o garoto que se encontrava do outro lado do salão — Ele seria uma boa opção.

— Uma boa opção? — falou Sirius de modo sombrio. Todos os olhares imediatamente se voltaram a ele — Ele é da Sonserina, provavelmente um dos idiotas que idolatra as artes das trevas. Além de que ele deve estar mancomunado com Mulciber, Avery e seu bando.

— Ele não é assim. — falou Cecily defensiva.

Sirius a fitou em descrença.

— Como sabe? Você mal o conheceu, Rosen. Jamais pensou que ele pode estar querendo algo ao se aproximar de você?

Foi a vez dela ficar irritada. Cecily não se importava que falassem mal dela, mas não perdoaria ninguém que falasse mal de seus amigos. Não importava que esta pessoa fosse Sirius, quem ela chegara a considerar um amigo. Sebastian era seu amigo e ela sabia que ele não era como os demais sonserinos. Quem Sirius pensava ser para acusá-lo daquelas coisas?

— Como você pode saber, Black?! Você nem ao menos o conhece! — ela rebateu.

Sirius a encarou com irritação. Ele chegara a pensar que Cecily fosse mais esperta, porém, agora percebia que ela ainda não era capaz de compreender. Havia sim segundas intenções por trás da aproximação de Griffin, isso estava claro para ele. Mesmo assim, ela parecia não enxergar isso e defendia o garoto. Isso irritava Sirius.

— Não preciso conhecê-lo para saber disso. Todos vocês são iguais. — ele falou com desprezo.”

 

Depois daquele dia, qualquer amizade que Sirius e Cecily poderiam ter foi desfeita. Eles passaram a se odiar, algumas vezes até chegaram a se enfrentar pelos corredores, sendo contidos apenas por seus amigos ou professores. Naquele dia, porém, eles prometeram que evitariam brigas e tolerariam a presença um do outro para a felicidade de seus amigos. Eles agora apenas esperavam que os dois fossem capazes de cumprir o trato.

— Sabia que iria te encontrar por aqui. — falou James ao notar o clima pesado que estava prestes a se instalar.

— Como não poderia, eu estava louca para ver as novas Nimbus! — Cecily falou se esquecendo de Black e voltando a sorrir — Se eu conseguir uma dessas terei uma ótima vantagem nos jogos.

James riu bagunçando os fios rebeldes que tremularam ao um vento frio soprar.

— Aposto que não ganha de mim. — desafiou.

Cecily sorriu adorando o desafio.

— Está querendo perder tanto assim, Potter? 

Ele riu de forma gostosa.

— Não conte com a vitória tão cedo, Rosen. Façamos assim, quando tivermos nossas novas vassouras, vamos apostar uma corrida. O perdedor paga para o outro uma cerveja amanteigada. Sirius e Remus estão de prova.

Ela sorriu, estendendo a mão.

— Fechado.

Eles apertaram as mãos selando a aposta.

— Bem, nós vamos entrar, vocês vêm? — perguntou James indicando a loja. Ele viera guardando dinheiro desde o ano passado para conseguir comprar aquela vassoura. Não deixaria aquela oportunidade passar nem que tivesse que enfrentar uma fila quilométrica.

Remus olhou para a loja, franzindo a tez ao notar o quão cheia ela estava. Dezenas de pessoas se acotovelavam no espaço em meio a inúmeros artigos de quadribol. Ele fez uma careta.

— Não me diga que tudo isso é por causa de uma vassoura. — falou.

— Não é só “uma vassoura”, Remus, é a vassoura. — corrigiu-lhe Sirius antes que James ou Cecily pudessem dizer algo — É a última novidade no mercado!

Remus deu de ombros. Ele gostava de assistir aos jogos de quadribol, mas não chegava a ser fissurado como aqueles três. 

— Acho que prefiro esperar aqui.

James assentiu.

— Você vem? — perguntou para Sirius.

Black o fitou e então seu olhar passou para a loja, parando por último em Cecily que não o viu a observando, pois estava distraída analisando os detalhes da Nimbus. Ele suspirou. Por mais que quisesse muito ver a vassoura, ele não poderia comprá-la, então não havia motivos de entrar na loja apenas para se torturar. Contudo seu motivo maior era ficar o mais longe o possível de Cecily.

— Vou ficar aqui com Remus. — decidiu. Lupin o olhou de canto, mas Sirius o ignorou.

— Ok então, já voltamos. 

Dito isso, James cutucou Cecily e eles se afastaram. Um sino tocou ao eles abrirem a porta.

— Eu pensei que você estava “doido para ver a Nimbus 1500”. — alfinetou Remus segundos depois dos amigos se afastarem.

— Cale a boca. — retrucou Sirius com uma carranca. Remus riu, suspirando por fim.

— Quando é que você e ela vão se acertar?

Foi a vez de Sirius rir como se aquela fosse a piada do século.

— Achei que você fosse sensato.

Lupin encarou Black, sério. Sirius parou de rir e revirou os olhos.

— Eu e Rosen jamais seremos amigos, ok? Por mais que vocês esperem que um dia isso aconteça, eu te digo, não irá. Marque minhas palavras. Os últimos quatro anos comprovam isso.

Remus o encarou, uma expressão triste tomando conta de seu rosto. Apesar de tudo, ele ainda acreditava que um dia aqueles dois iriam deixar as brigas de lado. Quando Sirius resolvesse engolir o orgulho e se desculpar para Cecily e ela deixasse de ser teimosa e o perdoasse, eles iriam se entender. Por mais que esse dia demorasse a chegar.

— Não teria tanta certeza se fosse você... — ele murmurou. Sirius, contudo, não o escutou, pois estava ocupado olhando ao redor como se procurasse por alguém.

— Os outros já chegaram? — ele perguntou mudando de assunto.

— Não que eu saiba. Viemos direto para cá, mas Genevieve e Em já devem estar chegando. Quanto à Rose, não a espere tão cedo...

— Do jeito que Genevieve é paranóica quando se trata de ser pontual, fico surpreso por elas já não estarem aqui. — Sirius falou rindo. Remus sorriu, mas seu sorriso logo se desfez sendo substituído por uma expressão de surpresa ao ver James e Cecily saírem da loja carregando, cada um, algo comprido embrulhado em um papel pardo.

— Não acredito...eles compraram mesmo as vassouras?!

Sirius riu da expressão do amigo.

— James falou que ia!

— Voltamos! — Cecily surgiu com um enorme sorriso — Adivinhem a sorte que tivemos, já estavam acabando!

— Não achei que você iria comprar hoje. — falou Remus, surpreso. Cecily sorriu.

— Meu presente de aniversário atrasado. Do meu irmão. — ela explicou.

Ele sorriu. Cecily já era um excelente jogadora e com aquele vassoura, certamente ficaria em vantagem. 

— Então...para aonde querem ir? — perguntou James enquanto Sirius pegava sua vassoura e analisava o pacote.

— Eu gostaria de passar na farmácia e na loja de caldeirões, mas isso pode ser depois. — falou Cecily.

— Caldeirões? O que aconteceu com o seu? 

— De tanto eu usar, o fundo ficou muito gasto e fino. Não acho que ele vá durar muito tempo. 

Remus sorriu culpado sabendo que parte daquilo era devido às inúmeras poções Wolfsbane que Cecily preparava para ele. Essa poção diminuía os efeitos desagradáveis do período de transformação e Remus não sabia mais como aguentara tantos anos sem ela. Aquele fora um dos grandes feito de Cecily, com apenas quatorze anos ela foi capaz de criar uma poção que ajudava a todos os lobisomens. Ele se orgulhava em saber que fora uma das motivações dela.

— Hum... Onde você ficou de encontrar as garotas? — perguntou Remus a ela.

— No Florean.

— Excelente! Então vamos, eu preciso mesmo de um sorvete de chocolate e framboesa com nozes picadas. — James falou indo na frente com ela. Sirius revirou os olhos ao seu amigo ir com Cecily e ficou mais atrás acompanhando Remus que apenas sorriu com a cena. Pelo menos, até o momento, eles estavam convivendo pacificamente, pensou.

Ao chegarem na pequena lojinha que ficava ao lado da Livraria de Segunda Mão, eles logo puderam ver três figuras conhecidas sentadas em uma das mesas na área externa da sorveteria. Rosemarie contava algo para as amigas enquanto Emily comia um sorvete de três andares e Genevieve prestava atenção no que quer que a primeira estivesse falando. Vie foi a primeira a vê-los, acenando energicamente. Rose logo se juntou à ela.

— Finalmente vocês chegaram! — Genevieve falou levantando-se e indo cumprimentar os amigos.

— Mas já estávamos aqui há muito tempo. Eu e Remus fomos os primeiros a chegar. — retrucou Cecily abraçando a garota. — Demos uma passada na Artigos de Qualidade para Quadribol...

— NÃO ACREDITO!! — berrou Rose, assustando a todos.

— Por Merlin, Rose, quer me matar de susto!? — Emily exclamou colocando as mãos no peito. Era a segunda vez que ela levava um susto naquela manhã e não estava gostando nem um pouco.

Rose nem ao menos deu atenção à ela, seus olhos fixos nos embrulhos que James e Cecily carregavam. Ao perceber o olhar da garota, James riu.

— Sim, isso é exatamente o que você está pensando.

Rose se aproximou correndo, junto a Emily que também notara as vassouras e agora encarava os amigos com os olhos arregalados.

— Pronto, agora eles ficarão horas conversando sobre quadribol... — falou Genevieve suspirando. Remus riu — O que acha de um sorvete, Remus?

— Acho uma boa idéia.

Ela sorriu e então eles se afastaram, deixando os cinco ali.

— Por Morgana..! Vocês compraram! — Emily exclamou sorrindo. Cecily e James riram.

— Você vai me deixar testar esta belezinha depois, não é Cily? — Rose estendeu as mãos para tocar, mas Cecily rapidamente a afastou enquanto adotava uma expressão séria.

— Claro que não. Não deixarei ninguém além de mim tocar no meu bebê.

Rose a encarou surpresa. Os outros riram enquanto Cecily os deixava para entrar na sorveteria.

— Ingrata... — Rose reclamou ainda sobre as risadas dos amigos — E você, James, é claro que você...

— Nem pensar, Harper. — ele a cortou, fingindo-se sério. Ela o encarou abismada.

 James caiu na gargalhada segundos depois, sendo imitado por Emily e Sirius. Os três foram em direção à sorveteria ainda sob risos enquanto Rose os seguia amaldiçoando-os. 

Após todos estarem com seus sorvetes em mãos, eles resolveram voltar e se sentar do lado de fora, tendo que juntar duas mesas para que pudessem ficar juntos. Um vento frio ainda soprava, mas nada que os impedisse de tomar sorvete e conversar entre si.

— Peter não vem mesmo? — perguntou Genevieve para Remus enquanto Sirius, James e Rose conversavam sobre quadribol e Cecily e Emily sobre algo que ela não prestara atenção.

— Não, ele está ocupado com as tarefas de verão.

Os dois riram.

— Eu o avisei. — falou Genevieve. Peter não tinha mesmo jeito. De todos, ele era o mais relaxado quando se tratava de manter as tarefas e estudos em dia. Se os professores não cobrassem os deveres, era capaz dele ter alguns dos anos anteriores para fazer.

— Creio que todos nós o avisamos. 

— E mesmo assim ele nunca nos escuta.

— Peter é uma alma errante. – falou Sirius se juntando à conversa — Aposto que este ano será o mesmo. Ele procurará vocês desesperado quando as provas começarem.

Genevieve suspirou.

— Ele precisa aprender a não deixar as obrigações para depois. Não poderemos ajudá-lo sempre. Sabem, decidi que este ano não vou mais deixar vocês copiarem meus deveres.

— O quê?! — Rose exclamou virando-se subitamente para Genevieve. Sirius arregalou os olhos como se tivesse levado um tapa. Não que ele sempre pedisse para copiar os deveres de Genevieve, apenas não conseguia quando os professores decidiam todos passar toneladas de tarefas para o mesmo dia.

— É isso mesmo que vocês ouviram.

— Mas sis... — suplicou Emily.

— Tenho um exemplo a dar daqui para frente. — Genevieve manteve a postura séria. — E passou da hora de vocês terem mais responsabilidade.

Emily e Rose se encararam. Cecily riu.

— Ela só diz isso agora porque virou monitora... — cochichou Emily para as duas. — Desde que recebeu a carta não para de falar nisso.

Ela revirou os olhos.

As duas riram, Rose dando leves batidinhas de consolo no ombro de Em.

— Isso me fez lembrar... Vocês como monitores, quem diria..! — James comentou sorrindo.

Cecily, Remus e Genevieve sorriram, felizes.

— Você trouxe o distintivo? — perguntou Rose para Cecily. Ela havia pedido para ver em uma das cartas que escrevera à Cecily.

Ela assentiu tirando de sua bolsa o objeto prateado e verde no qual havia um grande M sobreposto à serpente da Sonserina. Todos, até mesmo Sirius, aproximaram-se para ver.

— O meu é azul e bronze com a águia de minha casa. — falou Vie.

— O meu vermelho e dourado com o leão. — falou Remus.

— Bem, Remus e Genevieve já eram de se esperar. O que me surpreendeu foi a Rosen ter sido escolhida. — falou Sirius com um sorriso sarcástico. 

Todos riram menos Cecily que se conteve para não azarar Black naquele instante. Ela o encarou como se desejasse sua morte e ele piscou de volta, desafiando-a.

— Ei, nada de brigas, vocês prometeram. — interferiu Vie. Às vezes ela se sentia como uma mãe tendo que controlar seus filhos que não sabiam conviver sem brigas.

Cecily respirou fundo para se acalmar. Com Sirius Black, sua paciência se esgotava em segundos. 

— Desculpe, Cily, mas Sirius está certo, se levarmos em conta todas as vezes que você foi parar na detenção, é um milagre ter sido escolhida, afinal, você é a a garota que mais se meteu em confusões em toda Hogwarts. — Emily falou de modo sincero. Cecily a encarou suspirando.

— Eu não tenho culpa se os problemas me acham!

— Dumbledore deveria ter bebido muito whiskey de fogo quando tomou essa decisão. — falou James. Novamente todos riram, menos Cecily que lhe deu um leve tapa.

— Ai..!

— Não reclame, Potter, você mereceu. — ela retrucou chateada.

— Dumbledore deve ter reconhecido a dedicação de Cecily, afinal mesmo sempre se envolvendo em problemas, não se pode negar que ela possui excelentes notas. A não ser em História da Magia. — falou Genevieve em seu apoio.

— Mas Vie, quem não possui notas ruins em História da Magia? Você é a única em toda a história de Hogwarts. — falou Emily. Todos riram, até mesmo Genevieve.

— Pergunto-me quem será seu parceiro. — falou Rose, imaginando. Ela não conhecia muitos sonserinos, fora Cecily e Sebastian, e podia afirmar que nenhum dos outros era agradável — E se for alguém ruim?

Cecily negou sorrindo enquanto levava a colher com sorvete à sua boca.

— Sei muito bem quem é ele. E é o melhor parceiro que eu poderia ter.

Rose a olhou surpresa.

— Não acredito, você e Griffin?

Sirius revirou os olhos à menção do nome de Sebastian Griffin, o melhor amigo de Cecily. Aquele era outro que ele odiava. Ele já perdera as contas das vezes em que eles haviam se enfrentado na escola, certa vez terminando em um duelo que lhes renderam duas semanas de detenção juntos. A atitude de bom moço de Sebastian o tirava do sério. Na sua opinião, havia algo que Griffin escondia e, para aumentar a sua irritação, todos seus amigos pareciam gostar dele.

— Isso só está ficando cada vez melhor! — exclamou James contente, como se tivesse recebido a melhor notícia do dia.

— Como assim? — perguntou Emily, confusa.

— Temos quatro monitores do nosso lado, Em. Quatro pessoas a menos com as quais deveremos nos preocupar ao deixarmos nossos dormitórios na calada da noite.

— Vá sonhando, Potter. Se eu pegar qualquer um de vocês fora da cama em uma de minhas rondas, vou fazer questão de denunciá-los. — falou Vie de modo firme — E tenho certeza que Remus, Cecily e Sebastian farão o mesmo, não é?

Remus assentiu hesitante, mas Cecily desviou o olhar, fingindo que não era com ela que Genevieve falava.

— Cily? — perguntou Vie, seu olhar se tornando intimidador ao perceber que Cecily evitava olhá-la.

— Ah...acho que esqueci minha lista de materiais na loja... Vou voltar para buscá-la. — a sonserina falou levantando-se em um pulo.

— Ei, mas..! — falou Vie também se levantando, porém, sendo impedida por sua irmã que segurou seu pulso e, sorrindo amarelo, a puxou consigo para dentro da sorveteria enquanto inventava a desculpa de que queria a sua ajuda para escolher novos sabores.

Os outros riram da cena e Cecily voltou a se sentar, suspirando em alívio.

— Devo uma à Em. — ela murmurou.

— Bom saber que ainda está do nosso lado, Cily. — falou James sorrindo.

— Estou, mas não abuse. — ela avisou — Vie pode muito bem me denunciar. Somos seus amigos, mas ela leva as regras a sério. E se Dumbledore souber que ando negligenciando meus deveres, tenho certeza de que ele vai revogar meu papel como monitora.

— Acha mesmo que Dumbledore não sabe que costumamos sair escondido? — retrucou James — Nada acontece naquela escola sem ele saber. Não se preocupe.

— James... — ela o fitou desconfiada. Potter apenas sorriu de forma ladina, mas antes que Cecily pudesse dizer algo, Remus sussurrou:

— Elas estão voltando!

Cecily rapidamente se levantou, Rose a imitando.

— Eu vou com você para aonde quer que esteja indo. — ela falou e Cecily riu.

— Encontre-nos na Floreios e Borrões. Vamos depois de vocês. — falou James. As duas assentiram e saíram às pressas.

Genevieve voltou quase no mesmo instante com Emily que comia um sorvete cor de abacate. Ao notar a ausência de Rose, ela estranhou.

— Ué, para aonde foi Rose?

— Ela foi com Cecily. Parece que precisava comprar um novo par de óculos para vôo, a lente dos dela quebrou. — inventou James na hora.

— Ah... — respondeu Genevieve sem ao menos notar que sua irmã, Remus e Sirius riam disfarçadamente.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?
Se sim, espero vocês no próximo capítulo!
Abraços!



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