— Bom dia, meu amor — John disse, brevemente enquanto deixava a luz do sol entrar suavemente entre as cortinas.

Aquela voz era como uma calma incrível. Não havia sido um sonho, era tudo muito real, Elizabeth estava mesmo em Newton, estava mesmo dormindo nos braços do homem que amava mais uma vez depois de anos desejando estar com ele.

— Eu estou sonhando? — ela questionou, rindo suavemente.

— Se estar comigo faz parte dos seus sonhos… talvez. — ele abraçou o corpo de Elizabeth fortemente pela décima vez naquela manhã, realmente não queria soltá-la por um longo tempo, não naquele momento.

— Não seja bobo, Phillip.

— Estava com saudades de você me chamando assim —  ele disse, tentando esconder o riso. — Eu tenho planos para nós dois, então se você tinha algum outro, sinto muito…

Elizabeth franziu a testa, não havia acordado direito e já tinha que sair da cama, estava frio demais para raciocinar naquela hora da manhã. — Por Deus, Phillip. Que horas são?

— São exatamente… — ele esticou o pescoço para alcançar o relógio com os olhos. — Dez horas da manhã, Dean.

Depois de enrolar por mais alguns minutos na cama, Elizabeth conseguiu levantar. Precisou de um bom banho ao lado do seu amado para sentir o seu corpo relaxado depois da noite incrível que tiveram juntos; John se rendeu aos encantos dos pedidos de Elizabeth e fez as famosas panquecas para ela e, ela por sua vez, comera mais do que três panquecas em uma única vez.

Depois de um café da manhã extremamente incrível, John e Elizabeth foram diretamente para o carro. Ele não queria dizer para ela qual era o destino dos dois, apesar da incrível insistência dela em tentar descobrir para onde os dois iriam, ele realmente era bom em guardar segredos. Apenas tiveram um rápido desvio no caminho para a casa de Elizabeth, Ozzy também queria comer.

Talvez pela noite incrível, os lábios de Elizabeth estivessem acostumados demais com o estado de apenas sorrir por longos períodos; ainda tudo parecia irreal para ela, tão irreal quanto acreditar que algum dia iria realizar todas aquelas viagens ao redor do mundo. Se alguém, por algum acaso, tivesse falado para Elizabeth que a sua vida mudaria tanto nos últimos anos, ela jamais acreditaria.

John estacionou o carro em frente a um grande estúdio de fotografia. Havia um enorme letreiro escrito J.P.Armstrong, Elizabeth sorriu ao ler aquilo, ela já havia deduzido o que poderia ser.

Algumas pessoas lotavam o lugar, apesar de ser plena segunda-feira, Elizabeth olhava atentamente para tudo em sua volta; o estúdio estava com algumas modelos que davam bom dia para ela e para John, ela no entanto apenas correspondia com sorrisos. Ambos foram para um escritório que ficava no final do corredor, a propósito, todo o ambiente era bem espaçoso e bonito, revestido na cor preta e com o chão de madeira. Muito moderno para a cidade, a cara de John.

— Você gostou? — ele disse, sentando-se sobre uma poltrona de couro preto.

— É lindo aqui, Phill. Seu estúdio!

Ele concordou, acenando com a cabeça, sorrindo. — Meu estúdio! Eu fiquei basicamente um ano e meio no Japão, então o meu pai começou a passar muito mal, eu vi que era hora de voltar para Newton.

— Eu sinto muito, Phill.

Ele balançou as mãos. — Não, não. Ele está bem agora, só precisa repousar e parar de trabalhar. Meu pai não é mais jovem, ele só precisa entender isso.

Ela rolou com os olhos de modo teatral. — Você é terrível. Parabéns pelo estúdio, ele é lindo — ela suspirou, caindo em si. — Significa que acabou Verona para você?

— Significa que acabou Verona para mim. — ele disse, depois de um longo silêncio.

Ela ficou cabisbaixa por um momento, John não iria voltar para Verona, ele ficaria em Newton com a sua família para sempre e isso iria significar o fim para eles mais uma vez.

— Eu só tenho mais duas semanas em Newton, Phill.

— Acho que seria loucura te pedir para ficar ao meu lado, e eu não quero gastar os nossos últimos dias brigando como dois loucos —  ele aproximou-se de Elizabeth, segurando o rosto de sua amada suavemente. — Será que nós dois podemos recuperar o tempo perdido uma última vez?

Os olhos de Elizabeth ficaram marejados, era doloroso a ideia de ter que perdê-lo mais uma vez, de ter que vivenciar a dor da saudade tão fortemente. Mas, ela prometeu em seus pensamentos que faria tudo diferente dessa vez, duas semanas para amar e aproveitar como nunca fizeram antes, porque era disso que os dois estavam precisando naquele momento.

O resto do dia havia sido incrível, John levou Elizabeth para almoçar no Newton's Italian Mamma, a comida realmente estava deliciosa. Entre risadas e muitas histórias, ela contou para John sobre as suas aventuras ao redor do mundo, ou melhor, ao menos boa parte delas, não teria tempo para contar sobre tudo o que tinha passado. Porém, sobre a viagem com uma mochila na China e os bares irlandeses com toda certeza não foram esquecidos. John citou diversas vezes o quanto estava amando o novo visual de Elizabeth, o cabelo longo realmente valorizava muito os lindos traços do rosto tão sutil que ela tinha, por um outro lado, Elizabeth comentou o quanto ele permanecia extremamente lindo do mesmo jeito; muitos outros elogios à parte, as horas foram voando naquela tarde fria em Newton, e o mais importante era que alugaram a mesa do restaurante entre o almoço e café da tarde, realmente haviam muitas coisas para conversar. Elizabeth também não poderia esquecer de dizer do seu vício por fotografias e por escrever e, certamente, que isso atiçou a curiosidade de John Phillip para ler e ver as lindas fotografias que a sua bella havia registrado.

A sensação térmica para noite era um pouco mais fria do que o habitual, depois de meses em Newton, Elizabeth havia acostumado-se com as situações climáticas da cidade. A rua em que morava já estava completamente enfeitada para o Natal, eles realmente levam muito a sério isso, ela pensou. Mas, do que ela estava se referindo? Vindo de uma pessoa que se produzia de verde e vermelho nas festas de natalinas, parecia um pouco hipócrita.

— Em breve estaremos de volta à Verona, Ozzy — ela disse, terminando de arrumar a última mala.

Seus olhos ficaram arregalados ao ver a quantidade de malas que havia em sua casa, há três anos só estava levando duas malas de Verona, agora eram mais de dez malas; viajar ao mundo lhe rendeu muitas coisas, teria trabalho para arrumar um local para tantas roupas e objetos. Ela deu de ombros ao pensar nisso, não queria essas preocupações naquele momento, viajar ao mundo acabou lhe rendendo muitos aprendizados e não sofrer por antecipação era um deles.

As últimas páginas do seu diário estavam sendo finalizadas, o capítulo de Newton estava chegando ao fim. Era game over para toda aquela aventura de três anos em sua vida, Elizabeth havia amadurecido tanto nos últimos anos e, claro, ela havia entendido que amava cuidar da Potere, mas que não era apenas isso que queria em sua vida. Ela também estava gostando de criar artigos, como precisamente amava escrever os seus relatos de viagens no mundo; aos poucos ela percebera que descobriu o que queria fazer pelos próximos cinquenta anos e não significava que era estar atrás de uma cadeira de empresa, era escrever e viver aventuras. John, de alguma forma, fez parte de todo aquele processo, Carlo também fez e Jennifer fora uma peça fundamental.

Ao justificar todos os seus sentimentos em relação aos artigos, diário e Potere, Elizabeth notou que Carlo também sentia demasiada felicidade em seu cargo atual, algo que não sentia na vinícola da família. De alguma forma incoerente do futuro, as coisas foram criando um rumo interessante para todos. Entre uma chamada de vídeo longa ainda naquela noite, Carlo e Elizabeth chegaram à conclusão que estavam felizes em suas posições atuais e que queriam permanecer dessa forma, e muito menos ligaram para o fuso horário distintos, apenas estavam felizes com suas descobertas extraordinárias. Era algo bom para os dois, eles queriam permanecer dessa forma, com algumas lágrimas de saudades e sorrisos de amor recíproco, eles encerram a chamada de vídeo com a promessa de um até logo e corações apertados de tanto esperar.

O restante da madrugada havia sido para descansar e colocar os pensamentos em profundo descanso, depois de um dia incrível ao lado de John, de descobertas fascinantes, Elizabeth precisava de repouso por intermináveis horas. Ela iria precisar de coragem para os próximos dias, afinal, em breve seria doloroso dar adeus mais uma vez para John. Elizabeth realmente não estava preparada para isso mais uma vez, ela nunca estaria.