East End - Jaminique escrita por Aurora Blackburn


Capítulo 14
Mr. Always Right


Notas iniciais do capítulo

Ainda tem gente por aqui em 2023?



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— Potter, olha pro jogo porra! - James ouviu a voz de Erick Macmillan gritar, enquanto desviava um balaço que vinha em sua direção. Ele viu o garoto segurar a bola enfeitiçada que passou ao lado de sua cabeça, quase atingindo seu rosto e vir voando em sua direção, claramente com raiva. - James, se você não tá afim de jogar sai do jogo. Você vai acabar se machucando, ou pior ainda, vai acabar machucando alguém.

Eram oito horas da manhã e o tumulto em Hogwarts já havia começado. Hoje era a tão esperada partida contra o time da Sonserina, que nunca ganhava mas sempre dava trabalho para os jogadores da Grifinória. 

Erick, seu grande colega de infância, já não era mais tão próximo assim. Quando James ganhou o título de capitão do time de quadribol, dois anos atrás, ele perdeu o posto de melhor amigo. 

Mas James não poderia fingir que o ex-amigo era ruim em quadribol: depois dele mesmo, ninguém era tão rápido quando Erick. O goleiro voava de um lado para o outro do campo, esperando as ordens do capitão. 

— James, você não está bem pra jogar e eu não estou afim de passar vergonha na frente do meu pai. - começou o loiro. - Porque você não desce e vai ver seus pais? Depois você volta e a gente vê o que faz. 

James odiava receber ordens de outras pessoas, principalmente quando elas estavam certas. Com a pouca força que conseguiu, desceu a vassoura até o gramado e saiu do campo para tentar colocar sua cabeça no lugar. 

Onde ela estava? Simples. Na loira que ele com tanto empenho evitou por seis anos. 

Antes de sair da quadra pôde ver Erick e Fred conversando, enquanto o segundo fazia menção de ir atrás dele, mas James foi mais rápido passando entre as arquibancadas e sumindo rapidamente. 

Ele conhecia aquele lugar como ninguém: já havia levado quase todas as garotas da Lufa-Lufa para trás da arquibancada vermelha e dourada onde estava agora. Sorriu, lembrando das vezes que tinha ido ali com Alisson e com algumas outras garotas mais de uma vez. 

Ele fazia jus ao seu nome: James Potter e Sirius Black, dois dos maiores marotos que já passaram pela Grifinória. Teddy, que se formou há alguns meses, fazia parte de seu trio com Fred: os três marotos. Por um tempo Macmillan até formava o quarteto, mas após a primeira briga viu que não valia a pena. 

— James Sirius Potter! - ouviu a voz estridente de sua mãe, que andava saltitante em sua direção. - Ah, Harry, ele está igualzinho a você vestido com o uniforme da Grifinória! 

Gina abraçou o filho, começando a tagarelar sobre como estava a vida em Borough of Islington. Logo em seguida sentiu os braços de seu pai sobre ele, alertando sobre possíveis perigos no jogo e perguntando como estavam as coisas no time. 

Graças a Merlin, antes que James pudesse responder, Albus e Malfoy apareceram junto com o Sr. e Sra. Malfoy. Hoje em dia, Draco e Harry chegavam a ser cordiais um com o outro, enquanto Astória e Gina mantinham uma leve amizade. 

Aproveitou a deixa para tentar colocar seus pensamentos em ordem mais uma vez. 

Dominique e ele não se falavam desde o dia que aquilo tinha acontecido. 

Não por falta de tentativa dela, que pareceu fingir que nada aconteceu nos últimos dias, mas toda vez que ele olhava no rosto da prima lembrava de ter ela em cima dele, de ter seus lábios sobre os dela e principalmente do olhar de desejo que trocou com a garota. 

Dominique, por outro lado, não parecia nem um pouco afetada com a troca de carinho que eles tiveram. Na segunda-feira após a festa de Godric, ela apareceu perfeitamente vestida e com todo o trabalho, que ele havia esquecido no quarto quando tentou seguí-la, pronto. 

Ele lembrava de ter visto-a sorrir quando apresentaram para Neville Longbottom, que elogiou e garantiu que os três teriam nota máxima na matéria, e logo em seguida ir sentar com o idiota que veio da França atrás dela. Naquele dia voltou a falar de novo com Fred e sentou-se com Alisson, como se nada tivesse mudado e não precisassem falar sobre. 

— Com o quê essa cabecinha está se preocupando, querido? - ouviu a voz da mãe, agora baixa, falar enquanto Albus, Harry e Scorpius conversavam animadamente sobre o time da Sonserina. - Sabe que seu pai dá mais atenção para Albus justamente por saber que a Grifinória sempre ganha. - confidenciou, rindo com o filho. 

— Só o jogo mesmo. - mentiu. - Já está ficando até chato ganhar do Albus todo ano… 

— Sabe o que parece? - ele levantou a sobrancelha, esperando a continuação da mais velha. - Parece que alguém está com a cabeça em outro lugar e não no jogo, querido. 

Naquele momento, ele pensou em se abrir com a mãe: falar sobre o que tinha acontecido com a prima, falar sobre como tinha sido desde quando ela chegou. Falar do medo que tinha do que ela podia fazer desde quando eram crianças, que agora sumiu do nada. 

Mas eles não eram esse tipo de família. 

— Nada a ver mãe. Eu só briguei com o Erick, ele quer provar que manda mais do que o capitão do time, sabe? 

Conversou com os pais por mais alguns minutos, conseguindo finalmente se distrair do rosto que assombrava sua mente todas as vezes que fechava os olhos. Quando ouviu o primeiro apito, despediu-se dos pais e foi junto com Albus e Scorpius em direção ao campo de quadribol. 

— Tem certeza que quer jogar James? 

— Tenho, Macmillan. Vamos logo pessoal! 

Fez o de sempre: o discurso incentivando o time, lembrando o por quê de ter escolhido cada um ali e como deveriam agir durante a partida. No final, juntaram as mãos gritando o nome do time e indo para o campo sem sombra de dúvida de que iriam ganhar. 

— E começa o jogo! - ouviu a narração pelo campo, enquanto voava em direção a um brilho que pensou ser o pomo. 

Passou pelo menos vinte minutos sobrevoando o campo, às vezes fingindo ver o pomo só pelo desespero que Albus tinha quando vinha em sua direção. Lá, do topo, conseguia ver todas as arquibancadas de todas as casas. Viu, na arquibancada da Lufa-Lufa, Louis sentado junto com Fleur. Seu tio Bill sempre se recusava a sentar em outra que não fosse da grifinória, então lá ele estava, com Victoire, Teddy e seus pais. 

Cadê ela? 

Começou a sobrevoar o campo, como se tivesse visto a bolinha dourada e viu seu irmão ir na direção oposta. Será que Albus achou o pomo? 

Claro que não. E mesmo que tenha achado, eu pego antes

Começou a ir para o lado esquerdo, mais próximo às traves de gol e observar uma a uma as arquibancadas. Grifinória, Sonserina, Lufa Lufa, Sonserina de novo… Grifinória de novo. Viu, então, o alvo de seus pensamentos nos últimos dias. 

Sentada ao lado do francês mais metido que ele já conheceu na vida, o que é muito considerando que ele é primo de Victoire, ela ria baixinho, sem prestar a mínima atenção no jogo. 

— Pra quê ir para o jogo se não prestar atenção? - ele pensou com raiva, se controlando para não se aproximar mais. 

— Albus continua a perseguição do lado direito do campo! Será mesmo o pomo? - ouviu Ernie Collins gritar no microfone, como um aviso de que ele deveria ir para o lado certo do campo. 

Resolveu ignorar, ainda pairando do lado esquerdo do campo. Ele tinha certeza de que Albus não tinha achado o pomo ainda. O irmão sempre tentava a técnica de cansar James para que ele ficasse mais lento quando o verdadeiro pomo aparecesse. 

Tentando não encarar descaradamente, continuou monitorando os movimentos da garota. Ela estava sentada quase de lado, conversando provavelmente em francês, inclinando o corpo pra frente. 

Ele conhecia todos os tipos de garota e todos os sinais que elas davam quando estavam interessadas: as mãos passando constantemente no cabelo, as pernas cruzadas, o sorriso mesmo quando nada engraçado foi dito… Tudo, ele conhece todas as jogadas. 

— MAIS UM GOL PARA A SONSERINA! - gritou Ernie. - SCORPIUS MALFOY MARCA SEU TERCEIRO GOL DA MANHÃ!!! 

— VAI SCORPIUS!!! - viu a loira finalmente prestar atenção, torcendo para o time adversário e ficando em pé, rindo. Algumas pessoas da arquibancada olharam feio para ela, e ela sentou olhando pros lados e rindo ao encontrar os olhos de Timothée Deveraux. 

Como se soubesse que estava sendo observado, Timothée colocou uma das mãos sobre a coxa da garota, de forma amigável, mas ainda sim íntima. James sentiu raiva, como nunca tinha sentido antes. Quem aquele idiota pensa que é pra ficar tão próximo dela?

E ela, que deixava? Aquilo no quarto não significou nada para a garota? 

Ainda encarando os dois, ouvia o grito da torcida. Olhou para o gol, vendo Erik e Fred em uma batalha com os artilheiros da Sonserina e resolveu usar aquela raiva que sentia para ganhar a droga do jogo antes que Albus realmente pegasse o pomo. 

Olhou para o irmão, que estava parado, mas olhava diretamente para sua vassoura. Viu que ele estava com aquele olhar que sempre entregava o jogo: o pomo estava perto de James e ele sabia que se fosse em sua direção não teria chance de pegar antes do mais velho. 

James riu, Albus sempre foi péssimo em esconder as coisas. Calmamente virou a vassoura, vendo que o pomo estava perto da arquibancada onde Dominique e Timothée estavam sentados. 

Respirou fundo, vendo pelo canto do olho que Albus finalmente tinha começado a se mover. Olhava para o pomo que estava bem na direção do casal, a centenas de metros de distância. 

Ela não é nada sua, James. Você tem outras pessoas. Ela provavelmente já namorava ele antes de vir. Você não tem nada a ver com isso. 

Recitava as palavras em sua mente, indo com os olhos quase fechados em direção a bolinha dourada. Viu que ela estava entretida novamente no Francês, sem nem vê-lo se aproximar. 

— VAI JAMES!!! - um garoto ao lado deles gritou, vendo o pomo flutuando em sua frente. Dominique pareceu acordar do transe, finalmente olhando em sua direção. 

Tentou não se perder de novo nos olhos da garota, que agora parecia muito interessada no jogo. As mãos de Timothée ainda estavam em cima da coxa dela e ele se aproximou, falando algo baixinho no ouvido dela que fez com que rissem juntos, olhando um para o outro. 

Viu, quase que em câmera lenta, o francês tirar uma mecha de cabelo do rosto perfeito dela, colocando atrás da orelha. Ele sabia muito bem o que Deveraux faria a seguir, ele mesmo já tinha feito várias vezes. 

Piscou, tentando não olhar. O público gritou, indicando que ou ele estava perto do pomo ou Albus estava perto dele. 

 

A última coisa que viu antes de cair da vassoura foi o olhar assustado no rosto de Dominique. 

 

(...)


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