Your Lie in April - Too Far escrita por Mirytie


Capítulo 3
Capítulo 3 - 14 Dias?


Notas iniciais do capítulo

Enjoy ^-^



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Kaori olhou para a mulher à sua frente e depois para os pais que se encontravam ao se lado, em pé, a sorrir. Enquanto a mulher se apresentava como sendo a sua nova tutora particular, Kaori pensava que tinha sido enganada outra vez.

— Vocês disseram que eu podia voltar para a escola. – disse Kaori simplesmente.

— E podes, querida. – garantiu a mãe – Mas este ano está a acabar. Não é mais lógico entrares no 12º ano, depois de estudares com a tutora? Assim tens a certeza que não ficas atrás dos outros.

Sim, era o mais lógico, pensou o pai. Mas as razões para a filha querer voltar para a escola o mais rapidamente possível não eram de todo lógicas. Ela queria ver os amigos, sentir o ambiente alegre e juvenil. Mas, mais do que tudo, queria ver o Arima. O pai disso mas não podia discordar da esposa pois ela também tinha razão.

Só havia uma maneira de persuadir a filha a ficar dentro de casa durante mais alguns meses. – Tens de voltar a praticar violino.

Tal como o pai tinha previsto, Kaori olhou para ele com interesse e também um pouco confusa.

— Deves estar um pouco enferrujada. Afinal, já não tocas há mais de um ano. – lembrou o pai – Eu vou contratar uma professora particular. Vais estar como nova quando entrares na escola.

Apesar de estar um pouco mais conformada, Kaori continuava chateada. Era verdade que faltavam um par de anos para a escola acabar mas, depois disso, ainda haviam os três longos meses das férias de verão.

— Claro que não és uma prisioneira nesta casa. – continuou o pai – Podes sair quando quiseres. Aliás, agora que toda a gente tem conhecimento da nossa história, tenho a certeza que vais ter bastantes visitas, não achas?

O pai olhou para a esposa, à espera de algum apoio.

— Sim, claro que acho! – respondeu a mãe, ajoelhando-se ao lado da filha – Porque é que não vamos arranjar o cabelo e talvez até as unhas….?

Relutantemente, Kaori anuiu om a cabeça, fazendo a mãe sorrir. O pai fez sinal à tutora para começar e sentou-se numa cadeira que tinha colocado ao lado da cadeira-de-rodas da filha. A mãe sentou-se numa igual e esperaram até a mulher começar.

A mulher, recomendada pela tia de Arima, conhecia Kaori antes de ela desaparecer e toda a gente pensar que ela estava morta. Por isso, apesar de Kaori não a conhecer a ela, ela falava com lágrimas nos olhos, tentando contê-las.

Quando acabou, no entanto, uma escorregou pelo rosto.

A tia de Arima já não podia esconder o facto de que Kaori estava viva do sobrinho, mas ainda podia deixar de lado o facto de ela estar de volta àquela cidade até o sobrinho sair do país. Para proteger o sobrinho de sofrer outra vez, tinha a certeza que ela tentaria fazê-lo.

Mas, sendo que a escola já sabia que ela estava ali, não sabia como é que ela conseguiria fazer tal coisa.

— Pudemos ir? – perguntou a mãe de Kaori quando a tutora acabou de falar. Depois virou-se para a filha – Vamos agora. Devem estar poucas pessoas no salão.

Mais uma vez, relutantemente, a filha anuiu e saíram as duas da sala.

— Temos de conversar. – disse a tutora quando ficou a sós com o pai na casa.

Arima observava de longe enquanto a tumba de Kaori era tirada no cemitério.

Depois do diretor da escola ter ido de sala em sala explicar a toda a gente o que tinha acontecido a Kaori brevemente, Arima correra até ali. Não esperara até a aula terminar. Enquanto toda a gente falava, ele levantara-se e, apesar de alguns o tentarem impedir de sair, ele ignorara-os.

Era impossível. Tinha de ser impossível.

Como é que podia aceitar que ela estava viva depois de tantos meses a sofrer pela sua morte. Ou o facto de que ela voltaria para aquela escola, logo depois de ele ter aceitado ir estudar para a América.

A vida continuava a ser cruel. No entanto, por muito confuso que estivesse, tinha a certeza de uma coisa.

Tinha de a ver.

Por isso, virou costas ao cemitério e dirigiu-se para a antiga casa dos Miyazono. Ao ver o camião das mudanças à frente da pastelaria sentiu um aperto no peito. Era verdade. Ela estava ali.

Aproximou-se lentamente e passou pelo camião onde viu o violino, na sua caixa cor-de-rosa, com um autocolante que dizia “CUIDADO” e outro a dizer “FRÁGIL”.

Deu mais um passo em frente e parou mesmo em frente à porta mas não conseguiu mexer-se mais. Foi o pai de Kaori que o viu, quando passou pela loja.

Suspirou e foi ter com ele. Quando abriu a porta de vidro, ele deu um pequeno saltinho, mas ficou no mesmo sitio.

— Arima-kun, é um prazer voltar a ver-te. – disse o pai, mas Arima não se mexeu. Não disse nada – Ela não está. Foi com a mãe ao salão.

Ao dizer isso, os olhos de Arima encheram-se de lágrimas e, mesmo depois de se tentar conter, elas começaram a deslisar pela sua cara. Grossas e quentes. O pai suspirou outra vez e pousou uma mão nas costas de Arima quando ele começou a soluçar.

— Vem. – disse o homem, empurrando-o gentilmente para dentro – Vamos conversar.

Arima anuiu e seguiu o homem, depois de ele fechar a porta. Entraram em casa e sentaram-se em sofás diferentes. Ele esperou que Arima parasse de chorar e se acalmasse para começar.

— Precisas de alguma coisa? – perguntou ele, vendo-o a abanar a cabeça – Tenho a certeza que tens muitas perguntas, e foi por isso que te pedi para entrares. Mas, também foi para te pedir outra coisa.

Arima olhou para ela, intrigado.

— Em troca das respostas que tu queres, quero que tu deixes a Kaori em paz. – pediu ele, vendo Arima chocado, tal como esperava – A minha filha passou por demasiado este ano e, depois de terem contado na escola que ela tinha voltado, tenho a certeza que muitas pessoas virão visitá-la nos próximos dias. Ela vai estar exausta.

— Não é para sempre. – percebeu Arima.

— Claro que não é para sempre. – confirmou ele – Mas durante um par de semanas. Só um par de semanas. Até ela se habituar a este ambiente novamente.

Arima concordou imediatamente porque, apesar de a querer ver e falar com ela como se a própria vida dependesse disso, depois de tudo, ela estar bem era tudo o que importava. E se ela precisasse de mais um par de semanas, ele esperaria mais um par de semanas. Pelo menos, agora sabia que não teria de esperar para sempre.

— Ela está bem? – começou Arima.

— Dentro dos possíveis. – respondeu ele – Ainda está doente. E, apesar de já ter melhorado, não acham que ela possa chegar à velhice.

Arima teve de parar um minuto para não chorar outra vez. – Vai continuar a tocar violino?

— É o que ela quer. – respondeu ele, vendo Arima ferrar o lábio – E os médicos dizem que ela pode, logo que tenha cuidado para não forçar o corpo para além dos seus limites.

O pai sorriu ao ver mais lágrimas escorrerem pelo rosto de Arima.

— Eu vou buscar lenços.

Tal omo tinha prometido ao pai de Kaori, Arima tinha saído antes de ela e a mae voltarem do salão mas não resistiu à vontade de a ver por isso, escondeu-se atrás do camião e ficou à espera.

Com a saca de bolinhos que o pai de Kaori lhe tinha dado nas mãos, Arima olhava para todos os lados, mas não via nada.

Só queria confirmar que não era mentira. Que ela estava mesmo ali, no Japão, naquela cidade, mesmo à sua frente…

Arima parou de respirar quando viu a mãe de Kaori a empurrar uma cadeira-de-rodas em direção à casa. Escondeu-se mas não ficou satisfeito. Podia ser outra pessoa na cadeira-de-rodas.

Olhou de novo com o coração aos pulos e, quando ela olhou para trás, para sorrir para a mãe e ele viu-a, finalmente, teve que lembrar-se da promessa que tinha feito ao pai dela. Era para o bem de Kaori. Não ia estragar tudo agora que ela estava ali.

Escondeu-se atrás do camião outra vez e, quando ouviu a voz dela, teve de apertar o saco e fechar os olhos.

Eram só mais 14 dias. 14 dias e depois poderia voltar a falar om Kaori.

Todos os dias, prometeu para si mesmo.

Depois de a voltar a ter ao seu lado, não a largaria mais.

— Não quero que a voltes a ver.

Arima olhou para a tia de boca aberta, à espera de não ter ouvido bem. Ela, ao perceber o que ele estava a pensar, continuou.

— Tu ouviste-me bem. – disse ela – Estás proibido de a ver.

Ele teve de pensar um bocado para descobrir a possível razão para ela estar a dizer tal coisa.

— É por causa da viagem para a América? Achas que ela vai pedir-me para ficar? Que eu vou ficar por ela? – uma vez que a tia continuava a abanar a cabeça, Arima não tinha outra opção a não ser continuar com as possíveis razões – Achas que ela é uma má influência?

— Acho que tu és uma má influência. – disse ela, finalmente, cansada de ver o sobrinho a pensar em mais opções – Ela foi uma boa influência. Apesar de não a ter conhecido, ela voltou a pôr-te em palco, à frente do piano com um sorriso no rosto. Isso é uma coisa que tentei e falhei várias vezes sem conta. E, por isso, estou-lhe bastante agradecida. Mas tu, o que é que lhe fizeste? Puseste-a dentro de uma sala-de-operações.

— O que!? – perguntou Arima, mais pálido do que um fantasma.

— Não era teu dever dizeres-lhe que ela conseguia tocar contigo se se esforçasse. – continuou – Não tenho a certeza do que aconteceu, claro. Mas sei que passaste dos limites. Deste demasiada esperança. E isso também pode ser uma coisa horrível de fazer.

— Mas o pai dela disse…

— Sou eu que estou responsável por ti até o teu pai chegar. – lembrou-o ela . Por isso, até que seja dito o contrário, vais deixar aquela rapariga em paz e focares-te nos exames finais e nos de entrada para a escola na América. Entendido, Kousei?

Ele limitou-se a levantar-se e a sair.

De um ponto de vista distorcido, o que a tia tinha dito talvez fosse verdade. Mas isso não queria dizer que tivesse de ficar longe de Kaori para sempre ou esperar até o pai chegar.

Bastava desculpar-se. Ajoelhar-se em frente aos pais dela, se fosse preciso.

Mas não voltaria a perdeê-la.


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Notas finais do capítulo

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