Ele e Eu escrita por Thay Chan


Capítulo 20
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente! Então, esse foi rápido :) Espero que gostem! Boa leitura ;*



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O NOVO PROFESSOR era… como posso dizer? Velho. Era o homem mais velho que eu já tinha visto na vida. Ele parecia ter uns 100 anos, no mínimo. Seu nome combinava com ele, parecia o tipo de nome que apenas velhos tinham. Hiruzen Sarutobi. Eu nunca tinha conhecido ninguém chamado Hiruzen. Até agora.

Ele era baixinho, também. Uns dois centímetros a mais que eu, o que significava muita coisa. Tinha um cabelo branco bagunçado que o fazia parecer mais com um maluco ou um mendigo. Acho que isso provavelmente tinha a ver com as roupas que ele usava: um sobretudo de algodão com estampa florida super colorida, calças caqui muito largas que só estavam no lugar por causa do cinto feito de pele de cobra com fivelas enormes e sapatos velhos e sujos, que deveriam ter a idade dele, se não mais…  Ele deve ter roubado de um cadáver. 

Enquanto ele tirava alguns livros surrados da bolsa surrada dele e colocava sobre a mesa da cozinha, eu interrogava papai, que estava do outro lado do cômodo, com o olhar.

Eu disse: Isso é brincadeira? 

Ele disse: Não mesmo.

Eu disse: O sr. já olhou para ele?

Ele disse: Qual é? Dê uma chance. 

Bufei.

O velho estava assoviando uma música que só ele conhecia.

Papai pigarreou para chamá-lo de volta do mundo da Lua. Ele parou e me olhou com olhos sorridentes, como se estivesse esperando eu me apresentar.

— Sr. Sarutobi, essa é a minha filha, Sakura – papai tomou a dianteira, sabendo que eu não o faria.

O velho sorriu a dentadura amarelada. 

— Muito prazer, minha jovem. – disse o velho, se curvando em um cumprimento do século passado. Então quando ele se colocou na vertical de novo, exclamou me analisando: — Realmente muito jovem! Jovem demais! E parece muito saudável também! Por que não vai pra escola? Uma jovem bonita e saudável como você deveria estar frequentando lugares com outros jovens bonitos e saudáveis! E não ficar isolada como uma velha gagá recebendo aulas em casa!

Aí estava, o tipo de pergunta que eu não gostava e que por algum motivo nenhum dos outros professores tinham feito. Talvez por medo de perderem o emprego. Então eu tinha uma pergunta para o velho: Você não tem medo de ser demitido? 

Eu deveria estar com cara de poucos amigos, por que mais uma vez papai interveio:

— Bom, sr. Sarutobi, a área de estudo é aqui. O sr. aceita beber alguma coisa? 

O velho se virou e procurou algo na mochila até que pegou uma garrafa prateada e a balançou para cima e para baixo. 

— Ah, sim. Um pouco de conhaque… O que tinha aqui acabou! Sabe, com esse tempo, estou sempre precisando de um gole para aquecer…

Papai se alarmou:

— O sr. sempre bebe por aí?

— Oh. – disse o velho, gesticulando com as mãos — Eu estou muito sóbrio. Na maior parte do tempo, estou. Não se preocupe, nenhum álcool é capaz de fazer essa cabecinha aqui esquecer os acontecimentos da Guerra Civil – disse ele batendo na própria cabeça, que mais parecia um ninho de pássaros. 

 Eu podia ver pela cara de papai que ele estava começando a se arrepender da escolha.  Rá, só agora? 

— Não é com seu esquecimento que estou preocupado… – papai começou.  

— Oh, não, não, não se preocupe. Sakura está em boas mãos – disse o velho, convicto. Então sentando-se em uma das cadeiras da mesa, falou: — Mas vou facilitar para você. Que tal um café?

Papai suspirou de alívio.

— Seria ótimo.

O velho bateu a palma da mão em um livro de história americana e, se virando para mim, perguntou:

— Podemos? 

Sufoquei um gemido insatisfeito, puxei uma cadeira e me sentei.

 

Foi a pior aula da minha vida, sem exageros. Se me perguntassem o que mais tinha me irritado, eu não saberia o que escolher dentre as milhares de opções. Mas poderia citar algumas delas sem precisar pensar muito:

1 – o sr. Sarutobi (como comecei a chamá-lo diretamente) não sabia citar os fatos de maneira cronológica, ele misturava as datas como quem estava fazendo uma canja de legumes;

2 – ele falava tanto do quanto estava precisando de um ou dois goles do melhor amigo para se esquentar, que eu estava quase indo pessoalmente buscar o melhor amigo no armário de cima da cozinha, onde papai guardava, só para fazê-lo calar a boca;

3 – ele não parava de assoviar enquanto eu tentava resolver as questões do livro, o que estava tornando impossível me concentrar; 

4 – ele ficava falando do quanto escolas eram legais, do quanto as pessoas de lá eram legais, até do quanto as árvores de lá eram super legais. 

Eu já não aguentava mais. Foi um alívio quando ele disse que por hoje já era o bastante. 

— O sr. não quer jantar com a gente? – papai perguntou, e eu quase bati minha testa dezenas de vezes na mesa. Por que papai não podia simplesmente deixá-lo ir?

— Oh, não, obrigada. O que preciso agora é da minha bebidinha. O sr. sabe… – o velho disse.

Oh, não, papai não sabia. Seria um milagre se aquele conhaque no armário ainda estivesse na validade, se é que não eram como vinhos… Mas o que ele respondeu foi:

— Ah, claro… 

Então quando o velho já tinha ido e eu me vi muito aliviada subindo as escadas, papai perguntou "E aí, gostou da aula?", eu respondi: "Ah, claro…"

 

 Depois de tomar banho, vestir o pijama e descer para jantar com papai, fiquei sentada na janela por um bom tempo. A noite estava bonita com a lua crescente e as infinitas estrelas. Ao longe, as luzes acesas das casas também contribuíam para a bela vista. 

Tinha se tornado um costume, sentar e observar a cidade do alto. Olhar ela de perto não era a mesma coisa que olhá-la de longe. De alguma forma, não parecia tão errado. Era como se estivesse observando uma cidadezinha em um globo de neve. E se não era de verdade, então não era real. 

"Você está com medo de trair sua antiga cidade, sua antiga vida", de repente as palavras do sr. Insensível se tornaram menos vazias. 

É exatamente o que estou fazendo, não é?

Nesse momento, ouvi o som de passos vindo lá de baixo. Eu olhei para a rua, e alguém vinha naquela direção. Não dava para ver quem era, por causa da luz do poste que ofuscava a visão. Mas dava para ver suas roupas. Jaqueta verde musgo, calças jeans rasgadas e all star preto. Não era baixo, mas também não muito alto. Algo no jeito como ele andava me parecia familiar.

Por isso, continuei olhando até que ele estivesse mais próximo, então apenas um segundo antes de conseguir ver o rosto dele, percebi quem era. O garoto das sacolas de mercado, filho de Mikoto e irmão de Itachi: Sasuke Uchiha. 


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Espero que sim! Desculpa pela demora nas respostas aos comentários passado. Mas de digam o q acharam desse ;) até a próxima! Bjs



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