Ele e Eu escrita por Thay Chan


Capítulo 17
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Boa noite! Como estão vcs? Espero que todos estejam bem! Então, é um bom dia para mais um capítulo? Eu digo q sim! ;) Não vou mais me estender, mas vou deixar uma nota importante nas notas finais (muito importante msm!) Então por favor, leiam :) É isso, aproveitem!



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ERA ENGRAÇADO COMO as coisas sempre aconteciam justamente quando você não queria. Era como pedir para elas acontecerem quando você estava pedindo exatamente o contrário. Como papai tinha lido uma vez em um livro: o Universo era um grande zombador.

Se eu fosse listar cada pequeno pedido que fiz à ele nesses últimos dias, qualquer um poderia ver que eu realmente não sou muito exigente e que merecia pelo menos o mínimo.

A lista basicamente seria: (1) Não quero ter outro surto; (2) Quero que papai relaxe e se preocupe mais com ele; E por último, mas não menos importante: (3) Não quero me encontrar com os vizinhos novamente.

Apenas esses três ínfimos desejos seriam o bastante para me deixar feliz por todo o restante da minha vida. E eu até consegui ficar esperançosa por um certo tempo, antes de perceber que realmente não iria rolar. Porque quando uma coisa não dava certo com um intervalo de tempo tão pequeno, a chance de todo o resto dar errado era grande.

A chamada Lei de Murphy, que descobri sempre estar certa na segunda-feira de manhã, quando papai e eu estávamos saindo de casa para mais uma consulta com o meu psicólogo/psiquiatra.

Era o primeiro dia de sol em sete dias, e apesar dele estar totalmente aparente, o clima estava ameno. Havia um pequeno arco íris ao longe, porque tinha chovido levemente naquela madrugada.

Eu estava usando moletom e, papai, um suéter azul com as mangas dobradas no cotovelo. Estávamos prontos para entrar em Dorothy quando ouvimos alguém chamar:

— Senhor K!

Eu não precisei olhar para saber quem era. Aquela voz vinha rondando os meus pesadelos desde o acontecido na casa verde-limão. 

Apertar os olhos e repetir não, não, não foi tudo o que consegui fazer antes de Mikoto atravessar a rua correndo e parar na nossa frente.

Ela olhou de papai para mim com um sorriso tímido e gentil como se estivesse procurando as palavras certas para aquele momento. Reparei no seu vestido de frio estampado e nos cabelos longos e soltos e desviei os olhos para os girassóis atrás dela, plantados no jardim de sua bela e incomum casa.

Papai, que até o momento não tinha falado nada, olhou para mim incisivamente, e disse:

— Sá, eu esqueci minha carteira lá dentro. Você pode pegá-la, por favor?

Eu o olhei e assenti com a cabeça, mas tinha quase certeza que a carteira estava no seu bolso traseiro e que ele sabia disso.

Enquanto voltava para casa, sentia os olhos de Mikoto nas minhas costas, seguindo-me atentamente como se quisesse dizer alguma coisa. Mas além de eu não querer ouvir, papai também parecia disposto a não deixar. Como disse uma vez: papai era muito bom em me proteger de mim mesma. E dos outros.

Quando entrei em casa, verifiquei a mesa de centro, onde papai costumava deixar a carteira e, como o esperado, não havia nada. Então me aproximei da janela da sala e afastei um pouco a cortina. Papai e Mikoto pareciam calmos, gesticulavam pouco e, eu poderia apostar, falavam baixo. Mesmo séria, Mikoto ainda tinha um semblante gentil. Uma vez ou outra, ela olhava para além de papai, para a nossa casa. Nas primeiras vezes, cheguei a pensar que ela tinha me visto, mas depois ela voltava a olhar para papai e eu percebia que ela não estava olhando para nenhum ponto em particular.

Fiquei os observando por minutos que pareceram horas, tentando imaginar o que eles tanto conversavam. Pensando se era sobre mim. Sobre o que mais seria?

Quando eu já estava cansando de espiar sem sequer saber qual era o teor da conversa, Mikoto estendeu a mão para papai apertar com um sorriso esperançoso no rosto. Papai demorou alguns segundos para reagir e me perguntei se era por receio ou surpresa e se ele iria devolver o cumprimento; mesmo que não fosse de seu feitio ser mal educado, tudo dependia do contexto. Então quando eu e provavelmente Mikoto estavámos começando a perder as esperanças, papai estendeu a mão e apertou a de Mikoto amigavelmente.

Depois que Mikoto atravessou a rua e entrou na própria casa, eu me perguntei sobre o que ela tinha feito papai concordar.

 

— Me fale sobre como foram essas duas últimas semanas – pediu o sr. Hatake.

Como de costume, ele estava sentado em sua poltrona, de pernas cruzadas. Olhando para mim do mesmo jeito profissional e questionador. Desta vez, estava usando um terno cinza escuro com uma gravata de listras vermelhas e brancas. O sapato parecendo novo e lustroso como sempre. Sua sala também estava mais escura, como se tivessem acabado com os últimos raios de sol que entravam pela única fresta que havia restado nas persianas. Só havia a iluminação das lâmpadas pouco potentes no teto.

De alguma forma, eu achava que a pouca luminosidade do lugar combinava com estado de ânimo do sr. Hatake. Algo na postura dele também dizia isso. Apesar das costas eretas, expressão insondável e do humor difícil, ele parecia mais… introspectivo, como o interior de uma caverna rochosa.

— Acho que… normais – eu respondi, retraída e pensativa. Será que estava tudo bem com ele?

— O que é normal para você? – ele perguntou.

— Café da manhã, afazeres de casa, almoço, televisão, jantar.

O sr. Hatake levantou uma sobrancelha, curioso.

— Mais nada? – perguntou.

Eu me mexi e entrelacei as mãos.

— Acho que… não.

— Você não tem feito nada para se distrair além de ver televisão?

Eu molhei os lábios ao responder:

— Bom, eu leio bastante.

O sr. Hatake se recostou nas costas da poltrona e começou a brincar com o seu anel de prata. Ele o fazia girar para a esquerda e depois para direita, repetitivamente.

Então ele disse:

— Eu sou totalmente a favor da leitura. Você realmente precisa dela na faculdade. E depois que passar por ela, obviamente. Mas sempre achei que ler é um ato de irracionalidade, ou seja, é como viver fora da razão. Fora da realidade. Como um porta para saída de incêndio no último andar de um prédio muito alto. Você desce, desce e desce, e parece que você está realmente chegando em algum lugar, que está se salvando, mas então o fogo finalmente te alcança e você percebe que a escada de incêndio não foi o suficiente.

Eu não podia acreditar no que estava ouvindo. Só fiquei olhando para ele sem saber como reagir. Aquela era a maior idiotice que eu já havia ouvido na vida.

— O sr. está dizendo que a leitura de livros de ficção não são tão válidas quanto livros didáticos? – perguntei, descrente.

O sr. Hatake apenas colocou o dedo indicador sob o labio inferior, mais um de seus hábitos mecânicos.

— Sim, acho que é isso o que estou dizendo – disse ele, nenhum pouco constrangido. — Sei que seu pai é escritor e não estou falando que o emprego dele não é estimulante como qualquer outro. Afinal, nem todo trabalho estimula tanto a imaginação como a própria escrita. Mas, por experiência própria e extensa, sei aonde a imaginação exagerada pode nos levar.

Okay. Agora eu estava boquiaberta.

— Está dizendo que livros fictícios enlouquecem as pessoas? – era isso o que ele estava dizendo?

O sr. Hatake parou de brincar com o seu anel de prata por um momento.

— Não estou dizendo que todos são loucos, Sakura. O que estou dizendo é que viver em realidades paralelas talvez não seja tão bom para a mente humana.

Eu nunca tinha ouvido tanta baboseira junta antes. Acho que eu tinha que dizer o que eu estava pensando, não?

— Bem, eu discordo do sr. – eu disse, me endireitando no sofá. — Para mim, não existe ser humano mais lúcido que o que consegue transmitir em forma de arte seus sentimentos e emoções.

O sr. Hatake olhou para mim com curiosidade e com mais alguma coisa que não consegui identificar.

— Mesmo? – ele perguntou.

Eu assenti sem saber exatamente por que ele não estava nem um pouco ofendido com o que eu disse.

— Acho que você deveria ouvir os seus próprios sentimentos então e voltar a colocá-los em telas. Talvez esse seja o seu maior ato de lucidez, afinal. – ele disse. E foi quando percebi qual era a outra coisa que notei em seus olhos outrora: astúcia. Ele não estava mais combinando com a penumbra dentro daquela sala.

Ele havia me pegado e sabia disso. Eu tinha caído em sua armadilha. E agora?

 


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Notas finais do capítulo

Então, o q acharam? O sr. Hatake é msm demais né? Hushsusuhs

Bem, o que eu qria dizer a vcs é q eu decidi que a fic terá outros volumes, talvez mais um ou dois. Pq eu realmente tenho mtas ideias pra colocar ainda, então ficaria uma fic mto extensa. O próximo ou próximos volumes, no entanto, serão com a perspectiva de outros personagens :O rsrs

Espero q tenham gostado da ideia e que, quando chegarmos ao fim desse volume, vcs continuem acompanhando o outro :)

É isso, a Sá, companhia e eu aguardamos vcs no próximo capitulo! Bjs ;*



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