Ele e Eu escrita por Thay Chan


Capítulo 12
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Olá, meu lindos! Como estão vcs nessa tarde de sábado? Espero que estejam todos bem. Então, kkk, não é que retornei novamente nessas férias, até eu fiquei surpresa. Espero que vcs gostem do capítulo, que está tratando mais (totalmente) das consultas da Sakura com o Kakashi. É isso! Aproveitem!



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O SR. HATAKE tinha cabelos compridos que batiam nos ombros. Ele sempre os partia de lado, e os puxava para trás, como em um penteado estilo anos 80. Ele também era um pouco mais alto que papai, e parecia sempre elegante em seus ternos feitos por alfaiates e sapatos italianos verdadeiros.

Naquela tarde, ele estava usando um terno cinza de aparência cara, com uma gravata de cetim listrada. Parecia como se estivesse pronto para ir a um evento multimilionário cheio de pessoas muito ricas, embora o colete acinzentado sob o paletó o deixasse com um ar um pouco mais informal. Eu pensei em seu gosto apurado, e me perguntei o quão bom ele era em seu trabalho para ganhar tão bem a ponto de conseguir manter a vida de luxo que ele claramente possuía. Pensei no quanto ele deveria ter cobrado à papai, e o que o fazia ser tão diferente dos outros profissionais da área dele para ser considerado um dos melhores do país. Shizune era boa, mas o consultório dela não parecia tão valioso quanto o dele, embora certamente fosse bem mais acolhedor.

— Como está a mudança? – ouvi a voz dele perguntar ao longe, como se estivéssemos separados por dezenas de quilômetros, e não apenas por dezenas de centímetros. Tentei deixar meus pensamentos por alguns instantes, e segurei mais fortemente o braço do sofá de couro.

— Está tudo certo – eu disse, nervosa. — Papai até já voltou ao seu livro – acrescentei, sem saber exatamente o que estava fazendo. Isso era o que o nervosismo fazia comigo; eu sempre falava demais. Mordi meu lábio inferior, sabendo que isso apenas me faria parecer mais insegura, mas sem conseguir me controlar.

No entanto, se o sr. Hatake percebeu, ele resolveu ignorar.

— Ele escreve livros para jovens, certo? – ele perguntou.

Eu assenti com a cabeça, timidamente, receosa de que, caso abrisse a boca, voltaria a falar o que não devia. Não que alguma coisa sobre o trabalho de papai fosse segredo para qualquer um, mas todo o cuidado com o sr. Hatake parecia pouco. Eu não me lembrava de quando precisei ser tão cuidadosa assim com Shizune. As coisas com ela simplesmente pareciam fluir sozinhas.

— E o que você acha do trabalho dele? – o sr. Hatake perguntou.

Acho que estava parecendo meio perdida quando respondi:

— Bom.

Eu não sabia se aquela era a resposta que meu psicólogo/psiquiatra estava querendo, mas se não fosse, mais uma vez ele havia decidido não aprofundar o assunto.

— Imagino que às vezes seja solitário para você – eu o ouvi dizer. — Seu pai me disse que quando está ocupado com um projeto, constantemente precisa ficar o dia inteiro trancado no escritório.

Meu estômago deu uma cambalhota aflita. Eu não sabia como, mas estava certa de que não gostaria do que sairia daquela conversa. De qualquer forma, não parecia ser uma opção não responder à pergunta. Eu tinha a nítida sensação de que o sr. Hatake não relevaria qualquer outra reação que não fosse uma resposta sincera dessa vez.

Mesmo assim tentei ser o mais superficial possível enquanto dava de ombros:

— Raramente.

Os olhos do sr. Hatake se estreitaram, desconfiados; ele não acreditou em mim. Mas apesar de ter soado vaga, eu estava falando a verdade. Eu não me sentia sozinha quando papai estava trabalhando no escritório. Porque ele estava sempre a apenas alguns metros quadrados distante de mim, e eu também tinha as minhas coisas. Eu tinha coisas o suficiente para não me sentir solitária. Mas acho que deveria ser mesmo difícil para qualquer um acreditar nisso.

— Soube que você pinta. E que é muito boa – comentou ele, como se estivesse falando do clima lá fora.

Eu nunca havia comentado nada disso com ele, mas não era surpresa nenhuma saber que ele já sabia. Provavelmente ele sabia tanto sobre mim quanto papai. Era o que médicos mentais faziam, reviravam a sua vida com o apoio de seus familiares, para depois usar isso contra você. Não era como se eu pudesse me ressentir de papai; esse era o único jeito que ele tinha encontrado para me ajudar.

De qualquer forma, isso não queria dizer que eu precisava gostar de descobrir que alguém de quem eu não sabia nada e que eu mal conhecia, sabia tanto da minha vida.

Minha garganta coçou.

— Eu gosto – eu respondi, quase em um sussurro, sem ter certeza se o sr. Hatake havia conseguido ouvir.

Mas ele deve ter conseguido, porque, logo em seguida, ele perguntou:

— O que você gosta de pintar?

Eu queria não ter que responder à pergunta. Só que eu ainda estava com o pressentimento de que o sr. Hatake não estava me dando outra opção. E as coisas já estavam ruins o bastante sem que eu precisasse facilitar as coisas para ele.

— O que eu vejo – eu disse, simplificadamente.

Mas era claro que isso não bastaria para o sr. Hatake.

— Como?

Eu me sentia como o réu em um tribunal, sendo interrogada pelo juiz e o promotor de acusação ao mesmo tempo. Sem direito a qualquer defesa. Abandonada a própria sorte.

— Uma casa velha, uma folha no chão, um gato preso em uma árvore… O que achar bonito e interessante.

— Você já desenhou um gato preso em uma árvore antes? – o sr. Hatake perguntou.

— Sim.

— E você preferiu o pintar, em vez de ajudá-lo a descer da árvore?

Eu senti meu pescoço e minhas orelhas queimarem de vergonha. Eu não me orgulhava disso, mas eu tinha um bom motivo.

— Eu não tinha muita intimidade com os donos dele – disse.

— Você não acha que ajudar o animal de estimação deles seria uma boa forma de aproximação?

Sim, eu acharia, se acontecesse com outra pessoa. Comigo, isso nunca daria certo. Mas eu não disse isso ao sr. Hatake, o que eu disse foi:

— Sim, acho.

O sr. Hatake anuiu, categoricamente, de um jeito que só poderia estar concluindo que eu realmente precisava de ajuda.

— Certo – ele disse. — E no que você está trabalhando no momento? – perguntou, inclinando o corpo na poltrona.

— Nada – respondi, simplesmente.

O sr. Hatake começou a brincar com seu anel de prata.

— Nada? – ele perguntou. — Você perdeu o interesse pela a atividade?

Eu sabia o que ele estava querendo saber. Ele estava querendo saber se eu estava deprimida. E isso era algo que eu não tinha certeza.

— Acho que não – eu respondi.

— Quando foi a última vez que você pintou?

— Há três semanas e meia.

— Qual foi a última coisa que pintou?

— O vitral do meu antigo quarto.

— Na sua cidade natal?

— Sim.

— Então você não pintou nada desde que chegou aqui?

— Não.

— Você pelo menos tentou?

— Não.

— Você não tem vontade de pintar a sua nova casa ou a rua onde está a sua casa ou a paisagem da cidade vista pela janela do seu quarto?

— Não.

— Você não encontrou nada por aqui que tenha a deixado com vontade de colocar em uma tela? – o sr. Hatake continuou o questionário.

Eu tentei não ser mal-educada quando respondi:

— Não.

— Você não viu nada por aqui que tenha achado bonito?

Eu tentei soar suave novamente:

— Acho que não.

O sr. Hatake continuava a brincar com o anel. Ele não parecia nada ofendido por eu delicadamente insinuar que a cidade na qual ele morava atualmente era feia.

— Entendo – ele disse. — Você sabe que essa perda de interesse por uma atividade que anteriormente a dava prazer, pode ser um sintoma de depressão, certo? – perguntou.

Eu assenti.

— Você acha que está deprimida?

Mesmo que aquela fosse a sexta sessão com o sr. Hatake, eu ainda não conseguia deixar de me espantar com as suas perguntas. Como que eu iria saber se estava deprimida, esse deveria ser o trabalho dele. Como ele mesmo disse, não era para isso que ele era pago?

— Não sei – foi o que respondi.

O sr. Hatake assentiu.

— Certo – ele disse. — Posso dizer o que eu penso? – ele perguntou, como se eu tivesse escolha. Mesmo assim, ele esperou até que eu concordasse com a cabeça. Eu não sabia se queria realmente ouvir, mas, como eu disse, não era como se eu pudesse escolher de verdade. — Não acho que você esteja deprimida. Acho que você está com medo de gostar de Toms River.

Aquela era a primeira vez que o sr. Hatake colocava seu ponto de vista na mesa, e talvez por isso eu tenha ficado mais do que assustada com o que ele disse.

Ele não esperou que eu concordasse dessa vez.

— Acho que você está com medo de trair sua antiga cidade, sua antiga vida.

Eu não sabia muito bem como responder à essas conclusões de psicólogos. Eu não sabia se realmente existiam respostas para elas. Com Shizune, eu podia dizer o que pensava, se concordava com ela ou não. Mas não era como se eu pudesse fazer o mesmo com o sr. Hatake.

Então, eu apenas continuei o encarando, esperando por mais. Porém, aparentemente o sr. Hatake havia acabado com a análise, porque, um segundo depois, ele olhou para seu relógio de ouro no pulso, e comunicou sem cerimônia nenhuma ao levantar:

— O tempo acabou. Nos vemos na próxima semana.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? N disse q estava tratando mais das consultas com Kakashi, haukdjdshush. Espero que tenham gostado dessa consulta, kkk.

Gente, agora é sério, o próximo capítulo é uma incógnita de qdo saíra. Na segunda começarei na faculdade novamente, e só Deus sabe o quanto ficarei atolada, então realmente me perdoem se eu demorar muito. Espero que esse capítulo tenha compensado o inconveniente do próximo. É isso, me desculpem por qualquer coisa, amo vcs. Bjs, e até a próxima!



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