When I Saw You. escrita por Honey Moon


Capítulo 38
Aquele com o efeito bumerangue.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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POV INUYASHA

O quarto do Kouga é tão ... vazio. Tudo cinza e azul marinho, sem fotos ou nada que remeta a sua infância. Eu imaginei que seria como o da Kagome. Colorido, cheio de paradinhas fofas dadas entre eles.

— Já parou de vasculhar o meu quarto? – O garoto roda na cadeira da escrivaninha me encarando – Trouxe a sua parte?

— Eu não sei escrever. Porque temos que fazer o que você quer? – Digo cruzando os braços.

— Não é o que eu quero, é arte e literatura. Musica é a única coisa que eu sei fazer juntando as duas coisas, o que você sabe? – Ele ri batendo o lápis na mesinha.

Eu só reviro os olhos suspirando pesarosamente.

— Sabe tocar alguma coisa pelo menos?

— Violão. – Dou um sorriso forçado – Um pouco.

— Bom, isso é alguma coisa certo? – Ele diz debochado.

— Não me faça te dar um soco -  Ele me encara dando uma risada – De repente assim você lembra dela.

Sua expressão muda imediatamente e ele desvia o olhar fitando o piano.

— Eu lembrei de tudo. – Me sento em um puff que estava próximo ao piano.

— Você não é o mesmo, como pode ter lembrado de tudo?– Murmuro perplexo.

— Sabe aquela conversa que tivemos no dia do baile? Eu não sinto nada mais. A Kagome é uma pessoa incrível e fez a minha vida ser boa mas ... – Ele não me olha nem por um segundo.

— Como isso é possível ... Vocês eram melhores amigos e ela não é uma pessoa que se possa apagar dessa forma ... – Ele levanta e me entrega os rascunhos do que parece ser músicas, todas românticas e tristes.

— Eu falei a verdade quando disse que a amava naquele dia e todas essas coisas provam isso. É sobre ela.

Olho as letras melancólicas e sinto uma pontada no peito. Isso é o amor que ele estava falando.

— Eu não sei o que aconteceu, mas tudo sumiu. Todo carinho e amor ... – Ele respira fundo encostando no piano – Não é como se fosse o fim do mundo, ela não gostava de mim dessa forma então o que há pra lamentar? – Ele me encara e vejo o quanto ele mudou. Ele parece bem por fora mas com certeza sente um vazio.

— Eu não sou a melhor pessoa pra falar com você sobre isso, eu mesmo não entendo absolutamente nada do que sinto mas sei que vocês eram amigos e amizade vem antes de qualquer coisa. Kagome é gentil, doce, espirituosa e sinto falta dela. Tudo fica melhor quando ela está presente, eu não consigo explicar o quanto ela muda meu dia.

Kouga me olha como se estivesse surpreso. No dia do baile ele me olhava com raiva, agora talvez, seja pena. Eu continuo.

— Eu a quero na minha vida, mesmo que sejamos apenas amigos.  

— Ela casou com o seu irmão, mas pelo que lembro, estava apaixonada por você. – Ele diz sério e eu fixo meus olhos no chão. Eu sei que a perdi no momento que fui embora naquela noite – Talvez esse seja o motivo do meu bloqueio em relação a ela, não mais a hipnose.

— Você sabia da hipnose e mesmo assim continuou com isso? Que babaca. - Ele me dá um soco no braço com uma força exagerada.

— Ei, desde quando você acha que pode dizer o que tenho que fazer?

— Desde quando você está machucando alguém que eu gosto e que você também gosta, não somos amigos e você me trata estranhamente bem. Não vou permitir que sua indiferença a machuque. – Me levanto entregando de volta suas músicas – O trabalho já ta feito. Escolha uma música e vamos tocá-la.

O garoto me olha perdido em pensamentos. Talvez, quando Kagome voltar, as coisas também voltem a ser como eram antes.

POV KOUGA

Pego uma das músicas e coloco sobre o suporte do piano.

— Presta atenção, você vai cantar umas partes, precisa entrar em harmonia com a música.

As primeiras notas surgem com um pouco de dificuldade, mas melhora conforme me concentro.

‘Kajimallaedo meomchweon seoraedo

Mesmo que eu diga para não ir, mesmo que eu diga para parar

Noereul hyanghaeganeun nae mamingeol

Meu coração continua indo atrás de você

Dalji do anhi juljido anhi

Ele não se cansa, ele não diminui

Waeiri nae sarangeun

Porque meu amor é desse jeito?’

Inuyasha está encostado ao lado do piano na parede com os olhos fechados.

‘Chueok hana hana sego ddo seneura

Conto e reconto as nossas memórias

Mameun hanshido shwijil mothae

Meu coração não consegue descansar nem um momento

Kanugido himdeul jimman dwiltende

Isso acaba se transformando em bagagem, difícil de controlar

Wae nan beorijido mothaneunji

Porque eu não consigo jogá-las fora

Jeongmal kaseumi otteokae dwenabwa

Com certeza algo aconteceu com o meu coração

Nunmeon sarange babo ga dwenabwa

Devo ter me transformado em um bobo cego de amor

Ojik hangoman maeil hangoman

Só um lugar, toda vez esse lugar

Neoran seulpeun bitcheul baraboda

Olhando para aquela triste luz que é você’

Eu pauso por um instante e o pego me olhando emburrado. Inuyasha pega a folha do suporte olhando atentamente a letra.

— Eu não posso cantar isso.

— Porque não? – Cruzo meus braços na frente do peito estreitando meus olhos – Você não sabe cantar não é?

— Ahhhhhhhhh! – O garoto balança a cabeça debochado – Claro que eu canto mas – Ele hesita ao olhar a letra de novo – Isso parece ser muito ... Intenso pra você.

Eu rio.

— Cara, se isso te faz se sentir um pouco mais a vontade, eu terminei de escrever essa letra ontem. Eu fiz umas modificações para que fosse cantada em dueto e também, seja lá o que você esteja pensando, eu não sou mais um “rival” pra você. – Porque eu disse isso?

Agora é ele que ri. Ele respira fundo e volta a sentar encarando o papel.

— Você tinha razão quando disse que tem uma grande diferença entre gostar e amar. Eu não sei por que estamos tendo essa conversa, mas meus sentimentos por ela sempre foram confusos porque eu tenho bagagem demais. Sem saber você acabou de descrever como eu me sinto às vezes.

Inuyasha parece vulnerável demais, isso é tão estranho. Eu nunca quis ser amigo dele, pra mim ele sempre foi um babaca, mas agora, eu não consigo vê-lo tão babaca assim. Talvez porque meus sentimentos tenham mudado e eu não o veja como um obstáculo.

— Inuyasha, às vezes dar um mergulho em seus sentimentos significa ser levado para longe. Talvez você não seja tão idiota, só não quer ver o que está bem na sua frente.

— O que quer dizer com isso? – Ele me olha sem entender.

— Você é bem burro mesmo. – Murmuro rindo  e ele fecha a cara – Você tem medo do que possa sentir. Se livre do medo e saberá como se sente.

— Então isso serve pra você também. – Ele pega o celular tirando uma foto da música e me devolve – Pense bem, eu falei sério quando disse que só confiava em você para protegê-la.

Inuyasha vai embora e eu sei que ele disse isso porque machucar é o contrario de proteger. Pego meu celular e mando uma mensagem para Sango, estou pronto para conversar com ela.

POV INUYASHA

Estou chegando a casa quando vejo uma mulher parada na frente da casa principal. Ela está de costas, cabelo curto escuro, o, sobretudo vermelho vai até a metade da coxa mostrando uma meia calça preta rasgada e botas de cano alto. Ela tem um estilo ousado para trabalhar pra ele.

— Quem é? – Murmuro pra mim mesmo, dou de ombros e sigo para minha casa – Deve ter vindo resolver alguma coisa na casa principal afinal, eles devem estar voltando.

POV KAGOME

Esse quarto me deixa mais desconfortável do que os quartos de hotel que estivemos. Talvez porque eu saiba que vou ter que ficar aqui por anos.

Termino de colocar meu uniforme e pego minha mochila. Não avisei a ninguém que estava de volta, Sango vai levar um baita susto. Aliso meu cabelo curto com a mão.

Escuto as batidas na porta e logo depois o Sesshoumaru entra. Ele não diz nada só me encara pelo espelho.

— Gostou do quarto? – Ele diz um tanto desconcertado. Meu quarto é de frente para o dele no corredor, essa casa deve ter uns 15 quartos pelo tamanho. Realmente aqui é uma mini cidade.

— Não estou esperando você me pedir desculpas por ter me esquecido do lado de fora da casa Sesshoumaru, relaxa. – Digo me virando em sua direção com os braços cruzados.

Ele me entrega um chaveiro que acredito ter todas as chaves do imóvel porque são várias.

— Eu devia ter te dado isso a muito tempo. – Ele segura minha mão tirando a aliança dourada – Eu realmente não gostei dessa aqui. – Ele encara a aliança gorda dourada em seguida tira do bolso um colar bem fininho e comprido, em sua ponta contem uma aliança delicada feita em ouro branco.

— Não é para ser visto no colégio? Isso não é meio que contra as regras daquele contrato? – Digo encarando a belíssima aliança e noto que a dele combina com a minha.

— Você estará usando, só não no dedo. Por enquanto. – Ele vai pra trás de mim e fecha o colar em meu pescoço, colocando a aliança pra dentro da blusa do uniforme – Você só vai usar quando se sentir a vontade com isso.

Eu não digo nada, na verdade, eu estou com medo de tudo daqui pra frente. Ele continua me segurando como se eu fosse uma boneca.

— A entrevista familiar vai acontecer na quarta, se tudo der certo, logo logo  a Rin vai estar correndo por esse lugar assombrado. – Sesshoumaru me olha de uma maneira diferente, como se eu fosse quebrar se me soltasse.

— Bom, talvez eu corra com ela – Digo dando de ombros o fazendo dar um sorriso preguiçoso. Ele está tão assustado quanto eu.

—-

Saio mais cedo pra passar na casa dos meus pais. Os três me abraçam como seu eu estivesse fora por anos.

Kaede me faz tomar café da manhã antes de sair e peço pra ela enviar o restante das coisas para a casa do Sesshoumaru enquanto estou no colégio. Se eu subir pro meu antigo quarto, não vou querer sair.

—-

Acabo chegando atrasada no colégio de qualquer forma e não consigo entrar no primeiro tempo. Então vou pra “floresta” atrás esperar o tempo passar.

Esse lugar ... Meus olhos percorrem toda área com nostalgia. Não faz nem um ano em que estávamos sentados os três aqui aos pés dessa arvore conversando, rindo. Isso nunca mais vai acontecer da mesma forma.

Vou até a árvore e sento no chão encostando-se a ela. Coloco meus fones de ouvido e fico observando o céu azul, as folhas as arvores estão começando a dar uma amarelada bem de leve.

O som da música clássica quase me faz dormir me dando um estalo quando o sol some do meu rosto. Kouga. Kouga está me olhando em pé na minha frente.

Os cabelos escuros estão um pouco maior, o blase jogado sobre os ombros e com a camisa do uniforme com os dois primeiros botões abertos ele parece a mesma pessoa.

— Heey – Digo tirando os fones de ouvido – Não devia estar matando aula. – Digo zombeteira, mas ele não sorri. Apenas estende a mão pra me ajudar a levantar.

— Oi. – Seus olhos estão fixos em meu cabelo e automaticamente eu passo a mão por ele – Olha quem fala, a burra aqui é você.

Eu estava errada, tem algo diferente. Nos encaramos pelo que parece ser uma eternidade, eu viajei por dois meses e pensei que quando voltasse isso iria doer menos. Esse muro que agora tem entre nós.

— Eu disse pra não cortar o cabelo, idiota. – Ele dá um sorriso leve e meus olhos enchem de lágrimas. Ele se lembra de mim ... Então porque?

— Eu sinto muito, muito, muito mesmo. – Digo segurando o máximo as lágrimas. Ele balança a cabeça apertando a minha mão com força me fazendo chorar – Eu jamais machucaria você.

— Eu sei. Foi mais minha culpa que sua não se preocupe mais com isso. – O Kouga que eu conheço me abraçaria e não me soltaria até meu choro cessar. Eu o solto, o modo como ele me olha é diferente, eu não sinto nada nele. Como se eu não fosse ninguém. – Kagome, eu queria falar com você. Eu acho que não posso mais fazer isso ... – Ele desvia seus olhos azuis de mim – Talvez algum dia possamos ser amigos de novo, mas é que agora ...

Minhas lagrimas caem sem parar, tudo que eu não chorei naquele dia parece que está caindo agora. Eu balanço a cabeça confirmando.

— Tudo bem, eu entendo. – Eu pego minha mochila e saio correndo pra longe sabendo que ele nunca mais viria até mim.

—-

Estou correndo até a saída do colégio quando escuto Miroku me chamar. Ele está sozinho e vem correndo até mim.

— Kagome-chan! – Ele diz animado até perceber que estou chorando. Quando ele me abraça eu choro como uma criança enquanto ele me aperta em seus braços – Eu sei que dói, mas vai passar. – Ele diz baixinho tentando me confortar e eu afundo meu rosto em seu peitoral. Estou chorando de soluçar e não consigo parar – Vamos sair daqui.

Ele me leva para a cobertura e não sai do meu lado até eu me acalmar um pouco. Logo a porta abre em um solavanca e Sango emerge equilibrando três garrafas de água .

— Kagome. – Ela para me olhando e eu limpo minhas lágrimas que teimam em cair, dando um sorriso pra minha amiga que joga as garrafas no garoto e vem me abraçar – Estamos aqui. Eu estou aqui. – Ela diz e posso perceber que está chorando também.

Miroku acaricia o topo da minha cabeça enquanto Sango me abraça forte.

— Tenha fé Kagome-chan, como não queremos ser feridos, acabamos machucando uns aos outros. – Eu me afasto da Sango o fitando, Miroku fala como se soubesse o por que do meu estado.

— O que você está dizendo? – Eu digo o encarando.

— O Kouga veio atrás de você, se ele não se importasse, porque viria? – O garoto diz me encarando, ele acaricia o topo da minha cabeça de novo como se eu fosse um cachorro  – As vezes temos que errar pra acertar. Ao vê-la sofrer desse jeito, ele próprio se machucou.

— Oh! - Sango me olha preocupada - Efeito bumerangue. Puta que pariu e agora? - Ela diz encarando Miroku que apenas dá de ombros.


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Notas finais do capítulo

Até a próxima pessoal ♥



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