POV INUYASHA

Vou bem devagar até a casa da Kikyou. Encaro o celular na minha mão e penso o que vou dizer. Provavelmente nada.

Vou até a janela lateral que onde é seu quarto e dou batidinhas. Ela me olha pelo vidro e respira fundo antes de ir até a porta. Algo que só faz quando está nervosa.

Quando chego na porta ela já está lá, apesar de não estar tão tarde está enrolada em um roupão de seda preta.

— Oi – Ela diz primeiro.

— Eu vim devolver seu celular. – O entrego para ela que não pega.

— Achei que tinha vindo me ajudar – Ela está maquiada demais para um domingo a noite.

— Tem alguém ai? – Pergunto desconfiado.

— Se você entrar, vai ter sim. – Ela abre ligeiramente a parte de cima do roupão expondo um espartilho preto. Ela só faz isso quando acha que pega pesado demais comigo – Inuyasha – A morena coloca uma mecha do cabelo atrás da orelha, meus olhos fixo em seu batom vermelho cereja.

Faz tanto tempo que ela não pronuncia meu nome assim. Ela dá um passo pra frente e pega o celular junto com a  minha mão e me puxa mais pra perto.

— Eu não vou perguntar duas vezes – Não consigo pensar, seu decote. Ela está respirando forte fazendo seus seios subir e descer chamando minha atenção – Quer entrar?

— Sim. – Pronuncio mais as palavras pra mim do que pra ela.

Ela coloca a mão na minha nuca e me beija. Um beijo leve e demorado, me puxa pra dentro e bate a porta.

— Onde estão todos? – Pergunto quando ela me empurra contra a porta e abre o roupão exibindo seu corpo perfeito, a cor da lingerie destaca o tom alvo de sua pele.

Espartilho, meias 7/8 rendadas e cinta liga. Seu batom vermelho combinando perfeitamente com os sapatos altos vermelhos.

— O que você está fazendo ? – Engulo seco.

— Coisas de namorados ... – Ela dá um beijo em meu maxilar e eu nem percebi que sua mão estava por baixo da minha camisa arranhando meu abdômen lentamente – Faz tempo desde que estivemos juntos ... – Sua mão para no cós da minha calça jeans e tudo que eu quero e desesperadamente correr com ela para a cama.

POV KAGOME

Rolei a noite inteira na cama. Decido levantar e tomar café da manha com a Kaede.

— Bom dia Kagome-chan, e como foi o encontro? – Ela diz me dando um beijo estalado na bochecha.

— Encontro? – Rio – Não não, mas talvez tenhamos uma filha – Faço sinal de positivo pra velha senhora que ficou horrorizada com o que eu disse.

— Kagome Higurashi!

— Calma calma, quem sabe um dia – Levanto as mãos em sinal de paz – Foi isso que eu quis dizer.

Ela respira aliviada. Nesse momento passam dois empregados conversando e olhando pra mim de rabo de olho.

— Ei, Sra. Kaede, aconteceu alguma coisa? – Digo tomando um gole do chocolate quente.

— Aquela sem vergonha da sua prima, eu queria que você não fosse tão parecida fisicamente com ela – Ela diz revoltada.

— Como assim? – Ela se achega mais perto.

— Eu vou te falar, porque acho que uma hora ou outra você vai saber.

— Meu Deus! Ta me assustando ... Fala logo! – Eu falo entre dentes.

— Ontem a noite a Kikyou teve um encontro quente com o seu cunhado e parece que alguém tirou fotos deles ... Comprometedoras. – Ela diz vermelha. E eu fico inerte.

— Como assim comprometedoras ? – Disparo.

— Ela o recebeu de lingerie na porta de casa e com as janelas abertas começaram a, você sabe – Ela acaricia meu braço carinhosamente porque sabe que estou magoada. Pera, ela está vendo que eu estou magoada, então eu estou realmente magoada?

— E o que isso tem haver comigo? – Pergunto com meu olhar fixo na xícara.

— Você é bem parecida ... Fisicamente com ela e sabe que esses tarados agora que a viram vestida desse jeito ... Olham pra você e ...

— CHEGA – Eu grito para que todos escutem – TALVEZ ESTEJA NA HORA DE TER GENTE NOVA TRABALHANDO NESSA CASA!!!

Eu aperto sua mão para que saiba que não estou falando com ela.

— Melhor eu ir, Kouga deve estar a caminho – Pego minha mochila e saio de casa, fico no portão esperando ele chegar, parece que levei um soco no estomago.

Ela seria tão idiota de fazer isso? Porque?! Ou ele teria feito isso por conta da brincadeira da lingerie?! Pra provar que tem tudo que precisa e quer ...

Nesse momento os vejo saindo de casa. Ele dormiu com ela, deve ter até um quarto nessa casa! Quarto não, uma gaveta. A Kikyou não daria um quarto a ele. Respiro fundo. Inuyasha abre a porta do carro para ela entrar e antes disso ela o beija. De repente sinto que estou na frente deles e que o show é pra mim.

Nossa! Como eu sou idiota, eles nem ligam pra mim. Nem estão me vendo aqui.

— Bu! – Kouga grita me assustando.

— Meu Deus! De onde surgiu? – Digo atônita.

— Eu estacionei na sua frente princesa, buzinei e tudo – Ele tenta olhar para onde estava olhando e eles já entraram no carro. Então não tem nada pra ver.

— Vamos! - Entro no carro e tento entrar no modo automático.

Ele coloca o rádio pra tocar e passa pela casa da Sango para busca-la.

— Bom dia! – Ela entra no banco de trás e enfia a cabeça entre nos – Como foi o encontro? – Ela diz pra mim – Não respondeu minhas mensagens.

— Encontro? Com quem? – Kouga pergunta e Sango dá uma risadinha.

— Sesshoumaru-sama! – Nesse momento o moreno coloca o pé no freio quase nos fazendo bater no carro de trás. Como a Sango estava inclinada pra frente cai com força pra trás batendo a cabeça entre os estofados onde fica uma base acolchoada mas ainda assim é dura – Ai! – Ela grita e eu acordo.

— Kouga, onde você ta com a cabeça? – Ele me encara incrédulo – Viro pra trás pra ver como ela está.

— Eu estou bem. Mas tenha cuidado, não me mate, mate a ela – Ela grita para o moreno de olhos azuis que revira os olhos emburrado.

— Me matar porque?

— Nada. Vou ter mais cuidado – Ele dá partida e vamos direto pro colégio.

A manhã passa rápido e na parte da tarde vamos trabalhar no grêmio. Hoje sai a distribuição de tarefas sobre o baile e não que eu tenha esperanças de estar na banda mas, ainda assim quero entrar.

Sango está massageando o próprio pescoço enquanto esperamos o comitê colocar a lista.

— Você se machucou, melhor ir no medico - Digo pra ela que balança a cabeça negando.

— Não, ta tudo bem. Eu que fui idiota de falar aquilo ... Poderia ter sido pior – Ela dá de ombros -  Como foi o encontro?

— Bom. Talvez ele não seja não ruim ... – Digo baixinho.

— Sabia que teria uma queda por ele – Ela me provoca e eu a encaro.

— Não dessa forma! Quis dizer AMIZADE, A-M-I-G-O-S! – Soletro pra ela que ri mas tem uma expressão de dor no rosto.

Nesse momento a Kikyou passa por nós e coloca a lista na porta. Procuro meu nome e lá está ele bem ao lado, Assistente de produção. Ela para na nossa frente.

— Parabéns Sango e Kagome! – Ela olha pra minha amiga que agora não entende nada – Sango vai cantar na banda e você Kagome, vai ser minha assistente direta, vamos finalmente passar um tempo juntas! – Ela dá um sorriso debochado.

— Mas eu não fiz o teste pra voz e sim som! – Sango diz um tanto alto.

— Nós três sabemos que tem uma bela voz e achamos melhor que você cantasse. Enfim – Ela bate palminhas – Conto com vocês! – Ela coloca a mão no ombro da Sango – Você não parece bem, deveria ir a enfermaria. – Dizendo isso ela sai.

— Eu preciso é de um banho de álcool 70 já que essa vadia tocou em mim! – Ela chia e eu apenas suspiro.

— Amiga, ela nunca me deixara ser nada alem de sua escrava – Faço uma cena dramática posicionando meus braços como se estivessem presos.

— Sango – Miroku surge e isso me lembra Inuyasha. Inuyasha me deixa irritada então aflora meu mau humor – Kagome, eu juro que não entendo essas mulheres ... – Ele aponta o resto do comitê com a cabeça.

— Ta tudo bem, eu já sabia. Pelo menos a Sango vai poder ... – Nesse momento minha amiga desmaia sendo amparada pelo Miroku que corre com ela pra enfermaria.

POV MIROKU

— O que aconteceu? – Pergunto pra Kagome que morde a unha.

— Ela bateu a cabeça hoje cedo, eu devia ter a trago logo! – Ela anda de um lado para o outro na frente da enfermaria.

— Como?

— Kouga freou de repente e ela estava debruçada entre nós. – AQUELE IMBECIL.

— Droga! Quanta irresponsabilidade! – Devo ter dito alto demais porque os olhos da morena estão arregalados.

— Calma, a culpa foi minha, eu não me dei conta que ela estava daquela forma – Ela suspira – Será que ela já acordou?

— Ele vai escutar – Tento sair batido atrás daquele idiota mas a Kagome me puxa pela camisa.

— Você é louco? Foi um ACIDENTE! – Ela me encara – Se quiser que a Sango goste de você, não aja como um imbecil completo tentando surrar o melhor amigo dela! – Ela dá um tapa na minha testa – E você iria apanhar. Ele é ótimo lutando.

— Eu também e agora é questão de honra! – Tento sair de novo e ela me puxa com uma força absurda para uma mulher, que chega até a rasgar minha camisa.

— Sossega o facho ou eu mesma acabo com você! – Fico boquiaberto. Ela é assustadora.

— Nem uma desculpa pela camisa?! – Ela dá de ombros.

— A culpa foi sua! – Ela volta a parecer fofa e eu fico perplexo. Nesse momento a Sango sai com uma faixa na cabeça.

Ela para nos encarando, seus olhos param no rasgo da camisa.

— Melhor nem perguntar – Kagome diz sem jeito – Você esta melhor? Precisa de um hospital!

— Não, ta tudo bem. Foi só uma porrada, é só descansar. – Ela mantém seus olhos em mim.

— Bom, recebi uma mensagem da minha mãe dizendo para pegar um vestido antes de ir pra casa. Então hoje deve ter outro evento idiota do grandioso lá ... Posso ficar na sua casa então? – Kagome pergunta – Ei! – Ela estala os dedos na frente da Sango – Você não está bem.

— Não, hoje é a festa do Kouga, de noivado – Ela olha pra amiga confusa – Você não sabia? O convite foi enviado a uns 15 dias ...

Kagome não responde. Queria poder saber o motivo que a desanimou nesse momento.

—-

POV KOUGA

Fujo o resto do dia da Kagome. Agora ao teríamos só uma briga, mais duas. Uma porque ela saiu em um encontro com o Taisho sem me avisar e outra porque não contei sobre a festa pra ela.

Demoro uma eternidade para colocar o smoking. Olho para o anel na caixinha de veludo que tenho que entregar pra Ayame hoje. Era da minha vó e depois da minha mãe e agora devia pertencer a mulher que eu amasse.  Mas eles não ligam pra isso.

Pego o anel me vou para o meu esconderijo secreto que eu não vou a muito tempo, esperando que ninguém tenha chego ainda.

— Kouga. – Escuto a voz da Kagome me chamar.

— Como me achou? – Digo a encarando em seu vestido rose de festa com a barra levantada para não arrastar no chão e sujar. Ela passou pelos arbustos como quando éramos pequenos, seu vestido tem pequenas folhas presas. Os saltos rosa nude na mão.

— Você ta brincando?! Eu sempre vou te achar – Ela dá um sorriso triste.

— Certo, mas isso não significa que vai conseguir me tirar daqui – Deito no batente da fonte e olho pro céu.

— Quer apostar? – Escuto  a morena dizer e logo depois ela sobre na fonte, ficando em pé ao meu lado – Eu queria poder ficar aqui com você mas, daria uma grande confusão já que essa festa é sua.

— Eu não quero. Me recuso a fazer parte disso! – Eu grito e ela ri.

— Acredite, eu já passei por isso 3 vezes. – Olho pra ela que daqui de baixo parece tão grande. Seu vestido brilha contra a luz e seu coque baixo tem algumas mechas soltas. Ela está linda.

— Não está com raiva por eu não ter te contado? – Ela suspira e canta baixinho.

‘O presente já já é passado

Envelheço ao seu lado

Essa brisa vai soprar as nuvens para trás’

Ela começa sussurrando e eu tento ignorar-la. Então ela me chuta continuando.

‘Mas eu sei que certas coisas são iguais!’

Ela costumava cantar isso quando éramos pequenos toda vez que eu me sentia triste, eu sempre disse que essa música me irritava e sei que ela fazia isso porque achava que assim eu mudaria de foco e ficaria irritado, em vez de triste.

‘E nada vai mudar

Como eu pego na sua mão

Isso vai durar

Você mora em meu coração’

Sua voz melodiosa me faz sorrir e eu me sento. Ela estende a mão pra mim e eu a pego. Levantando-me e ficando frente a frente com ela que me puxa nos fazendo dar a volta na fonte correndo o risco de cair dentro dela.

‘Como um muro antigo que segue em pé

Somos eu e você

Nada vai mudar

E eu prometo não te perder’

Ela aperta minha mão e quase escorrega ao olhar pra trás me fazendo rir.

‘É, nada vai mudar

O que ela me faz sentir

Eu não vou negar

Com você eu sei como agir’

Ela abre um sorriso lindo ao ver que eu lembro da música.

— Meu Deus! Você lembra! – Desço da fonte e a ajudo a descer. Fixo meus olhos naqueles olhos escuros que tanto me encantam.

— Musica extremamente irritante. – Digo para provocá-la que faz bico respirando fundo.

‘Mas se eu tentar e me arriscar

Eu faço acontecer, né?

Nada vai mudar

O meu futuro tá com você’

Eu a giro a puxando para perto, lhe surpreendendo. E completamos juntos:

‘Nada vai mudar

Não importa o que acontecer

E o que virá

É o futuro que vai dizer

O que já passou e nos transformou

Não vamos esquecer

Nada vai mudar

E eu prometo não te perder’

Ficamos nos olhando por um tempo rindo, temos tantas historias nesse lugar e eu queria que esse anel fosse dela.

Não sei quantos minutos ficamos olhando para a fonte mas quando eu levanto ela me encara.

— Pronto? – A morena estreita os olhos pra mim.

— Não, mas tenho que ir. – Ela levanta – Ganhei. – Ela coloca os saltos e pega novamente a barra do vestido. Antes de ir em direção aos arbustos ela me dá língua – Nunca mais me subestime Kouga Hasegawa. – Ela ri e eu a acompanho em direção a festa.

— Se você contar pra alguém que eu cantei com você, vou desmentir – Disparo a empurrando enquanto andamos pelos arbustos que agora machucam porque estamos muito, muito maiores.

— Ai! Isso corta sabia? – Ela tenta me dar um coice igual um cavalo. Essa é a minha garota.