Nico suspirou mais uma vez, enquanto olhava seu celular. Dez minutos atrás, Thalia mandou mensagem pedindo desculpas por estar atrasada, e disse que estava se trocando. Dez minutos antes, ela tinha dito a mesma coisa.

O homem sabia que ela provavelmente estava experimentando cada roupa em seu guarda roupas (e no de Annabeth também). Primeiro porque ele a conhecia bem o suficiente pra deduzir isso (ainda mais estando quase uma hora atrasada), mas também porque Annabeth colocou um stories no Instagram mostrando a bagunça que estava o apartamento que elas dividiam.

Se fosse numa época diferente, ele teria reclamado e dito à ela que vestisse qualquer coisa, mas ultimamente os dois andavam trabalhando muito (planejavam comprar um apartamento pra que pudessem finalmente começar uma vida à dois juntos), então eram raros os momentos em que saiam juntos, e Nico sabia que ela queria que aquela noite fosse especial.

Sua barriga roncou mais uma vez. Por irem jantar juntos, saiu do estúdio correndo. Ele e as duas irmãs, tinham um estúdio de tatuagens e piercing juntos. Nico e Bianca eram tatuadores, enquanto Hazel se dividia entre furar seus clientes e ser a recepcionista do lugar.

Há um mês eles tinham conseguido um espaço no shopping da cidade, e como lá o fluxo de pessoas é bem maior do que onde o estúdio antigo ficava, o movimento deles cresceu bastante. O que era ótimo pra um garoto de 24 anos tentando guardar dinheiro para ir morar com a namorada, mas quase não restava tempo para ele respirar - muito menos para momentos como esse.

Thalia mandou uma mensagem falando que estava saindo de casa. Finalmente, pensou enquanto guardava o celular. Ele estava ansioso para encontrá-la, não se viam tinha semanas, e, mais do que seu coração, seu corpo sentia saudades do corpo dela.

Mais um motivo para não se importar com o que ela ia vestir.

Minutos depois, um carro para em sua frente por alguns segundos - provavelmente enquanto Thalia pagava o motorista - e então ela sai do carro. Nico estremeceu da cabeça aos pés.

Usava um vestido vermelho que ele nunca tinha visto na vida, mas que agradecia por estar vendo. Nico a puxou pela cintura, um arrepio atrás do outro, e lhe deu um beijo urgente. A menina correspondeu imediatamente e na mesma intensidade.

— Você ‘tá linda - sussurrou no ouvido da garota, o olhar nas pequenas sardinhas que ela tinha nas bochechas. - Mas eu preferia sem o vestido.

Thalia riu e deu um selinho na ponta do nariz dele - isso fica pra mais tarde - deu uma piscadinha e pegou sua mão, começando a andar.

O restaurante que tinham escolhido ficava a uns três minutos de onde estavam, então andaram e riram e mataram a saudade que estavam de andar juntos. A vida tinha ficado uma loucura para os dois, Thalia com o contrato que tinha fechado contrato com uma agência de modelos (mesmo que já estivesse um pouco velha para começar), Nico com seu estúdio novo. Mas, apesar de tudo, eles sempre arrumavam um tempo para chamadas de vídeo, ou mensagens aleatórias, ou fotos do que estavam fazendo.

Depois do próximo pagamento de Thalia, dali a duas semanas, juntando com o que Nico receberia, os dois teriam dinheiro o suficiente para comprar seu cantinho. Era só aguentar mais um pouquinho.

Os dois entraram no restaurante, que era do cunhado de Nico, Frank, e foram direcionados para uma mesa.

Durante o jantar inteiro, Nico não conseguia se concentrar. A mistura da abstinência, com o álcool do vinho e aquele vestido vermelho estavam fazendo ele ficar quase com febre. Thalia o conhecia bem o suficiente pra saber o que ele queria, e, por essa razão, decidiu pedir desde a entrada até a sobremesa. Ela estava se divertindo com o desespero dele.

Quando a tortura finalmente acabou, Nico já havia chamado um Uber enquanto Thalia pagava o jantar. E ele teve que se segurar muito pra não dar um show gratuito para o motorista, ou para o segurança do prédio em que morava, ou para a Sr. Santiago, sua vizinha que estava com o pequeno poodle no elevador.

Assim que entraram no apartamento, ele nem se deu ao trabalho de trancar a porta. Puxou Thalia para seu colo, beijando desde seu pescoço até a parte visível de seus seios, caminhando meio cambaleando até o quarto.

Ela, apesar de tê-lo provocado o jantar inteiro, estava igualmente desesperada. Tirou sua blusa rapidamente e puxava seu rosto para mais perto de sua pele a cada beijo que ele dava, suspirando alto.

Sentou-a na cama e tirou o vestido dela o mais rápido que pôde. Parou por tempo o suficiente para admirar a visão que tinha (sentia-se o mais sortudo do mundo por ter Thalia como sua) e a deitou na cama, se deitando por cima dela.

As próximas horas foram um borrão de suspiros e gemidos e frases sem nexo. Thalia, que normalmente falava durante o sexo, não tinha tempo de formar uma palavra antes que Nico arrancasse seu fôlego. Ele, como o ótimo artista que era, soube apreciar cada centímetro de arte que tinha à sua frente. E, como excelente taturador, soube aproveitar cada centímetro de pele que lhe fora disponibilizado.

Quando finalmente sua saudade estava saciada, se deitou e deixou que ela usasse seu peito como travesseiro. Thalia tinha um sorriso gigantesco (ela sempre sorria assim quando transavam) e fazia desenhos na pele branca de Nico com sua unha. Ele aproveitava o cheiro de shampoo do cabelo da namorada, amando estar ali com ela.

— Casa comigo? - perguntou, para a surpresa dos dois. Era uma coisa que ele vinha pensando há um tempo, mas não achava que fosse pedir daquele jeito. - Sinto muito, eu não tenho uma aliança aqui, nem foi planeado. Mas eu quero passar minha vida inteira com você, e aqui, agora, eu tenho certeza disso, eu tenho certeza do quanto eu te amo.

Thalia, que já tinha um sorriso no rosto, agora também tinha lágrimas. Ela o beijou, o beijo mais calmo da noite, e o olhou nos olhos:

— Caso!

E todo o cansaço foi esquecido, enquanto comemoravam o recém noivado.