Meu encontro com o Wolverine escrita por lslauri


Capítulo 11
Capítulo X - Como desentocar um rato


Notas iniciais do capítulo

James finalmente consegue criar uma hipótese da identidade; eles acabam me colocando numa situação difícil e, somente por dever minha vida à ele eu concordo em participar.
O canadense acaba comentando algo mais sobre meu dom, mas eu não sei mais até que ponto ele só me diz o que quero ouvir...
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Não sou dona de nenhum dos personagens pertencentes à Marvel ou Disney, não possuo nenhum direito sobre eles e nem sobre o nome Marvel ou Disney e também não tenho nenhum lucro financeiro ao criar essas estórias!!

A Marvel é a detentora dos direitos dos X-Men, Wolverine e outros mutantes!



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“A gente conversa na cabana, pode ser? Vou precisar passar naquela floresta atrás da pousada Crow, pra checar se os cheiros realmente conferem. Se não quiser passar lá, pode ir direto pro lago, ok?” - colocando a mão no meu ombro.

“Olha, não é “puxa-saquice”, mas eu me sinto mais segura perto de você do que sozinha na cabana, sabe?... Então acho melhor descer também.” - sorri de lado, tentando parecer confiante e rumei pro meu trailer, dando a partida.

Estacionamos no acostamento, bem antes de chegar na pousada. James desceu e já rumou para a floresta de pinheiros atrás do local, eu o segui, sem soltar palavra pois via nas suas atitudes o quanto estava compenetrado. Seria necessário muito para tirá-lo daquele estado. Percebi quando ele estacou diante de uma árvore e cheirou o tronco, olhou pra cima e estávamos sob nosso antigo quarto, sua mão direita fez um “yes!” e ele então voltou a olhar para mim como se somente agora eu tivesse entrado nos seus “sentidos”: “pronta pra andar um pouquinho pela floresta, Li? Coisa pouca, eu espero, mas não prometo…”

“Her… tem alguma possibilidade de encontrarmos com o dito no caminho?! O que eu faço se isso acontecer?” - um pouco de medo foi passado pela minha voz, o que fazia todo sentido naquele momento, certo?

“Todo o cheiro ‘tá bem antigo, eu não acho que esse rastro nos leve até ele, mas nada é impossível, né? Se a gente o vir eu o deixo desacordado e corretamente preso” - e me mandou uma piscadela.

“Vamos poder conversar no percurso? Estou curiosa sobre o que viu no necrotério…”

“Senão? Não vai comigo?... Conversar é uma condição ‘sine qua non’?” - sorrindo e completou: “Podemos ir conversando sim, de vez em quando pode ser que eu interrompa o papo, mas não terá problemas, eu acho… Só me avisa se não estiver conseguindo me acompanhar, ok?” - e partiu por entre a vegetação, esperando que o seguisse e que perguntasse o que quisesse.

Fui lépida atrás dele, aproveitando meus grandes passos em relação à sua velocidade e quase tive certeza de ouvi-lo conversando com Rosie, na verdade, discutindo algo, mas não fui colocada a par dessa vez e preferi não me meter em conversa de marido e mulher…

“Her… você conseguiu saber quem era a vítima?” - joguei no ar, tentando tornar aquela caminhada menos pensativa e mais vivenciada, pois se começasse a raciocinar no que estava fazendo creio que poderia enlouquecer.

Ele parou diante de um pinheiro gigantesco e passou a mão em uma marca que ali havia: “Era uma mulher, mais ou menos da tua idade, canadense, mas que estava a passeio nas Rochosas. A pousada que ela ficou era ainda mais afastada que a nossa e ela tinha o hábito de sair de noite pra dançar nos bares da região… Numa das voltas a pé ela sofreu o ataque… Fazia cinco dias que estava aqui… Ninguém que conheça um pouco sobre ataques de animais vai acreditar que aquilo foi feito por um, guria…”

Ótimo! Pelo menos eu não tinha hábito de ir em bar! Ufa! E muito menos de andar sozinha por regiões que desconheço… Se bem que me veio a lembrança do quase estupro e o fato de eu estar melhor sozinha que com um guia.

Andamos por cerca de meia hora, sempre nos embrenhando mais na floresta até que ele comentou: “É… aqui o cheiro se mistura com outros, que estranho… Se ‘tá mais distante, devia ‘tá mais fresco, mas não… Algo aconteceu aqui e eu ‘tô quase sacando que ele seja algum tipo de transmorfo.”

“Não entendi, o cheiro dele não devia mudar se é só a forma que se altera, não?”

“Hehe, isso aí é o que a nossa lógica diz, mas não tem lógica na biologia, guria! Eu já vivi e vi cada coisa que não faz sentido algum! Mas uma coisa eu aprendi, a confiar nos meus instintos e eles ‘tão me dizendo que essa alteração de odor tem a ver sim com nosso caso. Vamos dançar?” - e soltou uma risada, voltando empertigado pelo mesmo caminho e gritando um “te encontro lá” ele nem me deu tempo de questionar aquela loucura!

Dirigi como uma doida pelos oito minutos que me distanciava da pousada Crow até a cabana no lago. Não consegui fazer em cinco, mas levei seis e meio. O carro dele já estava estacionado e a porta aberta, parei o meu, desliguei e puxei o breque de mão. Só levei a chave comigo, mas não fechei as portas e ao entrar soltei o que me vinha na alma:

“Como é que é?! Eu vejo isso como uma put@ sacanagem! Vocês resolveram me usar como isca, né? Vindo com esse papo de que eu era diferente! Seus… seus… cretinos!” - a minha indignação era tanta que eu peguei uma almofada do sofá e gritei nela.

James olhava tudo aquilo sem dar muito caso, parecia que aos olhos dele eu estava só sendo uma criança mimada e que o choro já ia passar, assim que eu olhasse para um novo brinquedo, ou fosse apresentada a um. Mas eu não dei essa chance a ele! Corri para o quarto e caí na cama, imaginando porque aquilo tudo estava acontecendo comigo, eu devia ter escutado meu irmão! Sentei com as pernas entrelaçadas na cama e fiquei tentando meditar, tentando pensar positivamente, tentando ver um sentido em toda aquela loucura. O Universo tende a repetir algo sempre que não aprendemos e, dessa viagem, eu não queria repeteco nunca mais! Qual seria a lição de tudo aquilo? Qual?

Percebi a mão dele descortinando o couro: “Deixa eu entrar, vai?... Não é nada disso que ‘cê ‘tá pensando…”

“Esqueci que nem aí eu tenho mais privacidade, né? Valeu, Rosie…” - e me mexi até encontrar a cabeceira da cama e fiquei sentada assim, com as costas escoradas nela e as pernas trançadas.

“Não faça assim, Liu…” - a voz de veludo dela começou a soar - “Pode ser uma oportunidade única pra deixar de pensar só em si e passar a pensar nos outros de modo totalmente novo, não? Imagina que durante muito tempo da tua vida você queria ser útil ao seu semelhante, não é?”

“Ah! ‘cê tem acesso às minhas memórias também? Fan-tás-ti-co….” - comentei mentalmente, sacudindo a cabeça de modo negativo. “Isso ‘tá muito errado vocês sabem disso.”

“Olha, tudo que te falei é verdade, ‘cê é necessária pra esse momento, ‘cê é necessária pra mim, pra eu manter meu foco e minha humanidade… Isso deve fazer parte do teu dom. Os quadrinhos também foram fiéis ao retratar minha briga com meu próprio lado instintivo, ‘berserk’. Eu preciso me cercar de pessoas especiais que têm a capacidade de manter esse lado sob controle.”

Não pude deixar de soltar um “pufff” quando ele comentou sobre a necessidade ser pra ele; jurei que nesse momento ele ia apelar pro lado emotivo. Graças ao Buda ele voltou a ser egoísta e isso me fez pensar e externar: “Desculpa… Mas então essa voz de veludo não consegue te manter sob controle? ‘cê só pode ‘tá brincando….” - me referindo à Rosie. Por que ela não estava ali? Sendo a isca, saindo pra dançar com ele?

Os dois responderam em uníssono: “É complicado…”

E James voltou à palavra: “E como ‘tamo perdendo tempo pra salvar uma vida humana, eu preciso saber: Tu poderia fazer esse esforço? Eu preciso estar tranquilo quando o encontrar, senão quem vai ser a “fera” sou eu e não quero matar ninguém ou, no caso, nada…”

“James, eu ainda me vejo como uma isca, mas me recuso a pensar que os dois ou três salvamentos que realizou eram visando uma pessoa submissa e, portanto, eu ainda te devo! Não estou confortável e quero que faça seu melhor pra resolver isso essa noite, pois amanhã de tarde estou voltando pra Brantford…” - minha voz tinha um misto de angústia e de tristeza. Não esperava que as coisas fossem ir por esse caminho. Conhecer e quase odiar aquele a quem mais se amou um dia era algo complexo… Mas tudo, graças às expectativas que criamos e que nenhum ser humano, mesmo super, é capaz de preencher. Há egoísmo e com ele, há maldade… Me doía pensar que estava percebendo aquilo só agora, algo que meu pai havia dito há mais de 20 anos, contudo, as experiências que ficam são aquelas onde protagonizamos e não havia melhor protagonismo que o meu naquele momento.

A fala de voltar na tarde seguinte o pegou de surpresa, ele ia protestar, mas algo (ou alguém) o fez calar, ele estendeu a mão sobre o lençol, tentando alcançar a minha, mas não retribui, olhei-o sem levantar o rosto e soltei: “qual é o plano?”

Depois de um longo suspiro, onde eu pude perceber (ou intuir) vários desejos de explicações não dadas, em que seu ombro até levantou e, suavemente, desceu enquanto o arfar terminava ele sentenciou: “Eu tenho uma leve ideia da região onde ele pode estar, de quais bares costuma frequentar; nós vamos nuns quatro bares, chegamos juntos, mas entramos separados e ‘cê senta no balcão, deixando o instinto do nosso predador falar mais alto. Vai ser uma atividade passiva, Liura, pois eu não quero que muitas perguntas o façam se esconder… Enquanto isso, eu circulo pelo bar, tentando captar o cheiro dele, de alguma das fases, ou algo que lembre aqueles odores e aí, aguardamos até ele se aproximar de ti ou sair do bar… Se eu não estiver calmo, não vou poder fazer esse serviço corretamente e é aí que tu entra” - pareceu-me notar, novamente, um rubor leve e rápido no rosto do canadense, mas eu não me importava mais.

Ficar lá de “prêmio” enquanto ele fazia todo serviço não me pareceu algo perigoso, muito menos útil; mas dívida é dívida, mesmo algumas sendo mais difíceis de pagar…

“E por que ele ia se aproximar de mim? Aposto que devem ter muitas mulheres nesse bar, James…” - indo pra ponta da cama e me sentando com os pés pra fora.

“Porque ‘cê tem algo no teu cheiro, não sei… que provavelmente, deve acalmar a fera interior dele também e isso atrai como um ímã, guria… Foi o que me atraiu até você… E é assim que a gente desentoca um “rato”, dando o que ele mais gosta de comer e mostrando que não tem perigo nenhum nisso…” - ele não conseguiu dizer isso olhando pra mim, estava com as cabeça baixa e o tom de voz bem baixo. Comecei a me questionar se não era ele mesmo o “rato”, mas enfim, ninguém morre de véspera nesse mundo. Fosse o que fosse, eu ia tentar lutar até o final. Ao que Rosie completou: “Esse é o espírito, Liura!”

“Tá certo, estou dentro, por pelo menos essa noite! Vamos ver se você também é o “melhor naquilo que faz”, Jim…” - e me levantei, como que apressando, já que estávamos “perdendo tempo”.


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