Exílio do Amor escrita por Funny Hathaway


Capítulo 32
Capítulo 32


Notas iniciais do capítulo

Oláááá

Cheguei com o capítulo da semanaaaaaa!!! Espero que gostem. Foi uma correria para escrever essa semana.



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— Elizabeth, o que está acontecendo? - Gregory perguntou, franzindo o cenho. Sua cabeça estava inclinada, enquanto ele fitava a noiva. 

A dama abriu ligeiramente os olhos, saindo dos seus devaneios. O Pandemonium seria naquela noite e desde o momento que havia despertado, sua mente não conseguia pensar em outra coisa. Quase havia esquecido a visita aos pais de Gregory para acertar os detalhes do casamento. Uma cerimônia que tinha dois noivos totalmente desanimados. Ela conseguia ver no semblante de Gregory o quão desconfortável era para ele aquela situação. 

Nos últimos dois dias, Elizabeth estava pensando muito sobre toda a sua situação. Estava tentando arranjar uma maneira de dizer para Gregory o que havia acontecido entre ela e Duque. Sabia que ele não ficaria especialmente magoado pelo beijo, mas ainda assim sempre quando ela ameaçava abrir a boca e dizer alguma coisa, as palavras simplesmente não vinham. A moça sentia um aperto no peito e as borboletas no estômago se revirar. 

Encontrar os pais de Gregory ainda dificultavam duas vezes mais uma tarefa que já era difícil. Durante toda a visita, o senhor Smith parecia analisá-la de perto, percebendo cada pequeno movimento e expressão facial que Elizabeth tinha. Nunca havia se sentido tão observada e isso era muito difícil de acontecer, já que havia debutado na alta sociedade inglesa. Ser observada faz parte de todo o pacote. No entanto, o olhar do senhor Smith não era uma mera curiosidade bisbilhoteira, mas sim algo próximo do repreendedor, como se ela fosse uma criança aprontando alguma travessura. 

A dama agradeceu aos céus quando o mordomo da casa entrou na sala, dizendo que havia um assunto urgente para o senhor Smith resolver. E ainda mais aliviada quando a mãe de Gregory aproveitou a deixa para ir até a cozinha verificar se havia mais sanduíches para serem servidos. Elizabeth tinha a impressão de que ela estava dando um espaço para os noivos ficarem a sós. A senhora Smith tinha na cabeça que o compromisso firmado entre os dois não era simplesmente por conveniência.   

— Não, Gregory. Está tudo bem. Só estou um pouco cansada, os últimos dias na mansão Clark andam sendo agitados- o que não deixava de ser verdade, mas não era exatamente esse o motivo que a estava fazendo ficar inquieta e distraída durante aquela visita. 

O cavalheiro arqueou uma sobrancelha e não parecia nada convencido com a justificativa de Elizabeth. Ele inclinou o corpo e pegou na mão dela: 

— Se há algo que a está incomodando, pode me contar. Eu a conheço bem para saber que não é nada. Tenho até meus palpites. 

Ele fez uma pausa, esperando que ela dissesse alguma coisa. Quando o silêncio ainda assim prevaleceu, o olhar azul dele prendeu o castanho dela  e ele sussurrou:

— Pode me contar, somos amigos acima de tudo. 

Elizabeth apertou a mão mais forte de Gregory a abriu a boca. Começou a sentir as palavras virem à tona, mesmo que estivesse apreensiva. Não podia deixar o amigo no completo escuro. Não era justo com ele e nem consigo mesma. E ela realmente teria dito tudo que estava pensando, caso não fosse a mãe dele entrando no recinto e anunciando: 

— Gregory, mil perdões por interromper, mas eu havia esquecido dessa visita do alfaiate para o seu terno do casamento.

Quando Gregory parecia prestes a retrucar a mãe e pedir um tempo para terminar a conversa com Elizabeth, a senhora Smith continuou falando: 

— Na minha cabeça havia marcado para amanhã, mas como ele já está aqui, acho rude mandar o homem embora. Será rápido, prometo. 

O rapaz suspirou pesadamente, olhou novamente para Elizabeth e levantou-se. O andar dele era pesado e sua cabeça virou-se pela última vez antes de sair da sala, deixando a dama sozinha. Ela jogou suas costas no encosto da cadeira e deixou  a cabeça pender de cansaço. Seu coração estava batendo forte pela confissão que estava prestes a fazer. Do pedido de desculpas que iria dizer por não poder cumprir sua promessa de casar-se com ele, de basicamente tudo que estava acontecendo. 

— Senhorita Clark! Quão oportuno que esteja aqui sozinha. Eu realmente precisava tratar de alguns assuntos com a senhorita a sós- Elizabeth conseguiu escutar as palavras vindo do senhor Smith do outro lado da sala. Sentiu a nuca dela gelar com o homem se aproximando e sentando exatamente onde Gregory esteve há poucos minutos. 

A semelhança entre pai e filho estava clara. Os olhos azuis exatamente do mesmo tempo e as mechas castanhas quase pretas. As feições de Gregory, no entanto, eram mais delicadas  em comparação às do pai, marcadas pelo tempo e pela dureza do tratamento que o senhor Smith dispunha a todos que cruzavam o seu caminho, seu filho não sendo uma exceção. 

— Acredito que podemos ser sinceros entre nós. Sem necessidade de fingimentos, certo?- ele perguntou, com um meio sorriso. A expressão dele parecia sugestionar que sabia mais do que implicava. 

— Não sei do que exatamente Vossa Graça possa estar se referindo, mas de qualquer forma, acredito que sim- Elizabeth enrijeceu a coluna e colocou as mãos no colo. Sentia em seu ser que nada de bom poderia sair daquela conversa. 

— Imagino que saiba do desvio de caráter do meu filho. Não vejo outro motivo para ter saído indiscretamente de sua festa noivado para ter um encontro às escuras com aquele bastardo. 

Elizabeth arregalou os olhos, não acreditando nas palavras que estavam saindo da boca do senhor Smith. Nunca havia imaginado que ele seria tão indiscreto quando estava sendo agora. A dama estava em completo estado de choque. Ela não tinha ideia do que dizer para o pai de Gregory, ainda mais porque ele persistia em continuar falando: 

— Aconselho que seja mais discreta nos seus próximos encontros, algumas suspeitas começaram a ser levantadas com sua saída repentina. Sua sorte foi que meu filho desapareceu praticamente junto com os dois. Desde que não sejam levantados rumores sobre a legitimidade sobre o herdeiro de Gregory, não entrarei no seu caminho. Só gostaria de  deixar isso claro para a senhorita.

Ela sabia que não deveria continuar aquela conversa, deveria simplesmente acenar e deixar o recinto. Deveria conversar com Gregory antes de tudo, falar sobre seus sentimentos, sobre os últimos acontecimentos do Duque, sobre o que o seu coração realmente quer. Rebater o senhor Smith era uma simples perda de tempo, mas ela não conseguia se conformar com a postura do duque. 

— Vossa Graça, eu não entendo a sua postura. Prefere realmente que seu filho se casa por conveniência e ter uma esposa infiel do que Gregory escolher a felicidade, mesmo que isso não seja o que você considera que seja o melhor para ele. Eu estou realmente em choque com a sua postura. 

— O que eu considero melhor não, senhorita Clark. O que é o normal e o certo- o senhor Smith franziu o cenho e seu tom de voz estava mais alto. Ele parecia estar começando a se alterar- Em hipótese alguma irei aceitar algo assim em meu filho. Mesmo que seja uma mentira em seu íntimo, é preferível que ele aparente ser um homem correto com uma esposa. 

— E se eu me recusar a continuar com essa farsa? Entrei nessa confusão toda tentando ajudar um amigo. Mas estou vendo agora que essa não era nem de longe a maneira de ajudá-lo. E pensar que Gregory simplesmente queria a sua aprovação. Mas isso é impossível com um pai como o senhor. 

Elizabeth levantou-se e estava recolhendo suas coisas, vomitando as palavras. A postura daquele homem a estava enfurecendo. Ele simplesmente tinha suas verdades e não conseguia escutar a ninguém mais, mesmo que aquela pessoa fosse seu próprio filho. A dama entendia agora todo medo que Gregory tinha com o pai. Crescer com uma figura autoritária daquelas quando criança deveria ter sido o pior dos pesadelos. 

— Se a senhorita retirar sua parte do compromisso, você e meu filho sairão extremamente prejudicados. Gregory sabe muito bem que não herdará um tostão da fortuna da família, eu farei questão que isso aconteça. E a senhorita também não sairá ilesa, a sua reputação ficará em frangalhos, não haverá condições da sua família continuar frequentando a alta sociedade. 

Os olhos de Elizabeth semicerraram e ela estufou o peito. Se havia uma coisa que a moça não fazia, era se amedrontar quando confrontada. Abaixar a cabeça nunca foi parte de sua personalidade e não seria agora que começaria a fazer. 

— O senhor realmente não tem nenhum tipo de escrúpulos de dizer algo assim de seu próprio filho. Gregory é uma pessoa maravilhosa e não merece ter um pai assim, que o destrate. Espero que perceba isso algum dia. Com licença, porque eu não aguento mais um segundo dessa conversa.

Ela virou as costas e saiu intempestivamente da mansão Smith. Foi perceptível a surpresa nas feições do pai de Gregory. Elizabeth não sabia exatamente quais seriam as consequências do seu ato. O quanto que o duque estava blefando e o quanto era a realidade. Precisava conversar com Gregory sobre o que havia ocorrido, ela sabia disso. Mas enquanto ela voltava para casa, a única coisa que ocupava sua mente era o Pandemônio. 

                                                                 ***

Duque arrumou pela décima vez os punhos de sua camisa naquela noite. O Royale estava lotado naquela noite, como em todos os anos em que o Pandemônio acontecia. Todos os cavalheiros usavam seus melhores ternos e levavam no braço, as damas vestidas de maneira extravagante com vestidos de cores berrantes e tecidos nobres. Era possível sentir a energia circulando entre as pessoas, uma espécie de insanidade crescente. Como se por somente uma noite, aquelas pessoas fossem deixar de lado suas vidas normais e viver o inesperado. Simplesmente entregar-se às paixões que o dominavam. 

Curioso pensar que era exatamente assim que Duque estava se sentindo naquele momento. Pela primeira vez o espírito do Pandemônio combinava com seu estado. Geralmente, ele simplesmente assistia de lado as celebrações efusivas, de preferência de seu escritório. Mas naquele ano, iria participar de maneira efetiva. Estava com sua máscara preta de seda posta e circulava pelas mesas, procurando um cabelo cacheado e uma postura inconfundivelmente de Elizabeth. 

Era exatamente aquilo que estava vendo se aproximando dele naquele momento. Ela estava vestido toda de preto, com um penteado elaborado e a máscara imitando o formato de um par de asas. Duque nunca havia visto Elizabeth tão extravagante, mas de alguma forma a fantasia combinava com ela. Realçava sua beleza, mesmo que escondesse metade de seu adorável rosto. Os dois pararam um em frente ao outro e Duque perguntou sorrindo: 

— Do que exatamente você deveria estar fantasiada?

Ela sorriu com a pergunta e mexeu nas saias do vestido, fazendo uma pose exageradamente pomposa: 

— Minha primeira ideia era de cisne branco, mas acho que seria um pouco irônico usar branco para vir ao Royale. E além do mais que eu me livrei de todos os vestidos brancos de debutante. Não acho que realmente combinem mais comigo, pessoalmente prefiro cores mais sóbrias. Por isso, eu optei por cisne negro. 

O moreno acenou com a cabeça, impressionado. 

— E do que você deveria estar fantasiado?- Elizabeth perguntou colocando as mãos na cintura e inclinando a cabeça- Não me diga.. Corsário! Combinaria de fato com você. O cabelo longo preso num rabo e olhar misterioso.

— Na realidade, eu pensei em algo mais simples. Minha ideia era mais simples- Duque fez um pequeno floreio- Quem fala com a senhorita agora é Dereck e não mais Duque. Nos conhecemos faz apenas alguns dias e nos encontramos novamente no Royale, por acaso. Sem histórias passadas. O que acha?

O moreno estendeu a mão, implicando um convite.Não somente um convite pelo Royale, mas para uma aventura naquela noite. A dama abriu um sorriso doce e aceitou a mão dele e deixou-se ser levada para onde ele quisesse.


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Notas finais do capítulo

Comentem o que estão achando!!!! Meus leitores fantasmas, seria um prazer conhecê-los.

Beijinhos de luz!

Até o próximo capítulo



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