Exílio do Amor escrita por Funny Hathaway


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá, minha gente

Minha primeira história original, então por favor, peguem leve nos comentários

O cassino que é mencionado no texto é super inspirado no cassino Anjo Caído, cenário principal da série "O Clube dos Canalhas", que é de uma das minhas autoras favoritas da vida Sarah Maclean.

Enfim, espero que gostem



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/772757/chapter/1

Londres, Inglaterra

18 de fevereiro de 1872

 

O dia havia amanhecido muito bonito naquela manhã de uma quarta-feira em plena Mayfair, era o que Elizabeth Clark estava pensando, enquanto fazia suas leituras matinais. A luz solar entrava pela janela da sala, iluminando bem o centro de seu jornal. Paz reinava no recinto, o que ajudava a caucasiana a se concentrar na coluna de Jack Hughes sobre os últimos acontecimentos dentro do parlamento. Seu pai, Phillip e seu irmão mais velho, Thomas liam pacificamente suas editorias favoritas do mesmo jornal: economia e quadrinhos, respectivamente.

Tudo corria bem, até que um furacão surgiu dentro da sala. Não era literalmente o fenômeno da natureza, porém era o apelido que Elizabeth usava para sua irmã quando chegava-se perto daquela época do ano: as temporadas sociais de Londres. June ficava empolgada e saía pela casa listando os eventos que o clã Clak havia sido convidado, quais eles deveriam priorizar para comparecer, as visitas pagas as costureiras das provas dos vestidos, enfim, basicamente cada pequeno detalhe, o qual não agradava nenhum outro integrante da família Clark, inclusive Elizabeth.

—Nós acabamos de receber os convites dos bailes desta temporada- June entrou na sala cantarolando, feliz da vida.

—Nós percebemos pela sua cantoria perto da porta enquanto Harry pegava a nossa correspondência- Thomas alfinetou, sem levantar os olhos de seu jornal. Harry era o mordomo da casa, trabalhava para os Clark fazia muitos anos, então já estava acostumado com as excentricidades daquela família.

June revirou os olhos, sorrindo ligeiramente e respondeu:

—Pelo amor de Deus Thommy, você não pode realmente querer fazer papel de maduro, enquanto lê os quadrinhos de hoje.

Thomas não pareceu nada feliz com a observação de sua irmã, abaixando o jornal e olhando feio, gerando risos na sala. Elizabeth chacoalhou a cabeça, feliz com aquele pequeno momento de paz entre todos:

—Então, querida irmã, quais torturas você traz hoje. Mais um almoço beneficente na casa de Lady Roberts?- Elizabeth voltou o rumo da conversa para o que sua irmã realmente estava ansiosa para falar.

—Também- June torceu o nariz para aquele evento em particular, os Clark eram sempre colocados em alguma mesa terrível, com alguém que cospe enquanto fala, ou que tosse compulsivamente ou pior, tem um ego absurdamente inflado- Mas nós fomos convidados para o evento de abertura da temporada: os famosos bailes de Madame Williams.

Phillip arregalou os olhos em surpresa. Madame Williams era uma das aristocratas com maior influência no círculo social dos Clark, ser convidado para seu baile seria uma oportunidade importante para fazer bons contatos com alguns outros nobres ricos e poderosos. Bem, era isso que seu pai estava pensando naquele exato momento, ela podia ver seus olhos brilhando.

Mas para Elizabeth significava mais um baile somente. Um baile sentada conversando com sua melhor amiga, Natalia. Digamos que Elizabeth não era muito interessada em se misturar com o resto da alta sociedade. Ela até havia tentado em suas primeiras duas temporadas sociais. No entanto, ela completaria 25 anos este ano e várias temporadas já entraram para sua conta, então se dava o luxo de deixar assuntos frívolos como fofocas e sombrinhas para o lado e assumir a solteirona que era.

Sim, ela era uma solteirona assumida. Não tinha o menor problema de admitir sua solteirice. Ela já arrumou belos conflitos e questionamentos de pessoas próximas por não querer se casar, mas todos pareciam ter finalmente aceitado a posição dela. A moça era muito bonita, poderia atrair pretendentes, caso desejasse, mas, desde pequena, quando sonhava com seu futuro, nunca havia pensado em terminar casada, com filhos cuidando do cardápio do jantar, mas sim como uma moça independente, viajando o mundo.

A memória mais antiga que Elizabeth tinha era dela com 6 anos circulando pela editora de seu pai, esperando que ele terminasse de resolver um tipo de problema urgente que havia surgido no meio do passeio da família Clark. Foi neste momento que ela achou a pequena imitação de um globo na escrivaninha de Phillip. Ela questionou-o o que era, e ele todo carinhoso lhe explicou.

—Minha querida, isso é um Globo. É uma réplica do planeta onde vivemos. Nós estamos bem aqui- Phillip apontou para as Ilhas Britânicas

—Uau, papai. Nós vivemos em um lugar gigantesco!- seu pai deu risada com a exclamação de Elizabeth e seu olhar de surpresa- Eu quero conhecer todos esses lugares- a pequena menina apontou para o resto da Europa e Ásia.

—Um dia você vai, minha querida. Quando se casar, você e seu marido poderão ir para onde quiserem. -Elizabeth franziu o nariz, não queria esperar um marido para viajar o mundo todo, não fazia sentido, se ela podia fazer isso sozinha.

—Não preciso de marido, papai. Pode deixar que eu vou trabalhar e pagar as minhas próprias viagens, igualzinho o senhor faz- Phillip sorriu, surpreso com a declaração de sua filha mais velha.

—Está bem, minha pequena independente. Tenho certeza que você vai realizar esse sonho.

Os anos se passaram e ela realmente realizou a parte de trabalhar e poder ganhar dinheiro por si própria. Trabalhava como uma tradutora na editora de seu pai. Quando criança, ela sempre se interessou pelo estudo de línguas, seu pai aproveitando esse talento natural da filha, contratou professor particulares, e assim Elizabeth aprendeu seis idiomas e arriscava falar o básico em mais três. No entanto, a parte de viajar o mundo ainda não havia acontecido.

Elizabeth estava esperando um acontecimento em específico para enfim partir ao mundo: sua irmã caçula se casar. Ao contrário dela, June sempre sonhara em arranjar um príncipe encantado, um amor para a vida toda. A beleza extraordinária de sua irmã já havia atraído diversos pretendentes, mas nenhum que havia feito seu coração disparar, e ela prometeu a si mesma que só se casaria quando encontrasse o amor.

A mãe dos Clark morreu no parto da irmã caçula, o que deixou Phillip sozinho com dois filhos crianças e uma bebê recém-nascida. Uma receita para desastre. Elizabeth sentia o luto do pai, e sabia que ele estava muito abalado com a morte do amor da sua vida naquele momento, então ela se auto encarregou de manter um cuidado especial sobre June, não em tudo, obviamente, mas Elizabeth estava sempre presente na vida de sua irmã, ela brincava com a bebê, cantava para ninar o sono de June, segurava a sua mão, enquanto a caçula dava os primeiros passos.

Por conta disso, Elizabeth e June tinham uma ligação de muito carinho e amor, nada poderia separá-las. E o que a irmã mais velha desejava mais ver era June caminhando no altar para uma vida de amor e felicidade, por isso seus planos de viajar haviam sido adiados por um tempo, para não correr o risco de perder o casamento,. para conseguir se deslocar pela Europa, as viagens demoram muito, Elizabeth poderia gastar pelo menos um ano em sua ida e volta, e neste meio tempo, perder a tão sonhada cerimônia.

—Nós vamos ao baile, não é?- June soltou a pergunta, interrompendo os pensamentos de Elizabeth. Os três irmãos Clark olharam para o pai, esperando que ele batesse o martelo. Mas Elizabeth sabia que o pai não recusaria um evento tão importante.

—É claro. Podem encomendar os vestidos mais lindos que quiserem- Seu pai sorriu e suas bochechas se pronunciaram, suas feições eram tão amigáveis.

—Acho que precisaremos mesmo, porque o baile é preto e branco- June olhou confusa para Elizabeth. A irmã mais velha deu de ombros, Madame Williams sempre inventava esse tipo de bailes mirabolantes.

                                                                         ***

O som dos dados de marfim balançando e se batendo na mão de seu sócio, Ethan, começou a irritar os ouvidos de Dereck. Era sempre assim, ele não aprendia, Ethan colocava as mãos sobre o dado e ficava meia hora chacoalhando-os, pensando qual seria a melhor jogada, e aquele pequeno clic clic enlouquecia Dereck pouco a pouco. E ele não era o único:

—Pelo amor de Deus, Ethan! Jogue esses malditos dados de uma vez, ou eu farei você engoli-los- James, seu outro sócio, ameaçou do outro lado da mesa, seus olhos azuis estavam arregalados e uma pequena veia em sua têmpora saltava.

—Os senhores sabem que eu faço de propósito. Então quanto mais tentarem me apressar, mais demorado eu serei- Ethan falava com um tom de voz sereno, seus olhos fixos no tabuleiro, calculando friamente a próxima jogada.

—Eu não entendo. Você quer ganhar o nosso jogo, uma partida amigável que não vale absolutamente nada- Dereck observou sobressaltado. Todas as quinta-feiras eram sempre a mesma coisa.

—Duque, fiquei quieto no seu canto. O senhor faz questão de embaralhar o baralho três vezes antes de começarmos a jogar. Que tipo de pessoa faz isso?

—A pessoa prevenida contra qualquer tipo de truque ou trapaça que possa partir de vocês dois, especialmente de James - seu sócio tinha um olho rápido e uma mão mais ainda, as duas habilidades necessárias para ser um ótimo trapaceiro- Pode não valer absolutamente nada, mas pelo menos quero uma vitória justa- Duque levantou os braços, em sinal de sua postura defensiva.

A amizade daqueles três já era muito antiga. Dereck , ou melhor Duque, conhecera Ethan quando ele começou a frequentar o submundo londrino, ou seja, o universo de cassinos, bebidas e bórdeis. Tudo que a moralidade inglesa despreza tão arduamente, e era isso que deleitava tanto a Duque de poder viver dentro do pecado, a certeza de estar desagradando a classe que mais odiava: a aristocracia.

Depois de um tempo de conversas longas regadas a álcool e de jogos de carta completamente inúteis por não envolverem dinheiro algum, Duque e Ethan decidiram abrir o cassino Royale. Nem tudo eram flores no começo, várias vezes tiveram que se esforçar para fechar as contas do mês, mas pouco a pouco, as coisas se encaminharam.

Foi neste momento que James chegou para acrescentar à parceria dos dois amigos fiéis o que faltava: capital de giro, ou seja, o querido dinheiro. James havia acabado de receber uma larga quantia de seu irmão mais novo para renunciar ao seu título, e como não havia herdeiros, o viscondado passava para ele imediatamente. James nunca explicou para ninguém o porque daquela decisão, era um segredo que carregaria para o túmulo, como seu próprio sócio gostava de dizer. O que importava era o dinheiro que havia ganhado com toda aquela situação.

E James investiu tudo que podia no cassino, até o último centavo. Esse pequeno grande incentivo possibilitou a construção do prédio em que o Royale se localizava atualmente, e com isso, veio uma nova ideia: fazer um clube de jogos para mulheres da alta sociedade. Elas poderiam apostar seu dinheiro, beber o quanto quisessem, encontrar seus amantes, tudo que lhes desse na telha.

Por incrível que pareça, essa ideia havia triplicado o caixa do Royale. Duque e Ethan ficaram verdadeiramente surpresos quando descobriram que haviam diversas mulheres tão prontas quanto seus maridos para embarcar em uma aventura noturna. Muitas vezes, marido e mulher estavam no mesmo clube, e o dito marido não fazia a menor ideia de que ele não era o único aproveitando o melhor da vida, pode-se dizer assim.

Para o lado feminino, todas as mulheres eram obrigadas a usarem máscaras, um risco menor de revelar sua identidade. Todo cuidado era pouco, mesmo que a dama em questão estivesse rodeada de outras senhoras da alta sociedade, o risco sempre continuava de terem sua identidade revelada. As únicas pessoas que sabiam das frequentadoras do clube eram os três sócios e nenhum nome jamais havia sido revelado para fora daquelas paredes. Discrição era o lema da casa era o que Duque sempre gostava de dizer.

Muitas vezes, algum dos sócios se juntava a alguma mesa de jogo, por pura diversão. Sempre havia algum marido se gabando de como estava ali se divertindo, bebendo e fazendo amor, enquanto sua esposa de gênio forte estava em casa, esquentando seu lado da cama para quando ele chegasse em casa. Mal sabia o pobre coitado que estava mentindo descaradamente sem saber, pois sua esposa estava há alguns metros de distância, fazendo exatamente a mesma coisa que ele. Ah! Como a vida consegue ser irônica muitas vezes, era o que Duque sempre pensava.

—Finalmente!- Duque escutou a exclamação de James, forçando-o a se concentrar no jogo novamente. Ethan havia finalmente jogado os dados, e conseguira o número exato para ganhar aquela partida. Seu sócio abriu um sorriso e comemorou a vitória. Duque suspirou pesadamente, seu amigo era competitivo até nestes momentos. Mas mesmo assim, não trocaria o que tinha agora pelo seu passado, de jeito nenhum.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada pela atenção!

Até o próximo capítulo!

Beijos



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Exílio do Amor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.