Clube dos Oito escrita por Biia Lightwood Potter


Capítulo 4
Isabella e Céline.


Notas iniciais do capítulo

OLHA QUEM APARECEU!
Sumi por pouco mais de dois meses, mas tenho uma ótima explicação!
Passei na faculdade!!!
Estou sem notebook, e sem dinheiro nenhum para comprá-lo kkkk Além de tempo, porque universitário não tem tempo, e quando tem só quer dormir kkkk
Anyway, não vou prometer o capítulo no dia 18, que era o dia que eu pretendia postar sempre, mas vou tentar!
Espero que gostem de conhecer as duas últimas pessoas do Clube dos Oito: Isabella (ou só Bella) e Céline!
Vamos lá!



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Isabella tinha começado o dia bem.

De manhã, tinha acordado razoavelmente contente com o céu azul no meio de setembro, tinha colocado uma calça que não era dois números maiores do que devia vestir, tinha deixado os cabelos soltos, coisa que não fazia há algumas semanas e tinha tomado café da manhã.

Durante o período de aulas, ela ficou a maior parte do tempo livre na biblioteca, mas tinha chegado a almoçar junto de Nicole e Rie. Na verdade, mais tinha ouvido Rie falando sobre o novo namorado e visto Nicole tentar fazer o dever de Geografia do que realmente havia conversado com as meninas. Mas já era alguma coisa!

Bella tinha chegado a colocar seus fones de ouvido e até batido a caneta em um dos livros no ritmo da música enquanto tentava estudar um pouquinho antes de seu treino de boxe começar.

A caminho do ginásio, andando pelo campus da escola e olhando em volta, tinha visto as crianças do primário brincando de pega-pega, alguns colegas de classe tomando sol estirados na grama, e Eli junto de alguns meninos do time de críquete, que já estavam trocados com seus uniformes brancos com o logo roxo da Perse estampado no lado esquerdo do peito.

— Ei, Bella! — Ela tinha ouvido Gibbons chamá-la.

— Oi, Eli — ela respondeu, dando-lhe um pequeno sorriso.

— Você pode mandar uma mensagem para Rory dizendo que não poderei encontrá-lo no final dos treinos hoje? Meu celular morreu e não achei o idiota em lugar nenhum. — Ele sorriu envergonhado. Pelos anos que a menina ruiva conhecia Gibbons, ela sabia que ele odiava pedir favores tão toscos quanto mandar uma mensagem.

— Claro! — ela respondeu com um sorriso um pouquinho maior. Segundo sorriso do dia para a mesma pessoa? Ela estava indo muito bem! — Eu digo ao seu marido que você não poderá vê-lo.

— Besta. — Ele riu e foi se afastando quando viu que o time já estava indo para o campo. — Obrigado!

A menina Bowe voltou a andar sozinha até o ginásio, mas ao chegar lá lembrou-se que precisava de suas luvas de pano que tinham ficado com seu irmão idiota. Aproveitando que já tinha o aplicativo de mensagens aberto, mandou uma para Caleb pedindo o item que lhe faltava.

— Boa tarde, senhor Hall — ela disse ao ver o homem de meia-idade no meio do tatame.

Jonh Hall era um homem já quase na quase na casa dos cinquenta anos. Tinha um porte atlético melhor do que os meninos do time de futebol americano, mesmo com seu pouco mais de um metro de sessenta de altura. Como a treinadora Paulson, ele vestia o uniforme de tecido leve branco e roxo da escola. O homem vivia com um sorriso, até mesmo quando levava um ou outro soco acidental dos alunos de boxe.

— Hoje vamos treinar seus socos pela esquerda, okay? — O treinador Hall deu uma piscadinha, e Bella acenou com a cabeça. Ainda precisava de suas luvas. Onde Caleb tinha se metido?

Deixou sua bolsa de treino junto das dos outros alunos e passou a trocar os tênis pelas sapatilhas pretas. Quando se levantou, viu Nicole vindo em sua direção.

A amiga estava ali para lhe entregar as luvas que tinha pedido ao irmão, era claro. Caleb era um folgado mesmo.

Agradeceu à menina quando ela foi embora lhe dando um aceno alegre. Tinha saudade do tempo que passava com Nicole e Rie na cafeteria assim como das noites de festa do pijama. Aquele dia tinha sido um totalmente diferente do normal de sua rotina, já que na maioria das vezes só as via fora da escola nos sábados quando todo o grupo de amigos ia à Lanchonete.

No Clube dos Sete, como Rory e Rie tinham carinhosamente o batizado, era extremamente desrespeitoso que alguém faltasse aos encontros por motivos que não a morte de familiares ou a própria. Ou seja, Isabella era quase arrastada para aqueles encontros.

Mas ela gostava, não podia negar. Eram naqueles momentos, rindo e comendo a batata mais gordurosa com o milk-shake mais doce do mundo, que a ruiva se sentia livre de seus maiores pesadelos.

Esse sentimento também a contemplava durante as aulas de boxe. Socar as luvas almofadadas do professor ou o saco de areia — seu preferido — era a coisa mais relaxante depois de um dia de estresse na escola.

Ela socava, e socava, e socava e largava todo o ódio lá.

— Você tem potencial para time profissional — O treinador Hall dizia toda a vez que terminava os treinos da menina. Ela pingando suor com os olhos verdes cobertos de força e determinação.

Bella respirou fundo quando foi de encontro com o treinador, que já a esperava, no meio do tatame.

— Vai descontar seu ódio em mim de novo? — ele brincou.

— Todos os dias — ela disse.



Quando Isabella saiu do ginásio, o sol já estava se pondo. Ela gostava das diversas cores que o céu podia ter. O rosa e roxo do fim da tarde eram seus favoritos. Ela ainda guardava a pintura em aquarela que Rory lhe deu de presente no seu aniversário de 14 anos. Ele tinha se esquecido de ir comprar qualquer coisinha no centro, mas na manhã daquele dia tinha pintado um desenho para ela e Caleb. Então como sabia que Bella era fascinada pelo céu daquele jeito, foi aquilo que lhe deu.

Ela sorriu com a lembrança enquanto pegava o celular. Iria ligar para o amigo e pedir que a acompanhasse até casa, uma vez que o irmão já tinha ido embora.

Minha aboborazinha. — Ela ouviu Fish dizer assim que ele atendeu.

— Rory — respondeu. — Ainda está na escola?

— Para vossa sorte, sim. — Ele suspirou do outro lado da linha. — Precisei ficar para fazer uma pesquisa de história e dar uma ajeitada na campanha de reeleição de Eli. Por quê?

— Não quer me acompanhar até casa? — Bella disse, indo para os lados do prédio da escola. Ela ainda conseguiu ver alguns dos meninos do atletismo e do críquete conversando nos campos.

— Claro, meu xuxu. Eu estou na biblioteca, vem pra cá!

Colocando o celular no bolso, Isabella seguiu o caminho até o amigo. Se tinha algo em comum com Eli, era que livros eram seus melhores amigos, e a biblioteca da Perse fazia um ótimo serviço em apresentar-lhe uma gama incrível de opções.

“A biblioteca parecia saída de um filme,” era o que Rory dizia. O que não era mentira, já que provavelmente ocupava um terço do prédio principal da escola com dois andares de estantes empanturradas de capas duras e páginas amarelas.

Quando encontrou Fish, ela se sentou ao seu lado, que tinha quatro livros diferentes abertos à sua frente. Tirou seu livro de Dan Brown da mochila e pôs-se a ler, na intenção de não atrapalhar o menino. Dois minutos depois, Rory estava lhe contando sobre o seu dia e como aquele trabalho era dos infernos.

Assim que Rory decidiu que não conseguiria fazer o trabalho com Bella do seu lado, ele arrumou seu material e os dois saíram da biblioteca.

Por todo o caminho da escola até a casa de Bella, eles foram conversando. Rory era um dos únicos com quem a menina não se sentia pressionada o tempo todo. Todas as vezes que, mesmo por segundos, Bowe começasse a ter um sentimento ruim, o amigo a fazia rir com suas piadas ruins e comentários ridículos. Ela gostava de pensar que ele daria um ótimo namorado, se já não tivesse acostumado tanto com o amigo que só pensar em beijá-lo era completamente estranho.

Ele a deixou na porta de casa, fazendo uma reverência e beijando-lhe a mão, como “um cavalheiro que era”. Ela revirou os olhos, mas ficou acenando para ele até vê-lo dobrar a rua. Ele morava a três casas da sua, afinal.

Bella fechou a porta atrás de si suspirando. “Que os próximos dias sejam tão bons quanto esse,” ela pensou.

***

Mudar-se de Paris para Cambridge era a última coisa que Céline Barbier tinha em mente como o auge dos seus dezessete anos.

Na França, ela era feliz de suas próprias maneiras.

Mas não, seus pais tinham que decidir que a promoção que Oliver, seu pai, seria uma boa saída para o que estavam vivendo no outro país.

Então ela estava lá, com duas caixas de papelão nos braços, entrando em sua nova casa no Reino Unido. Ela não tinha mais ataques de raiva, porém continuava desgostando da decisão dos pais. Por mais simpática que fosse, não estava com ânimo para fazer novos colegas.

Pelo menos a casa nova compensava. Era grande, com largas janelas de vidro, e ficava no que ela achava ser a parte rica da cidade. Seu quarto ainda era no segundo andar, mas era maior. A casa inteira tinha sido pintada de branco a pedido de sua mãe, e seu quarto seguia a mesma linha. Também tinha móveis planejados em – de novo – branco. Da porta, Céline tinha toda a visão dele. Pelo menos a agradava. À sua direita, tinha uma escrivaninha planejada que ocupava toda a longitude da parede. À esquerda, o guarda-roupa embutido na parede, e à frente dele a cama com cabeceira de metal trabalhada. Diante da garota, ela tinha a vista da porta de vidro que dava para a sacada. Ela seguiu até lá e pôde apreciar o jardim com piscina abaixo de seu quarto.

Mère — Céline chamou enquanto descia as escadas. Encontrou os pais na cozinha, colocando os utensílios nos grandes armários brancos. Talvez ela estivesse passando a se cansar de tudo naquela mesma cor.

Oui, chèri? — Élena respondeu virando-se para a filha. Ela era uma mulher muito bonita, e Céline se parecia por completo com a mãe.

— Soube se tem alguma escola de ballet por perto? — ela perguntou, sentando-se numa das banquetas da ilha da cozinha.

— Mas é claro. — Élena sorriu. A mulher era loira e alta, com o corpo forte que todos os anos como professora de ballet lhe tinham dado. E Céline tinha puxado à mãe não só na aparência, mas também como no gosto pela dança.

Céline tinha crescido tendo aulas de ballet. Sua mãe, como professora em um estúdio de dança em Paris, tinha a matriculado com quatro anos e até mais ou menos os doze a menina dizia que aquela seria sua profissão.

Na França, Barbier era uma garotinha muito ocupada. Quando criança, passava as tardes no estúdio com a mãe, sempre treinando ou fazendo as tarefas da escola. Mesmo quando começou a ter aulas até o meio da tarde, continuou indo às de ballet à noite.

— Antes de nos mudarmos, eu fiz minha pesquisa — Élena disse. — Tem duas excelentes: uma no centro da cidade e outra um pouquinho mais perto da sua futura escola. Precisamos apenas que ver se terão vagas para você.

— Não vai mais dar aulas, ma chèri? — Oliver perguntou deixando as panelas no balcão da cozinha.

— Não. — Ela sorriu. — Continuarei só com a arquitetura.

— Mas, mère, você ama ser professora! — Céline exclamou.

— Mas nós também precisamos pagar sua faculdade. — Élena foi ao seu encontro e passou um braço pelo seu ombro. — Seu pai ganha mais agora, mas o salário das professoras aqui é menor. Temos que pensar em seu futuro, Céline.

A menina concordou com a cabeça e subiu de novo para seu novo quarto. Ela não gostava da ideia da mãe não dar aulas. Sabia que o sonho de Élena, quando na sua idade, era ter-se tornado profissional, mas uma lesão no joelho a impediu. Assim, depois que melhorou, o estúdio fez dela uma professora, ao mesmo tempo em que cursava a arquitetura. Pensar que, ela, Céline, estava tirando até isso da mãe, fazia-a sentir-se muito mal.

Olhou para o quarto todo branco. Precisava mesmo colocar algumas cores naquele lugar. Começou a tirar seus pertences das caixas que ela mesma tinha carregado até lá. Debaixo dos cadernos, viu as fotos com os antigos colegas.

Na praia, em festas, na casa de alguns deles. Não eram fotos que lhe traziam exatamente alegria.

Por causa dos anos em que se dedicou mais ao ballet do que qualquer coisa, Céline não tinha cultivado amizades verdadeiras.

As crianças do estúdio de dança eram desagradáveis. Principalmente quando chegava a época de nomear os dançarinos principais das apresentações. Das vezes que Barbier foi escolhida, ela recebeu olhares atravessados e ouviu as crianças dizerem que era por causa de Élena.

Na escola, as crianças tinham mania de, após o horário de aula, ficarem sentadas nas arquibancadas enquanto alguns tinham treino, assim, era nesses momentos que as amizades cresciam. Mas, por sempre sair correndo para as aulas de dança, Céline não passava muito tempo com os colegas de sala, e durante os anos manteve-se quase excluída.

Não que ela se importasse, já que seus pais eram seus melhores amigos.

Porém, quando chegou aos quinze anos, e tudo dentro de casa começou a desabar, a menina começou a se revoltar.

Passou a conversar e sair para festas com algumas das meninas que ainda cumprimentava, então conseguiu aquelas fotos.

Com um suspiro, juntou todas as imagens que achou e as colocou dentro de uma pequena caixa amarela clara que encontrou no meio da bagunça. Enquanto esvaziava as outras caixas, deixou a menor na escrivaninha. As fotos ficariam ali para todo momento que achasse que estava fazendo escolhas erradas.

Perto das oito da noite, Oliver chegou à porta do quarto da filha e a chamou para jantar. A primeira refeição inglesa seria comida japonesa. Eles comeram sentados no chão da grande sala de estar, que ainda tinha muitas caixas empilhadas.

Oliver tinha conseguido instalar a televisão, mas os únicos canais com boa resolução estavam passando jogos de futebol. A Alguma-Coisa League estava acontecendo e, aparentemente, era importante para os ingleses.

Os três comeram e conversaram durante os noventa minutos em que o jogo passou. Céline gostava de ver os pais sentados próximos e abraçados, quando há alguns meses, praticamente se matavam.

Depois, ela lavou a pouca louça que tinham usado e subiu de novo para seu quarto. Sentou-se na cama, em que a mãe já tinha colocado os lençóis, e olhou para o uniforme que a mesma tinha deixado pendurado do lado da porta.

Saia preta dois dedos acima do joelho, blazer um tanto largo da mesma cor, camisa social branca e uma gravata de listras roxas e pratas. No lado direito do blazer, o símbolo bordado naquelas duas cores.

Ela não gostava muito de roxo, mas não iria ter muita opção mesmo.

A ideia de que precisava aparecer no dia seguinte na... Como se chamava mesmo?... Perse, não lhe agradava ainda. Eles já tinham começado as aulas, e ela teria que correr para conseguir acompanhá-los. Precisaria pedir ajuda para os estranhos novos colegas de classe.

Suspirou assim que se deitou, olhando para o teto. Nunca tinha sentido o nervosismo do primeiro dia em uma nova escola. Como devia se comportar? Será que a fariam se apresentar na frente da sala igual nos filmes? Será que faria amigos?

Virou-se para o lado e fechou os olhos. Acabou caindo no sono quase que instantaneamente por causa do dia cansativo de mudança, mas não antes de pensar que iria se preocupar com tudo aquilo no próximo dia.

 


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Notas finais do capítulo

Então???
De qual dos oito personagens vocês mais gostaram?? Eles são uns bebês, não são? Eu amo meus filhos!

Me falem sobre seus favoritos!!
Até mais!



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