Alya e Marinette não conseguiram dormir no dia, foram direto no livro e começaram a ler. Tinha muita informação ali, desde a origem do reino e das joias, os poderes que os Miraculous forneciam e o que as pessoas fizeram com eles ao longo do tempo.

Uma informação lhes chamou a atenção, o Miraculous do pavão, que dava o poder de pegar sentimentos dos outros e reproduzir em uma criatura, que foram chamadas de sentimonstros, estava danificado. Aquela informação parecia ter sido escrita mais recentemente já que a tinta estava mais forte naquela parte, acreditavam que Fu que tivesse acrescentado aquela informação.

Elas estavam imaginando o porquê de Fu passar a missão diretamente para elas, quer dizer, ele tinha Tikki e Plagg, que com certeza tinham mais experiência no assunto, então por que elas? Duas jovens adultas que acabaram de descobrir sobre todo esse grande universo?

Ambas estavam pensantes, Marinette logo disse:

—Quantos são no total?

—Dezenove, pelo que contei. – A morena soltou um suspiro. – Nós sabemos da localização deles, dois estão em terra firme e o resto no mar. E o Hawk Moth tá com um dos mais poderosos!

—Sobre isso, na verdade temos em terra firme três.

—Não, Mari! Temos só dois, o seu e o do Fu. Eu esqueci a te ensinar a como somar, né?

—Me escuta! Temos três em terra! O meu, o do Fu e o segundo mais poderoso, o do Chat Noir!

—A Tikki e o Plagg estão com ele?

—Na verdade não... O Miraculous está com o Adrien.

—Quê? Como assim?

—O Plagg deu para ele, já que o Hawk Moth nunca procuraria um dos Miraculous mais poderosos do mundo com um humano. O difícil vai ser tirar aquilo dele.

—É verdade, não podemos simplesmente chegar nele e falar: Perdeu, perdeu, passa o anel!

—Por que tinha que ser tão difícil?

—Porque a vida não é fácil, a vida é difícil! Quer saber, tá muito tarde, não vamos conseguir pensar direito, de manhã nós pensamos mais sobre isso. – Alya se levantou, foi em direção do seu quarto. – Boa noite, Mari!

—Boa noite, Alya!

A azulada não demorou a fazer o mesmo que a amiga, resolveu que iria terminar o livro do principe no outro dia, precisava de uma boa noite de sono.

Todavia, o sono não veio! Por mais que fechasse os olhos nunca dormia, talvez seja porque seus últimos sonhos, ou melhor pesadelo, não foram muito agradáveis.

Como havia chegado ali? Fazia menos de um mês que estava no mar, vivendo escondida e agora estava nesse lugar, tinha amigos, uma missão. Aquilo chegava a ser fantástico, mas ao mesmo tempo assustador.

Quem pensaria que ela não era humana e que aquelas pernas não eram a imagem natural dela? Se todos soubessem que ela tinha cauda colocariam ela em laboratório, como Alya a avisou milhares de vezes.

Pela primeira vez tinha amigos, alguém com quem contar caso algo acontecesse com sua família. Aquilo era maravilhoso, já que Chloe existia no mundo, porém não era nada insuportável.

E agora, tinha a sua missão, algo que ajudaria o povo do lugar em que cresceu. Nunca pensou que seria incumbida de tão grandiosa aventura. E teria que enfrentar pessoas enviadas por Hawk Moth, será que seriam muito fortes? Não conhecia bem os poderes que a joia que possuía lhe dava, e isso era uma das coisas que teria que descobrir rapidamente, não sabia quem o ditador iria mandar.

E uma das joias mais poderosas estava nas mãos de um humano que não sabia nem metade do poder que tinha em mãos, o poder da destruição. E se Adrien usasse o poder sem ao menos notar? Pior! E se ele já tivesse usado sem perceber!

E como pegaria o Miraculous dele? Não podia simplesmente chegar e tirar o anel! Afinal, ele era seu amigo.

Amigo.... Esse termo parecia a incomodar. Talvez chama-lo de colega seria melhor! Não.... Continuava estranho, não sabia que palavra teria que usar para descreve-lo. Bem, por enquanto ele seria o Adrien, o único pelo qual ela não conseguia conceber uma definição.

O momento que aconteceu na festa de Chloe veio em mente, a dança, o que Alya dissera que tinha acontecido entre os dois, a maneira com que ele se preocupou com ela... Não haviam motivos para que ele fizesse tudo aquilo.

Assim como não havia motivo para Luka ser tão gentil com ela, aquela era a segunda vez que os dois conversaram, ele não poderia ser bondoso com uma desconhecida, ou poderia?

Outra coisa que pensou bastante sobre aquela tarde foi ele pedir para ver seus brincos, aquilo havia sido deveras suspeito, mas era para a irmã dele. O pai dela contava que sempre foi difícil presentear a sua mãe, talvez o mesmo ocorresse com o de mechas azuis.

Dois garotos que não saiam de sua cabeça, aquilo era certo? Não saber o que sentia pelos dois?

Sem perceber, em meio de suas dúvidas, adormeceu. E as respostas para as perguntas que sua mente fazia sem cessar, ficariam par outro dia.