Marinette contou o sonho inteiro para Alya, ainda estava tonta, aquilo parecia ter sido tão real, tanto que acordou com a mesma sensação de pânico que teve em seu sonho. Seu coração estava acelerado e a respiração estava descompassada. Após a azulada contar tudo, Alya foi até a cozinha e preparou uma água com açúcar para a amiga, sua mãe sempre lhe dissera que aquilo acalmava até um leão com fome.

A mestiça tomou-a com muito cuidado, afinal se uma gotinha caísse em qualquer parte de seu corpo e não secasse em dez segundo, as suas pernas sumiriam e a bendita cauda apareceria!

Terminou de tomar a água e tomou a palavra:

—E os meninos? Será que eles estão bem?

—Com “os meninos”, você quer dizer o Adrien?

—Alya, o Nino estava no sonho também, e se aconteceu alguma coisa?

—Mari, provavelmente eles estão bem!

—Como tem tanta certeza?

— Olha, se isso for te acalmar, eu mando uma mensagem pra cada um dos dois, só que você tem que se acalmar!

—Eu juro que estou tentando, mas a cena das borboletas ainda está na minha mente e não saí de jeito nenhum.

—Evita pensar nisso. Vamos fazer o seguinte, eu já tomei café, vai lá na cozinha toma o seu maravilhoso café-da-manhã que eu fiz e depois conversamos mais sobre esse assunto.

—Certo.

Enquanto a azulada foi até a cozinha, Alya pegou o seu celular e discou para Nino, por mais que tivesse certeza que todos estavam bem, ficou com uma pulga atrás da orelha. Os bips continuavam e a morena pedia mentalmente para o amigo atender, logo o clássico “ Sua chamada está sendo encaminhada para a caixa postal e estará sujeita cobrança após o sinal” falou em sua orelha. Agora sim estava preocupada! Esperou o “Deixe sua mensagem para” tocou e ela respondeu de imediato:

—Nino, você está bem? Me liga assim que ouvir essa mensagem!

A próxima ligação fora para Adrien, mas o loiro atendeu assim que viu o celular tocando:

—Fala, Alya!

—Oi, Adrien! Eu sei que a pergunta vai parecer estranha, mas você está bem?

—Quê?

—Você tá bem?

—Tô, ué.

—Tem certeza? Tipo, nem uma dorzinha de cabeça ou algo parecido?

—Não.. Por que você tá tão estranha, hein?

—Nada, é que... Ah, deixa pra lá, é bobagem! Aliás, você já tá na loja?

—Tô sim, por quê?

—O Nino apareceu por aí? Eu liguei, mas ele não atendeu.

—Não, ainda não apareceu não. Mas, Alya, você melhor que ninguém sabe que o horário que o Nino acorda é das duas horas da tarde pra frente, principalmente depois de ontem que fomos embora tarde.

—Ok, mas se ele aparecer aí, você me dá um toque?

—Claro! Ei, eu e ele vamos surfar hoje à tarde, lá para umas seis e meia, você quer vir?

—Você ainda pergunta? É óbvio que sim!

—Traz a Marinette, podemos ensinar ela a pegar umas ondas.

—Levo sim, só que não sei se ela vai querer entrar na água.

—Tudo bem, só pra não deixar ela sozinha aí na sua casa.

—Beleza, tchau!

—Tchau!

O único pensamento que a morena teve foi “Sei muito bem porque você não quer deixar ela sozinha em casa, Adrien! ‘’

A morena logo desceu em direção a cozinha e viu que Marinette havia adorado os cookies que havia comprado na padaria que ficava perto de sua casa, mas também, quem não ama deliciosos cookies com gotas de chocolate, não é? Óbvio que ela guardou o restante, pois senão a Dupain Cheng iria acabar com tudo sozinha:

—Mais calma?

—Acho que sim! Essa comidinha me acalmou!

—Todo mundo se acalma depois de comer cookies e eu falei com os meninos e eles estão bem. – Alya achou melhor mentir do que falar que Nino não havia atendido, elas tinham uma missão naquele dia e se Marinette ficasse nervosa a situação iria complicar.

—Assim eu fico mais calma ainda. – As duas soltaram uma risada.

—Temos duas coisas para fazer hoje: Número um, decifrar aqueles códigos estranhos do livro e número dois, te ensinar a ler e escrever.

—A parte dos códigos é fácil, mas esse negócio humano que vocês chamam de letras é complicado demais.

—Uma criança de seis anos já sabe fazer os dois, você com esses dezessete anos na cara é obrigada a saber.

—Não sou não, esqueceu que eu não sou humana?

—Mas você tá morando em terra firme, já que não paga imposto, tem que ler e escrever! – Marinette estava com cara de emburrada. – Vamos começar com esses códigos. Estão aqui. – Alya pegou o celular, que já estava com a galeria aberta e mostrou as fotos para Marinette.- Agora traduz!

—Já vou dizendo que a escrita de Miraculous não é muito exata!

—Tá legal, só diz o que tá escrito aí.

Marinette ficou minutos analisando aquelas fotos no aparelho de Alya, tentava recordar sobre os ensinamentos que sua mãe havia lhe dado nos últimos anos. Tentou traduzir o máximo que pode, chegou ao seguinte texto “O Miraculous da mariposa tem o poder de dar poderes a outras pessoas, mas isso não quer dizer que ele possa usar isso para o bem, o reino de Miraculous sofre com a ditadura implantada por Hawk Moth, se você está lendo isso é porque já habitou em nosso reino e por aqui digo: Ele não está preso só na água! Existem espiões por todo lugar, inclusive na terra. A única forma de derrota-lo é tirando o Miraculous dele! Não encoste na mariposa preta, ela te leva para o lado dele, não confie na mariposa preta! ”

—A-Alya! É isso!

—Isso o quê?

—No meu sonho, haviam mariposas negras saindo de um ser, não era um ser qualquer, era o Hawk Moth!

—Eu li na internet uma vez que as mariposas negras simbolizam a morte, quer dizer que elas matam quem encosta nelas?

—Aqui só diz que te leva pro lado dele, acho que são os tais akumas.

—Nós não podermos ter plena certeza disso, nem sabemos quem escreveu essa mensagem, e se foi um dos seguidores desse Hawk Moth querendo enganar alguém? Simplesmente não tem como saber.

—Uma coisa que nós sabemos, ou essa pessoa é uma sereia/tritão ou ela é mestiça, filha de um humano com um ser dos mares e conhece muito bem o alfabeto do nosso povo! – Marinette respira fundo, tentando absorver toda aquela informação. – Temos que mostrar isso pra Tikki!

—O quê?

—Ela conhece muito mais as sereias e tritões do que eu mesma, foi a guardiã do meu Miraculous! Ela deve saber mais sobre o assunto dos akumas, talvez ela não tenha me contado algo.

—O Adrien chamou nós duas pra irmos pra praia hoje à tarde, enquanto eu distraio eles no surf você vai na loja e fala com a Tikki, só me jura que não vai perder o meu celular!

—Juro!

—Então nosso plano tá feito e agora...

—Não, Nananinanão!

—Sim, sim e sim! Você vai aprender a ler não quero ter que pesquisar tudo sozinha! - Alya ligou a TV e pegou uma apresentação de slides que havia preparado no celular e transmitiu para a grande tela. – Vamos começar com a letra A, com ela você escreve Alya, Abacate, Abacaxi e ADRIEN!

—É impressão minha ou você tá enfatizando a última palavra?

—Impressão sua!

E assim foi a aula, e depois de meia hora ensinando o alfabeto inteiro e as palavras que poderia escrever com cada letra, Marinette descobriu que B com A fica BA!