Fairy Tail: Arashi no Ato De escrita por Maya


Capítulo 2
Capítulo 00.1


Notas iniciais do capítulo

Segunda parte da introdução :)



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Carolline Evans morava sozinha em uma casa a certa distância do resto da cidade, herdada dos avós. Não foi nem um pouco surpreendente Tai encontrá-la cuidando do jardim ao chegar lá; era o que mais gostava de fazer desde pequena.

— E aí, Evans?

A loira de olhos verdes avistou o velho amigo e logo abriu um sorriso largo.

— Ishida! Como vai?

— Precisando conversar.

Carolline se prontificou imediatamente. Guardou os acessórios de jardinagem e abriu a porta, já oferecendo uma xícara de chá, que Tai aceitou com bom grado. Ele também não quis perder tempo; logo começou a falar da missão.

A maga comentou que tinha visto o pronunciamento da rainha e ouviu atentamente a explicação sobre o pedido da Mestra. Tai notou que a amiga não ficou nada surpresa com o fato de Jacques ter sido seu primeiro convidado, e que sorriu ao saber que estava evitando chamar Tenma.

— Eu tenho uma estratégia em mente – continuou – e preciso da sua ajuda para que ela funcione.

Carolline suspirou.

— Tai...

— Por favor, Evans. Rose me pediu para ser o líder do grupo por considerar eu e a Tina os mais fortes abaixo dela, mas é óbvio que só estamos nessa posição porque você está inativa na guilda.

— E eu já deixei muito claro o motivo de estar inativa.

— Sim. É um motivo ridículo.

A maga franziu a testa, e Tai sentiu o arrependimento imediatamente.

— Desculpe... Sabe que não concordo com suas justificativas.

— Não me importa se concorda ou não, Ishida. Não vou contigo nessa missão porque não dá pra correr o risco de alguém do lado inimigo descobrir que sou uma Evans.

O mago de vento bebericou o chá – o mais delicioso que conhecia – e disse, sem conseguir olhar na cara da amiga:

— Seu pai e seu avô se tornaram lendas porque não tiveram medo de serem reconhecidos.

— Nunca disse que quero ser igual a eles – Carolline devolveu.

Tai a conhecia o suficiente para saber o quanto era persistente nas decisões que tomava, por mais que ele não concordasse com a grande maioria delas. Como os dois conseguiam manter aquela amizade já de vinte e seis anos, era algo que nem eles mesmos podiam explicar.

— Tai – Carolline disse com um tom mais sereno –, gostaria que você também não fosse, pelo Mamoru.

— Ele já tem a mãe.

— E isso anula a necessidade do pai?

Sem a menor disposição para ouvir mais um sermão sobre paternidade, o moreno terminou de beber o chá e se pôs de pé para ir embora. Resmungou um "tchau" e foi em direção à porta, só que parou com a loira o chamando novamente.

— Lembra de como meu pai era? Sempre ausente, trabalhando... Ainda mais quando perdemos a mamãe. Sempre admirei sua força e todas as história sobre sua juventude que meus avós e minha tia contavam, só que ficava magoada toda vez que acordava sabendo que ele já tinha saído, e ia dormir sabendo que ainda não tinha voltado. Quando olho para você e Mamoru agora...

— Evans – Tai a interrompeu –, entendo o que tá querendo dizer, mas também já tomei minha decisão. O garoto não precisa de um pai de lixo como eu. Sabe qual a diferença fundamental entre eu e o tio Allen?

— Qual?

— Seu pai fazia isso porque achava que precisava te sustentar sozinho, e queria te garantir o maior conforto. Eu... Só faço essa merda pra fugir mesmo.

Carolline não respondeu de cara. O Ishida já abria a porta quando finalmente recebeu uma pergunta:

— Ele ainda é seu herói?

— Sabe o que dizem dos heróis – respondeu antes de ir embora. – São inalcançáveis.

. . .

Anoitecia quando Tai voltou para a cidade. Ele já sabia para onde ir em seguida, embora ainda não soubesse quem mais convidar; apenas ele e Jacques não daria certo. Passando pela Fairy Tail pelo caminho, viu Tenma parado na porta e tentou desviar da rota para evitá-lo, para escapar de qualquer questionamento, porém, não adiantou de nada.

— Vou com vocês.

— Onde?

— Na missão.

Tai parou de andar.

— Jacques te contou?

— Te vi saindo do escritório da Mestra um pouco tenso e estranhei chamar Jacques, então os segui e fiquei ouvindo.

— Então me ouviu dizer que não quero sua companhia dessa vez.

Tenma ficou de frente para o melhor amigo. Ele sorria.

— Ouvi que você ficou preocupado comigo, porque é um ótimo amigo. Mas não precisa ficar. Eu quero ir nessa missão.

Tai bufou.

— De jeito nenhum.

— Ah, é? E em quem mais confia o bastante para convidar?

— Um dos dragões, talvez.

— Aqueles que você sempre critica? Sério?

Tai deu de ombros e tentou passar por Tenma, mas este não deixou. Agora o sorriso havia desaparecido e tinha assumido uma expressão determinada que não deixava espaço para dúvidas quanto à sua decisão.

— Por que quer tanto ir? E sua família?

Tenma soltou um suspiro.

— Me dói o coração ficar longe deles... Mas também quero que Tsuki e Taiyou cresçam num mundo onde tenham o direito à liberdade de serem quem são, e que Aoi não precise abrir mão de uma das coisas que mais ama na vida. Nós já conversamos e ela me apoiou, contanto que eu volte para casa.

— Isso aí não dá pra garantir.

— Então me prometa. – O sorriso voltou. – Seja meu amigo e me leve junto, e prometa que vai me trazer de volta.

— Seria só uma promessa...

— Um dia, eu prometi a você total lealdade, e foi você mesmo quem disse que uma promessa é algo que não se pode quebrar. Lembra disso?

Tai conseguiu um esboçar um sorriso pequeno.

— Quanto tempo faz isso, uns quinze anos?

— Sei que mudamos muito desde então, mas sinto que isso nunca mudou dentro de você. Me prometa, Tai, e vou acreditar totalmente em suas palavras.

O mago de gelo não tinha mais saída. No final das contas, não seria nada ruim; Tenma era mesmo a pessoa em que mais confiava, e seria um alívio tê-lo por perto na missão mais perigosa que já aceitara.

— Eu prometo. Vou te trazer de volta pra casa.

— Obrigado, parceiro. – Os dois voltaram a andar. – E então, seremos só nós três ou ainda pensa em convidar mais alguém.

— Não, já está de bom tamanho. Só preciso resolver mais uma coisa.

 Tenma tomou o rumo para casa, enquanto Tai foi por um caminho diferente.

. . .

A última vez que estivera no apartamento de Alisson foi quando ela chegou na guilda. Tinha vindo de outra cidade e ainda estava mudando as coisas para o apartamento novo, até que um dos Dragon Slayers sugeriu que o pessoal da guilda a ajudasse. De alguma forma, Tai caiu nessa equipe. Já fazia dois anos desde então e mesmo assim, parado diante do prédio àquela hora, sentia que tinha sido alguns dias atrás. Aliás, já era difícil engolir a ideia de que o pronunciamento da rainha fora naquele mesmo dia.

Tocou o interfone no andar em que a colega de guilda morava e não demorou para obter resposta. Se identificou e pediu para que descesse, pois precisava conversar.

Alisson devia ter acabado de sair do banho; os cabelos alaranjados compridos ainda estavam um pouco úmidos, e a roupa que vestia era muito casual – o que não diminuía em nada o tom desafiador presente em seus olhos negros.

— Vou sair em uma missão complicada – Tai foi direto ao assunto. Não estava com a mínima vontade de prolongar aquele assunto. – Não sei quando volto, ou se vou conseguir voltar algum dia, e não quero que Tina e Mamoru fiquem sozinhos de vez.

— Certo...

— Sei que gosta da Tina. – Era mais difícil dizer aquilo do que havia imaginado. – Digo, gosta de verdade.

As bochechas de Alisson ficaram visivelmente rosadas só de ouvir aquilo.

— Nós... Somos só amigas.

— Qual é, é óbvio que tem algo a mais. – Tai respirou fundo. Só olhava para outro lado nesse momento. – Fiquei todo esse tempo negando e dizendo que o pessoal da guilda só era muito babaca, mas a verdade é que dá pra ver na forma como vocês duas conversam, nos olhares que trocam. Tá na cara.

Alisson tentou dar alguma desculpa, só que desistiu no meio do caminho e decidiu assumir de uma vez.

— Nunca aconteceu nada entre nós. Tina sempre foi fiel ao casamento.

— Mas agora pode acontecer. Quero dizer... Não que eu tenha qualquer direito pra dar autorização ou não às duas, é só... O que tô tentando dizer – voltou a olhar para Alisson – é que não vou aguentar ir embora sabendo que deixei a Tina sozinha e infeliz, achando que continua presa a mim de alguma forma. Quero que ela tenha a companhia que merece e ajuda pra cuidar de Mamoru. Você... Com certeza pode fazê-la muito mais feliz do que eu já fui capaz.

Alisson sorriu. Foi perceptível sua tentativa de controlar o sorriso, contudo, acabou não conseguindo impedi-lo de ser enorme, e mesmo que conseguisse ainda seria denunciada pelo brilho nos olhos.

— Obrigada.

— Não tô fazendo mais que a minha obrigação.

— Está, sim. É por esse tipo de coisa que ela te ama.

Tai fez um leve gesto com a cabeça, deu um boa noite rápido e saiu andando às pressas. Ao chegar na porta de casa, precisou limpar o rosto e respirar bem fundo antes de entrar.

. . .

O plano para o dia da partida era sair tão cedo que não precisaria falar com Tina e Mamoru, e talvez assim fosse mais fácil. O plano falhou no primeiro minuto; a esposa acordou junto com o marido e fez questão de uma despedida. Preparou seu café, algo que já não fazia em tempos, e foi acordar a criança.

Os três foram juntos até a guilda, antes mesmo do amanhecer, onde a Mestra esperaria pelo grupo. Jacques já estava lá, enquanto Tenma ainda demorou mais alguns minutos para aparecer, também acompanhado pela família.

— Quero agradecê-los mais uma vez – disse Rose. – É preciso muita coragem para assumir uma missão como esta. Toda a comunidade fica em débito com vocês três.

— Aceito um bom pagamento – Jacques respondeu.

Rose sorriu e olhou para Tai e Tenma.

— Não faço ideia de como deve ser difícil para os dois.

— Tudo bem, nós vamos voltar – Tenma afirmou, olhando para o amigo de infância. – Certo?

— Certo.

A Mestra deu um tempo para que pudessem se despedir mais uma vez de suas famílias. Tai não gostava nem um pouco desse tipo de coisa, por isso foi muito bom Tina ter tomado a frente no discurso.

— Só quero que saiba que eu te amo. Talvez não seja mais o amor que uma esposa deve ter pelo marido, mas eu te amo, Tai. Obrigada por ser um amigo tão incrível, pegando a responsabilidade da missão, falando com a Alisson... Não sei se algum dia poderei retribuir.

— Sou eu quem tô retribuindo por todos esses anos me aturando. Apenas vá viver sua vida.

— Estarei te esperando.

— Papai... – Mamoru o chamou com a voz chorosa. – Quando o senhor volta?

Tai abaixou-se para falar com o filho.

— Algum dia, garoto. Não precisa ficar muito preocupado comigo. Obedeça à sua mãe e à tia Alisson, ok?

— É muito perigoso lugar pra onde o senhor vai?

O pai olhou para a mãe, buscando alguma ajuda no que falar, só que ela também parecia perdida em como explicar ao garoto o que estava acontecendo.

— Bem... Não sei direito.

— O senhor não vai morrer, vai?

As palavras saíram de sua boca antes que pudesse pensar bem à respeito:

— Com certeza não vou morrer. Prometo que voltarei por você, e uma promessa...

— É algo que não se quebra! – Mamoru completou, agora sorrindo. – Então vou ficar te esperando também!

Tai não se lembrava de quando o tinha ensinado aquilo sobre promessas, mas ficou feliz em ver o filho repetindo as palavras que tanto dizia antigamente. De fato, pelo que se lembrava, a última vez que sentira aquela felicidade foi no dia em que o pegou no colo pela primeira vez.

Mamoru pulou em cima do pai para abraçá-lo, e Tai fez questão de apertá-lo como nunca antes. Tina também o abraçou com força, sussurrando palavras de motivo em seu ouvido. Quando se virou para o resto do grupo, viu Rose e Jacques e observando, enquanto Tenma ainda tentava controlar o choro.

— Meus caros guerreiros – falou a Mestra da eterna Fairy Tail –, chegou a hora.

O primeiro passo foi o mais difícil.


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Notas finais do capítulo

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