[N/a: NOTAS INICIAIS IMPORTANTE]

James estava nervoso enquanto esperava por Lily no salão comunal de sua casa. E se ela desistisse? E se ela tivesse mudado de ideia e se arrependido do que havia acontecido entre eles no banheiro dos monitores? Eram tantas perguntas, e seu coração se acalmou apenas quando viu a ruiva descer as escadas de seu dormitório em um vestido dourado, cheio de brilho.

Os cabelos ruivos estavam soltos e ondulados e os seus lábios brilhavam em um vermelho intenso. Ele perdeu o ar por um momento, admirando-a em toda a sua graça e beleza, completamente perdido e sem saber o que fazer em seguida. Queria beijar aqueles lábios e cada centímetro de seu corpo exatamente como havia feito no dia anterior.

—Pronto? -Lily perguntou, parando diante dele.

—Eu não acho que algum dia vou me acostumar com a sua beleza, Lily Evans. -Ele murmurou e ela corou.

—Você também está lindo, James Potter. -Ela disse desviando o olhar para as mãos, visivelmente nervosa por não saber o que fazer.

—Eu sei, são as cicatrizes. Elas me deixam mais sexy. -Potter disse e ela riu. O garoto da Grifinória estendeu o braço para ela e em silêncio eles seguiram juntos até a local aonde o tal baile aconteceria.

Quando entraram, notaram que o lugar estava repleto de luzes e flores de vários tipos, todas na cor branca. O casal para quem o baile havia sido realizado estava no meio de uma roda, recebendo cumprimentos e desejos de felicidade de todos ali. Narcisa usava um vestido verde completamente brilhante e longo, já Lucius um terno preto com a gravata da mesma cor. Embora ele parecesse estar se divertindo com aquela conversa, ela parecia estar em qualquer lugar menos ali.

—Acha mesmo que é uma boa ideia? –Lily se viu perguntando. –Se voltarmos ninguém vai notar.

—E perder toda essa comida? Eu acho que nós merecemos alguma recompensa por aguentá-los nas aulas.

—Lily! -O professor Slughorn exclamou, animado quando colocou os olhos nela. Não havia mais escapatória. A ruiva, ainda de braços dados com James, seguiu em direção ao professor com um sorriso nos lábios mesmo que Snape estivesse parado ao lado dele. -Lily, eu estou tão feliz que tenha vindo!

—Também estou muito feliz em estar aqui, professor. -Ela disse.

—E com o senhor Potter. -Slughorn falou, mirando seus olhos no capitão do time da Grifinória e sorrindo. -Não posso dizer que estou surpreso, afinal imaginei que se acertariam após os recentes acontecimentos.

—Com licença. -Snape resmungou, se afastando.

—Ah, professor, nós... -Evans começou, sem saber exatamente como terminar. Ela e James ainda não haviam tido a chance de conversar sobre o que eram ou o que seriam.

—Fico feliz, muito feliz. -Interrompeu. -Como está se sentindo, Potter? Pronto para o Quadribol?

—Sempre. -Ele respondeu com um sorriso.

—Eu realmente acho que tem chances de ganhar a taça esse ano. Vocês estão jogando muito bem.

—Obrigado, professor. Eu acho que em todos os anos em que estive no time eu nunca vi eles jogarem assim.

—Deve estar orgulhoso.

—Bastante.

—É uma pena que isso não seja o suficiente para ganhar a taça, não é? -Lucius Malfoy disse, se aproximando deles. -Vocês não tem chance, Potter.

—Eu discordo. Nosso time é o único que realmente sabe o que está fazendo.

Malfoy não gostou nada do que ouviu, muito menos de ver o sorriso debochado nos lábios de Potter. Narcisa, vendo que algo estava errado, se aproximou do noivo, abraçando-o pela cintura.

—Querido, Severus está chamando você. -Ela disse.

—Você está linda, Narcisa. -Lily disse e a loira sorriu, educada.

—Felicidades ao casal. -James desejou.

—Obrigada. Venha querido, eu acho que é importante. -Os dois saíram e logo o professor os deixou sozinhos também.

—Você não podia ficar calado, não é? -Lily disse.

—Você sabe que é verdade. -James deu de ombros e ela revirou os olhos, mas não conseguiu conter o sorriso. -Me concederia a honra?

Ele estendeu a mão para a garota, que prontamente aceitou o convite e juntos eles seguiram até o centro do salão. A música que tocava era lenta, então Potter passou sua mão enfaixada em torno da cintura da ruiva, puxando-a para perto, enquanto com a outra ele segurava sua mão.

—Eu me lembro.

—O quê?

—Eu me lembro do que aconteceu quando foi me visitar na enfermaria. -Contou e ela abriu a boca algumas vezes sem saber o que dizer. -Demorou um pouco a voltar, mas eu me lembrei quando nos beijamos durante a chuva de meteoros.

—Tudo bem, James, você tomou muitas poções. Eu entendo. -Ela disse desviando o olhar. Se ele queria retirar o que disse, ela não se importava, entendia como as coisas entre eles eram complicadas desde que descobriram a verdade sobre o futuro.

—Não, você não entende. -Murmurou e ela levantou os olhos. -Lily, eu nunca fui tão verdadeiro em toda a minha vida. E eu não me importo se não sente o mesmo, eu quero que saiba que eu te amo e que eu não me arrependo de ter dito. Na verdade, eu deveria ter dito isso muito antes.

—James do que você se lembra?

—Eu disse que amava você e algo sobre uva.

—Como o meu cabelo tem cheiro de uva.

—Isso. -Ele sorriu. -E eu pedi pra você ficar.

—Só isso?

—Eu disse mais alguma coisa?

—Eu disse, James. -Lily parou por um momento, olhando bem nos olhos dele. -Eu disse que te amo também.

Potter não conseguiu conter o sorriso. Ela o amava! Lily Evans o amava! A monitora não pensou duas vezes antes de puxá-lo para um beijo sem se importar com o local em que estavam ou com quem assistia a cena. E muitas pessoas assistiam.

Era impressionante a maneira como os dois se sentiam vivos quando estavam juntos. Os dois eram tomados por uma certeza de que não importava o que o futuro reservava para eles, nada seria poderia ser pior do que aquele sentimento que os preenchia sempre que se separavam.

Quando seus lábios se afastaram, os dois se olharam por um momento e ela pulou nos braços dele, o abraçando apertado. Ela estava tão feliz que poderia chorar. Finalmente não precisava mais guardar tudo aquilo para si mesma. E ele se sentia da mesma forma! Se lembrando que ele estava ferido, a ruiva se afastou rapidamente, arregalando os olhos.

—Por Morgana, eu sinto muito! Desculpa, James, eu me empolguei e...!

—Eu te amo. -Ele respondeu, puxando-a para outro beijo. Ele não se importava, se ela quisesse poderia pular em cima dele quantas vezes quisesse, ele continuaria sorrindo.

—Eu também te amo. -Ela respondeu.

—Um minuto de sua atenção, por favor? - Lucius Malfoy pediu, usando a varinha para deixar sua voz mais alta. A música parou por um momento e todos se voltaram para ele. Narcisa, que estava no meio de uma conversa animada com sua amiga foi forçada a interrompê-la quando o noivo a puxou pela cintura, para que ficasse por perto. -Cissa e eu não fazemos ideia de como podemos agradecer por essa noite maravilhosa. Professor, nunca teria sido possível sem o senhor, nós nos sentimos muito honrados.

—Ah, vocês merecem, vocês merecem. -Slughorn disse, sorrindo.

—Gostaríamos de agradecer a todos os convidados e também pelos desejos de felicidades. Eu também gostaria de dizer a minha lindíssima noiva que eu a amo e que eu farei de tudo para fazê-la feliz. Cissa, você é maravilhosa e eu sou muito sortudo por ter você ao meu lado. -Narcisa Black sorriu, mas não disse nada. -Agora eu gostaria de pedir que a música voltasse a tocar para que eu possa dançar com a minha futura esposa.

Todos aplaudiram e o desejo de Malfoy rapidamente foi atendido. Os dois se dirigiram até o centro da pista de dança e os convidados observavam o casal com sorrisos no rosto. Lily se aproximou de James e murmurou:

—Vou pegar uma bebida pra gente. -Ele balançou a cabeça assentindo e logo Slughorn voltou a perturbar o garoto.

Evans se aproximou de Anthony Sparks, do quarto ano, um dos alunos que estava servindo bebidas na festa e pegou dois copos. Ela o agradeceu e quando se virou quase se chocou com Severus Snape. O sonserino também pegou uma bebida com o mesmo, porém sem desviar os olhos dela.

A ruiva não disse nada, não queria falar com ele, não depois daquela cena nos corredores. Ele acompanhou a garota com os olhos conforme ela voltava para James, que parecia entediado demais para prestar atenção em qualquer coisa que o professor de poções tinha a dizer.

—Quer sair daqui? -Ela perguntou. Ele olhou do professor para a garota e sorriu.

—Nos vemos depois do feriado, professor. -Potter disse e os dois saíram de lá ainda segurando seus copos. -Está tudo bem, Lily?

—Eu simplesmente odeio a maneira como ele está olhando pra mim. Eu odeio, James! -Bufou.

—Está falando do Ranhoso? -Evans o fuzilou com o olhar e ele revirou os olhos. -Snape, é dele que está falando?

—Eu sinto falta de quando éramos amigos e eu sei que você provavelmente não vai entender, mas foi ele quem esteve lá por mim quando a minha irmã deixou de falar comigo.

—Se ele é tão importante pra você, por que não vai até ele? Tenho certeza que ele também sente sua falta, o cara é totalmente apaixonado por você. -Potter disse a última parte baixinho e ela revirou os olhos. -Eu estou falando sério Lily, não faz sentido odiar alguém que você ama.

Se dependesse apenas dele, Lily e Snape nunca mais conversariam. Potter simplesmente detestava a relação dos dois porque via o quanto fazia mal para a ruiva. A presença dele, as companhias do sonserino, todas aquelas palavras tóxicas sobre os amigos dela - como na vez em que ele tentou convencê-la de que Marlene não era uma boa amiga e por isso ela devia se afastar -, isso era como uma tortura para o bom coração dela e ele sabia.

Mas ele não era ninguém para dizer com quem ela devia ou não conversar. Amigo - como ela o chamou uma vez -, namorado, futuro marido, não importava. Ele não tinha o direito de escolher as amizades dela.

—Eu não posso fazer isso.

—Eu não gosto de ver você mal. -Ela parou por um momento e respirou fundo.

—James, eu estou me sentindo péssima, mas eu não posso voltar a ser amiga dele com tudo isso acontecendo. Você sabe quem são os amigos dele, sabe que ele pode estar envolvido com Você-Sabe-Quem. Tudo bem, eu sei que você nunca disse nada por medo de me magoar, mas eu não sei se posso confiar nele de novo. Ele disse que se arrependeu, que não acha a mim e os outros nascidos trouxas diferentes de bruxos puro-sangue, mas eu só vou conseguir acreditar nisso se eu não o encontrar naquela estúpida reunião. Eu preciso de provas de que ele nunca se tornaria um Comensal da Morte.

—Eu sinto muito, Lily. -Potter disse, beijando a testa dela. -Está com sono ou nós ainda temos tempo para um último passeio? Eu preciso conversar com você, te contar tudo.

—Vamos lá, James Potter, me faça esquecer todo esse pesadelo. -Ela sorriu.

—Se você não voltar a me odiar até o fim da noite eu juro que vou tentar. -Respondeu, devolvendo o sorriso.

Os dois beberam o resto das bebidas e então seguiram para um lugar onde ambos passavam as melhores horas de seus dias nos útimos tempos: Próximo ao lago negro, o local onde se beijaram pela primeira vez e onde se encontravam todas as noites - ainda que ele assumisse sua forma animaga para isso.

James sentou-se no chão e Lily encostou-se nele, sendo envolvida pelos braços do capitão do time dos leões, tomando cuidado para não machucá-lo. Ele se manteve em silêncio por um momento, apenas observando a lula gigante, mas Lily estava curiosa então foi logo perguntando:

—O que queria me contar?

—Eu quero falar por que eu me comportei feito um completo idiota nos últimos meses.

—James, está tudo bem, nós estamos bem agora e é isso o que importa.

—Não Lily, eu preciso que você saiba. Eu não estava com medo de Você-Sabe-Quem, eu estava com medo de perder você.

—O quê? -Ela disse, se sentando de frente para ele. James segurou as mãos da ruiva e olhou bem nos olhos dela.

—Toda aquela situação com a Mitchell, o meu namoro com a Dorcas e todas aquelas provocações... Eu queria que você me odiasse porque eu não queria que você morresse. Eu não estava com medo que ele viesse atrás de mim, eu só não queria que ele viesse atrás de você.

—James, eu sou uma nascida-trouxa, uma sangue-ruim, -Ele fez uma careta, murmurando "não diga isso", mas ela apenas continuou. -ele vai vir atrás de mim não importa o que você faça.

—Você não sabe disso, Lily.

—É claro que eu sei, James! Você não vê o que está acontecendo aqui? Ele está se infiltrando em Hogwarts, se aproveitando de adolescentes que nem sabem se acreditam nisso realmente. Porque eu não posso acreditar que todos aqueles alunos tenham pensamentos tão radicais assim. Eles estão com medo e ele está se aproveitando disso! Ele está se aproveitando de um bando de adolescentes assustados!

—Eu sei, eu sei. -Ele disse, abraçando a ruiva. As lágrimas dela se acomulavam em seus olhos apenas por pensar na atual situação do mundo bruxo. -Eu só queria que você tivesse uma chance, por isso garanti que você me odiasse.

—Por quê? Por que, James? -Lily perguntou, se afastando e tentando secar as lágrimas.

—Porque eu sabia que eu me arrependeria e tentaria fazer você me perdoar, então precisei garantir que quando isso acontecesse, você não aceitaria. Lily, eu não sei quando aquela visão vai acontecer, se daqui a dois ou dez anos, mas eu sei que talvez se não ficássemos juntos você poderia ser feliz com outra pessoa, talvez você tivesse mais tempo.

—E você decidiu isso sem mim? -Ela cruzou os braços e logo tudo foi fazendo sentido. -Namorou a Dorcas porque sabia que eu nunca me aproximaria do namorado de uma amiga, não foi?

—Eu vi nos seus olhos que não se afastaria não importa o quanto estivesse assustada com aquela visão.

—Você tem razão quanto a isso. Sim, eu estava apavorada, mas eu nunca deixaria o medo de Você-Sabe-Quem controlar a minha vida.

—Esse é o ponto! Você escolheria não ter uma vida!

—Eu não acredito que você fez isso com ela, James. Ela ama você! -Evans gritou.

—Não, ela não me ama. -Potter rebateu e a ruiva se levantou, pronta para ir embora e deixá-lo sozinho ali, mas ele foi rápido o suficiente para se levantar e segurá-la, como um pedido para que terminasse de ouvir. -Lily, quando você estava trancada no quarto assustada por causa daquela visão, sabe o que ela me disse? Que você estava matando aula pra ficar com algum garoto com quem estava saindo nos últimos meses. Se ela realmente me amasse, ela não se importaria com quem eu estivesse, desde que eu fosse feliz. Eu sei disso porque eu passei todo esse tempo garantindo que você se afastasse de mim e me preparando pra ver você ter uma vida longa e feliz com outra pessoa, mesmo que só a ideia de vê-la com outro me quebrasse em pedaços!

—Ela disse isso? -Ela perguntou e ele balançou a cabeça, assentindo.

—Eu sinto muito. -Evans respirou fundo, tentando inutilmente secar as lágrimas. James se aproximou, segurando o rosto dela para que a ruiva olhasse bem para ele. -Lily, eu amo você, por isso eu quero que você viva mesmo que eu não possa fazer parte dessa vida. Eu realmente não me importo, desde que você seja feliz.

—Como você pode pedir que eu viva e seja feliz, Potter? -Ela disse, irritada enquanto se afastava dele. -Como pode pedir isso de mim e dizer que não podemos ficar juntos na mesma frase?

—Eu não quero que você morra!

—Essa não é uma escolha sua! -Gritou. -É a minha vida, James! E eu sei, você vai morrer também, então eu preciso que olhe nos meus olhos e me diga se essa é a sua maior preocupação aqui. Se o verdadeiro motivo para você estar fazendo isso for porque você não quer morrer eu juro que vou me afastar, porque Voldemort não vai atrás de você, ele vai atrás de mim.

—Eu não me importo se ele vai me matar! -James falou. -Eu estou preocupado com você! Se eu pudesse tirar o alvo das suas costas e colocar nas minhas eu faria sem pensar duas vezes!

—Então por que nós sequer estamos tendo essa discussão?! Você não pode escolher o que eu vou fazer da minha vida! Você não tem esse direito!

—Você não entende... -Potter bufou.

—Não, James, é você quem não entende! Você não entende porque você nunca precisou viver em um mundo sem mim! -Ela soluçou, deixando as lágrimas caírem naquele lindo rosto que agora estava repleto de dor conforme as imagens daquela horrível visão invadiam sua mente. -Mas eu preciso viver em um sem você todas as noites quando me deito pra dormir! Sou eu quem tem que ouvir você morrendo toda vez que fecho os olhos! Aí quando eu acordo assustada e percebo que tudo não passou da droga de um pesadelo eu tenho que lutar muito para não enlouquecer mesmo ainda tendo tempo, sabe por quê? Porque eu sei que vai chegar um dia em que eu não vou acordar depois que você morrer, e quando isso acontecer, que Merlin me dê forças porque ele sabe bem que se Harry não estivesse em meus braços eu nem mesmo tentaria fugir de Voldemort!

—E você ainda quer ir até o fim?

—Quero! Eu quero porque sei que não importa quão longa a minha vida seja, ela não vai valer a pena se você não estiver nela! Eu nunca poderia ser feliz assim e nós vamos ser muito felizes, James! Eu sei que vamos, mesmo que por pouco tempo. -Os olhos dele também estavam marejados. Evans respirou fundo e se aproximou. -Eu sei o que eu quero e não há nada que você possa fazer, essa não é uma escolha sua, mas e você? Você sabe o que você quer?

É claro que ele sabia. Ele queria viver ao lado dela, ter tudo o que ela havia mencionado e muito mais! Ele queria fazer com que ela se sentisse amada, com que ela fosse feliz mesmo que essa felicidade tivesse data de validade. Mas antes que Potter tivesse a chance de responder, Evans foi embora, deixando-o sozinho ali com nada além de seus pensamentos.