—Pode abrir a boca, Prongs, nós não nos matamos de preocupação achando que você tinha morrido na floresta proibida para você aparecer aqui de mãos dadas com a Evans e agir como se nada tivesse acontecido. –Black começou o interrogatório e Potter riu.

—Vocês sabiam bem onde eu estava.

—Tem razão, sabíamos mesmo, mas ainda sim queremos explicações. Da última vez que eu chequei a Evans ainda te odiava e não queria nem que você respirasse perto dela.

—Eu já disse, Padfoot, ela perdeu uma aposta.

—Não perdeu não, Wormtail. –Retrucou, sorrindo.

—Então como explica o que acabamos de ver? –Remus perguntou e James apenas deu de ombros, dando um sorriso de canto.

—Eu não sei, só aconteceu. –Murmurou, se perdendo por alguns minutos na ruiva que passava pelo corredor acompanhada das amigas. Seus olhares se cruzaram e ele sorriu. A garota deu um sorriso também e logo voltou sua atenção ao que Marlene falava, mas seu olhar continuou com ela. Não sabia como, mas cada vez que a olhava ela parecia ainda mais bonita.

Foi quando alguém segurou seu rosto, virando-o para frente. Leslie Mitchell estava diante dele e parecia furiosa enquanto Sirius, Remus e Peter se seguravam para não rir. A morena tinha os braços cruzados e as sobrancelhas arqueadas em espera de uma explicação.

—Oi Leslie. –Cumprimentou com o mesmo sorriso convencido de sempre. Aquilo foi o suficiente para os três gargalharem.

—Imbecis! –Ela bufou, pegando a gravata de Potter e o puxando para longe dos amigos. Evans não deixou aquilo passar despercebido. –Algo que eu deveria saber? –Ela perguntou soltando-o.

—Na verdade não. –James disse arrumando sua gravata, tranquilo. Sua resposta pareceu irritá-la ainda mais.

—Você é um idiota, James Potter! –Ela gritou e ele revirou os olhos. –Vai continuar correndo atrás dela mesmo ela estando com outro?!

—Ela não estava com outro. –Deu de ombros.

—E nós?! Acha que eu sou algum brinquedinho que você recorre quando está entediado?!

—Em primeiro lugar, eu não estava entediado, eu estava irritado, em segundo, nunca disse que você era um brinquedo e em terceiro e ainda mais importante, nunca houve um “nós” e você sabe.

—Eu odeio você. –Ela murmurou, empurrando o garoto.

—Você acabou? –Perguntou, parecendo entediado. Quando a garota não respondeu, ele simplesmente saiu, andando em direção a ruiva que parecia sozinha no meio daquela grande multidão.

—Problemas com o fã-clube? –Lily questionou com um sorriso de alívio nos lábios. Não estava pronta para ficar sozinha no meio de todas aquelas pessoas.

—Sabe como é, os treinos estão se aproximando... elas ficam loucas. –Deu de ombros com um sorriso. Evans revirou os olhos, rindo.

—Tão convencido.

—Vai estar lá, não é? Nosso primeiro treino será na sexta.

—Eu não sei, estarei ocupada ajudando os Sonserinos a se vingar pelo que fizeram no quarto do Malfoy.

—Você não tem provas. –Rebateu e ela gargalhou. –Então... Eu não quero ficar pressionando, mas se eu não perguntar vou enlouquecer.

—Ainda estou pensando.

—Por que tão cruel, Lily Evans? –Resmungou, levando uma das mãos ao peito e arrancando um sorriso dela.

—Você se acostuma.

Os dois caminharam lado a lado em silêncio por alguns minutos. Foram os primeiros a chegar à sala de aula, então se sentaram juntos e ele não deixou de reparar que a orquídea que havia lhe dado estava presa em seu coque.

—Como você está? –Perguntou.

—Melhor do que eu esperava. –Murmurou, olhando-o nos olhos. –Eu apenas não consigo ver um motivo! O que poderíamos fazer para irritá-lo a tal ponto?

—Eu não sei. –Soltou o ar.

—E você?

—Eu?

—É, também quero saber como você está.

—Eu não quero ver você preocupada.

—Você não precisa esconder como está se sentindo, James. –Evans disse pegando a mão dele. –Pelo menos não de mim.

—Estou tentando não pensar nisso, não quero imaginar você morrendo. –O castanho deu um sorriso triste e secou as lágrimas que ela nem havia percebido que estavam caindo. –Já reparou que estamos agindo como se já estivéssemos juntos, só que você não aceita sair comigo?

Ela gargalhou, lhe dando um tapa fraco e secando as últimas lágrimas. Não queria que todos chegassem na sala e a encontrassem chorando, mas infelizmente era tarde demais.

Leslie Mitchell foi a primeira a chegar, colocando suas coisas diante dos dois. De início pensou que fosse melhor ficar em silêncio, mas as coisas não seriam tão simples para o Potter, não mesmo.

—Então é esse o seu truque, Evans? Se fazer de coitadinha? –Perguntou, se virando para a garota.

—Perdão? –A ruiva questionou, estranhando.

—Leslie, por favor...

—Cala a boca, Potter. –Ela mandou e ele suspirou, cansado. Os outros alunos já estavam chegando. –Ele por acaso te disse que é pra mim que ele corre quando você o dispensa?

—Por que ele diria? Potter não me deve explicações do que faz ou com quem.

—Claro. –Ela riu, irritada. Seus olhos começando a marejar. -Vocês não têm nada, não é mesmo? Eu acho que você esqueceu de contar a ele essa parte ou simplesmente não quis, porque dessa forma é só você estalar os dedos que ele faz qualquer coisa por você!

—Algum problema? –Marlene disse entrando na sala de braços cruzados e com a varinha pronta para um duelo se fosse preciso.

—Não, nenhum. –A garota riu. –Quando você o dispensar de novo ele vai correr pra mim da mesma forma. Ou quem sabe antes mesmo disso acontecer, porque em uma semana vocês estavam juntos em Hogsmeade e alguns dias depois era comigo que ele estava dando uns amassos nos corredores no meio da noite. Aposto que você se divertiu, não é, Potter?

—Oh, eu posso falar agora? –Ele perguntou.

—Você é ridículo.

—Espera um pouco. –Lily, começou. –Como eu disse antes, ele não me deve explicações. Ele é meu...

—Por favor, não diga a palavra. –Potter suplicou.

—...amigo, nada mais. –James gemeu, levando a mão ao peito, como se sentisse dor. -Eu nunca pedi que ele te desse um fora, Mitchell.

—Quer saber? Vocês dois se merecem! Espero que sejam muito infelizes juntos! Você tendo que concertar todas as burradas dele e se perguntando porque escolheu alguém tão imaturo, enquanto ele procura outras garotas pra se divertir porque está tão entediado que não consegue nem olhar pra você!

Então ela pegou suas coisas, se sentando na última carteira da fileira, o mais longe possível dos dois. Os outros alunos apenas observavam atentos a cena e as bochechas de Lily logo começaram a atingir um tom vermelho quando James a chamou.

—Não acredito que você disse aquilo. –Resmungou.

—Que somos amigos? –Ela riu, enquanto ele parecia desolado.

—Exatamente! Estou amaldiçoado para sempre!

—Força, guerreiro. –Remus murmurou para o amigo e os outros dois riram.

—Posso adicionar dramático a sua lista de características?

—Nunca fui tão humilhado por você antes, Evans. Está doendo.

—Preferia inimigo?

—Mil vezes. Agora você me condenou a friendzone e poucos voltam de lá com vida.

—Terá sorte se a Mitchell não matar você antes. –Ela riu.

—Lily, eu... –Começou. Como ela mesma havia dito, eles não tinham nada e ele não devia explicações a ninguém, mas então porque ele sentia como lhe devesse alguma?

—Por favor, não, James. –Ela pediu, com um pequeno sorriso nos lábios. –Você está certo, estamos agindo como se fossemos um casal e nós não somos. Você não me deve nada.

—Porque eu sou seu amigo. –Revirou os olhos e ela riu, lhe indicando com um movimento de cabeça a professora Minerva, que acabava de entrar na sala, parando para responder alguém na porta da sala.

Quando a garota entrou na sala, Lily congelou na cadeira. Era a garota que a havia levado para aquele pesadelo. Ela parecia preocupada e seu rosto se contorceu em pavor quando seus olhos focaram em Sirius, enquanto fazia bolinhas pequenas explosivas com sua varinha voarem pela sala e todos riam tentando desviar delas.

—É ela. –Evans murmurou, segurando o braço de Potter com força.

—O quê?

—A garota da visão, é ela. –Os olhos dela refletiam o pavor que ela sentia ao reviver aquela cena.

—Você está bem? –Perguntou e ela balançou a cabeça assentindo, embora em seus olhos visse que ela mentia.

—Acha que ela viu algo a mais?

—Eu não sei. Eu... Sirius? –Chamou e ele logo olhou para o amigo, fazendo tudo aquilo sumir. James indicou a ruiva com a cabeça e não demorou para que ele viesse até ela, segurando sua mão para ver como ela estava enquanto tentava acalmá-la.

—Eu já disse que infelizmente não podemos seguir todos os passos de um aluno durante todo o dia. –Minerva disse, já impaciente, empurrando-a para fora da sala.

—Mas ele vai morrer! –A loira sussurrou.

—Ninguém vai morrer, todos os nossos alunos estão perfeitamente seguros em nossa escola, até mesmo este, por mais rebelde que seja. Agora, por favor, eu preciso dar a minha aula.

Antes que a professora de transfiguração a colocasse para fora, James bloqueou a porta, parando em frente a garota com um sorriso nos lábios. Deu uma rápida olhada em Lily, que agora estava sendo amparada também por Remus enquanto Peter observava a cena sem saber o que fazer e logo prosseguiu com a primeira coisa que veio a sua mente:

—Oi querida, qual o seu nome? –Perguntou, olhando bem para o azul em sua gravata.

—Trelawney. Sibila Trelawney. –Ela sorriu.

—James Potter ao seu dispor. –Ele piscou, deixando-a vermelha.

—Eu sei...

—Algum problema, senhor Potter? –Minerva questionou, cruzando os braços.

—Eu preciso ir ao banheiro, se não se importa, professora.

—Agora?

—Pois é, a natureza e o seu tempo de agir, não é mesmo?

—Rápido. –A mulher disse revirando os olhos para o comentário.

—Você é maravilhosa! –Ele sorriu para a senhora, antes de sair da sala acompanhado de Sibila.

Ele andou ao lado dela por alguns segundos pensando na melhor forma de trazer o assunto à tona. “Oi, então, você teve uma visão esses dias sobre mim e a garota que eu gosto morrermos... Você viu algo mais? Eu não sei, algo que possa nos tranquilizar um pouco?” não parecia uma boa ideia.

—Então... Trelawney? Seu sobrenome não me é estranho. –Começou, cauteloso.

—Ah, você já deve ter ouvido falar da minha trizavó, Cassandra Trelawney. –Ela deu de ombros. –Ela era uma vidente muito famosa.

—E você? Herdou os poderes dela?

—Na verdade, herdei. –Ela se virou para ele, cautelosa.

—Poderia fazer uma previsão para mim?

—Tudo bem. –Sibila deu de ombros, parando diante do garoto e pegou suas mãos. A loira fechou os olhos e Potter a observou, atento. Depois de um tempo, ela abriu seus olhos e disse séria. –Os ratos não eram perigosos apenas na época da peste, James Potter.

—O quê? Isso não é uma previsão.

—É claro que é.

—Não é não.

—Quem é a vidente aqui, eu ou você? –Ela cruzou os braços e ele não respondeu. –Deveria pensar no que eu disse.

—O que quer dizer?

—Eu não faço ideia. –Sibila deu de ombros e ele soltou o ar, sem paciência.

—Escuta, se você tiver qualquer visão sobre mim ou Lily Evans, me procure, okay? Por favor, Sibila, é muito importante.

—Está bem. –Ela estranhou, mas concordou e depois o deixou sozinho.

James então voltou para a sala, sentando-se ao lado da ruiva. Ela parecia melhor, embora Sirius ainda estivesse sentado no seu lugar. Ao ver seu amigo ele se levantou, voltando para sua cadeira e o Potter se sentou.

—Ela viu algo? –Perguntou, preocupada.

—Não. –Soltou o ar, cansado. –Disse que herdou o dom da trizavó, mas quando pedi que fizesse uma previsão para mim apenas falou coisas sem sentido sobre ratos e a peste negra.

—E o que isso significa?

—Não faço ideia e ela também não.