Caoismo escrita por TioUra


Capítulo 8
NOT Human




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Takayama, Japão

 

Era fim de tarde no país do sol crescente, no recanto mais tradicional da cidade de Takayama, havia folhas sobre o solo, indicando outono, uma leve brisa arrastava uma parte para longe. Aquela região afastada era repleta de Minka, a tradicional casa japonesa; com jardins extensos, arvores e arbustos podados, a arquitetura, como proporcionado pelo próprio estilo, remete a épocas antigas, mas com um acabamento e refinamento contemporâneo.

Dentre todas as casas tradicionais, havia uma que se destacava, por vários motivos: seu tamanho, aparentava ser um castelo, se jardim aos arredores possuía uma vasta variedade de arvores, criando uma composição de diversas cores, que traziam uma sensação harmônica, por último a sua volta tinha grande paredes, remetendo uma fortaleza.

Uma equipe medica se locomovia, por fora da enorme casa, eram vários homens trajando uma espécie de uniforme branco, eles corriam rapidamente em direção à um garoto que estava abatido no chão. Toda a equipe obedecia às ordens de uma mulher:

 - Essas queimaduras, creio que não foi provocado por causas comuns. – Um dos homens da equipe médica analisa o corpo do garoto. – E com esse porte físico, se fosse um humano normal já estaria morto, mas como pode ver, ainda respira.

O médico falava diretamente com a mulher, que aparentemente, era como uma líder, mas não trajava o uniforme e sim um kimono:

— Leve-o para dentro, esse garoto só pode ser um usuário de motus.

Após as palavras da mulher, os homens que a acompanhavam, colocaram o jovem em uma maca e o levaram para dentro da residência. Em uma sala especializada para auxílios médicos, o garoto recebia toda a atenção devida para seus ferimentos, contudo havia algo peculiar, queimaduras de primeiro grau e cortes superficiais estavam se curando sozinhos, a região em volta desses machucados, começava a elevar a temperatura, e então, se auto tratava liberando um vapor, era uma espécie de cauterização natural. Um médico com uma plaqueta na mão saia da sala, indo ao encontro com a mesma mulher de antes, para lhe informar sobre a situação:

— Princesa Kushinada-Hime. – Mostrava a reverencia a sua alteza. – Veio lhe trazer os relatórios.

— Prossiga, Takeshi.

— Naturalmente, algumas feridas o garoto curou sozinho, mas apenas as mais simples, creio que deve ter acabado de sair de um árduo combate. Frequentemente seu corpo descarrega baixas potencias de volts, isso me faz acreditar que sua motus seja a elétrica. – Conferia sua plaqueta, para ver se não tinha deixado nenhuma informação escapar.

— Ele já acordou? – Perguntava fazendo uma análise crítica sobre a situação.

 

— Não senhora, ele está em um leve coma.

— Monitore-o até que ele acorde, ele pode ser um receptáculo.

O médico Takeshi logo se retira, voltando ao seu posto na sala de cuidados, como havia sido lhe ordenado.

“Estava tudo escuro quando eu cheguei, não me lembro de quase nada, somente de uma única coisa: Ao abrir a porta, me deparo com a imagem de meu pai, morto, pendurado na parede da sala, sustentado por uma lamina que estava cravado em seu peito, consigo me lembrar perfeitamente, o sangue ainda escorria pela parede, até uma poça que havia se formado no chão, debaixo do corpo. A sala estava toda destruída, nas paredes tinham marca de arranhões, sem contar, gotas de sangue que espirraram do corpo. Fiquei muito assustado, por último, o rosto do meu pai... Expressava desespero, mas obviamente, sem força alguma, já não era possível ver suas pupilas. Isso não sai da minha cabeça... Por que? Por que alguém faria isso? Pessoas são tão más assim?”

Após uma semana, o garoto acorda, um pouco assustado e suando frio, parecia acordar de um pesadelo, sua visão era turva, e com uma espécie de luminária apontando para si, dificultava sua visão, aos poucos a imagem vai ficando mais nítida, é quando percebe, que estava em algum tipo de sala de hospital. O garoto tenta se movimentar, mas enfrenta dificuldades, afinal estava ali parado há uma semana, ele, então, começa a olhar em volta, vê que está ligado a diversas máquinas, incluindo uma máscara de oxigênio, que logo a retira.

Antes que o garoto pudesse fazer qualquer outro movimento, uma enfermeira entra no recinto:

— Olha vejo que finalmente acordou. – Dizia surpresa.

— Onde eu estou? – Indagava a.

— Você está na NOT Human, e ainda bem que achamos você.

— Me acharam? – Expressa uma afeição cheia de dúvidas.

— Espere um minuto, tudo bem?

Falava a enfermeira, que em seguida sai da sala, o garoto com esforço, consegue se levantar, fica sentado da cama que estava, observa seu corpo que possuía algumas cicatrizes, mas estava perfeitamente curado. Após alguns poucos segundos a saída da enfermeira, entrava outra pessoa, um homem uniformizado, era o líder da equipe médica, Takeshi:

— Fico feliz que tenha acordado meu rapaz, agora tenho oportunidade de me apresentar, prazer, sou Ono Takeshi, mas por favor, me chame apenas de Takeshi. – Se presentava, demonstrando gentileza.

O garoto ainda confuso, apenas devolve o ato gentil:

— Sou Noah Dokgo Haaron.

— Wow que nome miscigenado.

— Meio canadense, meio coreano.

— Interessante... Mas agora que nós já nos apresentamos, posso te explicar a situação, através dos aparelhos, vejo que já está bem. – Verificava as máquinas uma última vez.  – Vista isso, e venha comigo.

Takeshi pega um kimono, que estava em uma mesa ao seu lado, e da para o garoto, ele o pega, ainda confuso com tudo, mas não tinha outra saída a não ser, seguir o médico. Ao sair da sala, se depara com um longo corredor, seguido de várias instalações laterais, áreas destinadas a certas atividades, tudo ao estilo tatame, remetendo ao Período Muromachi onde havia nascido, Noah estava perdido em seus pensamentos, mas é atrapalhado por Takeshi:

— Nós somos uma organização não governamental, nosso objetivo é desvendar os mistérios da poderosa energia motus.

— Então, esse é o nome dela... Motus.

— Você entendeu a situação bem rápido, admirável.

O médico guiava o garoto, até que se deparam com um grande quadro em uma parede, era uma representação de Susanoo contra a grande serpente: Yamata no Orochi, quando os olhos de Noah encontram a obra, seu coração dispara, e sente um peso em seu peito, sua respiração pesa, e seus olhos apenas focavam na pintura. Takeshi coloca a mão no ombro do garoto, que logo volta ao seu estado normal:

— Está tudo bem? – Pergunta por causa das atitudes anterior do garoto.

Ambos seguem caminho, após subir escadas e mais um corredor, chegam em um quarto, que possuía os tradicionais painéis deslizantes, que atuam como portas, logo Takeshi a abri, revelando o quarto.


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