Amigo Secreto escrita por Ero Hime


Capítulo 5
Gostos em comum e a véspera de natal


Notas iniciais do capítulo

GENTEEEE FALTA MEIA HORA PRA ACABAR O ANO AAAAAAA provavelmente não vou conseguir postar o último "hoje", só ano que vem hehehe
se não postar de madrugada, posto amanhã cedinho, pra começar bem o ano!
falta só mais um ♥
obrigada a todos que leram e comentaram, foi bem legal postar durante o dia todo! esse ano foi incrível, e vocês são incríveis ♥



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O melhor – e único – pub da cidade tinha uma fachada de madeira, e era realmente bonito. Luzes de natal pipocavam há metros de distância, e estava apinhado de gente, em sua maioria jovens. Naruto buscou estacionamento e correu para abrir a porta para Hinata, que rolou os olhos, mas sorriu. Depois do presente – que, para vitória de Naruto, ela imediatamente prendeu em seu colar –, parecia mais receptiva a ele, embora um pouco arredia com suas cantadas. Ele admitia que estava certa, mas provaria que era digno dela.

Entraram, procurando por uma mesa. Imagine o lugar mais medieval e vitoriano que você possa pensar. Era o pub. Como uma taverna, a maior parte da mobília era em mogno, com estofado escuro e o bar rodeando toda a coluna central. Havia uma pista, grande e atrativa, mas Naruto procurou pelas mesas ao fundo, que ficavam próximas a uma divisória lustrada. Respeitosamente, a guiou pela base das costas, tentando não se perder. Hinata o olhou de lado, mas ele não viu.

Conseguiram sentar sozinhos, frente a frente, para conversarem. De início, Naruto pediu por duas Heineken, e voltou-se para ela, ansioso.

— Os outros vão chegar em uma, duas horas. – informou, tentando parecer casual e falhando miseravelmente. As cervejas chegaram, e Hinata molhou a boca, lentamente. Para Naruto foi lentamente, e também muito excitante. Todos seus movimentos eram elegantes, calculados. Ela era intensa, mas contida. O instigava a saber mais – Você está muito bonita hoje. – arriscou, sendo totalmente sincero. Ela o fitou por mais tempo que o seguro, como se analisasse a veracidade daquilo. Por fim, sorriu de canto, decidida a não responder ironicamente.

— Obrigada. Você também. – direta e sem rodeios. Ele tinha tirado a jaqueta surrada, ficando com a blusa fina. Por cima, balançava o colar de pedra esmeralda que ganhou de seu avô, pouco antes dele falecer – É muito bonito. – apontou para a pedra. Ele a segurou, saudoso.

— É, não é? Ganhei do meu avô. Uso sempre, para me lembrar dele. – sorriu um tanto triste. Hinata, para sua surpresa, estendeu a mão, tocando a dele suavemente. Assustou com a maciez, mas as correntes elétricas foram boas.

— Sinto muito. – nada de ironias ou seriedade. Seus olhos pérola brilharam de uma maneira especial. Naruto sentiu-se acolhido.

— Obrigado. Ele me deu no meu aniversário. Eu sempre me lembro, porque foi no mesmo dia que ele me apresentou a minha banda favorita. Sabe, ele guardava esse vinil de colecionador, e eu não sabia que era de uma banda atual, porque, bem, vinil é coisa de velho. Mas, quando ele colocou, eu adorei. – tagarelou, mais por hábito que por nervosismo. Hinata, ao contrário de tantas outras garotas, parecia realmente interessada.

— É? Que banda?

— Arctic Monkeys, você conhece? – ela saltou, subitamente animada.

— Jura? Eu amo! – exclamou, e Naruto decidiu que ela era mesmo a mulher da sua vida – As músicas têm essa batida diferente, e as letras, meu Deus, são incríveis! – era como outra garota. Já estava com as bochechas vermelhas, pelo frio ou pela bebida, e, inconscientemente, sua mão ainda repousava sobre a dele.

— Sim! – concordou, fervoroso – Quando ele me mostrou, achei que fosse algo como Deep Purple, ou Led, mas era algo dessa geração. – riram – Não sei como nunca tinha ouvido antes, no Youtube. No meu carro está o novo CD que eu comprei, eu te mostro depois.

Assentiu com a cabeça, empolgada. Beberam mais, e pediram outra garrafa. Continuaram a conversar sobre trivialidades, e Naruto descobriu várias coisas sobre ela, todavia, curiosamente, não anotou em sua lista mental de presentes. Ele não esqueceria depois, e sabia que conhecê-la melhor ajudaria, de qualquer maneira.

Estava hipnotizado pela maneira que ela gesticulava. Talvez não tivesse sido bom ingerir três garrafas, e definitivamente sentia algo. Era quase natal, e a decoração de guirlandas falsas estavam tão adorável. Tudo estava adorável. Hinata estava adorável.

— Olha! Chegaram. – apontou para a entrada, onde grande parte de seus colegas tiravam os casacos de neve. Uma parte de si ficou triste por perder a privacidade de antes, mas a outra comemorou, porque ele adorava uma bagunça, e, bem, estava começando a ficar bêbado.

Cumprimentou os que conseguiu, desviando sorrateiramente das segundas intenções de algumas líderes – a carne era fraca, e ele estava obstinado a conquistar Hinata; ou, pelo menos, provar que não era um cafajeste. De qualquer maneira, logo ocuparam várias mesas e a bancada do bar, monopolizando a junk box e vários dos copos de bebida colorida.

As horas passaram voando. Naruto entrosou com seus amigos, bebendo mais um pouco, e procurando por Hinata com os olhos. As vezes a via conversando, as vezes ela desaparecia. Queria voltar a ficar sozinho com ela, para que conversassem e contassem mais histórias, mais gostos. Foi a primeira vez que ela se soltara, de verdade, e ele entendeu porque Ino disse que ela era tímida. Seu rosto ruborizava com facilidade, e, quando não estava concentrada na máscara séria de indiferença, desviava os olhos para baixo e mexia no cabelo, sorrindo pequeno. Céus, ele era louco por memorizar tantos detalhes?

— Aumenta o volume! – gritou quando uma música qualquer de batida familiar começou. Desajeitado, tropeçou para a pista de dança, rindo com alguém. Ao mesmo tempo, avistou Hinata voltando, provavelmente do banheiro, e não pensou no que estava fazendo – Vem dançar comigo!

A puxou pelo pulso, e, com vergonha, ela cambaleou para ser segurada por Naruto. Ele gostou de como sua mão encaixou na cintura dela. Preparou-se para um afastar brusco, como estava acostumado, mas, surpreendentemente, ela entrou na onda. Se balançou desastrado, com suas mãos unidas, e foram de um lado a outro. Alguém riu e dançou também, girando. Hinata riu, e sua risada se perdeu no som alto. Naruto quis que durasse para sempre.

Aproximou-se em um ato de coragem, colando seus lábios no ouvido dela.

— Que tal nos beijarmos embaixo do visco quando der meia-noite? – naturalmente, ele estava abusando de uma sorte que não tinha, e era fadado a fazer besteira quando bebia. Hinata se afastou o bastante para ele ver seu olhar perspicaz. Ela ficou na ponta dos pés para responder de maneira que ele escutasse.

— Eu não estou bêbada o suficiente para isso, querido. – deu dois tapinhas em seu ombro, desvencilhando de seu meio abraço. Naruto ficou parado, sorrindo como um besta. Bem, não teria graça se fosse tão fácil.

O pub ficou mais cheio a medida que a noite avançava. Naruto já tinha bebido além da conta, e comido umas batatas murchas para forrar o estômago. No entanto, desorientado e com súbita falta de ar, saiu pelas portas do fundo, daquelas que abriam e fechavam como uma mola. A diferença do ar foi imediata. Uma lufada de gelo atravessou seu rosto, e agradeceu ter puxado a jaqueta antes de sair. Caminhou, recostando na parede lateral de tijolos. Ergueu o rosto, sorrindo para o nada. Tinha começado a nevar, e pequenos flocos cobriam toda a calçada de branco. Era lindo. Ele amava como as luzes incandescentes ficavam mais brilhantes contra o painel esbranquecido de gelo. Guirlandas e papais-noéis por todos os lados. Desejou saber que horas eram.

— Vai congelar aqui fora. – se assuntou quando ouviu a voz dela, mas alargou o sorriso imediatamente. Hinata vinha para seu lado, fechando o sobretudo.

— Estava muito cheio lá dentro. – justificou. O frio ajudava na sobriedade, e ter comido também. Agora, podia encará-la com clareza – E você?

— Nada em especial. – desconversou, olhando para frente.

Ficaram em silêncio por um tempo. Continuou a nevar, vagarosamente, até que os telhados começassem a exibir camadas finas. Naruto cruzou os braços, perdido em pensamentos. Lembrou da última vitória do time, e de Hinata na beirada do campo. Ela sempre foi excepcional, e ele, um pobre coitado caído de amores. Se tivesse criado coragem e ido falar com ela, em vez de sair beijando qualquer garota que fosse minimamente bonita e lhe desse bola.

— Eu estava errada. – virou o pescoço tão rápido que estalou – Sobre você. – ele definitivamente não confiava na própria audição.

— Como disse?

— Eu estava errada sobre você. – ela repetiu, mais firme – Você realmente consegue ser legal quando quer. – brincou, e Naruto, surpreso, sorriu como uma criança – E acho que já é natal, então feliz natal.

Milhões de fogos de artifício explodiram no céu, ou não. Pode ter sido uma ilusão de ótica. Sua visão ficou nublada quando Hinata se aproximou, passando o braço por seu pescoço e o puxando para baixo. Ele seguiu seus instintos, abraçando-a pela cintura em um cumprimento quento. Em seguida, ele, de olhos fechados, não viu seus rostos se aproximando. Apenas sentiu.

Não foi como ele esperava – foi muito melhor. Ambos tinham gosto de cerveja amarga, ela um pouco doce. Foi simples, correto. Sem se aprofundar, mas todas suas terminações nervosas explodiram em pequenos eletrodos, que transmitiram todas as sensações. Tão rápido quanto veio, ela se afastou. Naruto abriu os olhos bem a tempo de ver pequenos pontos vermelhos em seu rosto, os lábios úmidos. Ele sorriu – não como sempre. Um tímido, mas exultante.

Barulho e gritos do lado de dentro. Neve do lado de fora.

— Feliz natal, Hinata.


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