Darkness In The Clouds escrita por Lua Redbird


Capítulo 3
O retorno


Notas iniciais do capítulo

Olá, aqui mais um capítulo, esse mostra um pouco mais da relação entre o trio e como eles dão suporte um para o outro.
Espero que gostem.



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NARRADO POR HERMIONE GRANGER

Tentei ignorar os pensamentos conflituosos que insistiam em me atormentar, e todos eles tinham um rosto conhecido que me olhava de volta, medindo minhas reações, como se esperasse pelo pior. Esse rosto também tinha um nome, um que a pouco eu direcionei minha raiva sem pensar em me conter.

Ainda com a conversa ecoando em minha mente, eu passei por um amontoado de alunos e finalmente consegui chegar a cabine em que os outros me aguardavam. Todos ainda estavam lá, pegando com pressa as coisas para desembarcar, ansiosos por um recomeço digno e merecido, e também nervosos porque aquele poderia ser nosso lar, mas também foi onde muitos de nós se foram, e a ideia de aproveitar a oportunidade e sorrir nesse lugar em que essas pessoas não poderia mais estar, não parecia justo.

—Então? —Harry perguntou.

—Então o quê?

—O que a Minerva tanto queria com você?

—Só que agora você é amigo da nova monitora chefe. —Ele sorriu quando eu disse isso.

—Esse é o momento em que eu tenho que te reverenciar com uma criatura inferior? —Gina riu com as mãos na cintura.

—Deixem pra comemorar quando entrarmos no castelo, peguem logo as coisas de vocês antes que fiquemos presos aqui no trem, pior experiência. —Harry avisou.

Fiz como aconselhado e os segui para fora do trem logo atrás deles, avistei aquele rapaz que estava na cabine da diretora e a tal de Sophia Myers conversando e depois indo em direções opostas a procura de crianças do primeiro ano. Eu ainda podia ouvi-los chamando algumas crianças quando entrei em uma carruagem com Harry e o Rony.

Testrálios, eu podia vê-los, aquelas criaturas estranhas e excêntricas, mas que ao mesmo tempo tinham uma certa beleza e mistério, com aqueles olhos brancos enevoados, longas asas e o couro negro lustroso que envolvia todos os ossos.

Mas apesar de admirá-los, eu preferia continuar sem poder vê-los.

Era notável o nervosismo que os dois tinham, dedos apertados, olhos ligeiros e fala rápida e bagunçada, mas não podia culpá-los por isso, porque o desejo por familiaridade que eles sentiam eu também sentia.

Saímos da carruagem só para estancar em frente as portas de entrada, e eu não precisava me esforçar muito pra saber o que eles estavam pensando. 

Casa.

—Fico imaginando como teria sido se nós não tivéssemos entrado naquele banheiro no Hallowen. —Harry falou com sua voz suave.

—Eu provavelmente nunca teria aprendido o feitiço Wingardium Leviôsa. —A risada de Rony preencheu meus ouvidos e seus olhos focaram-se em mim.

—Eu estaria de cama até hoje. Céus, aquele trasgo era enorme!

—Estaríamos mortos. É bom saber que depois de tudo continuamos assim do mesmo lado. Você nos salvou mais vezes do que eu posso contar. —Harry disse.

—Vocês também me salvaram. Vocês se arriscaram por mim.

—Você sempre sabia um feitiço que não sabíamos, solucionava os enigmas que nem sabíamos por onde deveríamos começar, desde nossas primeiras aventuras. Nos aceitou mesmo quando nós a rejeitamos no início e nunca te agradecemos. —Harry continuou, talvez a pressão ao ver Hogwarts novamente estivesse deixando eles sentimentais.

—Porque nunca precisaram. Nós cuidamos uns dos outros. Nós três.

—Nós sabemos disso. —Rony disse.

E assim, juntos como sempre estivemos, entramos no Salão Principal, lado a lado.

São eles”

“O Trio de Ouro”.

Eu podia ouvir alguns sussurrando sem desviar o olhar, e outros até apontavam, Eu não sabia como me portar diante disso, então apenas continuei andando e tentando não ruborizar.

Sentamos nos nossos antigos e costumeiros lugares e logo a diretora McGonagall apareceu para fazer a seleção dos alunos. Pequenos e deslumbrados com toda a visão inusitada, ainda com olhares inocentes que não viram como as pessoas podem ser cruéis e trair umas as outras. Fiquei contente, de verdade, porque as coisas que eu fiz tiveram um significado e aquelas crianças teriam um futuro longe do medo e desespero.

Harry estava sentado ao meu lado quando tudo acabou, assim como Rony, e eu podia ver eles trocando olhares significativos e me deixando de fora da conversa silenciosa.

—Andem logo com isso —Falei, encarando a comida no meu prato. —O que vocês querem?

—Então… vai nos contar o que aconteceu? —Rony perguntou enquanto colocava várias colheradas de comida no seu prato. —Você está com um olhar distante, e nós sabemos o que ele significa.

—Nem tente se esquivar. —Harry insistiu.

—Se eu disser a vocês um não, eu corro risco de sofrer algum dano permanente no meu corpo ou rosto?

—Provavelmente sim. —Rony respondeu já se enchendo de comida.

Passei longos minutos lutando entre falar e comer, mas no final acabei por lhes contar tudo sobre o que ocorreu a caminho de Hogwarts.

Harry foi o primeiro a comentar algo.

—Eu não posso te dizer que foi dura demais com ele, porque se eu estivesse no seu lugar eu faria o mesmo, ou pior. Não sou tão controlado quanto você. Mas depois de tudo, você se sente bem?

Me peguei pensando nisso.

Eu me sentia bem?

Não precisamos ser definidos pelas ações que fizemos ou que deixamos de fazer no passado. Algumas pessoas se deixam controlar pelo arrependimento. Talvez seja um arrependimento justo, talvez não. É só uma coisa que aconteceu. Supere.”

Busquei na minha biblioteca interna por algo que fizesse sentido, eu gostava do trecho, e naquele momento eu via um significado oculto por trás das palavras.

—Você não precisa perdoá-lo, se não quiser. Talvez ele tenha se arrependido do que ajudou a fazer, ou não. Mas o importante é que ele foi punido. Ele agora está sendo vigiado e tudo que ele faz está sendo supervisionado pelo Ministério.

—Ouvi algumas pessoas cochichando pelo colégio de que estão até com pena dele. —Rony comentou.

—Isso não pode ser verdade. —Disse sem crer. —Pessoas morreram por conta do grupo que ele fazia parte e é desse animal que sentem pena?

—Acho que as vezes você se esquece de eu perdi meu irmão. Eu perdi o Fred e sei como é esse sentimento, afinal, eu passo por ele, mas eu não quero mais culpar as pessoas que já estão sendo punidas, que estão tendo seus sobrenomes manchados e sendo publicamente humilhadas. É passado.

—O problema, Ronald, é que o passado é uma parte de nossas vidas. Ele não vai desaparecer só porque nós o ignoramos. —Já sentia os traços da irritação chegando. —Quando eu o vi, uma onda repentina de fúria me banhou. Eu disse coisas que vinha querendo dizer a tempos. Por mim, por você, por todas as pessoas que perderam algo importante, algo insubstituível. Mas logo que as palavras saíram da minha boca eu me peguei refletindo sobre toda aquela situação, percebi que já não me importava mais, havia se tornado algo completamente fútil, sem valor, em vão. A única coisa que eu realmente sinto agora é um resquício de indiferença. Apenas.

—Isso é bom, Hermione. —Harry disse.

—Mas eu tenho recordações tão vívidas que as vezes imagino que eu, inexplicavelmente, voltei ao passado, e é tudo tão doloroso como todos pensam que é, mas poucos realmente sentem. Afinal “O preço de uma lembrança é a lembrança da dor que ela traz.”

—Amanhã espero que essa indiferença entre em prática, não vai ser bom pra você ficar nessa situação amarga mais uma vez, então se controle. —Aconselhou Harry.

—E que fique bem claro, que você realmente não se importa. —Rony continuou.

—Não vai ser complicado então, eu realmente não me importo.


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Notas finais do capítulo

Me digam o que acharam e no que posso melhorar, obrigada por lerem.
Espero vê-los no próximo capítulo.
Beijo.