O Último Suspiro escrita por Nathália Paixão


Capítulo 1
O Último Suspiro


Notas iniciais do capítulo

Em homenagem de fim de ano e início oficial desta minha conta no Nyah!Fanfiction decidi desenvolver uma pequena trama com base nos últimos momentos do meu personagem favorito, Aslam Jade Callenreese, de Banana Fish levando em consideração o carinho que tenho tanto pela obra do mangá quanto a do anime, possuindo convicção de que meu primeiro contato com o mesmo foi através do mangá (1985 - 1994) quando eu ainda tinha em torno de 16 anos de idade. Nunca achei que a obra pudesse ganhar uma animação no futuro e quando soube que a mesma seria desenvolvida em Outubro de 2018 minha admiração aumentou e ocasionou em bastante expectativa. Fiquei feliz do anime ter sido praticamente fiel ao mangá, fato que deixou-me ainda mais motivada de escrever esta pequena criação.

Creio ser de total relevância informar que o foco desta minha trama se passa exatamente nos últimos minutos de vida do nosso querido protagonista, destacando o que ele estava sentindo no momento, com isso, a narração possui uma pegada mais trágica, atmosfera densa e triste.

Contudo, venho com base deste pequeno parágrafo relatar que o conteúdo exibido aqui não é uma adaptação do roteiro original do escritor, mas sim a visão do protagonista perante aos acontecimentos, cujo é algo que não teve na obra propriamente dita.

Espero que seja uma leitura cativante e desejo um ótimo 2019 para todos.



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Passagem para o Japão junto com uma carta.

Por quê ele estava fazendo isso comigo? Seu objetivo era de me deixar arrependido por não tê-lo visto desde aquele dia no hospital? De não estar vendo-o neste exato momento partir novamente para a Ásia? Se sim, com toda certeza Eiji havia conseguido o que queria.

Minha caixa torácica descia e subia de maneira demasiadamente frenética por causa da respiração descompassada ao ler cada palavra daquela carta cheia de carinho e amor que somente ele era capaz de escrever para um monstro que nem eu. Monstro este que pela primeira vez depois de 17 anos se emocionou com algo que esbanjava não somente ternura, como bondade e pureza.

Quão límpido o ser japonês que ficou tanto tempo ao meu lado era? Aquilo estava sendo demais para mim. O sentimento de gratidão que eu sentia por ele era mútuo. Foi Eiji que deu-me a mão quando mais precisei de ajuda. Foi Eiji que se tornou meu porto seguro quando eu menos esperava. Foi Eiji a me mostrar que, mesmo sendo a minoria, existem pessoas que valem a pena arriscar a vida e querer zelar. Meu irmão e ele eram as preciosidades que eu sempre e, definitivamente, sempre iria tentar salvar de todas as maneiras possíveis e irracionais.

Sílaba. Parágrafo. Linha.

Decorava cada estância daquele papel com convicção de que aquelas palavras ficariam impregnadas em meu cérebro para sempre.


━ Pelo menos na escrita ele é bom. ━ Penso, recordando-me do inglês ruim de meu amigo sem desviar o olhar da folha, com seriedade e atenção.

A carta aos poucos tinha as suas laterais amassadas. Meus olhos esverdeados adquiriram um brilho peculiar. Soberbo era o sentimento de igualdade e compreensão do que o japonês sentia ao estar perto de meu ser. Eu podia responder o que Eiji não sabia. Eu tinha a resposta na ponta da língua, só faltava falar em voz alta antes que fosse tarde demais. Tarde demais para vê-lo se distanciar sem ele mesmo entender do que estava tentando me proteger.

A morte.

Foi como se uma lâmina muito cortante estivesse adentrando-me gradativamente em uma só apunhalada, onde segundos antes eu havia erguido-me já em prontidão para tentar chegar à tempo no aeroporto. A ação foi tão rápida que meus neurônios sensoriais ligados a dor não haviam se conectado ao ponto de enviarem o estímulo brutal da estocada férrea para meu cérebro no instante em que meu intestino fora perfurado.

Um tiro ecoou pelos arredores daquela região do lado de fora da Biblioteca Pública de New York. Minha guarda realmente ficou baixa. Era a primeira vez que algo como isso aconteceu. Que momento infortuno. Quão patético fui? Lao Yen Tai havia conseguido o que queria, me ferir por plena negação de não me querer como seu possível comandante de gangue, mas por outro lado o mesmo por consequência do destino e do tiro já se encontrava morto à minha frente.

Era costume próprio estar com uma arma carregada escondida por entre minhas vestes, pois infelizmente eu não era o tipo de pessoa que possuía muitas amizades e se sentia segura caminhando pela cidade. Sou o tipo de homem que tinha menos aliados e mais inimigos, estes com toda certeza de baixo escalão. Perigosos.


━ A-Ah! ━ Arfo com certa dificuldade, com a mão na barriga tentando inutilmente estancar o vermelho abundante que exalava um cheiro forte.

Era um odor bastante característico. Ferroso. Familiar.

A visão estava se tornando um pouco mais trêmula, entretanto agora não por causa da emoção perante a carta de meu melhor amigo, mas sim devido a ferida recém feita na lateral inferior direita de meu abdômen. E que ferida. Não que eu não estivesse acostumado com perfurações e cortes, entretanto ainda assim relembrar sempre esse tipo de situação e dor não era algo que eu apreciava em demasiado.

O líquido rubro, de coloração viva, fazia questão de se mesclar com o tecido de algodão da blusa preta, espalhando-se pelas teias tricotadas que absorviam com mais e mais gosto o fluído da vida que esvaia-se.

A pressão estava abaixando por causa da perda de sangue. Meus lábios tremiam e ganhavam uma coloração esbranquiçada. O sofrimento, por causa do afobamento momentâneo, parecia estar sendo ameno, mas ainda assim torturante. Caminho até a porta principal da biblioteca. Já havia escondido a arma por dentro do jaleco branco que trajava e segurei ainda com força os papéis preciosos. Era como se aquelas folhas cheias de palavras fossem o tesouro mais sublime que eu havia conseguido ter posse.

Meu andar era pesado. A mão livre me fazia sentir a textura do corrimão, das paredes, da madeira. Encostando-me às vezes nos locais. O lugar não estava com tantas pessoas naquela hora e talvez por isso ninguém havia notado minha aflição interior, até pelo fato de que eu não estava me dramatizando para que alguém viesse me socorrer. Bem longe disso. Queria que me deixassem sozinho. Que ninguém notasse. Meu objetivo ali naquele momento não era me salvar e sim decifrar. Decifrar o enigma indescritível daquelas palavras tão angelicais que faziam-me crer que realmente anjos existiam e que eles habitam nosso mundo.


━ Deus, obrigado. ━ Aperto mais uma vez os papéis que por agora estavam ensanguentados. ━ Obrigado por tê-lo deixado viver mesmo que estando ao meu lado.

Minha visão estava embaçada. As letras pareciam se embaralhar, não faziam mais sentido. Meu cérebro começou a desligar conforme a hemorragia continuava a estender-se. Um frio surreal contornava meu corpo como uma manta enquanto sinto em um breve relance a presença de algo aproximando-se sorrateiramente. Era ela. A escuridão finalmente se emergiu em minha mente, entretanto antes dela me tomar completamente para si, a pequena noção me permitia pensar apenas em uma simples palavra. Apenas em um simples nome. Nome este que fora um dia muito importante em minha vida que chegou ao fim.

Eiji.

Aquela sala extensa de leitura, localizada no centro da biblioteca, nunca pareceu tão tranquila e silenciosa como agora. Nenhum barulho ecoava mais pela minha cabeça. Estava imerso a um breu gélido, mas terno. O rosto apoiava-se na carta, assim como a mão que antes a segurava enquanto outrora ainda permanecia no machucado fatal. Meus olhos esverdeados estavam opacos antes das pálpebras se fecharem de modo eterno. 

Finalmente.

Podia dar um sincero "adeus" de verdade. A morte por muito tempo me queria em sua galeria e agora, eu conseguia a aceitar de bom grado. Ela parecia puxar minha alma para si, acolhendo-a. 


━ "Então, o que achou dela?" ━ Uma voz familiar ecoava no escuro. Era Shorter.
━ Amável.

Respondi, deixando para trás um semblante pacífico junto a um sorriso sereno.    

 


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Notas finais do capítulo

Olá, meus queridos leitores.

Gostaria de receber com muito gosto o feedback de vocês. Afinal, são vocês que vão dizer se gostaram desta pequena homenagem e projeto de Banana Fish que desenvolvi além de que creio que caso tenhamos um feedback satisfatório de público talvez eu elabore ainda mais tramas para esta categoria. Acredito que ainda nas próximas semanas eu poste um projeto pessoal original, mas isso será mais bem explicado quando iniciá-lo de modo definitivo.

Muito obrigado por terem lido até aqui!

[PS. Nathal] : Admito que algumas lágrimas caíram no final da narração.

Com muito amor e carinho Aslam pôde descansar em plenos 17 anos mais sofridos que alguém poderia ter tido. Vamos fazer um abaixo assinado para que o pessoal de Fate Stay Night homenageie ele e o transformem num Espírito Heroico, Classe Assassino. (kkk)



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