Num Ano Qualquer escrita por Sak Hokuto-chan


Capítulo 5
Num Dia dos Namorados Qualquer II


Notas iniciais do capítulo

Sim, demorou. Foram tempos difíceis, que ainda não melhoraram de fato, mas enfim consegui voltar a escrever. Desculpem a demora. E se alguém me mandou mensagem privada e não respondi é porque não fiquei sabendo. Não chegou nenhum e-mail do Nyah avisando e ele apaga as mensagens do site após um tempo (e eu passei muito tempo sem entrar aqui) :(

Agradeço ao Orphelin, o carneiro-beta, pela betagem.

Resumo da primeira parte para os esquecidos (não os culpo): Mu acordou no final da tarde com o som de um choro. Aiolia brincou com ele, tentando convencê-lo de que era uma bebê que Mu tinha parido e que Mu deveria estar com algum problema por não conseguir se lembrar. Mu não tardou a descobrir que se tratava de uma cachorrinha que Aiolia lhe trouxera de presente de Dia dos Namorados. Ela ganhou o nome Lithos…



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Num Dia dos Namorados Qualquer

Parte II

Talvez Aiolia estivesse se arrependendo. Não de adotar Lithos. Isso nunca. O problema era tê-la levado para casa em pleno Dia dos Namorados: não havia a menor chance de Mu concordar sobre realizarem indecências na frente dela.

— Isso é absurdo! – Aiolia estapeou a mesinha de centro da sala com tanta força que as taças estremecerem. – Basta trancar a porta do quarto e pronto.

Mu acariciou os pelos negros de Lithos. Ela corria sem parar de seu colo para o de Aiolia, visto que estavam os dois sentados no tapete com o móvel entre eles. Tinham jantado fazia um tempo e Aiolia já havia devorado todo o chocolate que Mu preparara para ele na noite anterior. O clima estaria ótimo se não fosse este detalhe.

Não pretendiam sair – tinham uma filhote recém-chegada para cuidar e o céu ameaçava despencar em uma tempestade daquelas. Portanto, lhes restava beber vinho e discutir a respeito da consequência da atitude impensada de Aiolia.

— Ela vai ficar chorando do outro lado, como aconteceu minutos atrás.

Aiolia ergueu a mão. Mu se apressou a pegar as taças.

— Você nem me deu tempo de te distrair! – Ele esfregou a mão no cabelo bagunçado. – Fala sério, Mu.

— Uma filhotinha, chorando na porta. Você acha mesmo que conseguiria me distrair?

O sorriso enviesado de Aiolia apareceu, meio libertino e meio perigoso.

— Esqueça. – Mu ergueu Lithos à altura do rosto dele. – Veja esses olhinhos castanhos pedindo companhia.

— Okay, okay. A Lithos fica no quarto então. Ela logo vai dormir.

Lithos escapuliu de Mu e se apoiou no joelho de Aiolia, agitando o rabo com furor. Latiu para ele, correu para o colo de Mu e repetiu os movimentos. Três vezes.

Ela não dormiria tão cedo.

Aiolia revirou os olhos e recuperou a própria taça das mãos de Mu.

— Pelo pau relampejante de Zeus! Não é como se ela fosse entender algo.

Lógico que não, Mu tinha plena noção disso. Ainda assim, era constrangedor compartilhar certas intimidades na frente de animais de estimação.

— Teve várias vezes que rolou na presença dos gatos. Até achei que você tinha superado essa neurose.

Aiolia o encarou com tal intensidade que até uma esfinge teria virado o rosto.

Calor se espalhou pelas faces de Mu.

Sim, ele tinha razão. Contudo, as coisas aconteceram somente depois que tomou total conhecimento sobre o comportamento dos gatos ao dormirem.

— Duvido que, nesses três anos, eles nunca acordaram.

— Ao menos eu estava, ehrm, envolvido demais para me dar conta.

— Exato! Vai ser igual com a Lithos.

Mas até ela adormecer… E mais: tinha a impressão de que ela acordaria com facilidade ao primeiro barulho que fizessem.

— Hum, em algum momento ela vai se acostumar e ficar tranquila sem a nossa presença. Aí, nós poderemos…

Aiolia quase engasgou com o vinho.

— O quê?! Pode levar dias pra ela se acostumar. Você está sugerindo uma greve de sexo?

— Eu nã–

— Venha, Lithos. – Aiolia a apanhou e se levantou.

— O que pretende aprontar?

— Vou ver se um dos nossos amigos pode ficar de babá.

— No Dia dos Namorados? Querido, você se lembra de que nossos amigos namoram uns aos outros? E que os poucos solteiros sempre arranjam algum lugar para irem se divertir? – Mu gesticulou para a janela, indicando a chuva. – Por pior que esteja o clima.

Aiolia rosnou de tal maneira que Lithos rosnou também.

— É inútil vocês rosnarem para mim.

— Durma, Lithos. – Aiolia a balançou no colo como se ela fosse um bebê humano. – Canta uma canção de ninar aí.

— Tenho certeza de que não adiantaria. Céus, você é um pai terrível. Pare de sacudir a coitada. – Mu se levantou, resgatou Lithos dele e voltou a se sentar, dando tapinhas no tapete para que Aiolia o acompanhasse.

— Que Dia dos Namorados deprimente. – Ele desabou ao seu lado com um muxoxo.

— Ora, nós nunca nos preocupamos com datas comerciais.

Afinal, era desnecessário uma comemoração específica para recordá-los de como se sentiam todos os dias, certo?

— É, mas nem por isso a gente deixou a data passar batida.

O sorrisinho torto reapareceu. Aiolia apertou sua coxa e foi subindo a mão por seu quadril, pela cintura… Mu reprimiu um suspiro e a afastou com um tabefe.

— Há diversas atividades decentes para não deixarmos a data passar batida.

— Eu prefiro as indecentes.

— Por exemplo – disse Mu, sua muralha mental contra absurdos ativada –, podemos assistir a um filme.

— Ah, você quer que eu assista a esses filmes românticos toscos, com pessoas que estão se dando melhor do que eu?

— Existem outros gêneros.

Se bem que o mau humor de Aiolia acabaria arruinando a sua tentativa de reverter a situação.

— Certo, vamos conversar.

Aiolia ergueu as sobrancelhas, formando arcos perfeitos.

— Conversar? A gente está conversando há horas.  conversando.

— Não, você está reclamando enquanto eu estou tentando te acalmar há horas.

Aiolia bufou, desviando o olhar para o teto. A expressão dele abrandou. Então, o que quer que tenha observado lá em cima deve ter sido bom. Ele encheu a taça abandonada de Mu e a colocou em suas mãos.

— Sobre o que você quer conversar?

A voz dele estava suave demais. Mu colocou a taça sobre a mesinha. Era uma péssima ideia ficar bêbado perto de um Aiolia sóbrio. Ou, pior, perto de um Aiolia bêbado. Sequer era possível determinar em qual estado ele se encontrava no momento.

— Você está tentando me embebedar para me induzir ao sexo?

— Jamais.

— Seria uma atitude irracional de sua parte.

— Hmmm… Você tem vergonha de fazer sexo na frente de pets, mas o irracional sou eu.

O fato de que ele manteve a voz suave ao dizer aquilo fez Mu contrair os lábios.

— Aposto que várias pessoas têm essa dificuldade – disse, com uma sensação obscura de que era importante destacar aquela informação.

Aiolia encostou a lateral do corpo no seu, ajeitando sua longa trança para o lado, e envolveu suas costas com um braço.

Lithos girava embaixo da mesinha, empenhada em alcançar o próprio rabo.

Mu esperou um movimento indevido. Um comentário sarcástico. Em vão. Aiolia permaneceu comportado. Estranho.

— Desistiu?

— Vou deixar pra lá. Você está desconcertado de verdade, e eu sou um namorado compreensivo.

Mu apontou um dedo para a testa dele em advertência.

Aiolia colocou as taças e a garrafa longe, parecendo querer enfatizar o que dizia. Virou-se para Mu com um sorriso completo e honesto.

Oh, sóbrio. Ele não o perturbaria mesmo. O que, de certa forma, era desconcertante.

Como Aiolia era capaz de confundi-lo com tamanha habilidade? Um segundo antes, Mu pretendia dar um peteleco na testa dele. Agora, queria se aninhar nos braços dele. E foi o que fez.

— Você entende que o problema não é que eu não queira, mas, sim, que preciso primeiro conhecer o comportamento dela?

— Uhum.

— E que ela precisa se acostumar à rotina da casa, à nossa ausência?

— Uhum.

— Não está aborrecido?

— Meu interesse em você não se limita a sexo, Mu.

Aiolia beijou o topo da sua cabeça e deu tapinhas na própria perna, atraindo a atenção de Lithos. Ela correu até ele, deitou-se com a barriga para cima, permitindo que Aiolia a coçasse, e ficou tentando mordiscar os dedos dele.

— A falha foi minha por trazer a Lithos justo hoje. Ela é tão fofa e eu estava tão animado que nem imaginei o que poderia acontecer. Fora que, como eu disse, achei que você tinha superado. Foi mal.

— Tudo bem. Eu sei que soa tolo. Agradeço por você não ficar zombando. – Mu percorreu os lábios pela mandíbula dele, de leve.

Aiolia estremeceu. Em seguida, coçou a nuca, os olhos fixos em Lithos.

— Huh, sexo não é essencial hoje. Tem um monte de casais que não estão fazendo sexo agora e continuam sendo namorados, né?

Ele soava como se estivesse tentando se convencer do que dizia.

— Eles podem estar apenas se beijando. – Mu o puxou pelo pescoço.

Suas bocas se encontraram em um selinho. Aiolia enrijeceu e não correspondeu.

— O que foi? – Mu se afastou o máximo que pôde sem perder o contato entre seus corpos. – Se não for para ter tudo, você prefere ficar sem nada?

— Não. – Aiolia o puxou para si, balançando a cabeça. – É que… Sei lá se tenho maturidade suficiente pra apenas te beijar.

Mu deslizou os dedos pela franja dele, penteando-a para um lado.

— Será?

Aiolia mordeu o lábio inferior. Parecia estar sofrendo um conflito interno. Então, o estrondo de um trovão o fez pestanejar. Os olhos claros se estreitaram para Mu.

— Você está me desafiando?

Não. Nem tinha lhe ocorrido isso. Entretanto, um Aiolia desafiado se manteria consciente de suas atitudes, pois odiava perder. Sem concordar ou discordar, Mu se limitou a acariciá-lo sob o queixo como se ele fosse um gatinho.

Aiolia respirou fundo.

Devagar, Mu o beijou de novo. Desta vez, ele correspondeu à altura, deixando-se guiar pelo seu ritmo tranquilo. Porém, o corpo dele se matinha tenso feito uma corda de piano.

Não demorou para que Lithos latisse, chamando a atenção dos dois.

Mu riu baixinho. Sentada diante deles, Lithos exibia um ar orgulhosíssimo por sua façanha.

— Pode relaxar, Aiolia, ela com certeza vai te manter na linha.

*


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Notas finais do capítulo

A ficlet de Valentine's Day acaba aqui. Próximo capítulo é outra situação na vida deles, dessa vez sem nenhuma relação com datas comemorativas (quem sabe o Aiolia tem mais sorte, né?).

Esqueci de mencionar na primeira parte, mas, para quem não está familiarizado com o mangá "Saint Seiya: Episode G", Lithos é o nome de uma criança próxima ao Aiolia por lá :3

Obrigada pelas reviews: Ishizur, Serenity Elián, Wolf White, Suh Domingues, Orphelin, arianinha, katsu ♥

Que tal este capítulo? ;3



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