A Canção de Natal na Noite Silenciosa escrita por Karina A de Souza


Capítulo 1
A Doutora e a Violinista


Notas iniciais do capítulo

Olá. Eu decidi começar uma tradição de postar contos de natal todo ano. Aparentemente todos serão de Doctor Who. Espero que gostem desse. É um conto pequeno, e mais sentimental do que outra coisa.
Tive a ideia de escrevê-lo ao assistir Carol of the Bells da violista Lindsey Stirling.



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Era a noite mais fria do ano. A decoração de natal estava impecável e bela, mas todos estavam dentro de casa, deixando as ruas vazias, exceto por uma garota.

O som do violino era levado pelo vento, se espalhando junto com a neve praça afora, se unindo ao espírito do natal. Silent Night era tocada com perfeição, as notas deslizando suavemente para lá e pra cá, quase como se fossem flocos de neve delicados.

Quando a canção terminou, a garota abaixou o arco, ainda de olhos fechados e presa na música que terminara.

—Você toca muito bem. -Disse uma voz feminina atrás dela. -Estou toda arrepiada, e não digo isso com frequência.

A violinista se virou, olhando para a mulher loira que a encarava de volta. O capuz cinza cobria parte do cabelo que tinha alguns flocos de neve.

—Oh, você está chorando?-Perguntou.

—Ah, não é nada. -A violinista respondeu. -Essa canção sempre me emociona. Acho que é por isso que é uma das minhas favoritas. E obrigada, por... Pelo elogio.

—Eu sou ótima em elogios. Adoro elogiar. Elogios são ótimos, deixam as pessoas felizes. -Se sentou num banco atrás de si, assim como a violista, que deixou o violino e o arco de lado. -Está frio. Por que está aqui? Não devia estar em casa? É natal.

—Não há ninguém me esperando em casa. Nada de festas de natal. Eu costumava vir aqui com a minha família. A gente vinha ver a árvore de natal. A maior da cidade. Era uma tradição. Agora é só a minha tradição. -Fez uma pausa. -E você? Não vai pra casa?

—Ah, eu... Estou bem, bem longe de casa.

—Deveria ir, mesmo assim. Devia estar com as pessoas que ama.

—Elas já se foram há muito tempo. Agora sou eu e a T... Eu. -A garota assentiu.

—Entendo. Os meus se foram também, mas enquanto eu tocar, eles estarão comigo. Aliás, meu nome é Lindsey.

—Lindsey. É um bom nome. Posso te chamar de Linds, é um apelido legal para Lindsey. Eu gosto. Bem, eu sou a Doutora. -Estendeu a mão, num cumprimento agitado.

—Doutora.

—É, essa sou eu. Exatamente. Garota esperta, já aprendeu meu nome. -Lindsey pegou um pote na mochila e o abriu, revelando biscoitos de natal. -Oh, que bonitinhos. São homenzinhos de biscoito. Eu conheci homenzinhos de biscoito uma vez, mas eles eram um pouco irritados. Acho que se eu pudesse ser desfeita por causa de leite, também seria irritada.

—Você diz coisas engraçadas. -Estendeu o pote para a Doutora, que pegou um dos biscoitos.

—Eu sou engraçada. Pelo menos acho que sou. As pessoas dizem isso às vezes.

—Eu acho que é.

—Jura? Linds, você é minha nova pessoa favorita. -A garota sorriu, entregando um copo de chá para a mulher ao seu lado.

—Eu sei que não é uma refeição de natal, nada como um peru suculento e recheado, com batatas, mas...

—É perfeito. -Estendeu o copo, fazendo um brinde. -Feliz natal, Linds.

—Feliz natal.

As duas ficaram um tempo em silêncio, observando a neve e as luzes brilhantes de natal. Lindsey voltou a tocar um pouco, espalhando Carol of the Bells pela praça e encantando a Doutora mais uma vez.

—Você toca muito bem. É de alguma orquestra?

—Eu? Não. Eu... Não sou tão boa para entrar em orquestra nenhuma.

—Mas entraria, se fosse?

—Entraria. -Assentiu. -Eu podia tocar pelo mundo, conhecer músicos incríveis. Seria... Fantástico.

—Então acho que devia tentar. É seu sonho, não é?

—Um deles. Um dos maiores. Mas não depende de mim...

—Depende. Uma parte. Depende de você tentar. Cada sonho precisa que você tente realizá-lo. Não importa qual seja. Não importa que seja pequeno ou grande. Se vai levá-la ao redor do mundo ou à outro canto da cidade. Sonhos precisam que tente, que lute por eles. Então não desista. Um dia ainda vou vê-la numa orquestra grande em... Não sei... Itália? Você vai conseguir algo se tentar.

—Você está certa. Nunca vi alguém estar tão certo. -A Doutora sorriu.

—É um dom. Eu estou certa... Geralmente. Às vezes eu me engano. Como quando eu achei que dois alienígenas estavam em Sheffield para usar a Terra como campo de batalha, mas não era nada disso. Então posso estar errada, mas geralmente estou certa.

—Parece estar dessa vez.

—Pareço mesmo.

—Você é Lindsey S. Lance?-Um homem perguntou, se aproximando do banco.

—Sim, sou eu. –A garota respondeu, ficando de pé. -Quem quer...

—Eu sou Jonathan Lorretti. Da...

—Orquestra Lorretti. Uma das maiores do Reino Unido. Eu ouvi muito sobre vocês. São os melhores.

—Então você nos conhece.

—Sim, senhor.

—Isso é ótimo. Por que eu recebi seu material e você é exatamente o que precisamos. Temos uma vaga para violinista e todos concordamos que é sua.

—Minha? Mas... Mas eu não tenho qualificação pra...

—Estamos em busca de novos talentos. Alguém para começar e começar conosco. Você tem algo próprio. Sabe quantos vídeos seus há nas redes sociais ?

—Meus?

—Sim. Vídeos seus tocando nas praças, no metrô... Vídeos de pessoas que a viram tocar e se encantaram. Queremos você na nossa orquestra. O que me diz, senhorita Lance?

Lindsey olhou para a Doutora, que fez sinal positivo com as duas mãos, então para o homem à sua frente.

—Eu... Sim, sim, é claro. Seria uma honra tocar na sua orquestra.

—Prefeito. Passe amanhã no meu escritório e vamos falar do seu contrato e do resto. -Entregou um cartão à ela. -Boa noite e feliz natal, senhoritas.

—Feliz natal, senhor Lorretti. -O homem acenou com a cabeça e começou a se afastar para o carro.

—Você não vai se arrepender dessa escolha, viu?-A Doutora gritou, ficando de pé. -Linds é ótima!-Sorriu. -Linds, garota, você vai tocar numa orquestra!

—Isso é um sonho?

—Se for, é um dos bons. Mas seria seu ou meu? É uma excelente pergunta. Estou intrigada.

—Mas eu não mandei material algum pra eles. Como me descobriram?

—Ah... Você ouviu o que ele disse. Rede sociais. Essas coisas são bem úteis hoje em dia.

—Talvez seja um milagre de natal. Ou talvez eu tenha uma fada madrinha.

—Fada madrinha, é? Nah. Não acho que tenha sido isso... -Espiou na direção do outro lado da rua, onde sua versão um pouco mais velha acenou, o capuz cinza cobrindo a cabeça também, e um cachecol azul em volta do pescoço. -Vamos nos manter com a opção milagre de natal.

—Vamos. Vamos sim. Isso pede uma música!-Guardou o cartão no bolso e pegou o violino outra vez. -Acho que você me trás sorte, Doutora.

—É assim que alguns milagres de natal funcionam, Linds.


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Notas finais do capítulo

É isso. Bem, desejo um Feliz Natal pra todos vocês aí do outro lado da tela, onde quer que estejam. Espero que se divirtam e estejam em paz.



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