Punição divina escrita por Aislyn


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Aos poucos vai saindo... mas não desisti dessa história, então não desistam dessa autora!
Boa leitura!



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Kuroo. Akaashi olhou a figura de cima a baixo após a apresentação, notando o quanto o nome combinava com ela. Enquanto Koutarou era envolto em dourado e variados tons de cinza claro, aquele outro tinha olhos e cabelos escuros, além da roupa em cinza chumbo. As asas, por sua vez, se destacavam num preto reluzente. E talvez fosse preconceituoso de sua parte associar a cor com as trevas, a escuridão e, por isso, cogitar a hipótese de que ele não era um anjo. Pelo menos não um dos bons.

 

Notando que era observado, Kuroo correspondeu ao olhar, sem se incomodar com a análise de que era alvo. Sabia o que o padre pensava a seu respeito e não importava nem um pouco. Não seria a primeira vez que o apontavam como alguém suspeito.

 

— Eu prometi respostas, não é? O que quer saber primeiro?

 

— Por que só eu posso vê-los? – Akaashi questionou sem rodeios. Aquela era a dúvida que mais o incomodava. Por que Koutarou escolheu o vilarejo onde morava para ficar? Nenhuma outra pessoa em outro lugar poderia servir?

 

— Ele é seu anjo da guarda. – Kuroo respondeu de prontidão – Não era pra você conseguir vê-lo, mas digamos que sua fé deu uma mãozinha.

 

— Anjo da guarda? Do tipo que serve de proteção pra pessoa? – o padre não conseguiu ocultar sua expressão de descrença – Ele disse que estava em busca de perdão…

 

— Sim. Bom, na realidade, ele está em teste. – Kuroo deu de ombros, despreocupado – Ele não podia te contar toda a verdade, não é? Nós temos algumas regras.

 

— Pelo que entendi até agora vocês se conhecem há algum tempo. Como ele seria um novato em teste?

 

— Novato nesse ramo. – Kuroo ergueu a mão e começou a enumerar – Antes ele tentou como anjo mensageiro, de luz, da música e por fim cupido. Fracassou em todos! Essa era a última chance, a tarefa mais fácil, só ficar de guarda e te vigiar.

 

— Deixa eu adivinhar: fracassou também. – não precisava ser um gênio para chegar àquela conclusão.

 

— Sim, no momento em que deixou que você o visse. Como mensageiro estava indo bem, mas não soube selecionar as orações que devia repassar para os superiores e alguém quis xingar todo mundo. Ele leu as mensagens em voz alta, pra todo mundo ouvir. Bem corajoso da parte dele. – enquanto Akaashi se indignava, Kuroo parecia divertir com as lembranças – Ah! E teve uma vez que ele sentou no trono dos céus. Alguém não gostou nada disso… Foi a primeira vez que ele foi mandado pra cá. Pobres dinossauros…

 

— O que?

 

— Ah, nada. Esqueça essa parte. – Kuroo tentou retomar a pose séria, guiando o caminho que seguiam – Como cupido a mira dele é uma bela porcaria… Tsc… pobres donzelas…

 

Akaashi respirou fundo, ignorando aquele falatório. Não tinha muita coisa fazendo sentido para si. Kuroo parecia gostar de tudo de errado que Koutarou fazia e, lá no fundo, não duvidava que algumas das ideias pudessem ter partido dele.

 

— Alguma outra dúvida? – o anjo questionou desapontado ao notar que seu companheiro de viagem não prestava atenção nas suas histórias.

 

— O que vamos fazer quando encontrá-lo?

 

— Se ele estiver preso, machucado ou incapacitado de alguma forma, nós vamos ajudá-lo a se libertar. Contudo, se ele estiver bem, só me esperando chegar para apontar que foi minha culpa ele parar onde parou, então eu vou matá-lo por lá mesmo.

 

Akaashi parou novamente, indignado com a escolha de palavras. Como podia confiar quando o outro soltava aquelas ameaças sem pensar duas vezes? Não conseguia afastar da cabeça que alguma coisa com aquela criatura estava muito errada. E ele iria se dar mal por confiar, tinha quase certeza disso. Olhou para trás, pelo caminho que vieram, pensando se seria tarde para retornar e escolher a outra direção.

 

A estrada que tomaram era bem arborizada, mas foi se tornando densa e escura conforme avançavam. Não havia nenhum sinal de animais ou viajantes pela estrada e seguiam por um caminho invisível, pois Akaashi não conseguia enxergar nenhuma trilha no chão. Precisava confiar no senso de direção daquela criatura.

 

Para piorar, estava ficando exausto. Sendo um padre de cidade pequena, Akaashi não estava acostumado a percorrer longas distâncias à pé. Sem falar em toda a agitação que passou pela manhã, onde quase morreu queimado.

 

Queria tanto um pouco de água…

 

Como que adivinhando seus pensamentos, avistou um rapaz sentado numa pedra, na orla da floresta, um jarro tilintando preso à sua cintura. Era água, fresca e limpa. Podia jurar que era, mesmo sem saber como. Ia pedir um pouco ou perguntar se conseguiu em alguma cidade próxima…

 

Akaashi mal notou quando começou a sair da estrada e adentrar a floresta, seguindo uma rota que o levaria direto para o viajante que descansava sob a sombra das árvores.

 

Parou de súbito, voltando à realidade quando Kuroo segurou seu pulso, puxando-o para trás.

 

— É perigoso. Não vá.

 

O padre mal conseguiu prestar atenção ao alerta de seu acompanhante, o olhar desejoso para o líquido guardado naquele frasco.

 

— Eu só preciso de um pouco… – sua voz parecia arranhar na garganta, saindo baixa e rouca. Há quantas horas caminhavam sem parar, sem descanso, sem comer ou beber? Ia ficar louco se continuasse daquela forma.

 

— E eu disse que estaria seguro se viesse comigo, então acredite quando digo que aquilo é perigoso.

 

— É só um viajante. O rapaz não aparenta ser mais velho que eu ou você. – Akaashi parou no lugar, decidido a tomar o caminho inverso – Podemos descansar um pouco e perguntar se a próxima cidade ainda está longe.

 

— Nós não vamos para uma cidade, lembra? Precisamos buscar Bokuto! – Kuroo se colocou entre o padre e o tal viajante, cortando-lhe a visão – Keiji! Aquele rapaz não é o que imagina! Precisa abrir os olhos e ver além das aparências.

 

— Um demônio? Mas você falou do odor… – Akaashi balbuciou em dúvida, sua mente focando em outro detalhe – Como sabe meu primeiro nome?

 

— Você está se distraindo muito fácil! Aquilo pode não cheirar como um demônio, mas cheira a problema. – Kuroo voltou a segurá-lo pelo pulso, decidido a arrastá-lo se fosse necessário – Eu ouvi aquele bispo na cidade falando seu nome, não seria um problema descobrir sozinho…

 

Akaashi ainda não entendia… olhando por cima do ombro, viu o rapaz levar o jarro aos lábios, quase como um convite para se aproximar. Ele não parecia perigoso… Os cabelos dourados pareciam emitir o mesmo brilho que as roupas de Bokuto…

 

Quando o viajante sumiu de suas vistas, Akaashi conseguiu desanuviar a mente. Ainda tinha sede, mas não ao ponto de se desesperar e abordar um estranho numa estrada desconhecida. Sentia como se estivesse saindo do efeito de algum remédio adormecente.

 

— Aquilo era mesmo um demônio? Parecia só uma criança… um rapaz jovem…

 

— Não exatamente… – Kuroo respondeu a contragosto, ainda sem soltar o padre, mesmo que já tivessem se distanciado – Pode ser considerado algo pior. Depende do ponto de vista.

 

— O que quer dizer com isso?

 

— Eu realmente não quero explicar agora.

 

Acuado pela resposta evasiva, Akaashi deixou que o silêncio se instalasse entre os dois. Não confiava no outro e deixá-lo irritado podia significar que estava em perigo. Mesmo que o anjo dissesse que o protegeria de qualquer coisa, ainda não conseguia acreditar.

 

Seguiram viagem em silêncio e, mais uma vez, padre Akaashi se pegou pensando no motivo de estar ajudando aqueles dois. Kuroo não parecia confiável, ao contrário, pelo que conheceu dele naquelas poucas horas, só queria mais e mais distância. Koutarou, ou Bokuto, como o anjo à sua frente o chamou, também não parecia a melhor criatura do mundo. Ele apareceu do nada, trouxe várias desgraças consigo e sumiu da mesma forma que veio, mas sem levar os problemas de volta e quase o fez pagar pelos seus pecados.

 

Se alguém o perguntasse, diria que estava numa maré de muito azar.


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Notas finais do capítulo

Continua~!
E espero que o próximo saia mais rápido!



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