Punição divina escrita por Aislyn


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Que tal uma história com padre pra essa sexta santa? Oh os pecados....
Boa leitura!



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A cabeça de Akaashi ficou zonza com a quantidade de informação. Não era uma simples história do passado. Podia considerar como sendo o estopim do momento atual. O bispo causou a morte de um padre no passado e quase causou a sua também.

 

— Por isso Kuroo apareceu pra me ajudar? Ele fez o mesmo que você fez por ele.

 

Kenma parou de andar mais uma vez, puxando o capuz para se esconder do olhar do padre. Ele pareceu incomodado com aquela afirmação e Keiji achou que, mais uma vez, não ia receber uma explicação direta. Contudo, ela veio num sussurro doloroso.

 

— Eu não consegui salvá-lo… Eu não pude fazer nada! Eu não posso interferir…

 

— Mas…

 

— Kuroo quer se vingar dos humanos, em particular do bispo. Esse foi o motivo de trazê-lo consigo para essa viagem. Nunca foi para procurar Bokuto. Kuroo queria sua ajuda, já que havia sofrido o mesmo. Queria que fizesse parte da vingança. Ele tem o apoio dos demônios…

 

Quanto mais ouvia, por mais esclarecedor que fosse, mais confuso Akaashi ficava. Havia sido jogado no meio de um tufão.

 

— Por isso aquele de cabelo vermelho falou de uma proposta…

 

— Aquele é Tendou. Não está realmente interessado em vingança. Só quer causar o caos. O que tomou a forma de Kuroo é Oikawa, ele tenta ser mais diplomático, mas não mede os meios para chegar onde quer.

 

— A forma do Kuroo… então não foi ele quem…? – inconscientemente Akaashi levou a mão ao pescoço, massageando o local. Foi uma sensação desesperadora. Não conseguir respirar ou se soltar dele.

 

— Kuroo nunca tentou matá-lo, apesar de ter intenção, a princípio.

 

— Você parece conhecê-los bem… – o comentário foi feito de forma distraída, visto que um som chamou sua atenção, se tornando mais alto conforme caminhavam naquela direção.

 

Não só Kenma parecia conhecê-los, como parecia saber exatamente o que ele havia passado há poucos instantes atrás.

 

— Todos nós já estivemos do mesmo lado um dia.

 

— Eles podem ter mudado com o tempo, não? Você os segue e continua observando? – ele havia dito que era curioso, não é? Keiji não conseguiu afastar o pensamento de que aquele anjo seguia tudo e todos, sempre vigilante, sempre querendo saber mais.

 

— Por que eu faria algo tão cansativo? – Kenma suspirou levemente exasperado – Eu posso ver tudo de qualquer lugar, posso estar em toda parte, mas nunca interferir sem ser necessário.

 

Não era a primeira vez que Kenma dizia aquilo, sobre poder ou não interferir. Akaashi não entendia a razão por trás daquilo, mas parecia ser uma condição que o impedia de agir.

 

— O que acontece agora? Eu não aceitei ajudar, Kuroo vai seguir o plano com a ajuda dos demônios? E Bokuto? Ele está tentando impedir, não é?

 

— Algo assim… Kuroo não tem mais certeza do que quer fazer… Tudo vai depender do quanto ele se corrompeu.

 

Kenma parou de andar, apontando com o indicador para a frente, atraindo a atenção do padre, que cortou os pensamentos ao notar o que desenrolava. Era dali que viera o barulho que ouviu há pouco. Eles ainda estavam lutando. Quatro deles.

 

Quando Keiji saiu correndo, apenas Bokuto e Tendou estavam brigando. A última vez que viu Kuroo, ele havia dito que buscaria água e que depois conversavam, mas quem voltou para encontrá-lo foi o outro demônio, Oikawa, disse Kenma.

 

Kuroo estava apoiado em um joelho, segurando um ombro com a mão enquanto a outra estava apoiada numa espada fincada no chão à sua frente. Ele parecia ofegante, assim como Bokuto, parado ao seu lado, o escudo com uma ponta visivelmente quebrada e vários cortes pelo rosto e braços. Observando o outro lado, Keiji percebeu que estavam em pé de igualdade. Tendou ainda se mantinha em pé, mas cheio de feridas e Oikawa apoiava a mão na lateral da barriga, um talho enorme próximo a seu quadril.

 

O olhar do padre voltou para o anjo ao seu lado, esperando uma explicação, um aviso do que fariam a seguir, mas Kenma não fez nada, muito menos retribuiu seu olhar. Ele ainda analisava a cena à frente, compenetrado.

 

Ele ia mesmo levar a sério aquela história de não interferir? Não parecia necessário para ele ajudar? Então por que haviam voltado? Havia algo que ele podia fazer?

 

Deu um passo à frente, pronto para fazer qualquer coisa, mas Kenma estendeu a mão à sua frente, negando com um aceno.

 

— Não vamos fazer nada? – Akaashi achava impossível o anjo não se importar, afinal eles se conheciam! Não seria normal querer evitar a luta?

 

— Ainda não.

 

— Quando?

 

Akaashi foi puxado com força para trás e estava prestes a retrucar que entendia que não devia interferir, quando ouviu um estrondo próximo demais. O cajado que o anjo levava estava à sua frente, interceptando uma outra arma que, só após o impacto o padre notou, havia sido jogado em sua direção.

 

— Se você ficar correndo, eu não vou conseguir protegê-lo. Deixe que eles resolvam isso.

 

Boquiaberto, Keiji não soube o que responder. Tentaram matá-lo, era isso? Sem um único aviso antes? Se não fosse por Kenma, teria sido esmagado por aquela coisa.

 

Tendou virou na direção da dupla recém-chegada e num piscar de olhos estava à frente deles, dessa vez sendo interceptado por Bokuto.

 

— Vocês são fáceis demais de ler… – Tendou riu esnobe, como se esperasse aquela reação.

 

Era como se estivessem esperando aquele sinal, a chegada dos dois, para a briga recomeçar. Oikawa partiu para cima de Kuroo, mas a diferença de poder era visível. Por mais que ambos estivessem feridos, Kuroo parecia mais desgastado. Tendou também partiu para a ação, mas seu alvo claramente era o padre e, a cada golpe, ele tentava desviar de Bokuto e se aproximar do homem atrás de si. Só estavam em igualdade enquanto lutavam juntos; a divisão das duplas deixou claro os pontos fortes e fracos de cada um.

 

Em dado momento Oikawa conseguiu jogar Kuroo contra uma árvore, afirmando que era uma retribuição pelo que fez mais cedo. Akaashi não conseguiu não se preocupar quando a poeira baixou e o anjo não se ergueu do chão. Seu estado era pior do que aparentava. Sem perder tempo, Oikawa se juntou ao colega e enfim conseguiram dar trabalho para Bokuto, que parecia rodeá-lo de todos os lados para o defender. Kenma, por sua vez, após o primeiro golpe, não fez mais nenhum movimento, nem para defender a si próprio, mas curiosamente isso não pareceu necessário, já que nenhum ataque era desferido em sua direção.

 

Kuroo voltou a se erguer depois de um longo tempo, mas não parecia em condições de auxiliar Bokuto contudo, o fez assim mesmo, tentando afastar Oikawa, sem muito sucesso. Cada golpe era desviado facilmente e Akaashi tinha certeza da desvantagem pois conseguia acompanhar uma parte da briga.

 

— Esse era seu protegido? – pela primeira vez na noite um golpe foi focado em Kenma, quando Oikawa jogou Kuroo em sua direção, obrigando-o a desviar.

 

Akaashi sentiu os dedos frios de Kenma soltando seu pulso durante a investida, caso contrário ambos seriam atingidos, mas logo foi agarrado novamente, por um dos demônios, para sua infelicidade.

 

— Olá, de novo. – Oikawa sussurrou em seu ouvido, os dedos em formato de garras fixos em sua garganta – Vamos brincar um pouquinho?

 

Akaashi praguejou mentalmente, tentando se soltar do aperto, mas sem sucesso. Era por isso que não queria ter voltado. Não tinha chances de sobreviver. Por mais que aquele outro anjo dissesse que ele não era o alvo principal, não mudava o fato que estava sendo usado naquela disputa.

 

Bokuto pareceu ignorar sua captura e continuou atacando o outro demônio, levando-o para além da orla da floresta, rumo ao seu interior. Parecia loucura tentar um ataque num espaço cheio de obstáculos, mas talvez fosse o propósito. Do outro lado, Kuroo conseguiu se erguer, mas parecia irritado com Kenma. Da distância que estava, Akaashi não podia ouvir o teor da conversa, mas eles pareciam discutir.

 

— Não mudou de ideia, Vossa Santidade? – Oikawa chamou sua atenção, as unhas arranhando a pele de sua garganta – Podemos acabar com isso rápido se nos ajudar. Vai poder ir embora pra casa, em segurança…

 

Casa? Graças a eles, não tinha para onde voltar. Não sabia se iria considerar algum lugar seguro de novo algum dia.

 

— Prefiro morrer a ajudá-los. – Akaashi não sabia se era um acesso de coragem ou loucura, encarar o demônio e esperar sair ileso. Àquela altura, já não se considerava mais são e salvo. Sua cabeça estava uma bagunça.

 

Oikawa suspirou ruidosamente e Akaashi prendeu o fôlego, esperando não só uma resposta à altura como também um golpe, mas foi jogado para longe, um palavrão e um estrondo vindos de algum lugar próximo.

 

Bokuto havia jogado Tendou na direção dos dois, por engano ao que sugeriu, visto que se desculpou com Akaashi quando o viu se erguer espanando a terra da túnica branca.

 

— Realmente sinto muito! Estou um pouco fora de forma!

 

— Tudo bem… mas por favor, não faça isso de novo.

 

Bokuto, que a princípio se aproximava do padre à sua esquerda, parou de caminhar ao ouvir a resposta vindo da direita, onde Akaashi se erguia massageando um braço.

 

Havia dois padres.


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Notas finais do capítulo

Continua~



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